Controle Integrado da
Verminose em Caprinos
e Ovinos
Eduardo Luiz de Oliveira
Embrapa Caprinos e Ovinos
Reflexão : Controle da verminose
Relação parasito-hospedeiro
Coevolução: seleção natural, adaptações, equilíbrio.
Parasitismo não é sinônimo de doença (verminose)
O uso de vermífugos sem orientação técnica acelera a
resistência do parasito ao grupo químico do vermífugo
Critério de vermifugação em caprinos e ovinos utilizados por 169
produtores* de 28 municípios de quatro microrregiões, que compõem as
principais bacias leiteiras da Mesorregião do Agreste, Estado de
Pernambuco.
Número de vermifugações/ano
%
Grupos químicos/ano
%
01
13%
01
37%
02
52%
02
37%
03
21%
03
17%
04
11%
04
6%
*164 produtores (97%) usa anti-helmíntico e em 71% dos casos a recomendação de qual antihelmíntico usar é feita pelo próprio produtor.
* A Ivermectina era utilizada por 37% dos produtores.
Fonte: Pompeu & Padilha (1999)
O uso de vermífugos sem orientação técnica acelera a
resistência do parasito ao grupo químico do vermífugo
Distribuição da frequência segundo o intervalo entre as medicações antihelmínticas em 200 propriedades caprinas de corte no Estado de Minas
Gerais, Brasil.
Variável
Usa tratamento antihelmíntico
Fonte: Guimarães et al., (2010) adaptada
Estrato
Rebanhos caprinos de corte
N
%
Sim
166
83,0
Não
29
14,5
Não informado
5
2,5
Total
200
100,0
1-2 meses
81
48,8
2,1-4 meses
53
31,9
> 4,1 meses
4
2,4
Quando precisa
11
6,6
Não informado
17
10,2
Total
166
100,0
O uso de vermífugos sem orientação técnica acelera a
resistência do parasito ao grupo químico do vermífugo
Resistência anti-helmintica
• Fenômeno pelo qual uma droga não consegue manter a mesma
eficácia contra os parasitos, se utilizada nas mesmas condições,
após um determinado período de tempo (MOLENTO, 2007).
Nematódeos do intestino delgado
• Trichostrongylus colubriformis
• Strongyloides papillosus
• Cooperia pectinata
• Cooperia curticei
• Cooperia punctata
• Nematodirus spathiger
• Bunostomum trigonocephalum
Nematódeos do intestino grosso
• Oesophagostomum columbianum
• Oesophagostomum velunosum
• Oesophagostomum asperum
• Chabertia ovina
• Trichuris ovis
• Trichuris globulosa
• Skrjabinema sp.
Nematódeos do abomaso
• Haemonchus contortus
• Trichostrongylus axei
• Ostertagia circuncincta
• Ostertagia trifurcata
• Ostertagia ostertagi
• Ostertagia lyrata
Parasito mais freqüente (prevalência)
O que é verminose ?
• Tipo de parasitismo realizado por vermes no trato gastrointestinal
(rúmen, reticulo, abomaso e intestinos).
Qual o verme de maior impacto na criação de caprinos e ovinos
a pasto?
• Haemoncus contortus, causador da haemoncose ovina.
• Alta patogenicidade: se alimenta de sangue, causa espoliação e
anemia por hematofagia direta na mucosa do abomaso.
Sinais clínicos da verminose
Espécie presentes X Carga parasitária X Prevalência
• Papada
(Edema submandibular)
• Pelo grosso e sem brilho
• Perda de peso (magreza)
Sinais clínicos da verminose
Espécie presentes X Carga parasitária X Prevalência
• Diarreia
• Anemia (olho branco)
Alta morbidade (perdas na produção) e mortalidade até de 30%
Impactos da verminose na criação de caprinos e
ovinos a pasto
Causas de baixo desempenho de cordeiros
• Parasitismo clínico ou sub-clínico
• Baixo desempenho produtivo (crescimento ganho/peso/dia)
• Retardo no tempo de terminação
• Perda de peso corporal
• Alto custo de tratamento
• Alta taxa de morte e morbidade
• Prejuízos – R$$$$$$ bolso do produtor
Controle: Para atuar é preciso conhecer tudo sobre
a vida do parasito (verme)
Como o animal se infecta na pastagem?
• Ingerindo as larvas (L3) presente nas gotas d’água da folha do capim
Controle: É preciso conhecer
tudo sobre a vida do parasito
• Os animais se infectam ingerindo as
larvas L3 nas pastagens
• Os vermes são encontrados no
abomaso, intestino delgado e
intestino grosso
• Haemonchus contortus aderidos na
mucosa do abomaso realizando
hematofagia.
