Elementos de Trigonometria (1) Américo Bento DEP. DE MATEMÁTICA ESCOLA DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA UNIV. DE TRÁS - OS - MONTES E ALTO DOURO Primavera, 2012 O que é a Trigonometria? Trigonometria = trigono(três ângulos) + metria = triângulo + medir. A Trigonometria é o ramo da Matemática que trata dos processos que permitem calcular medidas de lados, ou ângulos, num triângulo a partir das medidas de outros lados, ou ângulos, no mesmo triângulo. É a «caixa de ferramentas» adequada para resolver muitos problemas. Alguns exemplos (elementares): identificar a largura de um rio sem ter de o atravessar; identificar a altura de um monumento ou de uma árvore (sem a eles subir!); identificar a altura de uma montanha; a inclinação de uma encosta; a inclinação da rua onde moramos; fazer o levantamento topográfico de terrenos; ... Triângulos rectângulos semelhantes 1 ∆[ABE ] e ∆[ACD] são triângulos rectângulos semelhantes; 2 os pares de lados correspondentes (lados homólogos) são: ([BE ], [CD]) , 3 ([AB], [AC]) , ([AE ], [AD]) . em triângulos semelhantes, os pares de lados homólogos são proporcionais, isto é, o quociente entre dois lados homólogos é invariante, desde que tomados pela mesma ordem. Triângulos rectângulos semelhantes Formalmente, tem-se: |BE| |CD| |BE | |AB| = |CD| |AC| = e |AB| |AC| = |AE| |AD| , isto é, |BE | |AE | |BE | |CD| = ⇔ = . |CD| |AD| |AE | |AD| (1) Ora, relativamente ao ângulo com vértice em A, temos cateto oposto hipotenusa ∆[ABE] BE CD = = = |{z} AE AD por (1) cateto oposto hipotenusa . (2) ∆[ACD] Justificámos, assim, o facto: Proposição Nos pares de ângulos homólogos (agudos) de dois quaisquer triângulos rectângulos semelhantes, o quociente entre o cateto oposto e a hipotenusa, respectivos, é invariante. Seno de um ângulo agudo Este quociente depende, portanto, unicamente do ângulo; é, assim, um número que podemos associar a cada ângulo agudo. Tal número foi nomeado por SENO do ângulo. Se o ângulo é α, usamos a abreviatura sin(α) [ou sen(α)] para denotar o seno do ângulo α. Definição Sendo α um ângulo de um triângulo rectângulo, define-se o seno de α pelo quociente entre o cateto oposto a α e a hipotenusa, isto é, sin(α) = cateto oposto . hipotenusa Exemplo. Considere o triângulo rectângulo cujos lados medem três, quatro e cinco unidades de comprimento. Calcule o seno dos ângulos agudos do triângulo. Proposição Se α é um ângulo (agudo) num triângulo rectângulo, então sin(α) 6 1. Um outro invariante... nos triângulos rectângulos oposto No quociente cateto hipotenusa , se substituirmos cateto oposto por cateto adjacente temos uma outra invariância. Assim, Proposição Nos pares de ângulos homólogos (agudos) de dois quaisquer triângulos rectângulos semelhantes, o quociente entre o cateto adjacente e a hipotenusa, respectivos, é invariante. Isto é, é invariante o quociente cateto adjacente . hipotenusa α Demonstração. O caminho para justificar esta Proposição é idêntico ao que desenvolvemos para o seno de um ângulo. Que nome atribuir a este número? Consideremos o seguinte: seja ∆[ABC] um triângulo rectângulo em C e denotemos por α e β os ângulos agudos opostos aos lados LA e LB , respectivamente. Um outro invariante... nos triângulos rectângulos induziram a designação COSENO de um ângulo. Dizemos LB é o co-seno do que hipotenusa ângulo α por ser igual ao seno do seu complementar. • Se o ângulo é α, usamos a abreviatura cos(α) para denotar o coseno do ângulo α. Consideremos a informação contida na seguinte tabela: Definição Sendo α um ângulo agudo de um triângulo rectângulo, define-se o sin(·) co-seno de α pelo quociente cateto adjacente hipotenusa entre o cateto adjacente a α e a hipotenusa, isto é, Estes resultados e o facto de os ângulos α e β serem complementares, isto cateto adjacente . cos(α) = é: hipotenusa o α + β = 90 , α β LA hipotenusa LB hipotenusa LB hipotenusa LA hipotenusa Um outro invariante... o co-seno Exemplo. Considere o triângulo rectângulo cujos lados medem três, quatro e cinco