Fenomenologia
A Fenomenologia, nascida na
Segunda metade do século
passado, a partir das análises
de
Brentano
sobre
a
intencionalidade da consciência
humana, trata de descrever,
compreender e interpretar os
fenômenos que se apresentam
à percepção.
O método fenomenológico se define como uma volta as
coisas mesmas, isto é, aos fenômenos, aquilo que
aparece à consciência, que se dá como objeto
intencional.
“A expressão fenomenologia significa antes
de mais nada um conceito de método. O
termo expressa um lema que poderia ser
assim formulado: voltemos às próprias
coisas! E isso em contraposição às
construções desfeitas no ar e às
descobertas causais, em contraposição à
aceitação e de conceitos só aparentemente
justificados e aos problemas aparentes que
se impõem de uma geração à outra como
verdadeiros problemas” Heidegger
Toda consciência é consciência de alguma coisa. Assim
sendo, a consciência não é uma substância, mas uma
atividade constituída por atos (percepção, imaginação,
especulação, volição, paixão, etc.), com os quais visa algo.
As essências ou significações (noema) são objetos visados
de certa maneira pelos atos intencionais da consciência
(noesis). Afim de que a investigação se ocupe apenas das
operações realizadas pela consciência, é necessário que
se faça uma redução fenomenológica ou Epoché, isto é,
coloque-se entre parênteses toda a existência efetiva do
mundo exterior.
• Seu objetivo é chegar a intuição das essências, isto é, ao
conteúdo inteligível e ideal dos fenômenos, captado de
forma imediata. Ex: não interessa a análise desta ou daquela
norma moral mas compreeender porque são normas morais
enão jurídicas; não deseja examinar os ritos e hinos desta
ou daquela religião mas quer saber o que é religiosidade e o
que transforma os hinos e ritos em religiosos.
• Liberta-se das opiniões préconcebidas e intui, descreve, o
universal pelo qual tal coisa é isto
e não outra coisa.
• A filosofia ao indagar sobre o
amor, a percepção, a realidade...
pode tomar duas direções
idealista (Husserl) e
realista (Scheler)
Fenomenologia
Noção de intencionalidade. A consciência tende para fora de
si.
≠
de
Descartes:
Não
há
consciência pura fora do mundo,
mas toda consciência tende para o
mundo.
≠ dos empiristas: não há objeto em
si.
≠ do positivismo”: a fenomenologia
propõe uma volta a humanização.
≠ da filosofia tradicional: em que o
conceito de ser é abstrato, se
preocupa com a descrição da
realidade.
Filosofia da vivência.
Exemplo: Husserl ( 1859 – 1938)
Filósofo
alemão,
principal
representante
do
movimento
fenomenológico. Marx e Nietzsche, até
então
ignorados,
influenciaram
profundamente Husserl. O mesmo era
um crítico do idealismo Kantiano.
Husserl
apresenta
como
idéia
fundamental de seu antipsicologismo a
"intencionalidade da consciência",
desenvolvendo conceitos como o da
intuição eidética e epoché.
Pragmático, Husserl teve como discípulos
Martin Heidegger, Sartre e outros.
Afirma que o nosso conhecimento começa
com a experiência. Ex: fato (este som, esta
cor)
que
se
apresenta
à consciência nele, captamos a essência (o
som, a cor). Em situações diversas
ouvimos sons diferentes (clarim, violino,
piano), mas reconhecemos algo de
comum.
O individual se anuncia à consciência pelo
universal . Quando a consciência capta um fato,
capta também a essência (quid).
Ex: Esta cor é o caso
particular da essência cor
O conhecimento das essências provém da intuição  do
que nos permite captar os fatos particulares
Intuição eidética: provém da experiência, mas prescinde
dos aspectos empíricos para chegar nas essências.
Intencionalidade: Consciência é
sempre consciência de alguma
coisa. O sujeito é capaz de atos
de consciência e o objeto é o
que se manifesta nesses atos.
Distingue ainda o aparecer de
um objeto do objeto que
aparece  vivemos o aparecer
do que aparece (consciência
intencional)
“Toda intuição que apresenta originariamente alguma
coisa é, por direito, fonte de conhecimento; tudo
aquilo que se apresenta a nós originariamente na
intuição (que, por assim dizer, se nos oferece em
carne e osso) deve ser assumido assim como se
apresenta, mas também apenas nos limites em que se
apresenta.”