Controle: É preciso conhecer
tudo sobre a vida do parasito
Qual a importância dos diferentes tipos
de pastagens?
• Nativa ou caatinga ?
• Pastagem cultivada e
irrigada?
Qual tipo de pastagem facilita a
contaminação dos animais ?
Controle: Para atuar é preciso conhecer tudo sobre
a vida do parasito
Fase de Vida Livre: 95% da população de parasitos na pastagem
• Ovos ainda não desenvolvidos, ovos larvados, larvas L1, L2 e L3 infectante.
• Fatores que influenciam a sobrevivência/resistência de ovos e larvas L1, L2
e L3 infectante nas pastagens:
– Físicos - radiação solar (pasto baixo, solo bem drenado e seco), diminui
sobrevivência (resseca):
●
●
●
●
Condições Climáticas: depende da região do Brasil
Período de chuva (umidade): maior sobrevivência
Período de seca: menor sobrevivência
Temperatura (Cº): alta ou baixa menor sobrevivência
20 e 30º C maior sobrevivência
• Biológicos - Onthophagus gazella (besouro rola bostas)
Controle: Para atuar é preciso conhecer tudo sobre
a vida do parasito
O
desenvolvimento,
a
Ecologia
do bolo fecal e microclima
sobrevivência
das
pastagens e a dispersão no
ambiente das fases de vida
livre dos parasitas.
Fatores climáticos e ambientais que influenciam
a contaminação das pastagens, a infecção e a
reinfecção diária dos animais
As fezes contaminam
a pastagem
Ovino se infecta ingerindo
a L3 na folha do capim
A contaminação das pastagens influencia a
infecção e reinfecção diária dos animais
Haemonchus
2000
Trichostrongylus
1500
L3/kg M.S.
Raiz quadrada das contagens de OPG
2500
1000
500
0
Jan
Fev Mar
Abr
Mai
Jun
Jul
Ago Set
Out
Nov Dez
Número de larvas infectantes (L3) de Haemonchus spp. e Trichostrongylus spp. no capim (por Kg
de matéria seca) de piquete pastejado por ovinos em Botucatu- SP. Média de três anos.
Fonte: Amarante & Barbosa (1995)
Controle: Para atuar é preciso conhecer a interação
entre animal/parasito/manejo
Fase de vida parasitária: 5% da população de parasitos (vermes)
no hospedeiro (caprino e ovino)
• Fatores:
– Hospedeiro (capacidade desenvolver resposta imune);
–
Parasito (capacidade de desenvolver resistência anti-helmíntica
= grupos químicos);
–
Manejo dos animas (nascimento e desmame, superlotação,
introdução de novos animais no rebanho)
Controle: Para atuar é preciso conhecer a resposta
do ovino/caprino a ação do parasito
Capacidade de desenvolver resposta imune – grau de
resistência à ação do parasito
• Queda da ovopostura
• Eliminação de adultos
• Resistência a reinfecção
• Desenvolvimento de hipobiose
Medidas de controle tradicional
• Tratamento curativo: vermifugação de animais com sinais clínicos de
verminose.
• Supressivo: vermifugar em curto período de tempo
• Tático: compra de animais, mudança de pastagens....
• Estratégico: depende do conhecimento da epidemiologia dos parasitos,
das interações com os hospedeiros no ambiente e sistema produtivo.
Esquema de vermifugação estratégica
recomendado pela Embrapa Caprinos e Ovinos
Esquema de vermifugação estratégica
recomendado pela Embrapa Caprinos e Ovinos
Controle integrado da verminose
Atacar a doença de diferentes formas e
reduzir ao máximo o uso de vermífugos
1) Escolher corretamente o grupo
químico do vermífugo;
2) Implantar na propriedade o método
FAMACHA e o descarte orientado dos
animais que receberam 8 ou mais
doses de vermífugo no período de 6
meses;
3) Adotar as práticas de redução da
contaminação das pastagens.
Controle integrado da verminose
1ª DECISÃO: escolher
corretamente o grupo químico
do vermífugo utilizado no
rebanho
Controle integrado da verminose
2ª DECISÃO: Implantar a rotina de aplicação do método FAMACHA no
rebanho da fazenda.
• Frequência de aplicação do cartão FAMACHA:
–
Pastagem nativa ou caatinga
●
Período seco a cada 30 dias;
●
Período de chuva a cada 15 dias;
–
Pastagem cultivada e irrigada
●
Toda semana, com aplicação de outra dose do vermífugo
somente após 15 dias;
Controle integrado da verminose
Como realizar a aplicação do método FAMACHA e a vermifugação dos animais?