unidades de comprimento. Calcule o co-seno dos ângulos agudos do triângulo. Proposição Se α é um ângulo (agudo) num triângulo rectângulo, então cos(α) 6 1. Demonstração. ... Para não esquecermos: Proposição Se α é um ângulo (agudo) num triângulo rectângulo, então: cos(90o − α) = sin(α); sin(90o − α) = cos(α). A fórmula fundamental da trigonometria Temos: sin(α) = |BC| ; |AC| cos(α) = |AB| . |AC| Logo: 2 sin (α) = |BC| |AC| 2 = (|BC|)2 ; (|AC|)2 2 cos (α) = |AB| |AC| 2 = (|AB|)2 (|AC|)2 . Portanto, sin2 (α) + cos2 (α) = (|BC|)2 (|AB|)2 (|AC|) (|AC|)2 + 2 = (|BC|)2 + (|AB|)2 (|AC|)2 = (|AC|)2 (|AC|)2 = 1. A tangente de um ângulo (tangente trigonométrica) Em triângulos rectângulos semelhantes, foi mostrado que são invariantes, os quocientes (cat. op.)α (cat. adj.)α , . hip. hip. (cateto oposto)α De modo semelhante, se mostra que o quociente (cateto adjacente)α invariante. Este invariante designa-se por tangente do ângulo α; denota-se por tan(α). Definição Sendo α um ângulo agudo de um triângulo rectângulo, tem-se: tan(α) = (cateto oposto)α . (cateto adjacente)α é Valores possíveis para tan(·) de um ângulo agudo Relativamente a um ângulo agudo α de um triângulo rectângulo, se o cateto oposto é maior do que o adjacente, temos (cat. op.)α tan(α) = (cat. adj.) > 1. α) Se o cateto oposto é igual ao adjacente, (cat. op.)α temos tan(α) = (cat. adj.) = 1. α) Se o cateto oposto é menor do que o (cat. op.)α adjacente, temos tan(α) = (cat. adj.) < 1. α) Portanto: Proposição Se α é um ângulo cuja amplitude pertence ao intervalo ]0o , 90o [, então tan(α) ∈ ]0, +∞[. A co-tangente de um ângulo agudo (cateto oposto)α Uma vez que (cateto adjacente)α é invariante, o seu inverso também o é. Isto é, é invariante o adjacente)α quociente (cateto (cateto oposto)α . Este invariante é a tangente do complementar de α. Por tal facto, designa-se por cotangente do ângulo α; denotase por cot(α). Definição Sendo α um ângulo agudo de um triângulo rectângulo, tem-se: cot(α) = (cateto adjacente)α . (cateto oposto)α Valores possíveis para cot(·) de um ângulo agudo Relativamente a um ângulo agudo α de um triângulo rectângulo, se o cateto oposto é maior do que o adjacente, temos (cat. adj.)α cot(α) = (cat. op.) < 1. α) Se o cateto oposto é igual ao adjacente, (cat. adj.)α temos cot(α) = (cat. op.) = 1. α) Se o cateto oposto é menor do que o (cat. adj.)α adjacente, temos cot(α) = (cat. op.) > 1. α) Portanto: Proposição Se α é um ângulo cuja amplitude pertence ao intervalo ]0o , 90o [, então cot(α) ∈ ]0, +∞[. Tangente versus co-tangente Proposição Sendo α um ângulo agudo: tan(α) = sin(α) ; cos(α) cot(α) = cos(α) ; sin(α) tan(α) = 1 . cot(α) sin(α) ; cos(α) (...) Demonstração. Temos: cat.op. cat.op. hip. tan(α) = = = cat.adj. cat.adj. hip. cat.op. hip. cat.adj. hip. = Proposição Sendo α um ângulo agudo: tan(90o − α) = cot(α); Demonstração. Temos: tan(90o − α) = cot(90o − α) = tan(α). sin(90o −α) cos(90o −α) = |{z} porque? cos(α) sin(α) = cot(α). Razões trigonométricas do ângulo de 30o sin(30o ) =? 1 O triângulo ∆[ABC] é rectângulo em B [ = 30o . e BAC 2 O triângulo ∆[ADB] é a reflexão do ∆[ABC] relativamente ao eixo AB. Logo, o triângulo ∆[ADC] é equilátero. 3 4 Assim: |BC| = 12 |DC| e |AC| = |DC| = |AD|. Ora: sin(30o ) = 1 |DC| 2 cos(30o ) =? tan(30o ) =? |AC| Pela FFT, cos2 (30o ) + tan(30o ) = sin(30o ) ? cos(30o ) =(3) 1 |DC| 2 |DC| 2 o sin (30 ) = cot(30o ) =? op. hip. = 12 . = |BC| |AC| =(3) 1. Portanto,... cot(30o ) = cos(30o ) ? sin(30o ) Proposição sin(30o ) = 12 ; cos(30o ) = √ 3 2 ; tan(30o ) = √ 3 3 ; cot(30o ) = √ 3. Razões trigonométricas do ângulo de 60o Comecemos por recordar que 60o + 30o = 90o , isto é, 60o e 30o são complementares. Pelo que já vimos atrás, podemos escrever: sin(60o ) = cos(90o − 60o ) = cos(30o ) = √ 3 2 . cos(60o ) = sin(90o − 60o ) = sin(30o ) = 12 . √ tan(60o ) = cot(90o − 60o ) = cot(30o ) = 3. cot(60o ) = tan(90o − 60o ) = tan(30o ) = √ 3 3 . Proposição sin(60o ) = √ 3 2 ; cos(60o ) = 12 ; tan(60o ) = √ 3; cot(60o ) = √ 3 3 . Razões trigonométricas do ângulo de 45o sin(45o ) =? 