Pecnordeste – Fortaleza, 08 de Maio de 2014
ATUALIZAÇÃO NO CONTROLE DE
VERMINOSE DE PEQUENOS
RUMINANTES
Marcel Teixeira
Pesquisador Embrapa Caprinos e Ovinos
Objetivos
1. Revisar o problema da verminose
2. Motivos para as falhas no controle
3. Métodos de controle atuais
VERMINOSE EM CAPRINOS E OVINOS
1. Principal problema sanitário NE
2. Atinge todas os animais a campo
3. Importância econômica:
Consumo de alimentos
Digestão e absorção
Eficiência reprodutiva
Produtividade
Gastos com tratamentos
Gastos com manejo
Mortalidade:
Peq. ruminantes - 30%
Bovinos – 5%
Resíduos
Enquete: Qual problema sanitário afeta
seu rebanho?
Fonte: Farmpoint
Eu tenho problemas
com verminose?
Por quê não consigo
controlar?
Primeiro passo
Entender os vermes!
VERMES MAIS COMUNS E SUA LOCALIZAÇÃO
> 80%
ESPÉCIES
Haemonchus contortus
Trichotrongylus axei
T. colubriformis
Strongyloides papillosus
Cooperia punctata
C. pectinata
Oesophagostomum columbianum
Skrjabinema sp.
Trichuris globulosa
Fonte: Vieira et al., 1997; Arosemena, 1998.
LOCALIZAÇÃO
Abomaso
Abomaso
Intestino delgado
Intestino delgado
Intestino delgado
Intestino delgado
Intestino grosso
Intestino grosso
Intestino grosso
DESENVOLVIMENTO DOS VERMES
21 dias
2-3 dias
2-4 dias
DIAGNÓSTICO DE VERMINOSE
• Histórico do rebanho
• Sintomatologia clínica
• Índices de produtividade
• Exames laboratoriais: OPG, coprocultura,
hematócrito
• Necrópsia
SINAIS DE VERMINOSE
• Diarréia
• Desidratação
• Perda de peso
SINAIS DE VERMINOSE
Anemia
SINAIS DE VERMINOSE
Papada (edema)
FATORES QUE CONTRIBUEM PARA O AUMENTO
DAS HELMINTOSES GASTRINTESTINAIS
1. Clima
Região Sudeste e Centro-Oeste
 Verões chuvosos
 Invernos secos
umidade
Região Sul
 Chuvas bem distribuídas
 Invernos rigorosos
temperatura
Região Nordeste
 Chuvas bem distribuídas
 Invernos rigorosos
umidade
14
FATORES QUE CONTRIBUEM PARA O AUMENTO
DAS HELMINTOSES GASTRINTESTINAIS
Clima no Centro-Oeste
(Bianchin e Melo, 2001)
FATORES QUE CONTRIBUEM PARA O AUMENTO
DAS HELMINTOSES GASTRINTESTINAIS
2. Pastagens: 90% da população de helmintos
Brachiaria spp - década 60
maior produtividade
ideal para solos pobres em P
suporta alta densidade animal
crescimento estolonífero
microclima ideal
FATORES QUE CONTRIBUEM PARA O AUMENTO
DAS HELMINTOSES GASTRINTESTINAIS
2. Pastagens
Caatinga
17
FATORES QUE CONTRIBUEM PARA O AUMENTO
DAS HELMINTOSES GASTRINTESTINAIS
2. Pastagens
• Lotação: > animais, > contaminação
• A maioria das larvas se encontram até 5 cm do
solo
• Sobrevivência das larvas
 Estação seca e pasto com 33 cm (Amarante e
Barbosa, 1996): 77 dias no interior do bolo
fecal; 112 semanas na pastagem
18
FATORES QUE CONTRIBUEM PARA O AUMENTO
DAS HELMINTOSES GASTRINTESTINAIS
3. Animais
• Nutrição: afeta a imunidade
• Gestação: reduz a imunidade
• Idade: jovens são mais susceptíveis
• Genética: Racial e Individual
FATORES QUE CONTRIBUEM PARA O AUMENTO
DAS HELMINTOSES GASTRINTESTINAIS
4. Parasitos
• Espécies
• Uso indiscriminado dos
medicamentos
Resistência
parasitária
FATORES QUE CONTRIBUEM PARA O
AUMENTO DE VERMINOSE
Mercado Veterinário
102,4%
Fonte:
SINDAM,
2011
Ano
R$
US$
2009
2.824.683.689,00 1.413.720.221,00
2008
2.679.526.333,00 1.460.550.710,00
2007
2.409.368.417,00 1.236.905.599,00
2006
2.261.097.181,00 1.038.963.921,00
2005
2.166.843.322,00
889.800.970,00
2004
2.019.740.384,00
690.273.542,00
Mercado Veterinário
Caprinos e
ovinos (IBGE)
11,23% =
R$ 58,5
milhões
Classe Terapêutica
34%
ANTIMICROBIANOS
633.417.717,00
ANTIPARASITÁRIOS
960.983.211,00
BIOLÓGICOS
825.734.942,00
OUTROS
404.547.819,00
Espécie
55%
Fonte: SINDAN, 2011
R$
RUMINANTES
R$
1.564.344.045,00
SUÍNOS
431.223.365,00
AVES
401.921.842,00
PETS
292.633.855,00
EQUINOS
77.848.383,00
OUTROS
56.712.199,00
MERCADO VETERINÁRIO
68,7%
Fonte: http://www.sindan.org.br/sd/base.aspx?controle=8
A que pontos chegamos...