Meta do Produtor: descarte de animais que
receberam 8 ou mais doses em 6 meses
Meta do Produtor: descarte de animais que
receberam 8 ou mais doses em 6 meses
PASTAGEM NATIVA/CAATINGA
PERÍODO CHUVOSO
PERÍODO SECO
Meta do Produtor: descarte de animais que
receberam 8 ou mais doses em 6 meses
Controle integrado da verminose
Oriente o uso de vermifugação tática:
• Vermifugue emergencialmente os animais que apresentam sinais
visíveis da verminose (emagrecimento, anemia, papeira, diarreia,
queda na produção de carne ou leite);
• Vermifugue os animais de compra antes de incorporá-los no
rebanho;
• Vermifugue as fêmeas gestantes 15 dias antes do parto;
• Vermifugue as fêmeas 15 dias antes da estação de monta, evitando
vermifuga-las no terço inicial da prenhez (primeiros 45 dias) para
evitar problemas com a cria.
Controle integrado da verminose
Adote as práticas de redução da contaminação
das pastagens
• Cabritos e borregos devem entrar na aplicação do método FAMACHA
na terceira semana de pastejo;
• Evite a superlotação de animais nas pastagens;
• Faça a limpeza regular das instalações, coloque o esterco nas
esterqueiras por um período mínimo de 60 dias (fermentação) antes
de aplicar nas pastagens;
• Realize o pastoreio com animais resistentes (adultos), e dê
preferência ao confinamento de animais jovens (sensíveis);
Controle integrado da verminose
Adote as práticas de redução da contaminação
das pastagens
• Utilize o descanso de pastagens, ou alterne com culturas, pastejo de
restolhos ou palhadas;
• Mantenha cochos de água e alimentos sempre limpos e colocados fora
das baias;
• Forneça ração para disponibilizar proteína (creep-feeding – 1%
peso/vivo ) a borregos, borregas, cabritos e cabritas até a desmama
(categoria mais sensível a verminose);
• Forneça ração para disponibilizar proteína a cabras e ovelhas em
gestação e com crias ao pé (categoria mais sensível a verminose);
Controle integrado da verminose
Adote as práticas de redução da contaminação
das pastagens
• Na formação de pastagens cultivadas, de preferência ao capim que possa
ser pastejado com altura superior a 15 cm, pois a maioria das larvas de
vermes se encontra até 5 cm do solo;
• Alterne o pastejo dos animais em áreas de caatinga e capim cultivado;
• Reserve para feno ou silagem o capim oriundo dos piquetes mais
contaminados;
Controle integrado da verminose
Adote as práticas de redução da contaminação
das pastagens
• Separe os animais jovens dos adultos, tanto na baia como no piquete.
Animais jovens pastejam sempre antes dos adultos;
• Use o pastoreio misto ou alternado com espécies animais diferentes:
utilizar outras espécies no mesmo pasto faz com que os vermes de
ovinos e caprinos sejam reduzidos ao serem ingeridos por esses animais
(Ex: ovinos e bovinos no mesmo pasto).
Controle integrado da verminose
Controle integrado da verminose
Nematódeos gastrintestinais recuperados de ovinos traçadores em áreas de
pastagem nativa com diferentes taxas de lotação no ano de 1989.
Nematódeos
H. contortus
T. colubriformis
S. papillosus
C. curticei
Cooperia sp.
O. columbianum
T. globulosa
Trichuris sp.
Total
Taxa de lotação
0.4ha/an
0.6ha/an
0.8ha/an
2.009
2.126
612
24
18
05
40
28
36
02
02
80
147
24
02
02
02
02
2.161
2.321
679
Controle integrado da verminose
Média geométrica dos nematódeos encontrados em grupos de dez cordeiros
abatidos 30 dias após a introdução em piquetes expostos a diferentes períodos
em pastejo alternado com bovinos.
aH
●
Pastejo alternado por 6 semanas
Testemunhab
Significânciac
Espécies de Nematódeos
H
T
C
TOTAL
179
365
0
544
6289
5947
0
12236
* *
**
***
Pastejo alternado por 12 semanas
Testemunha
Significância
100
1340
* *
342
7327
*
0
0
Pastejo alternado por 24 semanas
Testemunhas
Significância
1
2378
**
101
5727
**
19
0
*
*
*
*
*
**
*
442
8667
**
*
*
121
8105
*
**
- Haemoncus contortus; T = Trichostrongylus colubriformis; C = Cooperia oncophora.
C *** P 0,001; ** P 0,01
Fonte: Southocott & Barger, 1975.
●
Controle integrado da verminose
Reflexão:
O controle se torna mais eficiente quando várias
dessas medidas são utilizadas de maneira integrada.
Muito obrigado
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(88) 3112 7445 | 3112 7476
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