1 O triângulo ∆[ABC] é isósceles e rectângulo em B. 2 Logo, os ângulos adjacentes ao lado [AC] são geometricamente iguais. Uma vez que são ângulos complementares, decorre que a sua amplitude é de 45o . 3 Por serem complementares, o seno de um coincide com o co-seno do outro. Assim, sin(45o ) = cos(45o ). Imediatamente, temos: tan(45o ) = cot(45o ) = 1. Usando (3) na FFT, temos: 2 sin2 (45o ) = 1 ⇔ ... Consequentemente: cos(45o ) = ...; 4 Proposição sin(45o ) = cos(45o ) = √ 2 2 ; tan(45o ) = cot(45o ) = 1. Elementos de Trigonometria (2) Américo Bento DEP. DE MATEMÁTICA ESCOLA DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA UNIV. DE TRÁS - OS - MONTES E ALTO DOURO Primavera, 2012 Funções trigonométricas Sentido POSITIVO de leitura Semi-recta ȮP é o lado origem. Semi-recta ȮQ é o lado final. Funções trigonométricas Sentido NEGATIVO de leitura Semi-recta ȮP é o lado origem. Semi-recta ȮQ é o lado final. Funções trigonométricas Ângulo GENERALIZADO Amplitude α ou... α mais uma volta? A cada par ordenado de semi-rectas corresponde uma família de amplitudes da forma α + k × 360o , k ∈ Z. Funções trigonométricas — Arco GENERALIZADO A cada par ordenado de pontos sobre uma circunferência corresponde uma família de amplitudes de arco da forma α + k × 360o , k ∈ Z. Ao arco(PQ) corresponde a família da forma α + m × 360o , m ∈ Z. Ao arco(QP) corresponde a família da forma β + n × 360o , n ∈ Z. Funções trigonométricas — Quadrantes Diz-se um ângulo pertence ao 1o , 2o , 3o ou 4o quadrantes se o lado origem é Ox + e tem lado final no 1o , 2o , 3o ou 4o quadrantes, respectivamente. Funções trigonométricas — Função seno de P A definição sin(α) := ordenada dis(P,O) preserva a definição construída com base num triângulo rectângulo. Qualquer ponto na semi-recta ȮP pode ser tomado; de facto, dados P, Q no lado final do ângulo, os triângulos rectângulos ∆[OBP] e ∆[OEQ] são semelhantes. No esquema precedente, o ângulo α tem lado origem na semi-recta Ox + e lado final na semi-recta ȮP. Assim, o ponto a considerar pode ser escolhido à distância de uma unidade da origem: dis(P, O) = 1 Definição (Nova definição de seno de um ângulo) Sendo P(x, y ) um ponto do lado final de um ângulo α com lado origem y Ox + , define-se seno de α pela relação sin(α) = . dis(P, O) Funções trigonométricas —— sin(180o − α) = sin(α) A semi-recta ȮP é o lado final do ângulo α. A semi-recta ȮP ′ é a reflexão de ȮP relativamente ao eixo Oy. Portanto, a cada ponto P(x, y) em ȮP corresponde um ponto P ′ na semi-recta ȮP ′ de tal modo que P e P ′ têm uma mesma ordenada e dis(P, O) = dis(P ′ , O). Consequentemente: sin(180 − α) = ordenada de P ′ y y = = = sin(α). dis(P ′ , O) dis(P ′ , O) dis(P, O) O seno de um ângulo e o círculo trigonométrico Para cada ponto B sobre a fronteira do círculo, o seno do ângulo com lado origem Ox + e lado final ȮB é a ordenada do ponto B. Sinal da função seno: 1o e 2o quadrantes: positivo; 3o e 4o quadrantes: negativo. Proposição (Variação) ∀α, −1 6 sin(α) 6 1. Proposição (Paridade) ∀α, sin(−α) = − sin(α). Variação monótona e periodicidade do seno A partir do que foi exposto, três factos são de conclusão imediata: ângulos que diferem de múltiplos inteiros de 360o têm igual seno; nos 1o e 4o quadrantes, se aumenta o ângulo então aumenta o seno; nos 2o e 3o quadrantes, se aumenta o ângulo então diminui o seno. Estas três asserções merecem registo formal. Assim: Proposição (Periodicidade do seno) Qualquer que seja α e qualquer que seja o inteiro relativo k, tem-se: sin(α + k × 360o ) = sin(α). Proposição (Variação monótona do seno: 1o e 4o quadrantes) Sejam α, β ∈ [−90o , 90o ]. Se α<β então sin(α)< sin(β). Proposição (Variação monótona do seno: 2o e 3o quadrantes) Sejam α, β ∈ [90o , 270o ]. Se α<β então sin(α)> sin(β). Funções trigonométricas ::: Função co-seno de P A definição cos(α) := abcissa dis(P,O) preserva a definição construída com base num triângulo rectângulo. Qualquer ponto na semi-recta ȮP pode ser