Jornal da Globo Sexta-feira, 02 de março de 2007 www.avozdocidadao.com.br Cabe aos cidadãos mais conscientes refletir sobre a cobertura dos telejornais, e não apenas sobre as notícias em si. E questionar se as reportagens reconhecem as funções essenciais do Estado e da administração pública, quando diluem as responsabilidades pela violência social e a violação legal para toda a sociedade. Como sempre dizemos, se a culpa é de todos, não é de ninguém na perspectiva da cultura de impunidade em que nos atolamos. www.avozdocidadao.com.br E questionar também se cobrem o judiciário na mesma medida em que cobrem o executivo e o legislativo. Se cobrem as penas na mesma medida da cobertura das denúncias de toda sorte de delitos e crimes. Pois, numa única edição, o telejornal de maior audiência da televisão brasileira, cobra ampla assistência do Estado a toda sorte de direitos e demandas sociais da população, um Estado que se revela ineficiente em suprir nutrição de populações indígenas, remédios grátis para doentes crônicos em postos de saúde, equipamentos de ambulatórios de hospitais e escolas abandonadas. www.avozdocidadao.com.br Não estaria na verdade a matéria pressupondo a força e a onipotência do Leviatã, comprometendo o equilíbrio dos poderes, desmobilizando a cidadania e atentando contra valores universais do Estado de Direito, solapando os itens da missão institucional e da liberdade de expressão da própria marca da empresa de mídia que o produz? www.avozdocidadao.com.br A questão que se coloca urgente para a cultura política da cidadania brasileira é saber se a mídia veicula efetivamente conteúdos de interesse de uma cidadania autônoma e emancipada do providencialismo estatal ou se, na verdade, acaba fazendo o jogo dos interesses dos políticos e das corporações burocrático-estatais. Urge a iniciativa de monitoramento não apenas dos conteúdos veiculados, mas de seu sentido simbólico e do interesse da própria marca da empresa de mídia enquanto aliada dos cidadãos que lhe garante a sua audiência e independência econômica. www.avozdocidadao.com.br Para que não venhamos a abrir uma brecha sequer para que a porta da liberdade de expressão não venha a ser arrombada pela tentação de controle estatal. Para que não tenhamos dúvidas quanto ao modelo de apropriação simbólica da marca da empresa de mídia pelos seus próprios acionistas e o público que lhe dá audiência e independência. Jorge Maranhão www.avozdocidadao.com.br