Franqueamento autorizado. Pode ser aberto pela ECT. Ano XVIII - nº 90 | agosto 2014 Sorriso renovado Parceria da CASSI com empresa especializada ajuda beneficiários na superação de doenças de fala, deglutição e mastigação Pág. 8 e 9 EDITORIAL Analisando o mercado de saúde Levantamento realizado pelo Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS) mostra que os planos médico-hospitalares atingiram em dezembro de 2013 a marca de 50 milhões de beneficiários. Por trás desse número robusto, está uma série de desafios que impactam não somente a CASSI, mas o setor de saúde suplementar de uma forma geral. Esses desafios levam à inevitável reflexão sobre o planejamento estratégico das operadoras de saúde para fazer frente a essa demanda. Será que os planos estão preparados para atender às necessidades de seus usuários, que tendem a aumentar ainda mais, face ao envelhecimento desse público? Quais os efeitos desses dados para a sustentabilidade das empresas de saúde suplementar? Para aprofundar esse debate, o Jornal CASSI estreia nesta edição a coluna Opinião. A ideia é repercutir, em cada número, o ponto de vista de um profissional ligado aos assuntos de saúde sobre os movimentos do mercado. Denise Eloi, presidente da União Nacional das Instituições de Autogestão em Saúde (Unidas), é quem escreve pela primeira vez nessa coluna e traz, em seu artigo, o olhar do segmento de autogestões para o cenário de constante aumento das despesas assistenciais. A atuação e o futuro da CASSI são alguns dos temas abordados pelo Diretor de Saúde e Rede de Atendimento, William Mendes, que assumiu o cargo em junho e concedeu entrevista ao nosso Jornal. Olhar para frente não nos impede de valorizar o nosso passado. Dando sequência às matérias especiais sobre a nossa história de 70 anos, esta edição traz um breve reporte sobre os acontecimentos de 1975 a 1994. As percepções de participantes da CASSI que utilizaram a parceria com o BMF para a realização de avaliações e cirurgia de bucomaxilo também estão retratadas nesta edição. Assim como depoimentos colhidos em feira realizada na Diretoria de Tecnologia do BB, numa parceria entre CliniCASSI Brasília Norte e Universidade de Brasília. A feira mostra a quantidade de gordura, açúcar e sal de alimentos prontos e o quão saudável é (ou não) o lanche que os bancários por vezes consomem. Não deixe de conferir ainda as matérias exclusivas da edição online, disponível no site da CASSI. Lá, contamos um pouco da história de dona Edy, participante do CASSI Família no Ceará que, aos 83 anos, costura com uma criatividade sem limites. Trazemos também os destaques e as curiosidades de Montes Claros/MG na seção “Na Cidade”. Boa leitura. David Salviano (presidente) Publicação da CASSI. É permitida a reprodução dos textos, desde que citada a fonte. 2 Conselho Deliberativo Fabiano Felix do Nascimento (Presidente) José Adriano Soares de Oliveira (Vice-presidente) Loreni Senger Correa (Titular) Luis Aniceto Silva Cavicchioli (Titular) Carlos Célio de Andrade Santos (Titular) Antônio Cladir Tremarin (Titular) Carlos Alberto Araújo Netto (Titular) Admilson Monteiro Garcia (Titular) Marcelo Gonçalves Farinha (Suplente) Maria Ines Oliveira Bodanese (Suplente) Nilton Cifuentes Romão (Suplente) Milton dos Santos Rezende (Suplente) Frederico G. F. de Queiroz Filho (Suplente) Mário Fernando Engelke (Suplente) José Caetano de Andrade Minchillo (Suplente) Elisa de Figueiredo Ferreira (Suplente) Conselho Fiscal Regina Fátima de Souza Cruz (Presidente) João Antônio Maia Filho (Vice-presidente) Adelar Valentim Dias (Titular) Carmelina P. dos Santos Nova (Titular) Rodrigo dos Santos Nogueira (Titular) Gilberto Lourenço da Aparecida (Titular) Daniel Liberato (Suplente) José Eduardo Rodrigues Marinho (Suplente) Maurício Messias (Suplente) Claudio Gerstner (Suplente) Maurício Fernandes Leonardo Júnior (Suplente) Carlos Alberto Marques Pereira (Suplente) Diretoria Executiva David Salviano de Albuquerque Neto (Presidente) Geraldo A. B. Correia Júnior (Diretor de Administração e Finanças) Mirian Cleusa Fochi (Diretora de Planos de Saúde e Relac. com Clientes) Wiliam Mendes de Oliveira (Diretor de Saúde e Rede de Atendimento) Expediente Edição e Redação Jornalista responsável: Marcelo Raphael Fernandes (MTb-SP 030694) Jornalistas: Liziane Bitencourt Rodrigues (MTb-RS 8.058), Marcelo Delalibera (MTb-SP 43.896) e Pollyana Gadêlha (MTb-DF 4.089) Edição de arte Projeto gráfico: Luís Carlos Pereira Aragão Diagramação: Caroline Teixeira de Morais e Luís Carlos Pereira Aragão Produção Impressão: Fórmula Gráfica Tiragem: 5.000 exemplares Edição: agosto 2014 Imagens: Divisão de Marketing, Shutherstock e arquivos pessoais Valor unitário impresso: R$ 0,74 Responsável Técnico Luiz Renato Navega Cruz Cargo: Gerente Técnico de Saúde CRM-DF 4213 3 DEPOIMENTOS A coluna “Eu mudei” apresenta a você, leitor, os relatos de quem conseguiu colocar em prática as dicas dos profissionais de saúde para viver com mais qualidade. É uma forma de ajudar quem talvez encontre