História do neodarwinismo Darwin não sabia explicar como as variações podiam ser transmitidas aos descendentes, nem como elas apareciam (ignorava as mutações). Entre 1780 e 1785 – August Weismann – cortou o rabo de camundongos por várias gerações seguidas e nem por isso os descendentes nasceram com rabos menores. Estabeleceu, assim, pela primeira vez a diferença entre células somáticas e germinativas. História do neodarwinismo Thomas Morgan, a partir de 1909, introduziu a expressão alteração genética. A mutação passou a ser a matériaprima para a seleção natural, com isso comprovou o equívoco de De Vries: são justamente as pequenas variações, associadas à lenta ação da seleção natural, que podem explicar a transformação das espécies. História do neodarwinismo A teoria sintética da evolução nasceu e se desenvolveu entre 1937 e 1947, a partir de contribuições de cientistas de vários países. Essa teoria analisa: a mutação; a seleção natural; a migração seguida de isolamento geográfico e reprodutivo; a deriva genética (mudança ao acaso na frequência dos genes). Mutação Gene: setor da molécula do DNA que possui uma informação para cada característica do organismo. Informação codificada – certa sequência de bases nitrogenadas no gene. A partir dessa sequência é possível construir uma proteína específica, caracterizada por uma sequência de aminoácidos. Alterando a sequência de bases, altera-se a sequência de aminoácidos da proteína, isso poderá alterar suas propriedades. Mutação: mudança na sequência de bases do DNA e pode provocar o aparecimento de uma nova característica no organismo. Anemia falciforme Nessa doença, a troca de uma base nitrogenada (adenina) acarreta a troca de um aminoácido (troca de ácido glutâmico por valina) em cada uma das quatro cadeias de aminoácidos que formam a hemoglobina. Devido a essa pequena mudança, as moléculas de hemoglobina se agrupam formando fibras. As fibras alteram a forma da hemácia – aspecto de meia-lua ou foice. Esses glóbulos podem se agrupar e bloquear vasos sanguíneos ↓ a oxigenação dos tecidos e provocando até a morte. Mutações gênicas A mutação pode ser provocada por um defeito no próprio mecanismo de duplicação do DNA ou por fatores ambientais: raios U.V., radiatividade, certos vírus e a ação de certos produtos químicos (benzimidazol, ácido nitroso, hidrazina, gás mostarda, metanol e outros). A anemia falciforme é um caso de mutação gênica. Mutações cromossomiais Alterações numéricas: euploidia, a neuploidia e poliploidia. Euploidia: quando há redução ou aumento em toda a coleção de cromossomos, formando células n (haploidia ou monoploidia), 3n (triploidia – endosperma das sementes das angiospermas), 4n (tetraploidia). Mutações cromossomiais Aneuploidia: quando apenas o número de um certo tipo de cromossomo foi alterado para mais ou para menos, nesse caso pode haver uma trissomia (três cromossomos de um determinado tipo – ex. síndrome de Down, trissomia do cronossomo 21; sindrome de Klinefelter, trissomia dos cromossomos sexuais XXY), monossomia (um cromossomo apenas – ex. síndrome de Turner X0) e nulissomia (falta de um par de homólogos). Mutações cromossomiais Poliploidia: mais comum nos vegetais, as plantas poliplóides podem ter tamanho maior: maçã, café, morango, trigo, batata etc. Causada por radiações ou substâncias químicas que atingem o fuso acromático encarregados de puxar os cromossomos para os pólos na divisão celular. Alterações estruturais Alteração na sequência dos genes nos cromossomos. São causadas por radiações, vírus ou produtos químicos que quebram pedaços de cromossomos. O pedaço quebrado pode se perder, unir-se a outro cromossomo, etc. Alterações estruturais A mutação e a evolução Quando ocorrem nas células somáticas, as mutações não causam nenhum efeito evolutivo, porque não são transmitidas aos descendentes. As que ocorrem nas células germinativas, podem ser passadas para gerações seguintes e, assim, gerar novas características. Mutações São raras – ex. albinismo 1/40 000 gametas; hemofilia 3/100 000. Como explicar então tamanha biodiversidade? As mutações apresentadas são desvantajosas, têm efeito prejudicial, como poderiam contribuir para adaptar melhor os organismos ao ambiente? Se uma mutação for favorável ela será selecionada positivamente, com isso, o número de indivíduos com a mutação aumentará com o tempo. Variedade genética e reprodução sexuada Reprodução assexuada – mitose – filhos iguais aos pais – as mutações são ocasionais. Reprodução sexuada – meiose – grande variedade de gametas que por fecundação, originam filhos geneticamente diferentes – variedade genética. A variedade genética é o combustível da evolução. Sem variedade, não pode haver seleção natural nem evolução. Seleção natural A seleção natural é determinada pelos fatores ecológicos do ambiente. O caso das mariposas de Manchester: Mudança ocorrida com as mariposas da espécie Biston betularia, de Manchester, na Inglaterra, durante a revolução industrial. Mariposas de Manchester 1850 – antes da industrialização: População de mariposas de asas brancas, com alguns mutantes de asas negras. Os pássaros atacavam principalmente as mutantes, pois as brancas se camuflavam nos troncos cobertos por liquens brancos. Industrialização Fuligem das chaminés – morte dos liquens – troncos escuros. Mariposas