Rádio público e os desafios da
convergência tecnológica
Nelia Del Bianco
Universidade de Brasília
Observatório da Radiodifusão Pública na
América Latina
O QUE É
• Espaço público virtual, voltado para a promoção de debates e a elaboração de análises e
diagnósticos (acadêmico e profissionais) sobre estrutura, legislação, sistemas e serviços
públicos de radiodifusão do Brasil e demais países da América Latina.
O QUE FAZ
• Produz análises e pesquisas sobre modelos de gestão; formas e fontes de financiamento;
processos de produção e distribuição de conteúdos; instrumentos de participação da
sociedade na administração de emissoras públicas; mecanismos sociais de avaliação do
conteúdo e da qualidade da programação oferecida aos cidadãos, entre outros temas
relacionados com a radiodifusão pública na América Latina.
OBJETIVO
• Tornar-se uma instância geradora de informações que subsidiem a academia, meios de
comunicação e/ou organizações que atuam na área.
10 Desafios
1.
Novos hábitos de consumo de rádio
2.
Crescimento exponencial da Internet e da banda larga
3.
Interface do rádio com a Internet
4.
Avanço das redes sociais
5.
Comunicação móvel como um novo espaço da mídia
6.
Audiência em declínio
7.
Entrada de novos competidores
8.
Necessidade de reinvenção da linguagem
9.
Agravamento da crise do AM
10. Digitalização da transmissão em compasso de espera
Pressupostos
• As possibilidades de escuta se estenderam e o rádio tem
sido absorvido pelas plataformas digitais: Internet,
tocadores de MP3, celulares e satélite.
• Unesco (2010 e 2011) e Normativas da União Européia
(2007, 2009):
– Defendem uso amplo e variado das novas tecnologias a fim de
facilitar e ampliar a prestação dos serviços cumprimento de suas
competências de serviço público e se aproximarem do público.
– Alertam para a necessidade de preservação da “competência
social especial” das públicas no novo ambiente digital, sem
deixar de ter flexibilidade para aproveitar os novos
desenvolvimentos tecnológicos em transformação.
1. Novos hábitos de consumo de rádio
• O rádio expande a entrega de conteúdo
1. Novos hábitos de consumo de rádio
Pesquisa GPR 2009
• 74% ouvem no aparelho
portátil, receiver, microsystem
• 63% internet via computador
• 61% no rádio do carro
• 37% sintonizam no celular
• 37% no mp3/mp4/iPod
• 12% pelos
canais de áudio da TV a cab
o/parabólica
• 3% pela internet via celular
• 82% visitam sites das
emissoras
Audição junto com outras
atividades e mídias
• 79% ouvem em casa
•
64% enquanto dirige
automóvel
• 45% durante o trabalho, 26%
enquanto caminha
• 25% fazendo exercícios
Jovens centralidade consumo internet
com mídias tradicionais
Pesquisa realizada pela FAC com 350 estudantes da UnB em 2010
2. Crescimento da Internet e da banda larga
• Aumentou 264% o número de domicílios brasileiros com
computador de 2005 a 2011.
• Cresceu em 292% o número de domícilios com acesso à
Internet.
• Paralelamente caiu em 12% o número de casas com
aparelho de rádio em seis anos
• 68% dos domicilios com computador utilizam banda larga
• Na classe C, 28% dos domicílios tem um notebook (Data
Popular)
Evolução em % de domicílios com equipamentos de TIC
Fonte: TIC Domicílios, Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto Br (NIC.br - CGI)
2. Crescimento da Internet e da banda larga
• A audição de rádio em tempo real pela Internet ainda
não se firmou como hábito em 2011
• 36% dos usuários ouvem rádio
• 21% vêem TV
• 51% baixam músicas
• 33% baixam filmes
Fonte: TIC Domicílios - Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto Br (NIC.br)
3. Interface do rádio com a Internet
•
•
•
•
Pesquisa Observatório e Arpub com 52 emissoras públicas
74% possuem site
47% deles entraram em operação há mais de cinco anos.