a mesma dificuldade para enfrentar o excesso de peso, Luciana Silva Brennand Recife (PE) “Já fiz várias dietas ‘da moda’ para perder o excesso de peso e cheguei a tomar medicamentos. Não deu certo. Em setembro do ano passado, com as taxas de glicose e triglicérides alteradas, fui encaminhada para a nutricionista da CliniCASSI Aflitos (PE). Eu pesava 83,6 quilos e iniciei a reeducação alimentar. No primeiro mês de acompanhamento, eliminei quatro quilos e passados nove meses tinha perdido quase 12. O vínculo com a Equipe da Estratégia Saúde da Família tem sido meu grande aliado e me permitiu aprender receitas saudáveis e de baixas calorias. Comecei a participar de grupos de ciclismo e de corridas de rua e me sinto muito bem, quase perto da meta proposta pela nutricionista, que é 70 quilos. Minhas fotos atuais e o elogio dos amigos estão sendo também um estímulo para superar meus próprios limites e ficar distante do que me levou a ganhar peso no passado.” o tabagismo, a hipertensão ou outro problema de saúde. Os depoimentos desta coluna são de participantes do Plano que receberam e seguiram orientações dos profissionais da Caixa de Assistência, por meio das CliniCASSI. Maria Dirce Barbosa Londrina (PR) “Frequento a CliniCASSI Londrina (PR) há muito tempo para consultas com médico de família e atividades coletivas. No começo do ano passado, ele disse que eu estava pré-diabética e que era hora de cuidar mais da minha alimentação para evitar desenvolver o diabetes. Procurei uma nutricionista credenciada e em três meses consegui emagrecer dez quilos. As dores nos joelhos e tornozelos, provocadas pela artrose e que se intensificavam com excesso de peso, diminuíram muito. Consegui manter o peso, ganhando no máximo meio quilo no inverno, que em seguida perco. Faço hidroginástica e mantenho alimentação equilibrada, com leite desnatado e aveia antes da atividade física, pela manhã. Fruta, nos lanches, e, no almoço, muita salada e menos arroz com feijão do que eu era acostumada. Janto um pouco antes das 19h e, mais tarde, só chá com duas bolachinhas.” Colaboraram nesta edição as CliniCASSI Aflitos (PE) e Londrina (PR) Para participar da coluna “Eu mudei”, contando sua experiência, entre em contato com a Unidade CASSI mais próxima. 4 ENTREVISTA A CASSI é de todos nós Diretor William Mendes de Oliveira fala de desafios e propostas para a Caixa de Assistência Aumentar a consciência de “pertencimento” em relação ao Plano é uma das metas do novo Diretor de Saúde e Rede de Atendimento da CASSI, William Mendes de Oliveira. “A CASSI não é um plano de saúde como os de mercado. É a Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil”, reforça. Nesta entrevista, William fala ainda da judicialização da saúde e da visão equivocada que os participantes acabam tendo em relação à atuação do Plano. 5 ENTREVISTA Quais os desafios da CASSI para os próximos quatro anos? Os desafios mais importantes, que a gente já discutia na campanha e que reconheço nessas primeiras semanas [como diretor], passam por manter o princípio de que a CASSI não é um plano de saúde como os de mercado. Isso é a base do que dialogamos com o corpo social. Percebo que temos de perseguir muito isso: a CASSI é a Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil. Tem premissas básicas que precisam ser mantidas na entidade nas próximas décadas. Uma delas é a da solidariedade. Ou seja: tem que atender a todos os participantes da mesma forma, de acordo com suas necessidades. Essa premissa é diferente da dos planos de mercado, que têm plano executivo e plano básico. E passa também pelo alcance do equilíbrio econômico-financeiro e da sustentabilidade dos planos. Quero fazer a entidade funcionar bem fazendo promoção de saúde, com manutenção da solidariedade, todo mundo tendo o mesmo atendimento. Como chamar os participantes para a responsabilidade que eles têm na promoção da própria saúde? gia não era adequada. Outro tratamento trouxe uma eficácia melhor para aquele ser humano. A experiência da CASSI com a segunda opinião já permite considerá-la uma alternativa para qualificar mais o atendimento? A experiência tem sido positiva [veja página 8]. Neste um ano, tivemos pacientes que já falaram ‘Obrigado, foi muito importante vocês terem me auxiliado nisso, eu receber uma segunda opinião e saber que o tratamento que eu tive foi mais adequado para o meu problema de saúde’. Vamos caminhar bem nesse sentido com outros grandes eventos [médicos] de complexidade. Como o participante pode entender que, no caso de autogestão, ele e o plano estão no mesmo lado e não em lados opostos? Como convencê-lo de que é falsa a ideia de que é a alta tecnologia que promove saúde? O desafio é muito grande. Precisamos que todos os atores estejam nessa discussão, porque as entidades podem nos ajudar a entender que a CASSI é nossa. A Caixa de Assistência não é um plano de saúde de mercado, que visa lucro. Como os planos de mercado atuam? Eles limitam despesa assistencial. Têm meta para limitar. A autogestão é totalmente