TRAUMATISMO DE
CRÂNIO
Antonio Jesus Viana de Pinho
UCPEL
CONCEITO
• Qualquer agressão física que
resulte em alteração anatômica
e/ou funcional das estruturas da
cabeça
EPIDEMIOLOGIA
• São 3% das enfermidades
neurológicas
• 56% são de média intensidade
• 24% são de severa intensidade
• 20% são de grave intensidade
FISIOPATOLOGIA
• Os traumatismos podem
agredir:
1) A pele
2) O crânio
3) As meninges
4) O TECIDO NERVOSO
5) OS VASOS INTRACRANIANOS
Traumas Do Tecido
Nervoso
• Podem ser:
- Por lesão direta e por contragolpe. Causam:
Concussão, contusão, lesão
axonal difusa, brain swelling.
Traumatismos Dos
Vasos
• Podem ser:
- Sem hematoma + microsangramento + sangramento do
espaço subaracnóideo.
- Com hematoma:
extra-dural
sub-dural
intra-parenquimatoso
PACIENTE COM TCE
• O QUE SE PODE ENCONTRAR ?
SINTOMATOLOGIA
• Considerar duas situações:
1) O paciente está acordado
2) O paciente está em coma
1) O Paciente Está
Acordado
• Deve-se saber se:
A) Em tempo algum ocorreu a
perda da consciência.
B) Já teve perda da
consciência.
A) O Paciente Que Não
Teve Perda da
Consciência
- Pode ter ou não
sangramento do couro
cabeludo, fratura simples ou
não, cefaléia, tonturas,
náuseas.
- Exame neurológico normal
- Quadro sem gravidade
inicial.
B) O Paciente Que Teve
Perda Da Consciência
- Três situações podem estar
ocorrendo:
a) Pode ter tido uma concussão
b) Pode estar em intervalo
lúcido
c) Pode estar iniciando um
hematoma sub-dural crônico
a) Concussão Cerebral
• Perda da consciência por cerca
de 30 minutos, seguido de
quadro confusional por algumas
horas que pode ser somado a
cefaléia, vertigens, náuseas e
vômitos, tudo pouco intenso, e
que desaparece em até 48
horas.
• Quadro sem gravidade
b) Intervalo Lúcido
• É o tempo em que se está
formando um hematoma extradural ou sub-dural agudo.
• Esses hematomas mostrarão
sintomatologia em minutos ou
poucas horas.
• O quadro é de eminente
gravidade
c) Hematoma Sub-dural
Crônico
• Quadro que se apresenta dias
ou semanas após o TCE.
• Mostra uma cefaléia
permanente, vômitos e edema
de papila, seguido de midríase
homo-lateral e déficit motor
progressivo contra-lateral ao
hematoma.
2) O Paciente Em Coma
• Pode estar com:
a) Contusão
b) Brain Swelling
c) Lesão Axonal Difusa
d) Hematoma extra-dural
e) Hematoma sub-dural agudo
f) Hematoma intra-parenquimatoso
g) Mais de uma dessas situações.
a) Contusão Cerebral
• Aqui o paciente apresenta os
estados de Coma Verdadeiro,
Coma Profundo ou Coma
Irreversível.
• Há lesão estrutural do tecido
nervoso (demonstrado por áreas
de hemorragia e edema
cerebral na TC ou RM).
b) Brain Swelling
• A tumefação cerebral pode ser
devida a edema (aumento do
teor de água extra-vascular) ou
por aumento da volemia do
cérebro, pela vasodilatação
anormal.
• A tumefação pode ser difusa ou
focal.
c) Lesão Axonal Difusa
• Caracteriza-se por estiramento
dos neurônios em decorrência
dos movimentos súbitos de
aceleração e desaceleração,
com rompimento de axônios.
• As lesões são microscópicas e
afetam o corpo caloso, o tronco
cerebral ou são difusas.
d) Hematoma Extradural
• Dois quadros clínicos mostram:
- TCE “leve”, perda da
consciência, intervalo lúcido,
coma, midríase homolateral e
hemiplegia contralateral ao
hematoma.
- TCE grave, coma, midríase
homolateral e hemiplegia
contralateral ao hematoma.
e) Hematoma Sub-dural
Agudo
• Quadro semelhante ao do
Hematoma Extra-dural
f) Hematoma Intraparenquimatoso
• Coma profundo, midríase
homolateral, hemiplegia contralateral, piora rápida do quadro e
muitas vezes convulsão. Pode
evoluir a descerebração.
• Os mais comuns são os subfrontais e temporais, embora
possam ocorrer em qualquer
parte do tecido nervoso.
EXAMES PARACLÍNICOS
• Radiografia simples de crânio
• Tomografia Computadorizada
(TC) ou Ressonância Magnética
(RM)
Radiografia Simples De
Crânio
• Mostra:
- Fraturas simples
- Fraturas complexas com e sem
afundamentos
TC ou RM
• Mostra:
- Edema Cerebral
- Hemorragias
- Zonas de contusões
- Zonas de isquemias
- Sangramento subaracnóideo
- Sangramento ventricular
TRATAMENTO
• Compreende diversas fases:
1) Os primeiros socorros
2) A emergência
3) Evitar e tratar o edema cerebral
imediato
4) Tratar o edema cerebral posterior
5) Tratar as manifestações
secundárias
6) Considerar o coma
7) Cirurgias
1) Os Primeiros
Socorros
• Considerar como politraumatizado:
- Estabilizar a coluna cervical
com colar.
- Transportar em decúbito
lateral ou látero-ventral.