pretas camufladas, mariposas brancas visíveis e passaram a ser caçadas pelos pássaros. A população de mariposas pretas aumentou e a de brancas diminuiu. A forma escura de mariposas é chamada melânica e o aumento da forma escura, melanismo industrial. Controle da poluição Nas últimas décadas, a redução da poluição permitiu que os liquens crescessem novamente nas árvores e as mariposas brancas tornaram-se mais numerosas que as mariposas negras. O resultado foi previsível, de acordo com o princípio da seleção natural. A resistência das bactérias aos antibióticos Uma única bactéria pode produzir num dia cerca de 17 milhões de descendentes. Algumas dessas bactérias apresentarão mutações em seus genes; eventualmente, aparece um mutante capaz de, por exemplo, fabricar uma enzima que pode destruir a penicilina ou outro antibiótico. Este mutante pode aparecer mesmo que o antibiótico não esteja presente: a mutação não foi provocada pelo antibiótico. Sem antibiótico no meio em que esse mutante se encontra, sua característica não lhe traz nenhuma vantagem – o tempo e a energia gastos para fabricar a enzima diminuem sua velocidade de reprodução. Esse indivíduo é menos adaptado e não aumenta de número na população, perdendo-se por seleção natural. Se a população de bactérias for tratada com antibióticos por um período prolongado, as bactérias sensíveis vão morrendo, enquanto as mutantes sobrevivem. Assim, o antibiótico usado muito repetidamente, pode selecionar as formas resistentes originando populações insensíveis à droga. As formas resistentes podem passar seus genes de resistência para uma bactéria não-resistente por conjugação. Testando a seleção natural em bactérias Os neodarwinistas sustentam que a mutação por resistência pode aparecer mesmo sem o antibiótico ou o inseticida, e que tais substâncias apenas selecionam os mutantes. Joshua Lederberg cultivou bactérias num recipiente que continha substâncias nutritivas. Surgiram então diversas colônias de bactérias. Com o auxílio de um carimbo de veludo, Lederberg transferiu alguns representantes de cada colônia para um meio que continha antibiótico. Experiência de Lederberg Certo tempo depois, observou que apenas uma colônia, chamada colônia B, conseguiu sobreviver. Lederberg repetiu a experiência, transferindo agora duas colônias do meio sem antibiótico para um meio com antibiótico: a colônia B – que deu origem à colônia resistente – e outra chamada colônia A – que serviu de grupo controle. Novamente, apenas a colônia B conseguiu sobreviver nesse meio, demonstrando ser resistente ao antibiótico. Repetindo a experiência, verificou que as bactérias resistentes eram sempre da mesma colônia, que já existiam antes da presença do antibiótico. A seleção feita pelo homem Desde o aparecimento da agricultura e da domesticação de animais o homem vem, deliberadamente, selecionando as variedades de animais e plantas com as características que lhe interessam. Como resultado, temos hoje variedades de cereais com grãos maiores e mais nutritivos, vacas que produzem mais leite, cães mais dóceis, organismos com características diferentes de seus ancestrais. Exemplo de seleção natural na espécie humana Em certas regiões da África é comum a anemia falciforme. Indivíduos homozigotos para esse gene apresentam anemia e problemas circulatórios que podem ser fatais. Indivíduos heterozigotos são praticamente normais ou têm a doença de forma mais branda. São resistentes à malária. Por que são resistentes à malária? Porque o plasmódio consome o oxigênio da hemácia infectada, facilitando a aglutinação e a formação de hemácias em forma de meia-lua, que são destruídas no baço antes que o parasita complete seu ciclo. Assim, os indivíduos heterozigotos levam vantagens sobre as pessoas normais. Anemia falciforme e malária Polimorfismo As populações têm armazenada uma grande variedade genética, com muitos alelos (genes que atuam no mesmo tipo de característica) diferentes. Na espécie humana – 100 000 genes – ocorre aproximadamente 6,7% de heterozigose – um indivíduo pode ser heterozigoto para cerca de 6 700 genes, isso lhe permitiria produzir 102017 gametas diferentes!!! Isso é evolução?! Essa imensa variedade genética produz uma grande variedade fenotípica dentro das populações. Polimorfismo: ocorrência de vários fenótipos diferentes devido a alelos diferentes numa população. Exemplos de Polimorfismo Grupos sangüíneos na espécie humana. Algumas gerações de insetos. Variedade de formas das conchas de moluscos. Formas das asas de besouros. Uma das causas do polimorfismo é a superioridade do heterozigoto, que faz com que os diversos alelos de um gene sejam preservados, como visto no caso da anemia falciforme. Seleção sexual Em certas espécies, os machos lutam entre si para conseguir fêmeas. Só os que ganham a luta conseguem reproduzir- se. Nesse caso, são favorecidas características como força física, chifres, garras etc. Em outras espécies, as fêmeas escolhem os machos mais atraentes. No caso do pavão, a fêmea escolhe o macho com a cauda mais vistosa. Esse processo pelo qual certas características se espalham, devido à maior facilidade para conseguir parceiros para a reprodução – é chamado seleção sexual. OBSERVE A BIODIVERSIDADE Para que tantas formas e beleza? Pela Sua palavra foram criados os céus e a terra...