Casos Clínicos - Discussão Carolina Sales Vieira Departamento de Ginecologia e Obstetrícia – FMRP-USP Caso clínico 1 • Identificação: LMS, 26 anos, G1P1A0C1, Data última menstruação: há +/- 60 dias. Método contraceptivo: condom. • QP: Fluxo menstrual em grande quantidade, com coágulos, há 24 hs. Caso clínico 1 • HMA: Refere que há 4 dias iniciou quadro de sangramento, com fluxo aumentado. Observou piora progressiva nas últimas 24 h, associado a perda vaginal de grande quantidade de coágulos e fortes cólicas abdominais. Apresentou 1 episódio de lipotímia • AP: HAS controlada com hidroclortiazida. Nega cirurgia (exceto cesariana previa) • AF: mãe com DM tipo II e HAS Caso clínico 1 Antecedentes ginecológicos e obstétricos: •Menarca : 12 anos •Ciclos menstruais prévios : irregulares, a cada 40-70 dias, com duração de 05 dias, fluxo regular, associado a cólica e irritabilidade •Método contraceptivo: uso irregular de preservativo •G1P1A0 (1PC). Amamentou 3 meses. Caso clínico 1 Exame físico • PA : 130x80 mmHg , FC : 112 bpm • Ectoscopia : regular estado geral, orientada no tempo e espaço, eupnéica, mucosas hipocrômicas +3/+4, acianótica, anictérica • ACV, AR: ndn (a não ser pela taquicardia) • Abdomen: plano, indolor, sem visceromegalia, DB negativa, dor em hipogástrio Caso clínico 1 Exame físico • Ginecológico – Inspeção estática: sem lesões – Especular: vagina sem lesões, porém com grade quantidade de coágulos saindo pelo OE. Sem odor fétido. – Toque: colo posterior, fibroelástico, fechado, útero de tamanho normal, anexos indolores Caso clínico 1 Pergunta-se 1) O que normal como sangramento menstrual? 2) Quais as principais causas de sangramento por idade? 3) Quais diagnósticos que temos que lembrar em casos de sangramento agudo? 4) Como abordar o caso? 5) Após a abordagem inicial, o que é necessário fazer? O que é considerado sangramento anormal ??? O que é considerado normal ? Duração: 3-7 d; Volume: 20 a 80 mL; Intervalo: 21 – 35 d (24 – 32 dias ± 3d). ACOG, 2000 O que é considerado normal? percentil 5 a 95 da população (90% das mulheres) Duração: 4,5-8 d; Volume: 5 a 80 mL; Intervalo: 24-38 dias; Regularidade: Ciclo mais longo – ciclo mais curto < ou = 20 dias. Fraser et al. (FIGO), 2007 CLIMATÉRIO •SUD (Esgotamento folicular) •Uterina (pólipo, hiperplasias, mioma) •SUD (Imaturidade HHO) •Coagulopatia (D vW) Idade (anos) 9 - 12 40 Nascimento •SUD (SOP) •Uterina (Mioma) Menopausa Menacme 45 - 50 65 •Orgânica (atrofia endometrial) Resolução imediata SUD Gravidez Irregular (agudo) Lesão sangrante Sangramento Orgânico Regular (crônico) Resolução pode ser mais demorada SUD ou orgânico Passos para o tratamento de sangramento agudo • Estabilizar a paciente se for o caso; • Descartar gravidez e lesão orgânica visível • Parar o sangramento; • Pedir US em um segundo momento para descartar causa orgânica • Fazer o tratamento de manutenção por 3 ciclos; • Repor deficiências (ferro). Vasoconstrição Coagulação Regeneração epitelial MECANISMOS LOCAIS VASOCONSTRICÇÃO ART. ESPIRALADAS ISQUEMIA VASODILATAÇÃO MENSTRUAÇÃO AINE VASOCONSTRICÇÃO Hemostasia Adesão do fator de von Willebrand à parede do vaso Adesão plaquetária ao fator de von willebrand e ativação das plaquetas = TAMPÃO PLAQUETÁRIO Ativação dos fatores de coagulação, com formação do TAMPÃO DE FIBRINA Hemostasia Anti-fibrinolítico MECANISMOS LOCAIS REGENERAÇÃO DO ENDOMÉTRIO Início da regeneração é precoce 4º dia do ciclo - 2/3 da cavidade com epitélio novo 5º - 6º dia - toda a cavidade Estrogênio (sozinho ou acompanhado de Progestagênio) Tratamento – Manutenção É necessário? Manutenção • Necessidade de contracepção – Contraceptivos hormonais (combinados ou não) • Sintomas vasomotores nãomenopausada – TRH • Sem necessidade de contracepção ou Perimenopausa sem sintomas vasomotor – Progestagênio de segunda fase (10 a 14 dias ao mês) Caso clínico 2 • Identificação: ATC, 20 anos, G0, Data última menstruação: há +/- 6m. Método contraceptivo: condom. • QP: Irregularidade menstrual desde a menarca Caso clínico 2 • HMA: Paciente refere que desde a menarca fica até 6 meses sem menstruar. Refere aumento de pelos em locais não femininos (buço, mento, linha média) e acne. Refere também ganho de 6 Kg em 1 ano. • AP: Nega vícios ou doenças • AF: Mãe com HAS e DM. Caso clínico 2 • Exame: IMC: 28 Kg/m2, PA: 130x70 mmHg Corada e hidratada. Ferriman de 12. Acne grau 2 ACV, AD e AR: sem alterações Ginecológico: sem alterações Caso clínico 2 Pergunta-se: 1) A paciente ovula ou não ovula? 2) Quais exames deverão ser pedidos inicialmente para descobrir o grupo sindrômico do caso? 3) Qual provável diagnóstico? Como vc chega a ele? História e Exame físico Exames: FSH, PRL,TSH nl FSH FSH Central 1. SOP 2. Disfunção hipotálamo-hipofisária 1. Tumor 2. Def isolada de gonadotrofina 3. Stress (peso, doença) PRL FSH Hiperprolactinemia 1.Fisiológica 2. Medicação 3. TSH 4.Prolactinoma FOP 1.Idiopática 2.Imunológica 3.Genética FSH 2 dosagens > 40 UI/L •Disgenesia gonadal •Cariótipo anormal (45 X0, 46 XY) •Cariótipo normal (46 XX) •Imunológicas (10%) •Genéticas (Sd. X Frágil) Cariótipo de < 30 anos •Iatrogênica (QT, RT, cirurgias) •Mutação da inibina e do receptor de FSH •Alterações enzimáticas (aromatase) •Idiopática (50-65%) Não é essencial, não muda conduta. FSH Teste de GnRH Hipófise Exame de imagem: RNM ou TC de crânio e sela túrcica Alterada Tratamento específico Normal Investigar outras causas + Hipotálamo Consenso Rotterdam SOP – ESHRE/ASRM (2003) Presença de pelo menos 2 dos 3 critérios: •Irregularidade menstrual (oligo ou amenorréia) • Hiperandrogenismo (clínico e/ou laboratorial) • Ovários policísticos (à ultrassonografia) Hiperandrogenismo Clínico • Acne • Presença de hirsutismo •Alopecia androgênica Hiperandrogenismo Laboratorial (Valor paciente > Valor normal) • Testosterona livre (direta ou pelo índice de androgênios livres): testosterona/SHBG x 100 • Testosterona total • DHEA-S (SOP e em tumores da adrenal) • Androstenediona: valor limitado não deve ser solicitado de rotina FERTILITY AND STERILITY 2004; 81 (1): 19-25. Critérios Ultrassonográficos • Presença de 12 ou mais folículos entre 2-9 mm de diâmetro médio ou volume ≥ 10 cm3. • Apenas um ovário é suficiente para o diagnóstico. • Não pode estar usando pílula ou qualquer hormônio • Realizar entre o 3° e 5° dia do ciclo menstrual. • Na presença de corpo lúteo ou folículo 10 mm, repetir o exame no próximo ciclo. nl FSH Hiperandrogenismo? e/ou USTV alterado? SIM ANOVULAÇÃO HIPERANDROGÊNICA SOP NÃO DISFUNÇÃO HIPOTÁLAMO HIPOFISÁRIA Imaturidade do eixo hipotálamo-hipófise-ovário NÃO FAZER DIAGNÓSTICO DE SOP NOS 2 PRIMEIROS ANOS APÓS MENARCA Ovário de padrão policístico Outras doenças Irregularidade menstrual Excesso de androgênios Consenso Rotterdam SOP – ESHRE/ASRM Presença de pelo menos 2 dos 3 critérios: • Oligo e/ou anovulação (irregularidade menstrual ou amenorréia) • Hiperandrogenismo (clínico e/ou laboratorial) • Ovários policísticos (à ultrassonografia) PRL DHEAS, T (2 x VN) Exclusão de outras doenças: Hiperprolactinemia, Tu produtor de A Doença tireoidiana, HAC forma tardia, Síndrome de Cushing TSH 17-OHP Clínica História e Exame físico Exames: FSH, PRL,TSH nl FSH FSH Central 1. SOP RNM ou TC 2. Disfunção de crânio ou hipotálamo-hipofisária sela Androgênios, USTV, 17OHP, PRL , TSH PRL FSH Hiperprolactinemia TSH RNM ou TC de crânio ou sela FOP Cariótipo de < 30 anos Avaliação imunológica