diferente, a CASSI não nega atendimento quando há uma necessidade de saúde. Só queremos fazê-lo de forma otimizada, e uma das formas é fortalecer a ESF. A CASSI não nega atendimento quando há uma necessidade de saúde. Temos de melhorar o diálogo para favorecer o autocuidado e a cultura de pertencimento. A CASSI é Caixa de Assistência e todos são participantes e donos. Temos que fazer a Estratégia Saúde da Família (ESF) ser ampla e abranger tanto os participantes aposentados quanto os funcionários da ativa. Por exemplo, estamos estudando o convênio de PCMSO [Programa de Controle Médico da Saúde Ocupacional] entre o Banco do Brasil e a CASSI para avançar na identificação dos principais motivos de afastamentos e atuar na prevenção do adoecimento e na promoção de saúde durante a vida laboral. Há espaço para chamar mais os bancários a se deixarem cuidar, eles próprios e suas famílias, pela CASSI? Como melhorar o pertencimento? As pessoas precisam entender quem é a CASSI. Aí entra a questão da judicialização. Quero muito reforçar a parceria, discutir isso com o corpo social, suas entidades e conselhos de usuários. Falta melhorar, por exemplo, o entendimento de por que se tem um pedido negado. Pode ser que o procedimento indicado ainda seja experimental e não esteja regulamentado no País ou que falte algum detalhe no pedido que necessita ser complementado ou justificado. Falta melhorar o entendimento do participante de que até ao negar, inicialmente, a CASSI está cuidando dele, que não nega por negar. Que ela tem a preocupação sobre a sua saúde e é tão responsável por isso quanto o profissional credenciado. Com a segunda opinião, por exemplo, que já gerou dois projetos pilotos importantes, a CASSI mostra que está preocupada com a saúde da pessoa. Verificamos que parte dos casos de indicação de cirur- 6 Eu acredito muito nisso, porque o sistema é bom! Precisamos trabalhar com muita informação, com as entidades ligadas ao funcionalismo junto conosco, como os sindicatos, as entidades de aposentados e as associações, que estão no Brasil inteiro, e também estabelecer forte parceria com os conselhos de usuários que estão em todos os estados e que reúnem funcionários da ativa, aposentados, cipeiros, pessoas que militam na área da saúde. Vamos reunir para compartilhar os dados que as áreas levantam, vamos usar de forma positiva as evidências que a ESF está mostrando. Os gestores [das Unidades] já fazem esse papel de ponte com as entidades. Alguma experiência como usuário do Plano, sua ou de sua família, pode contribuir na sua atuação como diretor? Como usuário do Plano eu conheci na prática muito daquilo que a dire- tora Mirian [Fochi, de Planos de Saúde e Relacionamento com Clientes] nos explicava nesses últimos dois anos em que está aqui como eleita: a questão de ser participante e cuidar da CASSI. Quando você vai fazer um exame, é comum [credenciados] reclamarem que a CASSI paga pouco. Eu fiz exame oftalmológico, por exemplo, neste semestre. Com o acompanhamento do extrato de participante, consigo ver que a CASSI não paga mal. Os serviços de oftalmologia costumam ter os exames todos feitos no mesmo lugar e a CASSI paga muito para um mesmo prestador. Vendo meu extrato entendi que quando falarem mal da nossa Caixa de Assistência devemos confirmar se é verdade o que dizem da CASSI. Não ficar apenas com a versão do prestador. Você abre o extrato e vai ver que pagou dois exames de fundo de olho, dois de pressão ocular, colírio que usaram, mais o valor da consulta, tudo para uma mesma instituição. Veja quanto dá a soma disso em seu extrato. Falta ao participante ter esse olhar. Como lidar com a judicialização no caso das autogestões: o associado e seus familiares, que são os donos da CASSI, entrando com ação judicial contra sua própria associação? câncer de mama, de hipertensão, podemos cuidar para reduzir o risco de que você desenvolva esses problemas. Quem poderia ser contrário a isso? O debate vai acontecer. Estamos aqui para melhorar a informação sobre o que é a CASSI. Como o senhor avalia o olhar do órgão regulador em relação às autogestões? Há espaço para se discutir isso agora? Vamos ter que atuar via Unidas, que congrega as autogestões, porque temos que fazer diálogo aberto e esclarecedor com o governo federal, ANS e Ministério da Saúde, mostrando que os planos de autogestão têm um foco correto de auxílio e atuação conjunta com a estrutura de saúde brasileira a partir da Constituição de 1988. Eles não competem com o SUS, realmente ajudam, complementam. Isso é diferente com os planos de mercado, porque esses muitas vezes competem com o SUS. O que a ANS fala em relação a oferecer prestador de serviço em qualquer localidade do Brasil? Numa cidade que tem uma agência do BB, nós, da autogestão, precisamos atender à questão de saúde daquele trabalhador. O plano de saúde de mercado, como faz? Nem vende plano nesses locais. Vai para as cidades do Sudeste e do Sul, onde tem público-alvo, dinheiro circulando e toda uma estrutura de atendimento