UNESCO - BRASIL
PROFESSORES NO BRASIL
IMPASSES E DESAFIOS
Bernardete A. Gatti e
Elba S. de Sá Barretto
“O Sistema Educacional sempre situou a
formação do profissional da educação, ou
seja, a profissionalização docente, no
contexto de um discurso ambivalente,
paradoxal ou simplesmente contraditório,
de um lado, a retórica histórica da importância
dessa formação,
de outro, a realidade da miséria social e
acadêmica que lhes concedeu.”
Imbernón (2000, p.57)
Cenário
Docentes
Cenário
Licenciandos
Formação
 Presencial
 A distância
 Continuada
 Modalidades especiais
Carreira
Perspectivas
 Características
 Marcos Legais
 Salário
 Progressão
O magistério, longe de ser uma ocupação
secundária, constitui um setor nevrálgico
nas sociedades contemporâneas, uma das
chaves
para
entender
as
suas
transformações.
(Tardif e Lessard, 2005)
CENÁRIO DOCENTES
OS PROFESSORES NO QUADRO GERAL DE
EMPREGOS NO BRASIL
• Os docentes ocupam o 3º lugar no subconjunto de
ocupações, apenas precedidos pelos escriturários e
trabalhadores dos serviços, e constituem a categoria
ocupacional mais homogênea e de maior nível de
escolaridade do país (nível médio e superior).
Escriturários – 15,2%
Serviços – 14,9%
Docentes – 8,4%
Construção Civil – 4%
OS PROFESSORES NO QUADRO GERAL DE
EMPREGOS NO BRASIL
• 83% dos empregos do magistério estão na esfera
pública, o que tem óbvios desdobramentos em
termos do financiamento do setor educacional.
• 77% constituem postos de trabalho ocupados por
mulheres o que também tem óbvias implicações de
gênero.
Totais
Níveis de educação
Empregos
para
professores segundo
níveis e modalidades
de ensino - 2006
N
TOTAL
2 803 761
100,0
Educação Básica
2 159 269
77,0
Educação Profissional
158 221
5,6
Educação Especial
16 363
0,6
Educação Superior
469 908
16,8
Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego/ MTE-Rais
* Ensino Fundamental = 55,3%
%
EDUCAÇÃO BÁSICA: PROFESSORES, SEGUNDO NÍVEL
DE ENSINO, SEXO E COR*
Sexo
Nível de ensino no
trabalho
principal
e
escolaridade do professor
Ed. infantil
Ens. Fundamental
Ens. Médio
Cor
Total
Masculino
Feminino
Total
Branca
Não branca
6108
301518
307626
178851
128775
307626
(2,0)
(98,0)
(100,0)
(58,1)
(41,9)
(100,0)
199420
1500953
1700373
985903
714470
1700373
(11,7)
(88,3)
(100,0)
(58,0)
(42,0)
(100,0)
125000
254087
379087
257436
121651
379087
(33,0)
(67,0)
(100,0)
(67,9)
(32,1)
(100,0)
Fonte: IBGE-PNAD. Microdados
* Branca= branca e amarela; Não branca=preta, parda e indígena
EDUCAÇÃO BÁSICA: PROFESSORES, SEGUNDO NÚMERO DE
TRABALHOS SEMANAIS E NÍVEIS DE ENSINO*
Nivel de ensino
Número de trabalhos na semana de referência
um
dois
três ou mais
Ed. Infantil
271971
88,4%
33873
11,0%
1782
0,6%
Ens. Fundamental
1393793
82,0%
286583
16,9%
19997
1,2%
Ens. Médio
284013
74,9%
81360
21,5%
13714
3,6%
Geral (Ed. Básica)
1949777
81,7%
401816
16,8%
35493
1,5%
Fonte: IBGE-PNAD. Microdados
* excluída Educação Especial
Jornada média = 30 H/semanais
FUNÇÕES DOCENTES SEGUNDO OS NÍVEIS DE ENSINO E DE
FORMAÇÃO DOCENTE
Níveis de ensino
Infantil
1ª a 4ª
5ª a 8ª
Médio
Brasil
Total
403.919
Sem nível superior
230.518
Total
840.185
Sem nível superior
355.393
Total
840.185
Sem nível superior
355.393
Total
519.935
Sem nível superior
23.726
Fonte: Mec/INEP. Censo Escolar da Educação Básica
MARCOS LEGAIS
Formação
Século XIX
Escolas Normais
“Primeiras Letras – Nível “Secundário”
Início Séc. XX
Formação de Professores
para o “Secundário”
Anos 30: Bacharel +1 (3+1)
Histórica e Socialmente instaurada a diferenciação
entre esses profissionais
Marca Cultural e
Material
IDAS E VOLTAS
Vocação Escola Normal (médio)
Pedagogia (Graduação)
Natureza controversa
Licenciaturas
Licenciaturas “Curtas”
Diretrizes Curriculares - 2006
CONSEQUENTES
Resolução CNE 01/99
Reformulações
Sucessivas
LDB - 1996
CENÁRIO LICENCIANDOS
PRINCIPAL RAZÃO DA ESCOLHA DA
LICENCIATURA
Pedagogia %
Outras
Licenciaturas %
Total %
(A)
Porque quero ser professor.
