Informa
Informativo Digital - Nº 06 - Junho/2009
Aspectos Laboratoriais da Hiperprolactinemia
Dra. Lilian Mello Soares e Dr. Guilherme Birchal Collares
Assessoria Médica Lab Rede
A hiperprolactinemia é a alteração
endócrina mais comum do eixo hipotalâmicohipofisário. A prolactina (PRL) é um hormônio
heterogêneo, sendo encontrada na circulação
sob três formas principais: monômero, dímero,
e a forma de alto peso molecular, a
macroprolactina, que, geralmente, representa
menos de 10% da PRL total circulante. A
dosagem de PRL está indicada na investigação
e seguimento dos tumores da região selar, na
presença de alterações menstruais, infertilidade
e galactorréia em mulheres, e em casos de
disfunção erétil ou infertilidade em homens. As
principais causas de hiperprolactinemia estão
listadas no Quadro1.
Quadro1 – Causas de Hiperprolactinemia
Causas Fisiológicas:
Gravidez, amamentação, exercício físico, estresse e
sono.
Causas Farmacológicas:
Uso de estrogênio, antipsicóticos, antidepressivos
tricíclicos,
opiáceos,
cimetidina,
reserpina,
fenotiazinas, verapamil, metildopa, metroclopramida,
inibidores
da monoamina oxidase,
cocaína,
anfetaminas e fluoxetina.
Causas Patológicas:
- Tumores e outros distúrbios hipofisários e
hipotalâmicos
- Lesões da haste hipofisária
- Doenças sistêmicas: hipotireoidismo primário,
síndrome dos ovários policísticos, insuficiência
adrenal, insuficiência renal crônica, cirrose.
- Hiperprolactinemia idiopática
- Hiperprolactinemia neurogênica: lesões irritativas da
parede torácica e lesões do cordão medular
- Tumores extra-hipofisários secretores de PRL
Macroprolactinemia
empregado, por sua simplicidade, boa
reprodutibilidade e correlação com o método de
referência, é a precipitação com polietilenoglicol
(PEG), que reduz seus níveis no sobrenadante.
A recuperação de PRL é calculada com base
no valor inicial da amostra. Quando acima de
65%, indica que predominam as formas
monoméricas de PRL na amostra. Recuperação
de 30% ou menos ocorre quando há
macroprolactinemia. Os resultados entre 30 e
65% são classificados como indeterminados e
podem ser submetidos à cromatografia em
coluna de gel filtração.
A magnitude da elevação dos níveis de PRL
pode ser de grande utilidade na determinação
da possível etiologia da hiperprolactinemia,
uma vez que os maiores valores são
encontrados em pacientes com tumores
hipofisários. Nestes casos, se a PRL for menor
que 200 ng/mL, deve ser considerada a
possibilidade de efeito gancho: o excesso de
PRL interfere no imunoensaio, impedindo a
ligação do segundo anticorpo (sinalizador) após
a ligação da PRL ao anticorpo de captura (fase
sólida). O efeito gancho provoca resultados
falsamente diminuídos, e pode ser evidenciado
através da diluição do soro, quando os valores
aumentam consideravelmente.
Ligação da PRL aos
anticorpos de captura
Anticorpos marcados
se ligam à PRL
Perda de anticorpos
marcados pós lavagem
Figura1: Representação esquemática do efeito gancho
Não é aconselhável basear-se em um único
A Macroprolactinemia caracteriza-se pelo
exame para estabelecer o diagnóstico de
predomínio no soro da macroprolactina, um
hiperprolactinemia, pois a PRL é secretada
complexo
antígeno-anticorpo
de
PRL
monomérica e IgG que apresenta baixa
episodicamente e seus níveis podem estar,
eventualmente, além do limite superior da
atividade biológica, e não requer tratamento. A
normalidade. A definição diagnóstica é um
pesquisa de macroprolactina é fundamental em
grande desafio e é extremamente importante
pacientes com hiperprolactinemia sem quadro
clínico característico. O método de triagem mais
para a correta escolha do tratamento.
.
REFERÊNCIAS
1. Vilar L., Naves L.A., Gadelha M. Armadilhas no Diagnóstico da Hiperprolactinemia. Arq Bras Endocrinol Metab. 2003;17(1):347-357. 2.
Vilar L. et al. Prevalência da macroprolactinemia entre 115 pacientes com hiperprolactinemia. Arq Bras Endocrinol Metab,2007;51(1):8691. 3. Vieira J.G.H. Macroprolactinemia. Arq Bras Endocrinol Metab 2002; 46(1):45-50. 4. Glezer A. et al. Macroprolactina e incidentaloma
hipofisário. Arq Bras Endocrinol Metab, 2001;45(2):190-198.
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