em saúde. Está onde tem demanda. Além do debate com a agência reguladora, é preciso muito envolvimento para conscientizar as pessoas de que, antes de irem para a justiça, devem conversar com a CASSI, visitar uma Unidade, ou falar com o conselho de usuários ou entidade representativa. É preciso muito envolvimento para conscientizar as pessoas de que, antes de irem para a justiça, devem conversar com a CASSI, visitar uma Unidade. Gastamos milhões de reais com judicialização em 2013. Esse valor está chamando nossa atenção. O mercado atua da seguinte forma: quer fazer tal procedimento e o plano não autoriza, entra na justiça. Isso virou uma máquina extremamente lesiva. Estamos trabalhando com a Unidas [União Nacional das Instituições de Autogestão em Saúde] porque precisamos dialogar com o governo federal em relação à legislação de saúde. A CASSI não nega procedimento por custo. Temos paciente que tem despesa assistencial de R$ 1 milhão, porque está precisando e a CASSI cuida da necessidade de saúde. Os planos de mercado estão focados no sinistro e, por isso, a ANS tenta proteger os beneficiários. Mas a CASSI não tem esse tipo de foco. Então, também não pode ter uma tesoura tão apertada no seu pescoço, já que ela não trata os participantes como os planos de mercado o fazem. Tem espaço para aumentar o pertencimento também com participantes do CASSI Família? Eu creio que sim. O CASSI Família reúne pessoas com parentesco de até terceiro grau. Tenho convicção disso: é possível melhorar a percepção de que a CASSI pertence a nós todos. Se eu disser que quero focar em promoção da saúde, alguém vai ser contrário a isso? Se eu disser: vamos ver como está sua família, se tem histórico de Se apresentar uma solução aos participantes, diante de uma autorização inicialmente negada, a judicialização diminui? Estamos desenvolvendo alguns pilotos sobre isso, para ver se depois expandimos. É questão de você tentar fazer contato ativo. Teve a negativa, então vamos entender o que aconteceu para tentar resolver seu problema de saúde. Tem vezes em que o hospital sequer pediu ao plano o procedimento, e diz ‘a CASSI não autorizou’. Ou mandou a documentação incompleta. Isso é uma questão de pertencimento. Trabalhar essa questão do pertencimento é dizer: a CASSI não é vilã. Onde você acha por aí uma entidade que tem programas como o nosso de assistência farmacêutica, ou o que cuida dos pacientes crônicos? Temos de valorizar nossa entidade e resolver os problemas que ela tem. 7 CAPA Sorriso renov Participantes contam como conseguiram sanar problemas na mandíbula a partir de nova parceria feita pela CASSI A partir de um acidente de trabalho, a professora Marlene Dell Ospedale, 52 anos, começou a sentir fortes dores de cabeça e ao mastigar. O caso foi diagnosticado como uma disfunção na articulação temporomandibular (ATM). As dores eram ocasionadas pela deterioração da superfície articular, que liga o maxilar ao crânio, e é responsável pelos movimentos como mastigação, deglutição e fala. Foram diversos tratamentos, mas as dores persistiam. Então, a CASSI indicou que ela fizesse uma avaliação para garantir a assertividade e a segurança no tratamento. “Senti tranquilidade e confiança ao realizar a consulta com médico indicado pela CASSI, pois ele explicou todo o procedimento, como seria feito, os prós e contras, e como seria a recuperação. A cirurgia foi rápida e sem dor”, explica Marlene. O encaminhamento que Marlene recebeu faz parte da parceria da CASSI com a BMF Medicina e Odontologia, empresa especializada nos casos de problemas na ATM. É uma das ações para melhorar a qualidade da assistência aos participantes que sofrem com essas disfunções. De acordo com o consultor técnico da BMF, Sergio Eduardo Migliorini, o processo visa oferecer maior segurança para o paciente, pois garante uma ação efetiva de atenção à saúde, e também para o Plano, uma vez que proporciona profissionais qualificados e que seguem os protocolos aprovados pela comunidade científica nacional e internacional. O associado Jacob Feliciano de Melo, 42 anos, sofria há anos com problemas na ATM. Eram fortes dores de cabeça devido à mordida cruzada, que ocorre quando um ou mais dentes da arcada dentária superior não se sobrepõem adequadamente aos dentes da arcada inferior. “A CASSI me indicou a BMF. O médico explicou que o mais prudente seria fazer a correção da mandíbula com um aparelho para depois realizar a cirurgia. Foi a melhor escolha.” 