tomado; de facto, dados P, Q no lado final do ângulo, os triângulos rectângulos ∆[OBP] e ∆[OEQ] são semelhantes. No esquema precedente, o ângulo α tem lado origem na semi-recta Ox + e lado final na semi-recta ȮP. Assim, o ponto a considerar pode ser escolhido à distância de uma unidade da origem: dis(P, O) = 1 Definição (Nova definição de co-seno de um ângulo) Sendo P(x, y) um ponto do lado final de um ângulo α com lado origem x Ox + , define-se co-seno de α pela relação cos(α) = . dis(P, O) Funções trigonométricas ::: cos(180o − α) = − cos(α) A semi-recta ȮP é o lado final do ângulo α. A semi-recta ȮP ′ é a reflexão de ȮP relativamente ao eixo Oy. Portanto, a cada ponto P(x, y) em ȮP corresponde um ponto P ′ na semi-recta ȮP ′ de tal modo que P e P ′ têm abcissas simétricas e dis(P, O) = dis(P ′ , O). Consequentemente: cos(180 − α) = abci. de P ′ −x x = =− = − cos(α). ′ ′ dis(P , O) dis(P , O) dis(P, O) O co-seno de um ângulo e o círculo trigonométrico Para cada ponto B sobre a fronteira do círculo, o co-seno do ângulo com lado origem Ox + e lado final ȮB é a abcissa do ponto B. Sinal do co-seno: 1o Q e 4o Q: positivo; 2o Q e 3o Q: negativo. Proposição (Variação) ∀α, −1 6 cos(α) 6 1. Proposição (Paridade) ∀α, cos(−α) = cos(α). Variação monótona e periodicidade do co-seno A partir do que foi exposto, três factos são de conclusão imediata: ângulos que diferem de múltiplos inteiros de 360o têm igual co-seno; nos 1o e 2o quadrantes, se aumenta o ângulo então diminui o co-seno; nos 3o e 4o quadrantes, se aumenta o ângulo então aumenta o co-seno. Estas três asserções merecem registo formal. Assim: Proposição (Periodicidade do co-seno) Qualquer que seja α e qualquer que seja o inteiro relativo k, tem-se: cos(α + k × 360o) = cos(α). Proposição ( co-seno: 1o e 2o quadrantes = DECRESCENTE ) Sejam α, β ∈ [0o , 180o ]. Se α<β então cos(α)> cos(β). Proposição ( co-seno: 3o e 4o quadrantes = CRESCENTE) Sejam α, β ∈ [180o , 360o ]. Se α<β então cos(α)< cos(β). Funções trigonométricas ::: Função tangente No esquema precedente, o ângulo α tem lado origem na semi-recta Ox + e lado final na semi-recta ȮP. 1 Para cada ponto P(x, y), x 6= 0, de P definição tan(α) := ordenada abcissa de P preserva a definição construída com base num triângulo rectângulo. 2 Qualquer ponto na semi-recta ȮP pode ser tomado; de facto, dados P, Q no lado final do ângulo, o ∆[OBP] e o ∆[OEQ] são semelhantes. 3 Assim, o ponto a considerar pode ser escolhido à distância de uma unidade da origem: dis(P, O) = 1 Definição (Nova definição de tangente de um ângulo) Sendo P(x, y), x 6= 0, um ponto do lado final de um ângulo α com lado y origem Ox + , define-se tangente de α pela relação tan(α) = . x Periodicidade e paridade da função tangente O ângulo (180o + α) tem lado origem na semi-recta Ox + e lado final na semi-recta ȮP ′ , sendo P ′ o simétrico de P relativamente à origem O. Consequentemente, as coordenadas de P ′ são simétricas das coordenadas de P. Temos, portanto: Proposição (Periódica...) Se existe tan(α) então ∀ k ∈ Z, tan(α + k × 180o ) = tan(α). Proposição (Par ou ímpar?) Se existe tan(α) então No esquema precedente, o ângulo tan(−α) = − tan(α). α tem lado origem na semi-recta Ox + e lado final na semi-recta ȮP. Exemplos. Exercícios 20(d),(f). Função tangente como função de seno e do co-seno podemos tomar um ponto qualquer nesta semi-recta [excepto (0, 0)] para escrever a tangente de α. Assim, podemos tomar o ponto de intersecção da semi-recta ȮP com a fronteira do círculo trigonométrico. As coordenadas de tal ponto são (x, y) = (cos(α), sin(α)). Logo, Proposição Se cos(α) 6= 0 então tan(α) = sin(α) cos(α) . Exercício. Usando a caracterização precedente para tan(α), mostre que: Para cada ângulo α 6= 90o + k × 180o , k ∈ Z, cujo lado final seja a semi-recta ȮP, 1 tan(α + 180o ) = tan(α); 2 a função tangente é ímpar; 3 tan(180o − α) = − tan(α). Círculo trigonométrico e o eixo das tangentes • Para identificar relações entre as tangentes de diferentes ângulos usa-se a recta paralela