Entre muros: que corpos são estes na sala de aula?
Reflexões sobre sujeitos da educação a partir da dança
Autora: Carolina Gonçalves de Vasconcelos Tomé
Orientadora: Virgínia M. S. Rocha
Supervisora: Juliana Fernandez
Introdução
A partir do PIBID-Dança, encontramos, em meio a outras –
chamadas – “disciplinas”, a dança como disciplina
obrigatória no currículo escolar de uma escola pública na
periferia de Salvador. O poder e as disciplinas estão
interpenetrados nos corpos e sabemos que o gesto é
também fabricado na escola: cadeiras/carteiras, a arquitetura
específica, uma configuração determinada e grades de
atividades/matérias demandam e acolhem corpos que se
preparam nesse ambiente. O que acontece com esses
corpos quando encontram a dança na sua rotina escolar? E
o que a dança tende a encontrar e contribuir com esse
ambiente? Se dança é corpo e o que encontramos nas salas
de aula de dança são corpos, a partir deste lugar podemos
compreender como o corpo pode ser via de acesso a nossa
própria pesquisa.
É por meio de tal matéria que encontramos a ocasião de tal
reflexão e pesquisa: “que corpos são estes que encontramos
em sala de aula e, então, o que significa o ensino de dança
em meio a outras ‘disciplinas’ escolares?”.
Desenvolvimento
Com a dança inserida como disciplina obrigatória dentro do
currículo escolar, temos assim a ocasião de pensar o corpo
nessas mediações educacionais refletindo e vivenciando as
práticas, os comportamentos, os gestos, etc., das
educadoras e educadores e dos/das estudantes. A se
distanciar do pensamento de que o corpo é instrumento da
dança, ou de uma concepção de que o corpo é algo a ser
controlado, adestrado e aperfeiçoado, ou ainda da crença de
que na dança o corpo se ‘’liberta, fica natural, solto e
espontâneo’’, nesta pesquisa nos deparamos com uma
concepção de corpo que o considera como socialmente
construído e que leva em conta também a escola e seus
dispositivos disciplinares como constitutiva desse corpo. O
encontro com essa concepção de corpo no leva a elaborar
propostas educacionais que estabeleçam conexões entre
sujeitos e sociedade e que correlacionem a dança, a
educação e a sociedade (MARQUES, 2012, 118).
Objetivos
-Desenvolver a experiência da docência no âmbito teórico
(através da leitura de textos e elaboração de artigos e
relatórios) e no âmbito prático (desenvolvendo e auxiliando
aulas juntamente com a supervisora), dentro do ambiente
formal de Ensino fundamental I (1º ao 4º ano);
- Articular de maneira efetiva o fazer, o contextualizar e o apreciar da Dança
e das Artes em geral, a fim de contribuir e compor estratégias para um fazer
artístico pedagógico de específico e interdisciplinar;
- Suscitar reflexões sobre o que significa a dança num currículo do Ensino
Público brasileiro, pensando a realidade social tanto da escola quanto do
país.
Referencial Teórico
Como referenciais teóricos, utilizamos tanto para a formulação quanto para
resolução (ou tentativa), os seguintes autores: Michel Foucault e Isabel A.
Marques. O corpo e as estruturas arquitetônicas que habitam e são
habitadas pelos corpos são centrais no pensamento foucaultiano, o qual nos
permite refletir que são neles que os dispositivos de controle e de disciplina
são refletidos e produzidos. Já os estudos de Isabel Marques problematizam
e articulam o fato de a dança ter sido reconhecida como área de
conhecimento a ser trabalhada nas escolas traz desafios que apontam para
a discussão do tratamento que se dá à inclusão desta área nas escolas.
Metodologia
Leitura de textos, observações no interior da escola, proposição de
exercícios às estudantes, reuniões e discussões
Referências:
FOUCALT, Michel. Vigiar e Punir. Nascimento da Prisão. Trad. de Raquel
Ramalhete. Petrópolis: Editora Vozes, 2004.
MARQUES, Isabel A. Dançando na escola. São Paulo: Cortez, 2012.
SILVA, Tomaz Tadeu da Silva (org.). O Sujeito da Educação: Estudos
Foucautianos. - 3ªed.- Petrópolis, RJ: Vozes, 1994
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