1. A palavra “Fenomenologia”
1.1. O sentido etimológico (Ser e Tempo – Heidegger):
# Fainw (Verbo) - Trazer à luz, manifestar, mostrar
mesma raiz
Fws - Luz
# Fainomenon - O que se manifesta, estava escondido
# Edmund Husserl - * O Estudo de tudo que intencionalmente
está presente à consciência (fenômeno), sendo para esta uma
significação
* Tem por base uma análise reflexiva do ato de pensar enquanto
manifesta a realidade (fenômeno)
A FENOMENOLOGIA HUSSERLIANA
Como Descartes, Husserl enxergava, na Filosofia, a capacidade de proporcionar à
humanidade uma cultura que a guiasse e lhe servisse de luz no seu caminho vivencial;
A Fenomenologia husserliana encontra-se no interior das rediscussões das
concepções filosóficas positivistas realizadas na Alemanha nas últimas décadas do
século vinte;
Critica o dogmatismo positivista na concepção do conhecimento, a confiança religiosa
que os positivistas nutriam pela ciência, atentando-se para o desenvolvimento das
ciências positivistas, da matéria e das ciências histórico-sociais;
Apesar de Husserl se voltar contra o logicismo, o psicologismo e o historicismo, não
podemos compreender a Fenomenologia husserliana simplesmente tendo o seu
fundamento na aparição de certas condições históricas, mas no captar de novo das
motivações que a delimitaram enquanto atividade filosófica e que impuseram a esta
atividade sua forma particular;
Tem por lema o seguinte convite: “Voltemos às coisas mesmas”
Qual é a sua intenção?
* Desembaraçar o conhecimento das
‘vestes de idéias’ e das interpretações
que dissimulam o objeto do pensamento,
o que está em questão
* Imprimir um impulso novo à investigação
filosófica em oposição ao espírito de
sistema (Conforme Kant, sistema pode ser
compreendido como uma unidade de
conhecimentos múltiplos sob uma única
idéia).
A Fenomenologia marca, para Husserl, o ponto de ruptura em que a Filosofia passa do
estado pré-científico ao estado científico. A certeza dessa passagem permite-lhe que se
apresente não como uma concepção do mundo ou uma ideologia entre outras, mas
como a primeira realização da filosofia como ciência. A compreensão da Fenomenologia
se dá, antes de mais nada, no exame dessa ambição de fazê-la constantemente reviver;
A cientificidade husserliana pode ser situada a partir da função atribuída, no
conhecimento, ao fenômeno;
Define-se a a partir de sua atenção dada à vivência (fenômeno).
Substitui as construções explicativas
para a descrição ‘do que se passa’
efetivamente do ponto de visto daquele
que vive tal situação concreta.
Filosofia Tradicional
Fenomenologia
Elimina-se a vivência em benefício
da abstração e dos conceitos.
* Tem consideravelmente,
por interesse, uma volta
para o ‘concreto’.
•DIFERENÇAS ENTRE UM FENOMENÓLOGO E UM
PSICÓLOGO / EDUCADOR :
Fenomenólogo
Psicólogo/ Educador
Manipula:
- Essências;
- Dados;
Interessa-se:
- Idéias universais;
- Comportamento;
- Pretende conhecer
- Comportamento moral de uma ou
o que vem a ser
moral;
outra pessoa;
A Intencionalidade da Consciência
“Suponhamos que o nosso olhar volta-se, com um sentimento
de prazer, para uma macieira em flor no jardim...”
“Na atitude comum ou natural, tal percepção consiste em colocar primeiro a
existência da macieira representada na consciência correspondente à real. Como
conseqüência, haveria duas macieiras: uma no jardim e outra na consciência. Para
Husserl, as coisas não acontecem assim. Recorrendo à analise intencional, não
partimos da macieira em si, porque dela nada sabemos, nem da macieira
representada, porque também dela nada sabemos. É preciso partir das ‘coisas
mesmas’, isto é, da macieira-enquanto-percebida, ou seja, do ato de
percepção da macieira no jardim, pois essa é a vivência originária.”