- Fazer o mínimo de movimento
com a coluna vertebral
2) A Emergência
• São as atitudes que se deve ter no
local e no Pronto Socorro. Dizem
respeito:
- As vias aéreas
- Ao choque
- Ao nível de consciência
- A história do trauma
- Ao Exame Neurológico
- As lesões de outros aparelhos
- Cuidados Com as Vias
Aéreas
• Sempre há queda da
capacidade ventilatória
• Usar:
- Cânula orofaríngea
- Entubação
- Traqueotomia
- O Tratamento Do
Choque
• Será sempre neurogênico e
vasogênico
• Deve-se fazer:
- Sedar o paciente
- Transfundir soro fisiológico e
sangue
- Registro Do Nível De
Consciência
* Deve-se lembrar que o nível de
consciência diz da gravidade ou
da eminência de gravidade.
* Os pacientes acordados estão
em melhores condições e
colaboram com informações
sobre seu estado geral que são
preciosas ao examinador.
- A História Do Trauma
• Diz da gravidade do quadro.
- Se atingido ou se atingiu.
- Se foi em casa
- Se foi de carro
- Se foi de bicicleta
- Se foi de trem (grave)
- Se foi de avião (muito grave)
- O Exame Neurológico
• Exame normal: Bom
prognóstico
• Hemiplegia: Contusões, hérnias,
hematomas.
• Paraplegia: Lesão medular.
• Midríase: Hérnia de uncus.
• Ausência de reflexo foto-motor:
Lesão do mesencéfalo.
• Etc...
- As Lesões De Outros
Aparelhos
• Costelas perfuram pulmão.
• Fígado e baço levam ao choque.
• Vísceras ocas contaminam a
cavidade peritonial.
• Fraturas de ossos longos levam
a embolias gordurosas e
laceração de vasos e nervos.
• Tromboses de Carótidas.
3) Evitar e Tratar o
Edema Cerebral
Imediato
• É resultante da hipóxia.
• Deve-se usar os procedimentos:
- Aspiração das secreções
- Entubação endotraqueal nasal ou
oral
- Traqueotomia
- Ventilação controlada
- Hipotermia
4) Tratar o Edema
Cerebral Posterior
• É por aumento de líquidos.
• Usa-se as drogas:
- Manitol a 20%, em infusão EV,
a 80 gotas por minutos, na dose
de 10 a 15 mg/Kg/dia.
- Glicerol a 10%, por SNG na
dose de 1g/Kg ou EV, na dose de
1 a 2 mg/Kg.
( Controle da Pressão
Intracraniana )
• A pressão intracraniana deve
ser monitorizada através de
aparelhos que a registram de
forma contínua.
• Usa-se o:
- Transdutor sub-dural.
- Cateter intra-ventricular.
5) Tratar as
Manifestações
Secundárias
• São três as mais comuns:
a) A agitação
b) As convulsões
c) A hipertermia
A Agitação
• Freqüentes nas contusões e
comas vigil e verdadeiro.
• Usa-se, EV ou IM:
- Benzodiazepinicos (Diazepam).
- Fenotiazínicos (Amplictil).
- Outros.
As Convulsões
• O tratamento das crises
repetitivas:
- Diazepam (Diazepam) EV.
- Clonazepam (Rivotril) EV.
• A prevenção de novas crises:
- Fenitoina (Hidantal) EV.
- Fenobarbital (Gardenal) IM.
A Temperatura
• Usam-se os anti-térmicos em
geral:
- Dipirona EV.
- Outros.
• Bolsas de gelo: nas axilas e nas
regiões inguinais.
• Banho de álcool: com panos
umedecidos.
6) O Estado De Coma
• O coma não é uma doença e sim
um estado.
• Deve-se manter os órgãos e
aparelhos funcionando, até a
volta da consciência.
• Estudo específico na aula de
COMAS.
7) Cirurgias
• O tratamento cirúrgico no TCE
visa:
- Reconstituir a anatomia,
- Eliminar o inchaço do cérebro.
- Esvaziar os hematomas.
- Fechar as fístulas de líquor.
- Reconstituir a
Anatomia
• Nos traumatismos abertos:
Suturas, rotação de retalhos,
transplante de pele
• Nas fraturas com fragmentos
múltiplos: Retirá-los e fazer
cranioplastia posterior
• Na dura-mater lacerada: Suturar
ou colocar dura artificial.
- Tratar O Inchaço Do
Cérebro
• Fazer uma craniectomia ampla
bilateral.
(Na prática os resultados não
são dos melhores).
- Tratar Os Hematomas
• Fazer craniotomias locais para
esvaziar os hematomas, sejam
extra-durais, sub-durais ou
intra-parenquimatosos.
• Fazer a hemostasia por
coagulação, clipagem e
colocação de redes proteicas
hemostáticas (Surgicel).
- Tratar As Fístulas de
Líquor
• As fístulas ocorrem pelos seios
nasais e pelo ouvido médio.
Causam meningites.
• Faz-se o entupimento do
pertúito com músculo.
COMPLICAÇÕES
• Podem ser:
- Fístulas de líquor.
- Hematoma sub-dural crônico.
- Infecções.
- Epilepsia.
- Lesão de nervos cranianos.
- Seqüelas de lesão nervosa.
PROGNÓSTICO
• Morrem cerca de 30%, daqueles
com distúrbios neurológicos
leves.
• Morrem cerca de 75%, daqueles
com distúrbios neurológicos
moderados.
• Morrem 100%, daqueles que
apresentam distúrbios
neurológicos graves.
FIM
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Aula de TCE 2004