8 Devido ao estresse e correria do dia a dia, Louise Helena de Lima Correa, 25 anos, há dois começou a ter bruxismo, que é um ranger ou um forte apertar dos dentes durante o sono ou mesmo ao longo do dia. Além do desgaste dos dentes, o bruxismo gerou problemas na ATM. “Ao acordar, minha cabeça parece que vai explodir”, define a jovem que ainda está em tratamento. Louise tinha buscado ajuda de clínicos e neurologistas e feito diversos exames antes de receber a recomendação da CASSI para consultar um bucomaxilofacial. Após a consulta, a indicação foi para que Louise passasse a utilizar uma placa nos dentes, por dois a três meses. Posteriormente, o especialista vai reavaliar se haverá necessidade de cirurgia para melhorar a articulação da mandíbula. “Como a origem do meu problema é principalmente o estresse, fui orientada a buscar um tempo maior para o lazer.” Parceria BMF e CASSI Há um ano e meio a CASSI realizou um projeto-piloto com a especialidade bucomaxilofacial, em São Paulo. O serviço foi expandido para todo o País em abril. Por meio das novas avaliações e perícia, é possível conhecer outras opções de tratamento, além de poder analisar melhor os riscos e benefícios de cada uma delas. As cirurgias eletivas na especialidade bucomaxilofacial devem ser autorizadas mediante perícia médica, que pode ser agendada na Unidade CASSI mais próxima. Em situações específicas, o participante poderá submeter-se à avaliação especializada na BMF Medicina e Odontologia, em São Paulo. Nesses casos, a Caixa de Assistência irá custear as despesas de deslocamento. Apesar da avaliação sugerida pela CASSI, o participante tem o direito de escolher realizar o procedimento cirúrgico com seu profissional de confiança. Para mais informações, procure a sua Unidade CASSI ou acesse www.cassi.com.br. vado Sintomas De acordo com a Sociedade Brasileira de Disfunção Temporomandibular (SBDOF), os sintomas mais comuns das disfunções da ATM são dificuldade, dor ou limitação para abrir ou movimentar a boca, ruídos na ATM, travamento da mandíbula, dores na face, ouvido e região cervical, cansaço nos músculos da face, dor de cabeça, entre outros. Causas As disfunções da ATM As disfunções na articulação temporomandibular atingem cerca de 10 milhões de brasileiros, segundo o Colégio Brasileiro de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial. De 5 a 10% dos casos de disfunção da ATM têm a indicação de tratamento cirúrgico. Os demais casos são adequadamente solucionados com a utilização de aparelhos, fisioterapia e orientação técnica especializada. Não existe uma causa específica. Existem fatores que podem contribuir para que a dor e a disfunção se apresentem ou se prolongem. Alguns destes fatores são: trauma, estresse emocional, apertamento constante dos dentes, hábitos como mascar chicletes, roer unhas e até predisposição genética para dores crônicas, dentre outros. Antigamente, acreditava-se que tudo era causado pela posição dos dentes; hoje, os estudos mostram que o papel da má oclusão dentária (contato dos dentes superiores com os inferiores ao fechar a boca) na causa de disfunções da ATM é pequeno. Fonte: Sociedade Brasileira de Disfunção Temporomandibular (SBDOF) Comente essa matéria. Envie email para [email protected] 9 HISTÓRIA CASSI 70 anos: uma nova forma de pensar saúde Entre 1975 e 1994 , a Caixa de Assistência teve profundas transformações e mudou radicalmente a forma de atuação no mercado de saúde Após assumir a assistência à saúde dos funcionários do Banco do Brasil, a CASSI, em meados da década de 70, mantinha o papel de pagadora de contas médicas. “Os associados procuravam os profissionais de saúde por livre escolha e a CASSI pagava as consultas e medicamentos com base na Tabela Geral de Auxílios (TGA). A diferença não coberta pela Caixa de Assistência era repassada pelo Banco do Brasil por meio de um adiantamento financeiro sem juros”, relembra Izupero dos Santos Bomfim que, mais tarde, entre 1986 e 1988, foi diretor executivo da CASSI. Os anos 80 e o início dos 90 marcaram o começo da mudança da filosofia de atuação da CASSI. Em virtude de problemas estruturais, especialmente relativos a custeio, a direção da Instituição decidiu 10 mudar a trajetória do Plano ao adotar novo posicionamento em relação ao mercado de saúde. Imersa em uma fase de mudanças pelas quais o sistema de saúde do Brasil atravessava, a CASSI deixou de ser mera pagadora de contas médicas e passou a pensar na saúde dos associados. O foco mudou da doença para a saúde. Com isso, a Caixa de Assistência iniciou o gerenciamento e o cuidado da saúde dos beneficiários como o principal norteador dos serviços, que é seguido até os dias atuais. A transformação fez a Instituição adotar um modelo de promoção à saúde, além da reabilitação, prevenção e cura de doenças, que a transformou em referência de autogestão para outros planos de saúde do País. Estatuto Em 1986, foram realizadas consultas ao corpo social da CASSI para avaliar a viabilidade da criação da Diretoria de Auxílios, concretizada em 1989 com a mudança estatuária. A partir de então, os associados passaram a eleger diretores e suplentes em eleições promovidas a cada dois anos. A alteração do Estatuto da CASSI realizada em 1989 foi a sétima da sua história. Outra novidade foi a transferência da sede da Instituição, que saiu do Rio de Janeiro e foi para Brasília. Novos rumos O centro dessa mudança estava no novo padrão de cuidado, chamado “modelo de atenção integral à saúde”, que tem foco no indivíduo em sua complexidade, agindo na prevenção de doenças e não simplesmente na