Como são utilizados:
– espaço de interação com o ouvinte (55%)
– forma alternativa de transmissão de programação ao vivo
(86%)
– meio para disponibilizar programas em arquivos podcast
(7%)
Uso pouco eficiente do site
• Estudo realizado pela Lumens Consultoria a pedido do GPR
identificou vários problemas de usabilidade (2011):
– baixo contraste de cor - fundo escuro e letras praticamente ilegíveis
– apresentação de novas ferramentas sem explicar como funcionam
– menu apagado sem contraste
– excesso de rolagem para se alcançar a informação desejada
– falta de mensagens estimulando a participação da audiência no canal
destinado a essa finalidade
– excesso de janelas de navegação.
Moral da história: não adianta transpor para o mundo digital a
lógica do analógico. É préciso entender o novo ambiente, explorar
suas potencialidades para atrair a audiência.
4. Avanço das redes sociais
• 43 milhões de brasileiros ativos na rede social.
• Os brasileiros correspondem a pouco mais de 23% dos
membros da rede.
• O crescimento dessa presença é exponecial. De janeiro a abril
de 2012 houve um aumento de 22% no número de brasileiros
na rede social – enquanto, entre os indianos, o crescimento
foi de apenas 5%
– local de ressonância da mídia tradicional, incluindo o rádio
– Envolve construção de aplicativos
5. Comunicação móvel: novo espaço da mídia
• 34.722.000 pessoas possuem celular com rádio.
• Deste total, quase a metade ouve rádio pelo celular (Ibope
Media 2012)
Fonte: Ibope Media
6. Audiência em declínio
Fonte: Ibope Media
7. Entrada de novos competidores
Fonte: Anatel e Ministério das Comunicações
7. Entrada de novos competidores
7. Entrada de novos competidores
Um novo ambiente para o rádio
8. Necessidade de reinvenção da linguagem
• Otimizar interface com Internet e dispositivos móveis
• Oferta de serviços complementares ou de valor agregado a
mensagem do rádio
• Estar mais próximo da condição de provedor de conteúdo
• Naturalizar a locução, superar o formalismo
• Escrita mais próxima da fala do cotidiano
• Ser capaz de surpreender o ouvinte com formatos e temas
• Formas criativas de empacotar o conteúdo
• Tendência à especialização de conteúdo em detrimento da rádio
generalista.
9. Agravamento da crise do AM
• Baixa qualidade do sinal
• Dificuldade de renovação da audiência e da programação.
• Queda acentuada da audiência em relação ao FM
• Baixo índice de renovação do quadro de profissionais
10. Digitalização incerta
• Digitalização da transmissão ainda é incerta e não
homogenea entre diferentes continentes
• Boa parte do problema está nos formatos disponíveis cujas
características técnicas confrontam com crescente evolução
da convergência tecnológica
• A digitalização é a única solução inovadora capaz de elevar
a qualidade e o alcance das transmissões de rádio
• Sem o digital, o rádio perde a oportunidade de promover
algum tipo de interatividade a partir do próprio aparelho
receptor, algo que é hoje realizado com apoio de outros
canais e suporte, como telefone, e-mail e SMS.
Considerações finais
• O acesso multiplataforma e a mobilidade são fundamentais
para manter e fidelizar do ouvinte.
• Rádios públicas precisam constituir um espaço de
credibilidade e confiabilidade e desempenhar um papel de
ponte em meio à fragmentação da mídia.
• Precisam utilizar as novas tecnologias para aumentar a
acessibilidade dos seus serviços e para oferecer novas
opções de consumo.
• Há necessidade de oferecer serviços de mídia interativos e
sob demanda em todas as plataformas disponíveis, de
modo a alcançar todos os públicos e, em particular, os
jovens.
“O passado foi embora naquela direção. Quando
confrontados com uma situação inteiramente
nova, tendemos a ligar-nos aos objetos, ao sabor
do passado mais recente. Olhamos o presente
através de um espelho retrovisor. Caminhamos de
costas em direção ao futuro. Os subúrbios vivem
imaginariamente na terra de Bonanza.”
Marshall McLuhan
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professora doutora Nelia Del Bianco