65,1
48,6
53,4
(B)
Para ter uma outra opção se não
conseguir exercer outro tipo de
atividade.
13,3
23,9
20,8
(C)
Por influência da família.
5,2
3,5
3,9
(D)
Porque tive um bom professor que
me serviu de modelo.
6,6
13,6
11,6
(E)
Eu não quero ser professor.
4,8
5,3
5,2
(F)
É o único curso próximo da minha
residência
2,9
3,8
3,5
Fonte: MEC/Inep/Deaes - Enade/2005
Licenciandos segundo faixa etária, sexo e
atividade laboral
IDADE
18 – 24 = 46%
25 – 39 = 42%
SEXO
mulheres = 75,4%
(Pedagogia = 92,5%)
TRABALHAM
67%
LICENCIANDOS: RENDA MENSAL DA FAMÍLIA
Pedagogia %
Outras Licenciaturas %
Total %
(A)
Até 3 salários-mínimos.
41,9
38,1
39,2
(B)
De 3 a 10 salários-mínimos.
49,1
51,0
50,4
(C)
De 11 a 20 salários-mínimos.
6,3
7,7
7,3
(D)
De 21 a 30 salários-mínimos.
1,3
1,6
1,5
(E)
Mais de 30 salários-mínimos.
0,6
0,8
0,7
Fonte: MEC/Inep. Questionário socioeconômico ENADE 2005
LICENCIANDOS: ESCOLARIDADE DAS MÃES
Pedagogia %
Outras Licenciaturas %
Total %
(A)
Nenhuma escolaridade.
9,9
7,3
8,0
(B)
Ensino Fundamental: de 1a a 4a série.
43,3
35,3
37,6
(C)
Ensino Fundamental: de 5a a 8a série.
17,1
18,6
18,2
(D)
Ensino Médio.
20,8
25,1
23,9
(E)
Superior.
8,6
13,4
12,0
Fonte: MEC/Inep. Questionário socioeconômico ENADE 2005
- LICENCIANDOS CONSUMO CULTURAL
Leitura livros (ano):
2 ou menos = 37,4%
3 a 5 = 35,8%
Leitura jornal:
raramente = 35%
Cinema:
preferido = 42,8%
Acesso Internet:
81,3%
trabalhos escolares = 92,6%
Utilização Biblioteca:
razoável frequência = 46%
raramente = 23%
MATERIAL DIDÁTICO MAIS UTILIZADO
Livros/texto e ou manuais = 28,9%
Apostilas/resumos = 35,1%
Cópias de trechos de livros = 32,0%
- FORMAÇÃO -
LICENCIATURAS
PRESENCIAIS
CARACTERÍSTICAS
CRESCIMENTO DO Nº DE CURSOS PRESENCIAIS DE
LICENCIATURA E RESPECTIVAS MATRÍCULAS
BRASIL, 2001 A 2006
Pedagogia
Outras Licenciaturas
Total
Período
Cursos
Matrículas
2.001
1.224
259.575
2.006
2.415
356.168
% Cresc.
(97,30)
(37,21)
2.001
3.307
575.809
2.006
5.041
805.947
% Cresc.
(52,40)
(40,00)
2.001
4.531
835.384
2.006
7.456
1.162.115
% Cresc.