Brasil: “1° mercado de produtos
veterinários do mundo”
“Controle sem anti-helmínticos
inimaginável”
De quem é a culpa?
Como resolver?
PRINCIPAIS OBJETIVOS DO CONTROLE
PARASITÁRIO ATUAL NO MUNDO
Usar várias estratégias
Manter baixa a carga parasitária
Manter o desempenho produtivo
Retardar resistência dos helmintos
Sustentablidade
REDUZINDO A CONTAMINAÇÃO
①Evitar superlotação
②Manter a higiene das instalações
③Usar esterqueira
④Vermifugar animais novos ao rebanho
⑤Fazer descarte orientado
⑥Manejar o rebanho em lotes por faixa
etária: adultos pastejam antes dos jovens
REDUZINDO A CONTAMINAÇÃO
 Animais
1.
2.
3.
4.
Jovens
Desmame precoce (45 a 60 dias)
Evitar que acompanhem suas mães no pasto
Fêmeas saem pela manhã e recolhidas a
tarde, cordeiros continuam confinados
Período de amamentação entre o final da
tarde e a manhã do dia seguinte é suficiente
(COSTA et al., 2003)
5.
Fornecer alimentação diferenciada (creepfeeding)
REDUZINDO A CONTAMINAÇÃO
①Escolher capim que possa ser utilizado em
pastejo alto (> 15 cm)
②Alternar o pastejo com plantas nativas (Ex:
Caatinga)
③Reservar para feno ou silagem o capim oriundo
dos piquetes mais contaminados
④Pastejo alternado com espécies diferentes (Ex:
bovino X ovino)
PASTEJO ROTACIONADO E ALTERNADO
USO RACIONAL DOS MEDICAMENTOS
TRATAMENTO EMERGENCIAL
TRATAMENTO TÁTICO
 animal com sintomas
modificações climáticas
clínicos
introdução de raças
 já houveram perdas
econômicas
 10% do rebanho
susceptíveis
Parição
Estação de monta
30
TRATAMENTO ESTRATÉGICO
Fonte: Costa e Vieira, 1984
TRATAMENTO SELETIVO
 Monitorar clinicamente os animais
 Manutenção de vermes susceptíveis
(refugia)
 Melhorar a eficácia dos anti-helmínticos
 Retarda o aparecimento de resistência
 Seleção dos animais mais resistentes
 Redução dos custos com medicação
Métodos mais comuns: OPG, FAMACHA
32
Método FAMACHA Van Wyk (1997)
Objetivo
Identificar clinicamente animais que
apresentem diferentes graus de anemia,
frente à infecção por Haemonchus contortus,
possibilitando o tratamento sem recorrer a
exames laboratoriais
Princípio: Cor da mucosa X anemia
33
Cartão FAMACHA 1999
Cartão FAMACHA 2005: multilíngüe
em tamanho reduzido
Método FAMACHA: exame da mucosa ocular
CATEGORIA
HEMATÓCRITO
TRATAMENTO
1
30
Não
2
25
Não
3
20
Sim
4
15
Sim
5
10
Sim
36
Método FAMACHA: exame da mucosa ocular
37
Método FAMACHA: exame da mucosa ocular
A
B
Avaliação correta (A) e incorreta (B) da conjuntiva em
ovinos e caprinos. A seta indica o local ideal para
observação (Molento, 2006)
Método FAMACHA: Por que usar?