ao eixo das ordenadas na abcissa x = 1. Assim, tal recta é a tangente geométrica à fronteira do círculo trigonométrico no ponto (1, 0). • O ponto P tem abcissa cos(α) e ordesin(α) nada sin(α). Logo, tan(α) = cos(α) . • Por outro lado, ∆[OBP] e ∆[OET ] são semelhantes; portanto, y tan(α) = ET = ET 1 = 1 = y. OE Justificámos, por conseguinte, o facto: Seja α = ∢ Ox + , ȮP . Se existir, tan(α) é a ordenada do ponto de intersecção da semi-recta ȮP com a recta de abcissa constante x = 1 [eixo das tangentes]. Sinal e monotonia da tangente Resumo: • se α = 90o + k × 180o , k ∈ Z, tan(α) não existe; • no 1o Q e no 3o Q, a tangente é positiva; • no 2o Q e no 4o Q, a tangente é negativa. no 2o Q e no 3o Q, se aumenta o ângulo então aumenta a tangente; nos 1o Q e 4o Q, se aumenta o ângulo então aumenta a tangente. Formalmente, as duas últimas asserções são, respectivamente: Proposição ( tangente: 2o Q e 3o Q ::: monótona CRESCENTE ) Sejam α, β ∈]90o , 270o[. Se α<β então tan(α)< tan(β). Proposição ( tangente: 1o Q e 4o Q ::: monótona CRESCENTE) Sejam α, β ∈] − 90o , 90o [. Se α<β então tan(α)< tan(β). Este factos e a periodicidade da tangente permitem escrever: Proposição Em cada intervalo da forma ] − 90o + k × 180o; 90o + k × 180o [, k ∈ Z, a tangente é crescente. ?? sinal da derivada ?? Variação da tangente • Podemos concluir que quando α percorre o conjunto ]−90o ; 90o [, tan(α) “passa” por todas as ordenadas do eixo das tangentes. Portanto, tan(α) percorre todos os valores de −∞ a +∞, isto é, o intervalo ]−∞; +∞[. • Este facto e a periodicidade da tangente justificam a seguinte asserção: Proposição Para cada k ∈ Z, se α percorre o conjunto ] − 90o + k × 180o ; 90o + k × 180o[ então tan(α) percorre o intervalo ] − ∞; +∞[. Funções trigonométricas ::: Função co-tangente No esquema precedente, o ângulo α tem lado origem na semi-recta Ox + e lado final na semi-recta ȮP. 1 Para cada ponto P(x, y), y 6= 0, abcissa de P definição cot(α) := ordenada de P preserva a definição construída com base num triângulo rectângulo. 2 Qualquer ponto na semi-recta ȮP pode ser tomado; de facto, dados P, Q no lado final do ângulo, o ∆[OBP] e o ∆[OEQ] são semelhantes. 3 Assim, o ponto a considerar pode ser escolhido à distância de uma unidade da origem: dis(P, O) = 1 Definição (Nova definição de co-tangente de um ângulo) Sendo P(x, y ), y 6= 0, um ponto do lado final de um ângulo α com lado x origem Ox + , define-se co-tangente de α pela relação cot(α) = . y Periodicidade e paridade da função co-tangente O ângulo (180o + α) tem lado origem na semi-recta Ox + e lado final na semi-recta ȮP ′ , sendo P ′ o simétrico de P relativamente à origem O. Consequentemente, as coordenadas de P ′ são simétricas das coordenadas de P. Temos, portanto: Proposição (Periódica...) Se existe cot(α) então ∀ k ∈ Z, cot(α + k × 180o ) = cot(α). Proposição (Par ou ímpar?) Se existe cot(α) então No esquema precedente, o ângulo cot(−α) = − cot(α). α tem lado origem na semi-recta Ox + e lado final na semi-recta ȮP. Função co-tangente: função de co-seno e do seno podemos tomar um ponto qualquer nesta semi-recta [excepto (0, 0)] para escrever a co-tangente de α. Assim, podemos tomar o ponto de intersecção da semi-recta ȮP com a fronteira do círculo trigonométrico. As coordenadas de tal ponto são (x, y) = (cos(α), sin(α)). Logo, Proposição Se sin(α) 6= 0 então cot(α) = cos(α) sin(α) . Exercício. Usando a caracterização precedente para cot(α), mostre que: Para cada ângulo α 6= 0o + k × 180o, k ∈ Z, cujo lado final seja a semi-recta ȮP, 1 cot(α + 180o ) = cot(α); 2 a função co-tangente é ímpar; 3 cot(180o − α) = − cot(α). Círculo trigonométrico e o eixo das co-tangentes Para identificar relações entre as co-tangentes de diferentes ângulos 1 usa-se a recta paralela x ao eixo das abcissas na x os() ordenada y = 1. Assim, x os() ot() = =x ot() = tal recta é a tangente 1 sin() geométrica à fronteira do círculo trigonométrico no ponto (0, 1). O ponto P tem abcissa cos(α) e ordenada sin(α). Logo, cot(α) = cos(α) Por outro lado, ∆[OQP] e ∆[OSR] são semelhantes; sin(α) . 