(64,60)
(39,10)
Fonte: MEC/Inep/Sinopse Estatística da Educação Superior - 2001 e 2006
CURSOS PRESENCIAIS DE LICENCIATURA SEGUNDO
A CATEGORIA ADMINISTRATIVA DAS IES
BRASIL, 2001 A 2006
Período
2.001
Outras Licenciaturas
2.006
2.001
Pedagogia
2.006
2.001
Total
2.006
Público
Privada
Federal
Estadual
Sub Total
Sub Total
764
894
1.751
1.556
(23,1)
(27,0)
(52,9)
(47,1)
916
1.428
2.508
2.533
(18,2)
(28,3)
(49,8)
(50,2)
204
349
580
644
(16,7)
(28,5)
(47,4)
(52,6)
186
671
909
1.506
(7,7)
(27,8)
(37,6)
(62,4)
968
1.243
2.331
2.200
(21,4)
(27,4)
(51,4)
(48,6)
1.102
2.099
3.417
4.039
(14,8)
(28,2)
(45,8)
(54,2)
Fonte: MEC/Inep/Sinopse Estatística da Educação Superior - 2001 e 2006
MATRÍCULAS NOS CURSOS DE LICENCIATURA PRESENCIAIS
SEGUNDO A CATEGORIA ADMINISTRATIVA DAS IES
BRASIL, 2006
Outras Licenciaturas
Pedagogia
Total
Público
Privada
367.352
438.595
(45,6)
(54,4)
126.906
229.071
(35,7)
(64,3)
494.258
667.666
(42,5)
(57,5)
Fonte: MEC/Inep/Sinopse Estatística da Educação Superior - 2001 e 2006
DEPENDÊNCIA ADMINISTRATIVA
Regiões menos prósperas
Regiões mais prósperas
Maioria:
Maioria:
Iniciativa
Iniciativa
pública
privada
Nordeste e Norte
68,5%
73,2%
Matrículas públicas
Sudeste e
87,4%
Sul
77,1%
Matrículas privadas
HORÁRIO DE FUNCIONAMENTO
Maior oferta de cursos noturnos
68,6% - Pedagogia
60,0% - Outras Licenciaturas
LICENCIATURAS A
DISTÂNCIA
CARACTERÍSTICAS
NO INÍCIO: PROGRAMAS NACIONAIS DE EAD
•
•
•
•
PROJETO MINERVA
LOGOS
TELECURSO 2000
UM SALTO PARA O FUTURO
Universidades Públicas
Principais
Experiências
UFMT (1995)
UFPR (1998)
UECE (1998)
UFSC (1998)
Apoio Secretarias
de Educação
USP/UNESP/PUC-SP (1998)
EXPANSÃO DOS CURSOS EAD
Pedidos de credenciamento
•
•
•
•
1998 – 8
2005 – Equiparação certificados EAD aos presenciais
2006 – Criação da UAB
Abril 2009 – 74 IES consorciadas UAB
774 Pólos
CRESCIMENTO DE CURSOS E ALUNOS DE
GRADUAÇÃO A DISTÂNCIA
BRASIL 2002-2007
Número de cursos de graduação a distância
Ano
N
2002
2003
2005
2007
46
52
189
408
2002
2003
2005
2007
40.714
49.911
114.642
369.766
Número de matrículas na graduação a distância
Ano
N
Concluintes dos cursos de graduação a distância
Ano
2002
2003
2005
2007
N
1.712
4.005
12.626
29.812
Fonte: MEC/Inep. Censo da Educação Superior (2002 a 2007)
DEPENDÊNCIA ADMINISTRATIVA
• 2002 – 85,1% matrícula = setor público
• 2005 – 55,4% matrícula = setor público
CARACTERÍSTICAS DO ALUNADO
•
•
•
•
•
•
•
•
•
mais velhos
mais pobres
menos brancos
casados, com filhos
pais com baixa escolaridade
trabalham
sustentam família
menor acesso à internet
utilizam pouco computador
(Ristoff, 2007)
QUESTIONAMENTOS SOBRE EAD
•
•
•
•
•
•
•
•
•
Crescimento desordenado.
Apressamento das políticas e sua fragmentação.