 Barato e de fácil aplicação
 Redução de até 79% de medicação
 Redução de resíduos de drogas (carne
e leite)
Permite a seleção dos resistentes
 Limitações: demanda estrutura,
específico para Haemonchus, problemas
oculares, grandes rebanhos
Controle tradicional
Animais com sinais
clínicos aparentes
Método FAMACHA
Animais com sinais
clínicos aparentes
Tratamento
seletivo de
um grupo de
animais
Tratamento
de todo o
rebanho
Fonte: Molento (2006)
Grupo de animais não tratados
DADOS DO FAMACHA NO BRASIL
• PR: < 75,6% dos tratamentos em 6 meses, sem
mortes (Molento et al., 2003)
• RS: < 90,5% dos tratamentos em 1 ano
(Molento, 2004)
• CE: < custo/animal e retardo no aparecimento
de resistência (Reis, 2004); < 50% dos
tratamentos já na primeira (Vieira, 2006)
INTERVALO PARA REALIZAÇÃO DO FAMACHA
Região semi-árida
Período seco: a cada 30 dias
Período chuvoso: a cada 15 dias
Pastagem cultivada: a cada 7 dias
Importante: Descartar animais que
necessitam de mais de um tratamento
COMO ADQUIRIR O CARTÃO FAMACHA?
Professor: Marcelo Beltrão Molento
Universidade Federal do Paraná
Telefone: (41) 3350-5618
E-mail: [email protected]
Professora Cristina Sotomaior
PUC-PR
Telefone: (41) 3299-4314
CUIDADOS AO USAR OS VERMÍFUGOS
 Administrar a dose correta (pesar animais)
 Seguir as recomendações do fabricante
 Observar o período de carência
 Reduzir a freqüência das vermifugações
 Fazer baixa rotação de grupos químicos
 Não utilizar > 1 grupo químico/ano
 CUIDADO: caprinos não são ovinos
GRUPOS QUÍMICOS DOS VERMÍFUGOS
GRUPO QUÍMICO
PRINCÍPIOS
ATIVOS
IMIDATIAZÓIS
Levamisol
Tetramisol
PIRIMIDINAS
Pamoato de
pirantel
SALICILANILIDAS
Closantel
Niclosamida
ORGANOFOSFORADOS Triclorfon
BENZIMIDAZÓIS
Albendazol
mebendazol
oxfendazol
febendazol
PRÓ-BENZIMIDAZÓIS
Netobimin
LACTONAS
MACROCÍCLICAS
SUBSTITUTOS
NITROFENÓLICOS
MECANISMO DE
ELIMINAÇÃO
Paralisia espástica
Nematóides gastrintestinais
Paraslisia espástica
Nematóides e cestóides gastrintestinais
Não esclarecido
Nematóides (closantel)
Cestóides (niclosamida)
Nematóides gastrintestinais
Nematóides gastrintestinais, pulmonares,
cestóides e trematódeos
Paralisia espástica
Morte de todas as
fases do parasita
Morte de todas as
fases do parasita
Paralisia flácida
Ivermectina
Moxidectina
Doramectina
Abamectina
Eprinomectina
Disofenol
Não esclarecido
Nitroxinil
ESPECTRO E AÇÃO
Nematóides gastrintestinais, pulmonares,
cestóides e trematódeos
Nematódeos gastrintestinais,
pulmonares e ectoparasitas
Nematódeos gastrintestinais e
pulmonares
Fonte: Molento (2004)
MÉTODOS ALTERNATIVOS
1. Seleção de animais resistentes
Raças resistentes
Indivíduos resistentes dentro de Raças
Métodos de Seleção: Famacha e OPG
MÉTODOS ALTERNATIVOS
1.
2.
3.
4.
5.
Seleção de animais resistentes
Suplementação nutricional
Homeopatia
Controle biológico
Fitoterapia
CONSIDERAÇÕES FINAIS
1. Verminose: um velho problema atual
2. Muitas oportunidades para o controle
3. Desafios
• Reduzir a resistência anti-helmíntica
• Desenvolver métodos eficazes e
sustentáveis
• Transferir tecnologia
Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária
Embrapa Caprinos e Ovinos
Estrada Sobral/Groaíras, km 04
Caixa Postal 145
CEP: 62010-970
Sobral-CE Telefone:
(88) 3112.7400
Obrigado!
Download

ATUALIZAÇÃO NO CONTROLE DE