Husserl pensava em
fundamentar a
fenomenologia como
ciência rigorosa voltada
para as coisas:
Zu den Sachen selbst!
(Vamos às coisas!)
Para alcançar as coisas é preciso fazer a redução
fenomenológica - epoché não necessariamente duvidar
(como Descartes) mas suspender o juízo sobre tudo o
que se chama ‘atitude natural’ (doutrinas filosóficas e
seus incansáveis debates,as ciências, as crenças...).
“O objetivo da epoché é o
desocultamento. O mundo está
sempre lá. A sua existência não
constitui problema. O problema
que a epoché quer resolver é
outro: qual é o significado, qual é o
fim do mundo, antes de tudo e
originariamente para mim e depois
para todos os sujeitos?”
Para Husserl o que não pode ser colocada entre
parênteses é a consciência, ou subjetividade  a
consciência à qual se manifesta tudo aquilo que aparece:
realidade evidente e absoluta: eu transcendental.
“Sou eu, sou eu quem exerce a epoché, sou eu que
interrogo o mundo como fenômeno, aquele mundo que
vale agora para mim no seu ser e em seu ser tal, como
todos os homens que ele compreende, dos quais estou
tão plenamente certo; portanto, sou eu, que estou acima
de todo ente natural que tenha sentido para mim; sou eu o
pólo subjetivo da vida transcendental na qual, em primeiro
lugar, o mundo tem sentido para mim puramente como
mundo: em minha plena concretude, eu abranjo tudo isso.”
Husserl diferencia psicologia de fenomenologia:
 ciência dos dados de fato, considera os fenômenos
reais e o sujeito inserido no mundo espácio-temporal.
  ciência das essências, expurga os fenômenos
psicológicos e empíricos para o plano da generalidade
essencial. A fenomenologia mostra o que está oculto,
escondido e que guarda o sentido do manifesto.
O que importa é descrever o que se dá à
consciência, que não é aparência
contraposta a coisa em si. Ex: eu não
escuto a aparência de uma música, eu
escuta a música, não tenho a aparência
de um perfume, eu sinto o perfume.
Na obra A fenomenologia transcendental e a crise das
ciências européias, Husserl pretende superar o excessivo
subjetivismo e idealismo de sua filosofia. Tenta dar conta
da realidade social e da relação da subjetividade – mundo,
incluindo outras consciências (intersubjetividade)
Lebenswelt introduz a temática do mundo e
da vida.
Merleau-Ponty ( 1908 – 1961)
Estudou na École normale supérieure de Paris,
graduando-se em filosofia em 1931. Lecionou em vários
liceus antes da Segunda Guerra, durante a qual serviu
como oficial do exército francês. Em 1945 foi nomeado
professor de filosofia da Universidade de Lyon. Em 1949
foi chamado a lecionar na Universidade de Paris I
(Panthéon-Sorbonne). Em 1952 ganhou a cadeira de
filosofia no Collège de France. De 1945 a 1952 foi coeditor (com Jean-Paul Sartre) da revista Les Temps
Modernes.
Suas obras mais importantes de
Filosofia foram de cunho psicológico:
La Structure du comportement (1942)
e Phénoménologie de la perception
(1945). Apesar de grandemente
influenciado pela obra de Edmund
Husserl, Merleau-Ponty rejeitou sua
teoria do conhecimento intencional,
fundamentando sua própria teoria no
comportamento
corporal
e
na
percepção.
Sustentava
que
é
necessário considerar o organismo
como um todo para se descobrir o
que se seguirá a um dado conjunto
de estímulos.
Segundo Merleau-Ponty, quando o ser humano se
depara com algo que se apresenta diante de sua
consciência, primeiro o nota e o percebe em total
harmonia com sua forma, a partir de sua consciência
perceptiva. Após perceber o objeto, este entra em sua
consciência e passa a ser um fenômeno.
Com a intenção de percebê-lo, o ser humano intui algo
sobre ele, imagina-o em toda sua plenitude, e será
capaz de descrever o que ele realmente é. Dessa
forma, o conhecimento do fenômeno é gerado em torno
do próprio fenômeno. Para Merleau-Ponty, o ser
humano é o centro da discussão sobre o conhecimento.
O conhecimento nasce e faz-se sensível em sua
corporeidade.