1 Eixo das o-tangentes y b 1 + b ? = 1? = x1 = x. Justificámos, por conseguinte, o ? Seja α = ∢ Ox + , ȮP . Se existir, cot(α) é a abcissa do ponto portanto, cot(α) = facto: de intersecção da semi-recta ȮP com a recta de ordenada constante y = 1 [eixo das co-tangentes]. Sinal e monotonia da co-tangente Resumo: • se α = 0o + k × 180o , k ∈ Z, cot(α) não existe; • no 1o Q e no 3o Q, a co-tangente é positiva; • no 2o Q e no 4o Q, a co-tangente é negativa. no 1o Q e no 2o Q, se aumenta o ângulo então diminui a co-tangente; nos 3o Q e 4o Q, se aumenta o ângulo então diminui a co-tangente. Formalmente, as duas últimas asserções são, respectivamente: Proposição ( co-tangente: 1o Q e 2o Q ::: monótona DECRESCENTE ) Sejam α, β ∈]0o , 180o [. Se α<β então cot(α)> cot(β). Proposição ( tangente: 3o Q e 4o Q ::: monótona DECRESCENTE) Sejam α, β ∈]180o, 360o [. Se α<β então cot(α)> cot(β). Este factos e a periodicidade da co-tangente permitem escrever: Proposição Em cada intervalo da forma ]0o + k × 180o ; 180o + k × 180o [, k ∈ Z, a tangente é decrescente. ?? sinal da derivada ?? Variação da co-tangente 1 Eixo das o-tangentes y 1 + b 1 b ot( ) = os( ) sin( ) x x os( ) ot( ) = x 1 = x • Podemos concluir que quando α percorre o conjunto ]0o ; 180o[, cot(α) “passa” por todas as abcissas do eixo das co-tangentes. Portanto, cot(α) percorre todos os valores de +∞ a −∞, isto é, o intervalo ]−∞; +∞[. • Este facto e a periodicidade da co-tangente justificam a seguinte asserção: Proposição Para cada k ∈ Z, se α percorre o conjunto ]0o + k × 180o ; 180o + k × 180o [, então cot(α) percorre o intervalo ] − ∞; +∞[. Elementos de Trigonometria (3) Américo Bento DEP. DE MATEMÁTICA ESCOLA DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA UNIV. DE TRÁS - OS - MONTES E ALTO DOURO Primavera, 2012 Conservação da FFT O ângulo α tem lado origem na semirreta Ox + e lado final na semirreta ȮP. (1) Seja d = dis(P, O). De acordo com as definições de seno e de co-seno, temos sin(α) = dy , cos(α) = dx . 2 2 (2) Logo, sin2 (α) = dy 2 , cos2 (α) = dx 2 . (3) Consequentemente: 2 2 2 2 sin2 (α) + cos2 (α) = dy 2 + dx 2 = y d+x . 2 (4) Podemos interpretar d como a hipotenusa do ∆[OPE ]. Assim, pelo 2 teorema de Pitágoras, d = (PE)2 + (EO)2 = |x|2 + |y|2 = x 2 + y 2 . (5) De (3) e (4): sin2 (α) + cos2 (α) = 1 . Considere os casos: (i) ȮP coincide com Ox + ; (ii) ȮP coincide com Oy + ; (iii) ȮP coincide com Ox − ; (iv) ȮP coincide com Oy − . Verifique que a fórmula fundamental da trigonometria continua válida. A unidade de medida: RADIANO RADIANO é o menor ângulo (ao centro) determinando por um arco de circunferência de comprimento igual ao raio. 1 Quantos RADIANOS cabem na amplitude de uma circunferência?... ou, de outro modo: quantas vezes cabe o raio de uma circunferência nela própria? 2 Ora, saber quantas vezes cabe r em 2πr é dividir esta quantidade por aquela. Assim, 2πr r = 2π; isto é, o raio r cabe 2π vezes na circunferência de comprimento 2πr . Logo, uma vez que a cada r corresponde 1rad , é de esperar que na amplitude da circunferência caibam 2π vezes 1rad , isto é, 2πrad . A unidade de medida: RADIANO • De facto, se ao raio r corresponde 1 radiano (1rad ) então ao comprimento 2πr corresponde x radianos. Resolvendo a equação que traduz esta relação de proporcionalidade: 1rad x = r 2πr 1rad r ⇔ x = 2πrad . ⇔ x = 2πr • Consequentemente, temos: 360o ←→ 2πrad 180o ←→ πrad RADIANO é o menor ângulo (ao centro) determinando por um arco de circunferência de comprimento igual ao raio. 90o ←→ (π/2)rad 60o ←→ (π/3)rad 45o ←→ (π/4)rad 30o ←→ (π/6)rad . Amplitude de ângulo em radianos e a recta real Qualquer amplitude de ângulo em graus pode ser expressa em radianos. • De facto, sendo α uma amplitude de ângulo (em graus) e x a mesma amplitude em radianos, a relação de proporcionalidade x está para α, assim como πrad está para 180o permite escrever x α α = ⇐⇒ x = πrad . πrad 180o 180 • Esta unidade de medida — radianos — permite tratar cada amplitude de ângulo como uma grandeza escalar de natureza igual à natureza do comprimento do raio. • Escrevemos cos π3 rad no lugar de cos(60o ); na forma simplificada: cos π3 . π • Escrevemos sin rad no lugar de sin(45o ); na forma simplificada: 4 π sin 4 . • As expressões cos(2), sin(3), tan(5) são interpretadas como cos(2rad ), sin(3rad ), tan(5rad ). Seno ::: co-seno ::: tangente ::: co-tangente lim sinx x , quando x → 0 Notemos que x, sin x, tan x são grandezas da mesma natureza (estamos a usar a unidade radianos). Portanto, podemos escrever: • se x → 0+ então sin x < x < tanx. (1) • Dividindo (1) por sin x [notar que sinx > 0, se x → 0+ ], obtemos 1< x 1 < . sin x cos x (2) • Aplicando lim, resulta 1 6 lim+ x→0 1 cos x x 1 6 lim+ . sin x x→0 cos x Uma vez que limx→0+ = 1, decorre que limx→0+ sin x • Logo: lim+ = 1. (*) x x→0 x sin x = 1. lim sinx x , quando x → 0 ? x → 0− ? • Ora: x → 0− se, e só se, −x → 0+ . Assim, por (*): lim + −x→0 sin(−x) = 1. −x • Mas, por outro lado, lim + −x→0 • Por conseguinte: sin(−x) − sin x sin x = lim = lim . −x −x x→0− x→0− x limx→0− sin x x = 1. Daqui e de (*), resulta: sin x =1. x→0 x lim sin(2x) sin(3x) sin(3x) ; • (b) lim ; • (c) lim . Ex. Calcule: • (a) lim x→0 3x x→0 sin(5x) x→0 tan x ......................................................................... A função real, de variável real, sin(·) sin : R → R, x 7→ sin(x) 1 y x -6 -5 -4 -3 -2 -1 1 2 3 4 5 6 -1 Figura: Gráfico da função sin(x ) • Pela periodicidade, conhecido o gráfico em qualquer intervalo de amplitude 2π, ficamos π π a conhecer todo o gráfico. • No intervalo − 2 , 2 , sin(x) é monótona crescente. Logo, neste intervalo, a sua derivada tem sinal positivo (= declive da tangente geométrica ao gráfico). • O contradomínio é a projecção do gráfico no eixo das ordenadas; é o intervalo [−1, 1]. • Os zeros da função ocorrem nos valores da forma kπ, k ∈ Z; (intersecção do gráfico com o eixo Ox). A função real, de variável real, sin(·); derivada Proposição Sendo a e b dois ângulos, tem-se: sin a − sin b = 2 sin a−b a+b cos . 2 2 Exercício. Deduza a fórmula para sin a + sin b. Exercício. Deduza a fórmula para cos a + cos b. Exercício. Deduza a fórmula para cos a − cos b. Teorema (Derivada de sin(x)) A derivada de sin(x) é cos(x), isto é, sin′ (x) = cos(x). Demonstração. Usando a definição de derivada, temos: 2 sin x+h−x cos x+h+x sin(x + h) − sin(x) 2 2 = lim h→0 h h→0 h 2 sin h2 cos x + h2 sin h2 h = lim = lim h lim cos x + h→0 h h→0 x→0 2 2 (sin x)′ = lim = 1 · cos(x) = cos(x). A função real, de variável real, sin(·); derivada Teorema (Derivada de sin(u(x))) Se u é uma função real, de variável real x, com derivada finita, então a derivada da função sin(u(x)) é u ′ (x) cos(u(x)), isto é, (sin(u(x)))′ = u ′ (x) cos(u(x)). Demonstração. Recordemos: sin(u(x)) = (sin ◦u)(x). Portanto, (sin(u(x)))′ = (sin ◦u)′ (x) = (sin)′ (u(x)) · u ′ (x) = u ′ (x) cos(u(x)). Exemplos A função real, de variável real, cos(·) cos : R → R, x 7→ cos(x) 1 y x -6 -5 -4 -3 -2 -1 1 2 3 4 5 6 -1 Figura: Gráfico da função cos(x ) • Pela periodicidade, conhecido o gráfico em qualquer intervalo de amplitude 2π, ficamos a conhecer todo o gráfico. • No intervalo ]0, π[, cos(x) é monótona decrescente. Logo, neste intervalo, a sua derivada tem sinal negativo (= declive da tangente geométrica ao gráfico). • O contradomínio é a projecção do gráfico no eixo das ordenadas; é o intervalo [−1, 1]. • Os zeros da função ocorrem nos valores da forma π2 + kπ, k ∈ Z; (intersecção do gráfico com o eixo Ox). A função real, de variável real, cos(·); derivada Teorema (Derivada de cos(x)) A derivada de cos(x) é − sin(x), isto é, cos′ (x) = − sin(x). Demonstração. Usando a fórmula fundamental da trigonometria e a derivada de uma potência, temos: 1 2 3 4 sin2 x + cos2 x = 1 ⇐⇒ sin2 x = 1 − cos2 x, (pela FFT); (sin2 x)′ = 2(sin x)′ (sin x) = 2 cos x sin x, (derivada de uma potência e derivada do sin(x)); (1 − cos2 x)′ = 0 − (cos2 x)′ = −2(cos x)′ cos x, diferença; derivada