REVISTA MULTIDISCIPLINAR DA UNIESP 193 AS TRANSFORMAÇÕES NO FORMATO DE PROGRAMAÇÃO INFANTIL: UMA ANÁLISE DOS PROGRAMAS “XOU DA XUXA E TV GLOBINHO”1 SILVA, Jonathan Henrique da Conceição2 GONÇALVES, Julio César3 O presente trabalho é resultado de pesquisa para conclusão de curso de graduação em Comunicação Social com Habilitação em Jornalismo, da Faculdade de Presidente Prudente (FAPEPE) – no ano de 2010. A monografia recebeu o título de As transformações no formato de programação infantil: uma análise dos programas “Xou da Xuxa e TV Globinho”, tendo por objetivo analisar as mudanças no formato da programação infantil da rede Globo de Televisão, com foco específico nos programas citados no título da mesma. O autor organizou sua obra em três capítulos, nos quais discorre sobre 1. O que é IBOPE – abordando sobre o órgão responsável por medir a audiência dos programas televisivos; 2. A relação criança e TV, e; 3. Metodologia – apresenta a metodologia da pesquisa e a análise dos dados. Silva discute sobre a função e a importância do Instituto Brasileiro de Opinião Pública (IBOPE), em atividade no Brasil desde 1942, cuja função é fornecer dados e fomentar pesquisas relacionadas às mídias nacionais, intenções de voto, tendências ao consumo, marca e mercado, bem como opinião pública. As pesquisas realizadas pelo IBOPE são feitas por sistemas de amostragem representativas da população analisada, contando com dados do censo (IBGE), e de um Levantamento Socioeconômico (LSE) realizado pelo próprio IBOPE. Compõem o quadro de interesses das pesquisas de audiência do IBOPE, não apenas a televisão, como geralmente é pensado pelo senso comum, mas também os jornais impressos, o rádio, a internet e as revistas. No que concerne à TV, o Instituto alcança cerca de 3500 residências monitorando a audiência dos canais assistidos por seus moradores. Os resultados divulgados pelo Instituto, ajuda grandes redes de comunicação a descobrir o seu público alvo, perfil dos SABER ACADÊMICO - n º 11 - Jun. 2011/ ISSN 1980-5950 REVISTA MULTIDISCIPLINAR DA UNIESP 194 telespectadores, o tempo médio que o telespectador passa em frente à televisão, o índice de afinidade e a audiência de um determinado programa, e com isso, podem realizar prospecções e projetos de marketing mais direcionados. A medição da audiência na televisão é feita através de um pequeno aparelho que leva o nome de Peoplemeter, uma caixa do tamanho de um decodificador de TV a cabo e que funciona ao ligar o aparelho de televisão. Cada morador da casa, ao ligar seu aparelho televisor, se identifica com uma senha (através das teclas do controle remoto) que é passada para o IBOPE, a partir daí, o pequeno espião começa a registrar todas as operações que este indivíduo realizar diante do aparelho eletrônico. O que determina a permanência de um programa de TV no ar é a sua audiência. A relação entre audiência e anunciante é enorme, afinal são os grandes anúncios que trazem dinheiro para um veículo de comunicação (a TV e o rádio faturam com os comercias e merchandising, os sites da Internet vendem seus espaços). Quanto maior a exposição de um programa, maior será o valor do merchandising. Silva apresenta dados fornecidos pela TV Fronteira (Emissora de TV filiada a Rede Globo de televisão, sediada em Presidente Prudente, no Estado de São Paulo), na qual uma inserção comercial de 30 segundos, sendo na abertura e encerramento de um programa pode custar entre R$8.354,00 a R$56.602,00, variando de acordo com o programa e horário em que se vai veicular o anuncio. Outro ponto discutido por Silva é a inserção da televisão na rotina diária da criança, vista como uma oportunidade de distração enquanto os pais estão fora a trabalho. Portanto, Silva levanta a hipóteses de que a correria do dia-a-dia, fez com que as crianças buscassem na TV algo que elas não têm em casa; a ausência dos pais é compensada pelo aparelho de TV que está sempre à disposição. A partir de então, é traçado um perfil histórico dos principais programas dedicados ao público infantil, de 1955 aos dias atuais. Clube do Guri, Teatrinho Trol, Clube do Capitão Aza, Capitão Furacão, Vila Sésamo e Sitio do Pica Pau Amarelo são programas citados na monografia. Silva vale-se de imagens que bem ilustram a riqueza dos cenários e personagens que compunham a programação infantil desde então. Quanto à análise dos dados obtidos por meio de investigação em registros disponiveis SABER ACADÊMICO - n º 11 - Jun. 2011/ ISSN 1980-5950 REVISTA MULTIDISCIPLINAR DA UNIESP 195 num acervo do próprio autor da pesquisa, bem como de material colhido via internet, Silva optou por realizar um estudo de caso comparativo. A fim de adequar o objetivo da pesquisa, (verificar a formatação dos programas em questão), Silva define eixos temáticos sobre os quais realiza sua análise, a saber: a) apresentadores; b) cenários e, c) atrações e audiência. Segue a análise, de modo que Jonathan Henrique Silva pode concluir que, dentre os diversos fatores que ajudaram nas transformações de formato de programação infantil, destaca-se a mudança do próprio público. Nos décadas de 80 e 90 o programa de Xuxa era totalmente infantil, enquanto a TV Globinho é classificada como programa infanto-juvenil, ou seja, além das crianças a idéia é atrair também a atenção dos pré-adolescentes e dos adolescentes. Desse modo, a pesquisa sugere que o principal fator que interferiu no formato de programação infantil, foi a dificuldade de prender a atenção de telespectadores de faixa etária heterogênea, diante de uma atração exclusivamente infantil. Ao analisar a audiência dos programas, revela-se que a emissora Globo apesar de realizar transformações no formato do programa infantil exibido atualmente, não alcança com este os mesmos índices de audiência alcançado pelo programa Xou da Xuxa, devido o contexto sócio-histórico vivenciado pelas crianças. 1 Síntese de trabalho monográfico apresentado ao curso de Comunicação Social como requisito para a obtenção de título de bacharel em Jornalismo pela FAPEPE. 2 Bacharel em Comunicação Social – Jornalismo, pela Faculdade de Presidente Prudente – UNIESP. 3 Professor orientador. Mestrando em Educação e Especialista em Tecnologias de Informação e Comunicação, ambos pela FCT/UNESP – Presidente Prudente. Síntese recebida em 20 de abril de 2011. Aprovado em 20 de junho de 2011. SABER ACADÊMICO - n º 11 - Jun. 2011/ ISSN 1980-5950