cura delas. Este novo paradigma de concepção de saúde foi oficializado na 8ª Conferência Nacional de Saúde em 1986 e ganhou força na reforma sanitária, com a Constituição de 1988. Também integrou a Lei Orgânica de Saúde, em 1990, que criou o Sistema Único de Saúde (SUS), baseado em modelos internacionais importantes como o da Inglaterra. Tendo esse modelo como base, os anos 90 foram ainda muito importantes, com a ampla discussão e criação dos programas de saúde implantados pela Caixa de Assistência, muitos deles em prática até hoje. A consolidação dos programas fechou um importante ciclo no atendimento e suporte à saúde para públicos específicos. Na ocasião, foram criados programas como Saúde Mental, Saúde do Idoso, Saúde da Mulher, entre outros. A mudança da Sede deveu-se, sobretudo, a questões estratégicas e de infraestrutura, por conta da proximidade com as sedes do Banco do Brasil, o que facilitava a integração com as políticas de saúde da área de Recursos Humanos, além de estar mais próxima de outros setores do BB. “O Banco, inclusive, era quem cedia funcionários e a estrutura para que a CASSI funcionasse. Na época, aproximadamente 700 profissionais trabalhavam na Caixa de Assistência. Apenas para a Sede estavam cedidos cerca de 120 funcionários do Banco”, disse Izupero. Mathias de Aguiar Mesquita foi Diretor Administrativo da Instituição de 1994 a 1995 e relembra ainda a mudança organizacional pela qual Caixa de Assistência passou. “Estudos que fizemos levaram à reorganização administrativa, como a desvinculação do quadro funcional em relação ao Banco do Brasil, para dar mais autonomia à CASSI, com personalidade jurídica própria.” Acompanhe a evolução da história dos 70 anos da Caixa de Assistência na próxima edição do Jornal CASSI. Principais acontecimentos de 1975 a 1994 1980 1983 1986 1989 1993 Inclusão de maridos e companheiros de funcionárias no Plano de Associados. Implantação de serviços informatizados, como cadastramento de credenciados, Tabela Geral de Auxílios e controle de despesas. Consulta ao Corpo Social para criação da Diretoria de Auxílios, que seria concretizada com a reforma estatuária. Transferência da Sede do Rio de Janeiro para Brasília e publicação da sétima reforma estatutária. Implantação de alguns dos principais programas de saúde da CASSI, como Saúde Mental, Saúde do Idoso, Saúde da Mulher, entre outros. 11 SAÚDE Você vai almoçar quanto de gordura e sal hoje? Feira criada pela Universidade de Brasília (UnB) mostra o que os brasileiros consomem sem perceber Cinco colheres e meia de sopa cheias de gordura para o almoço, você aceita? E se, em vez de gordura, a oferta for de uma lasanha pronta, dessas congeladas? Aquela gordura toda, porém, irá junto. E representará 72% da quantidade recomendada para um dia inteiro numa dieta de 2 mil calorias – o padrão para adulto saudável e com peso adequado. A embalagem de lasanha industrializada é uma das dezenas usadas pelo Centro de Pesquisa em Alimentação Saudável (Casa) da Universidade de Brasília (UnB) para mostrar o que ingerimos junto com aquele hambúrguer, os biscoitos recheados, a coxinha, o macarrão instantâneo, o chocolate e a batata industrializada, entre outros alimentos. As quantidades de sal, de gordura e de açúcar foram o destaque da exposição levada para a Feira Nutrir Bem, realizada pela CliniCASSI Brasília Norte num dos prédios da Diretoria de Tecnologia (Ditec), na Capital federal. A Ditec participa de um projeto piloto da CASSI DF, o TI Saudável, focado na adequação dos hábitos dos funcionários para promover qualidade de vida. Quem visitou a feira conseguiu ver, num tubo de ensaio, o tanto que representa, por exemplo, a gordura dos lanches frequentemente feitos nos ambientes de trabalho. Quem opta pela batata industrializada, 12 consumirá num único pacote 52g de gordura, o equivalente a mais de cinco colheres de sopa de óleo. A gordura contida em oito biscoitos recheados, por exemplo, equivale a uma colher e meia de chá. O açúcar, a mais de meia xícara. O que assustou Cinthya de Oliveira Silva, funcionária da Ditec, foi a quantidade de açúcar na latinha de suco industrializado. Ela havia trocado o refrigerante pelo suco e descobriu que, na verdade, tinha passado a consumir mais açúcar. Numa lata de suco de uva há 51 gramas de açúcar (quase sete colheres de sopa) e na de refrigerante, 35g (4,6 colheres de sopa). O suco de uva light tem bem menos açúcar: 16g (2,1 colheres de sopa). Depois da feira na Ditec, Cinthya só toma suco se for natural. “Suco industrializado, nunca mais”, garante. A bancária também adora leite condensado, mas afirma: “Isso não me pertence mais”. Na feira, Cynthia descobriu que cada lata de leite condensado contém mais de quatro colheres de sopa de gordura e mais de 20 colheres de sopa de açúcar. O creme de leite assusta ainda mais quando o assunto é gordura: são 100g em cada lata, ou 13,3 colheres de sopa. Optar pelo light favorece a redução de gordura ingerida: são 60g por lata (oito colheres de sopa), quase metade do