Biografia
1908 Nasce em 4 de março em Rochefort-sur-Mer, França
1945 Doutora-se em filosofia com Fenomenologia da
Percepção
Junto com Satre, funda a revista Temps Modernes
1961 Falece em Paris, com 53 anos, vítima de embolia.
• Formou, junto com Sartre, S. de Bouvoir e Paul Nizan, a
geração existencialista dos anos 40 e 50.
• Crítico radical do humanismo, que definia como: o
subjetivismo filosófico (reduz o mundo às idéias do eu) e
o objetivismo científico (reduz a consciência a
percepções estéreis).
• Nesse sentido, propõe a conexão indissolúvel de eu e
mundo, de sujeito e objeto.
• Inicialmente vinculado à fenomenologia husserliana - dirige-se à
relação corpo sensível-mundo sensível
• Fenomenologia da Percepção - problema da separação consciênciamundo:
idealismo e empirismo científico / empirismo e idealismo filosófico
• Ciência e filosofia devem se questionar (sujeito-objeto, fato-essência,
real-aparência)
• Consciência perceptiva / consciência representativa
corpo/carne
reflexividade e visibilidade
• A linguagem como ato de significar - dimensão expressiva
Maurice Merleau-Ponty
Corpo, mundo, linguagem e intersubjetividade
encarnada
• O real transborda sempre a percepção e seus sentidos
ultrapassam os “dados” e os “conceitos”.
• M.M.Ponty conecta definitivamente o ser e o mundo, a
essência e a existência, o corpo e a mente.
• Ele estabelece a empiria para a compreensão
fenomenal humana: a linguagem.
Maurice Merleau-Ponty
O substrato comum de ser e mundo
• É a linguagem
• O ser não atribui sentido às percepções
• Mas as percepções só são possíveis porque o
sentido está dado previamente.
• Não no mundo, mas na linguagem e na atribuição
que a linguagem reserva ao homem e ao mundo:
• Permitir ao sujeito ultrapassar o significado e ser
ente significador (significante).
• Eu significante e eu significado, pelo sentido,
ultrapassam-se mutuamente, num interjogo que cria
novos significados.
Fenomenologia existencial:
o percurso se completa
• Husserl: junta objetividade e subjetividade
na idéia da fenomenologia – perceber é
pensar – perceber essências.
• Kierkegaard: enfatiza a liberdade,
transformando essências em existências.
• Heidegger: coloca as existências no
mundo.
• Merleau-Ponty: transforma existências em
linguagem.
Filósofo da fenomenologia. Suas obras mais importantes de
Filosofia foram de cunho psicológico: La Structure du
comportement (1942) e Phénoménologie de la perception
(1945). Apesar de grandemente influenciado pela obra de
Edmund Husserl, Merleau-Ponty rejeitou sua teoria do
conhecimento intencional fundamentando sua própria teoria
no comportamento corporal e na percepção.
Sustentava que é necessário
considerar o organismo como um
todo para se descobrir o que se
seguirá a um dado conjunto de
estímulos.
“A verdadeira filosofia é reaprender
a ver o mundo”
“Todas as ciências se inserem em
um mundo completo e real, sem se
dar conta que a experiência
perceptiva tem valor constitutivo em
relação a este mundo. Assim, nos
encontramos diante de um campo
de percepções vividas que são
anteriores ao número, à medida, ao
espaço, à causalidade e que,
porém, não se apresenta como uma
visão prospectiva de objetos
dotados de propriedades estáveis, de mundo e de espaços
objetivos. O problema da percepção consiste em ver como é
que, através desse campo, se chega ao mundo
intersubjetivo, do qual, pouco a pouco, a ciência
precisa de determinações.”
Volltando sua atenção para a questões sociais e
políticas, Merleau-Ponty publicou em 1947 um conjunto
de ensaios marxistas, Humanisme et terreur
("Humanismo e Terror"), a mais elaborada defesa do
comunismo soviético no final dos anos 1940. Contrário
ao julgamento do terrorismo soviético, atacou o que
considerava "hipocrisia ocidental". Porém a guerra da
Corea o desiludiu e rompeu com Sartre, que apoiava os
comunistas da Corea do Norte.
Em 1955 Merleau-Ponty publicou mais ensaios
marxistas, Les Aventures de la dialectique ("As
Aventuras da Dialética"). essa coleção no entanto,
indicava sua mudança de posição: o marxismo não
aparece mais como a última palavra na História, mas
apenas como uma metodologia heurística.
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Aula 01 - Fenomenologia