CO17 Envolvimento arterial polianeurismático na doença de Behçet: caso clínico Autores: (1) Dias, Emanuel; (1) Eufrásio, Sérgio; (2) Larangeiro, Álvaro; (1) Aragão de Morais, José; (1) Albuquerque e Castro, João; (1) Mota Capitão, Luís Local de Trabalho: 1. Serviço de Angiologia e Cirurgia Vascular do Hospital de Santa Marta; 2. Serviço de Cirurgia Cardiotorácica do Hospital de Santa Marta Introdução O envolvimento dos grandes vasos arteriais é raro na doença de Behçet, ocorrendo apenas em cerca de 1,5 a 2,2% dos casos, sendo a patologia aneurismática mais frequente que as oclusões arteriais e a maior causa de morte nestes doentes. Caso Clínico Homem de 24 anos de raça negra, natural e residente em Cabo Verde, com antecedentes irrelevantes, referenciado ao nosso Hospital por quadro com 6 meses de evolução de febre recorrente, diminuição da acuidade visual à direita, úlceras da mucosa oral e do escroto, e duas volumosas tumefacções pulsáteis, uma preenchendo a fossa supraclavicular direita e outra a nível do terço superior da coxa esquerda. No exame físico destacava-se além das tumefacções descritas, a ausência de pulsos no membro superior direito e edema do membro inferior esquerdo. Na avaliação por ecografia e TC detectou-se um aneurisma da artéria subclávia direita (84x57x52mm), um da artéria femoral superficial esquerda (75x87mm), ectasia da aorta abdominal infra-renal (27mm) e trombose venosa profunda iliofemoral esquerda. Dado a contexto clínico, admitiu-se o diagnóstico de doença de Behçet com atingimento muco-cutâneo (úlceras), vascular (aneurismas e TVP) e ocular (uveíte posterior). Foi sujeito a tratamento cirúrgico do aneurisma femoral: ressecção e interposição de enxerto, e do aneurisma da subclávia direita por esternotomia mediana: ressecção parcial, bypass com prótese ePTFE 8mm do tronco braquiocefálico para a subclávia direita distal e interposição de prótese ePTFE 8mm entre tronco braquiocefálico e a carótida comum direita. Pós-operatório sem intercorrências major, tendo tido alta hipocoagulado e com terapêutica com corticóides e ciclofosfamida. O follow-up aos 3 meses não tem mostrado intercorrências. Conclusão A atingimento múltiplo é relativamente frequente nos doentes de Behçet com envolvimento arterial aneurismático. Apesar da eficácia do tratamento cirúrgico convencional, é necessário um seguimento atento devido ás altas taxas de novos falsos aneurismas e de oclusão dos enxertos.