Onde está
a macieira?
A verdadeira macieira não está nem na
consciência, nem fora dela, e é nisto
precisamente que é mais presente
“A intencionalidade husserliana corresponde à correlação consciênciamundo, sujeito-objeto, mais originária que o sujeito ou o objeto, pois
esses só se definem nesta correlação. A intencionalidade
fenomenológica é visada de consciência, produção de um sentido que
nos permite perceber os fenômenos humanos em seu teor vivido.”
A Presença da Fenomenologia
na Psicologia




A fenomenologia apresenta-se como método de
abordar a realidade diferente do método das
ciências naturais, que visa entender o seu objeto
por meio de explicações formais. Aqui, a novidade
está em que o fenomenólogo busca compreender
as razões que suscitam determinada atitude.
Dartigues (1992) define com precisão que “
compreender um comportamento é percebê-lo,
por assim dizer, do interior, do ponto de vista da
intenção que o anuncia, logo, naquilo que o torna
propriamente humano e o distingue de um
movimento físico.”
Nessa atitude são tomadas como objeto tanto a
coisa que se torna objeto para o sujeito, quanto a
consciência que opera relações desse
conhecimento. Isso significa que o Eu e suas
experiências subjetivas são assumidos como
coisas em si, como parte do mundo. E o mundo é
representado por imagem ou por signos,
representação essa considerada tão mais correta
quanto mais se adequar ao que representa.
Captar, na sua profundidade, a relação específica
entre o objeto “visto” e o sujeito que visa ao objeto
é o desafio primordial de uma abordagem
fenomenológica.
A Presença da Fenomenologia
na Psicologia

A
fenomenologia
é
um
método
compreensivo, pois busca explicitar a
intenção específica da “visada”( a maneira
de como o homem dirige sua atenção
implicada na percepção) que cada ser
humano tem ao entender algo. Como
exemplo: duas pessoas, um viajante e um
madeireiro, olham para uma árvore de
maneira diferente. O primeiro mira a árvore
como algo que lhe servirá para abrandar o
cansaço da caminhada fatigante, enquanto o
segundo olhará a arvore na perspectiva de
que ela poderá lhe oferecer uma madeira de
qualidade para a fabricação de um móvel. A
intenção, ao abordar a árvore, é
completamente diferente, embora os dois
personagens dizem a mesma frase: “que
árvore
maravilhosa!”,
a
tarefa
da
fenomenologia é a captação dessa
intencionalidade, desse sentido orientador.
 Para Husserl, a consciência possui três sentidos:
a) Conjunto de todas as vivências (unidade).
b) Percepção interna das vivências psíquicas (ser consciente).
c) Vivência intencional.
Portanto, a consciência é:
“Uma corrente de experiências vividas”, ou seja, as cogitata (imaginar,
desejar, recordar, etc.), que se dão na percepção como absoluta e
não mais como identidade das aparências que “estão escondidas.
O fluxo dos
raios noéticos
Percepção: Consciência-mundo
Portanto, toda consciência é consciência de alguma coisa, determinando-se como atividade constituída
por atos (percepção, imaginação, volição, paixão, etc.) com as quais visa algo e não como substância,
pois possui um modo de ser definido pela capacidade de transcender, quer dizer, de dirigir-se a outra
coisa que não seja ela mesma. Com isto, Husserl distingue duas espécies de intencionalidade, a saber:
a) Intencionalidade temática - Saber do objeto e saber do saber do objeto;
b) Intencionalidade operante - Visada do objeto em ato, ainda não refletida.
# Portando, como vimos, a concepção de intencionalidade merece uma especial atenção em se
tratando de
Fenomenologia!
A Fenomenologia caracteriza-se
como uma reabilitação do direito
da consciência ao conhecimento
de si própria e do mundo!
- A consciência é orientada para as coisas
- Ela está toda nessa orientação
- Consciência é “consciência de”
Idealista: A consciência
está encerrada em
suas representações
- Elimina os preconceitos
Fisiológico: A consciência não é senão um
reflexo na superfície do mundo
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Fenomenologia