Foco apenas no cumprimento de metas do PNE – nº de vagas.
Necessidade de centralizar nos Projetos Pedagógicos dos
cursos
Processos Avaliativos Frágeis – do Programa e dos Alunos
Criação de estruturas paralelas nas IES.
Terceirização.
Estágios (?).
Materiais “auto-suficientes” (?).
TUTORIA
• Vulnerável
• Vínculos precários
• Formação pouco cuidada
CURRÍCULOS DAS INSTITUIÇÕES QUE
FORMAM OS DOCENTES
DISCIPLINAS OBRIGATÓRIAS, SEGUNDO AS CATEGORIAS DE
ANÁLISE – PEDAGOGIA 2008
Categorias
Nº
%
Fundamentos teóricos da educação
701
22,6
Didática geral
106
3,4
Sistemas educacionais
165
5,3
Currículo
158
5,1
Gestão escolar
140
4,5
Ofício docente
19
0,6
Conteúdos do currículo da Educação Básica (infantil e fundamental)
232
7,5
Didáticas específicas, metodologias e práticas de ensino
643
20,7
Tecnologias
22
0,7
Ed. Especial
118
3,8
EJA
49
1,6
Ed. Infantil
165
5,3
Contextos não escolares
16
0,5
Outros saberes/ Atividades Complementares
356
11,5
Pesquisa e TCC
217
7,0
Total
3.107
100,0
OBSERVAÇÕES OUTRAS LICENCIATURAS
• Predominância da formação disciplinar específica da área.
• Grande dissonância entre os Projetos Pedagógicos das IES e a
estrutura do conjunto de disciplinas e suas ementas.
• Raras instituições especificam em que consistem os estágios e sob
que forma de orientação são realizados.
• Horas dedicadas a Atividade Complementares, Seminários ou
Atividades Culturais sem nenhuma especificação
• Cursos de Licenciatura em Letras e Ciências Biológicas com apenas
em torno de 10% de disciplinas ligadas à formação para a docência
EDUCAÇÃO
CONTINUADA
PROFESSORES APONTAM:
• A formação continuada é organizada com pouca sintonia
com as necessidades e dificuldades dos professores e da
escola.
• A maioria dos formadores não têm conhecimento dos
contextos escolares e dos professores que estão a formar.
• Os programas não prevêem acompanhamento e apoio
sistemático da prática pedagógica dos professores.
• Dificuldade em prosseguir com a nova proposta após o
término do programa.
• As descontinuidade das políticas e orientações do sistema
dificultam a consolidação dos avanços alcançados.
SALÁRIO E CARREIRA
RENDIMENTO MENSAL DE PROFESSORES - BRASIL
(EM REAIS)
Estatísticas
Nível
Média
Mediana
Educação Infantil
661
500
Ensino Fundamental
873
700
Ensino Médio
1.390
1.200
Total
927
720
Fonte: PNAD/IBGE, 2006
RENDIMENTO MENSAL DE PROFESSORES, SEGUNDO A
REGIÃO E O NÍVEL DE ENSINO (EM REAIS)
Nível de ensino
Região
Norte
Nordeste
Sudeste
Sul
Centro-oeste
Total
Estatísticas
Educação
Infantil
Ensino
Fundamental
Ensino Médio
Média
557
870
1424
906
Mediana
412
750
1400
772
Média
390
585
1180
635
Mediana
350
440
1000
450
Média
809
1008
1503
1066
Mediana
664
850
1300
900
Média
586
1018
1239
993
Mediana
500
850
1100
800
Média
807
1178
1548
1215
Mediana
551
933
1200
1000
Fonte: PNAD/IBGE, 2006
PLANOS DE CARREIRA
• Até 1990 – quase ausência
• Com Fundef (1995) – necessários
• Fator de Progressão: tempo de serviço ou
mudança de função
• Poucos Estados = carreiras mais complexas
• Pouco estímulo à permanência na docência
• CNE (2009) – Diretrizes Nacionais para os Planos
de Carreira
VALORIZAÇÃO DA DOCÊNCIA
• Qualidade da formação
- Básica
- Continuada
• Formas de carreira
• Salários
• Estágio probatório (está na lei)
• Investimentos na educação básica
• Cultura do valor da profissão
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