de uma potência); (derivada da Por (1), (2) e (3), temos: 2 cos x sin x = −2(cos x)′ cos x. Logo: (cos x)′ = − sin x. A função real, de variável real, cos(·); derivada Teorema (Derivada de cos(u(x))) Se u é uma função real, de variável real x, com derivada finita, então a derivada da função cos(u(x)) é −u ′ (x) sin(u(x)), isto é, (cos(u(x)))′ = −u ′ (x) sin(u(x)). Demonstração. Recordemos: cos(u(x)) = (cos ◦u)(x). Portanto, (cos(u(x)))′ = (cos ◦u)′ (x) e (cos ◦u)′ (x) = (cos)′ (u(x))·u ′ (x) = − sin(u(x))·u ′ (x) = −u ′ (x) sin(u(x)). Exemplos A função real, de variável real, tan(·) Não existe tan(x) se x = π2 + kπ, k ∈ Z. Portanto, tan(·) está definida em π π intervalos da forma − 2 + kπ, 2 + kπ , k ∈ Z. Assim, para cada k ∈ Z: h i π π tan : − + kπ, + kπ −→ R, x 7→ tan(x) 2 2 5 y Pela periodicidade, y = tan(x) conhecido x o gráfico em qualquer intervalo da forma π π − 2 + kπ, 2 +kπ , k ∈ Z, ficamos a conhecer todo o gráfico. • No intervalo − π2 , π2 , tan(x) é monótona crescente. Logo, a sua derivada tem sinal positivo (= declive da tangente geométrica ao gráfico). 4 3 2 1 -6 -5 -4 -3 -2 -1 -1 -2 -3 -4 -5 1 2 3 4 5 6 A função real, de variável real, tan(·) ::: derivada Teorema Se x 6= π 2 + kπ, k ∈ Z, então (tan x)′ = 1 . cos2 x Demonstração. Temos: sin x ′ (sin x)′ cos x − sin x(cos x)′ 1 (tan x)′ = = = ··· = . cos x cos2 x cos2 x Teorema Se u é uma função real, de variável real x, com derivada finita, então: nos pontos x onde existe u ′ (x) e u(x) 6= π2 + kπ, k ∈ Z, tem-se ′ (x) (tan(u(x)))′ = cosu2 (u(x)) . Demonstração. Recordemos que tan(u(x)) é a expressão designatória da composta da função u(·) com a função tan(·); isto é: (tan(u(x)))′ = (tan ◦u)′ (x). Ora, (tan ◦u)′ (x) = (tan)′ (u(x))·u ′ (x) = 1 u ′ (x) ′ ·u (x) = . (...) cos2 (u(x)) cos2 (u(x)) A função real, de variável real, tan(·) ::: derivada Exemplos Sendo f (x) = tan(2x 3 − 2x + 1), temos: f ′ (x) = (2x 3 − 2x + 1)′ 6x 2 − 2 = . cos2 (2x 3 − 2x + 1) cos2 (2x 3 − 2x + 1) Sendo g(x) = tan(sin x), temos: g ′ (x) = (sin x)′ cos x = . cos2 (sin x) cos2 (sin x) Sendo h(x) = tan(cos x), temos: h′ (x) = − sin x (cos x)′ = . 2 cos (cos x) cos2 (cos x) Sendo i(x) = tan(tan x), temos: 1 i ′ (x) = (tan x)′ 1 cos2 x = = . 2 2 2 cos (tan x) cos (tan x) (cos x) cos2 (tan x) A função real, de variável real, cot(·) Não existe cot(x) se x = 0 + kπ, k ∈ Z. Portanto, cot(·) está definida em intervalos da forma ]0 + kπ, π + kπ[, k ∈ Z. Assim, para cada k ∈ Z: cot : ]0 + kπ, π + kπ[ −→ R, x 7→ cot(x). • Pela periodicidade, conhecido o gráfico em y = ot(x) qualquer intervalo da x forma ]0 + kπ, π + kπ[, k ∈ Z, ficamos a conhecer todo o gráfico. • No intervalo ]0 + kπ, π + kπ[, cot(x) é monótona decrescente. Logo, a sua derivada tem sinal negativo (= declive da tangente geométrica ao gráfico). 5 y 4 3 2 1 -6 -5 -4 -3 -2 -1 -1 -2 -3 -4 -5 1 2 3 4 5 6 A função real, de variável real, cot(·) ::: derivada Teorema Se x 6= kπ, k ∈ Z, então (cot x)′ = −1 . sin2 x Demonstração. Temos: cos x ′ (cos x)′ sin x − cos x(sin x)′ −1 (cot x)′ = = = ··· = . 2 sin x sin x sin2 x Teorema Se u é uma função real, de variável real x, com derivada finita, então: nos pontos x onde existe u ′ (x) e u(x) 6= kπ, k ∈ Z, tem-se ′ (x) (cot(u(x)))′ = sin−u . 2 (u(x)) Demonstração. Recordemos que cot(u(x)) é a expressão designatória da composta da função u(·) com a função cot(·); isto é: (cot(u(x)))′ = (cot ◦u)′ (x). Ora, (cot ◦u)′ (x) = (cot)′ (u(x))·u ′ (x) = −1 sin2 (u(x)) ·u ′ (x) = −u ′ (x) sin2 (u(x)) . (...) A função real, de variável real, cot(·) ::: derivada Exemplos Sendo f (x) = cot(2x 3 − x + 1), temos: f ′ (x) = −(2x 3 − x + 1)′ 2 sin (2x 3 − x + 1) = −6x 2 + 1 2 sin (2x 3 − x + 1) . Sendo g(x) = cot(sin x), temos: g ′ (x) = −(sin x)′ 2 sin (sin x) = − cos x sin2 (sin x) . Sendo h(x) = cot(cos x), temos: h′ (x) = −(cos x)′ 2 sin (cos x) = −(− sin x) 2 sin (cos x) = sin x 2 sin (cos x) . Sendo i(x) = cot(tan x), temos: ′ i (x) = −(tan x)′ 2 sin (tan x) = − cos12 x 2 sin (tan x) = −1 (cos2 x) sin2 (tan x) .