encontrado em creme de leite normal. Porém, a quantidade de sódio do creme de leite light é maior. A nutricionista Raquel Botelho, do Casa, explica que o sal, o açúcar e a gordura melhoram os sabores dos alimentos. Por isso, na produção de lights e diets, as indústrias reforçam a quantidade de um desses ingredientes para compensar a alteração do sabor provocada pela retirada de outro. “O chocolate diet, por exemplo, ganha mais gordura para compensar a ausência de açúcar. O creme de leite ou o queijo light ganham mais sódio (sal) para não perderem sabor com a redução do teor de gordura”, diz Raquel, que é professora do Departamento de Nutrição da UnB e doutora em Ciências da Saúde. Independentemente de serem light ou diet, os produtos industrializados costumam ser carregados de sódio. A lasanha pronta (650g) tem 2,8g de sal, mais do que o os 2,4g recomendados para uma pessoa adulta num dia inteiro. Visualizar as quantidades de gordura, açúcar e sal nos alimentos, como a exposição proporciona, é um estímulo para as mudanças de hábito, acredita a nutricionista da CliniCASSI Brasília Norte, Marcela dos Santos Nunes, que integra a equipe do projeto TI Saudável na Ditec. Ricardo de Faria Barros, gerente de Capital Humano da Ditec, descobriu ter feito uma troca não muito positiva. “Pensando em reduzir a ingestão de bebida alcoólica, tinha substituído por caipirinha a cerveja que tomava para relaxar à noite. Descobri que não reduzi o teor de álcool e ainda agreguei o açúcar”, conta Ricardo. Usando adesivos nos copos, a exposição do Casa mostra o teor alcoólico e a quantidade de açúcar (carboidrato) contidas em doses de uísque, vinho, cerveja, caipirinha, vodca e champanhe. Alexandre Magno, que participa do TI Saudável, saiu da Feira Nutrir Bem mais atento e pronto a relatar para a esposa as quantidades mais gritantes de gordura que viu contidas nos alimentos que consome. Mineiro, ele, que não abre mão do pão de queijo, viu que em duas unidades pequenas acaba ingerindo gordura equivalente a mais de uma colher de sopa de óleo. E aprovou a receita de pão de queijo desenvolvida pelo Casa, que substitui o óleo por iogurte natural. Cinthya: surpresa com açúcar do suco Fonte: Centro de Pesquisa em Alimentação Saudável / UnB Richard acertou na troca do tipo de pão Ricardo: caipirinha não é a melhor opção 13 SAÚDE Todo assado é saudável? Quando se trata de lanche, nem sempre o assado é a melhor opção. Se o assado for pão de queijo, por exemplo, ele contém um alto teor de gordura. Melhor um sanduíche preparado em casa, com pão integral, alface, pasta de queijo com iogurte preparada facilmente e que tem menos gordura do que uma fatia de queijo amarelo, por exemplo, mostrou a exposição da Ditec. Richard da Costa, que também trabalha na tecnologia do Banco do Brasil, já havia feito essa troca do pão branco pelo integral e do queijo amarelo pelo branco. Na feira, comprovou que está no caminho certo. Para fugir das armadilhas dos bolos e pães de queijo que costumavam ‘aparecer’ no seu local de trabalho durante o expediente ele, que adora pão de queijo, passou a levar dois lanches de casa, um para a manhã e outro para a tarde. Se a opção for entre o pão de queijo e a coxinha, fique com o primeiro. Se levar sanduíche de casa, o pão integral é melhor do que o pão branco. A absorção dos alimentos integrais demora mais porque eles têm mais fibras. Deixam a pessoa saciada por mais tempo e sem picos de glicemia, explica Raquel. Comendo sanduíche de pão branco, a absorção será mais rápida, elevando mais rapidamente também o índice glicêmico, e levando a uma queda do açúcar no organismo, em seguida. Não se iluda, porém, com os integrais em forma de biscoito. Alguns industrializados têm tanto teor de gordura que não compensa incluí-los na dieta. Há marcas em que a gordura é o segundo ingrediente em quantidade. O texto abaixo ajuda a entender rótulos de alimentos. Quem entende esses rótulos? Ler embalagens dos produtos comprados já é uma prática relativamente comum. Porém, as pessoas ainda se detém somente nas calorias, ignorando os ingredientes. “Avançamos na rotulagem dos produtos. O Brasil é referência nisso para o Mercosul, porém não entendemos o que os rótulos dizem”, diz a nutricionista Raquel, do Centro de Pesquisa em Alimentação Saudável (Casa), da UnB. A leitura de rótulos é uma das lições ensinadas pelo Casa. Graças a um padrão estabelecido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), as indústrias são obrigadas a informar os ingredientes na ordem decrescente de quantidade. Assim, o que se espera ver no rótulo de uma barra de cereal, por exemplo, são cereais descritos entre os três primeiros ingredientes. Não é o que acontece. Muitas têm a maltodextrina ou xarope de glicose na segunda posição. Ou seja, pensando estar comendo cereal, você ingere junto bastante açúcar. Se você quiser saber mais sobre a mostra do Centro de Pesquisa em Alimentação Saudável (Casa), da UnB, ou verificar a possibilidade de conhecer a mostra, ligue para (61) 3107-1817 ou mande email para [email protected]. Conheça as ações em Para não ser passado para trás, aprenda que os ingredientes descritos na embalagem seguem a ordem de quantidade: os três primeiros citados são aqueles com maior concentração no produto. Saiba mais sobre leitura de rótulos no manual da Anvisa: www.anvisa.gov.br/alimentos/rotulos/manual_rotulagem.PDF casaunb.blogspot.com.br Comente essa matéria. Envie email para [email protected] 14 OPINIÃO A sustentabilidade das autogestões Denise Eloi* O futuro do sistema de saúde é um dos temas mais discutidos no Brasil e no mundo. A busca de soluções para desacelerar o crescimento dos custos em saúde, e de meios para transformar a longevidade da população em sinônimo de também viver melhor, são grandes desafios a serem vencidos pelas sociedades modernas. Essa realidade faz parte da agenda do sistema de saúde suplementar, especialmente das autogestões do País, que assistem à saúde dos trabalhadores e servidores públicos há mais de 70 anos. Somente em 2013, as despesas assistenciais das operadoras privadas de planos de saúde ultrapassaram R$ 90 bilhões, valor 14% maior que o observado em 2012. Entre 2003 e 2013, a despesa assistencial per capita aumentou 151,3%, de acordo com a edição mais recente do Caderno de Informação da Saúde Suplementar/ANS. Já a variação acumulada do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) no período foi menos da metade desse percentual: 72,02%. Ainda segundo a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), entre 2008 e 2013, as despesas assistenciais das autogestões aumentaram 72,78%, enquanto o aumento do mercado de saúde no mesmo período, foi de 89,18%. A variação acumulada do IPCA foi de 32,26%. Estão incluídos nessa conta procedimentos como consultas, exames, terapias e internações, além de insumos como OPME (órteses, próteses e materiais especiais) e MAT/MED (materiais e medicamentos). É importante destacar que as autogestões oferecem uma cobertura mais ampla do que a dos outros planos de mercado e possuem o maior percentual da população acima de 60 anos da saúde suplementar. São 22,8% contra 12% do setor, de acordo com dados da última Pesquisa Unidas. Outro ponto crítico foi o crescimento das suas receitas, no mesmo período, na ordem de 71%, bem abaixo dos 82% da média do setor. nova SEÇÃO A causa do crescimento das despesas assistenciais é multifatorial e, por isso, exige soluções que envolvem a participação ativa de várias instâncias e dos players do setor. A incorporação acrítica de novas tecnologias, o envelhecimento da população, a judicialização da saúde e as não conformidades na cadeia produtiva, são alguns dos fatores críticos no cenário da saúde no Brasil. Na autogestão, essa situação fica ainda mais difícil com a regulação imposta pela ANS, que não considera as peculiaridades do nosso segmento, tampouco o fato de essas instituições não terem finalidade lucrativa. A Unidas vem atuando firmemente no sentido de exigir da Agência a aplicação de regulação específica para as autogestões, diferente das regras de operadoras do mercado lucrativo. Como exemplo, temos o Grupo de Trabalho para Revisão de Normas para as Autogestões, criado pela própria ANS, em fase final de atuação, que certamente resultará em importantes mudanças para o segmento. É fato que o cenário atual precisa ser mudado, com ações em curto, médio e longo prazos. Neste sentido, a Unidas, juntamente com suas filiadas, cumpre agenda positiva junto aos órgãos do governo federal, agências reguladoras, Poder Legislativo e Poder Judiciário, além de atuar constantemente na defesa dos interesses das suas filiadas, contando com vinte e sete superintendências estaduais, instaladas em todas as unidades da federação. Não há dúvida de que a sustentabilidade do sistema de saúde suplementar passa por implantação de mudanças complexas, como a regulação na incorporação de novas tecnologias, revisão no modelo de pagamentos dos prestadores de serviços, intenso combate aos desperdícios e fraudes na cadeia produtiva e implantação de novas formas de custeio, dentre outras. No entanto, para assegurar a perpetuidade das autogestões, precisamos ir além dos esforços primordiais, investindo cada vez mais na profissionalização da gestão, na adoção das melhores práticas de governança corporativa e, especialmente, priorizando a gestão do risco da população assistida, bem como iniciativas pioneiras que incentivem a promoção da saúde e a qualidade de vida dos beneficiários. (*) Denise Eloi é presidente da UNIDAS desde 2011, funcionária da ativa do BB e Gerente Executiva da CASSI. Bacharel em Direito e pós-graduada em Gestão Estratégica da Saúde (Universidade de Miami-Flórida). Cursou Especialização em Direito da Medicina (Universidade de Direito de Coimbra) e Especialização em Gestão de Sistemas de Saúde (Fepar). Também é membro titular na Câmara de Saúde Suplementar/ANS e do Conselho Nacional de Saúde (CNS-MS). Atua no Conselho de Administração da Organização Nacional de Acreditação (ONA). 15 16