ROMANTISMO – PROSA O romance apareceu como um novo gênero literário no início da era cristã, formado a partir da reunião de elementos extraídos tanto dos demais gêneros literários já convencionalizados quanto dos não-literários e dos subgêneros, como a biografia, o diálogo filosófico, o mimo e sátira. Ele traz para o primeiro plano as atribulações e inquietações que envolviam o homem na realização da sua vida privada: como comportarse diante da vida, das regras e das exigências sociais, como combinar com elas os impulsos vindos dos planos da necessidade de liberdade. O romance contribuiu para ampliar o público ledor, devido à participação mais efetiva do povo na , cultura, depois dos movimentos democráticos. Em segundo lugar, mencionemos a vocação histórica e sociológica do Romantismo, estimulando o interesse pelo comportamento humano, considerado em função do meio e das relações sociais. No período romântico, a imaginação e a observação de alguns ficcionistas ampliaram largamente a visão da terra e do homem brasileiro. O romance brasileiro inicia-se em 1843 com O filho do pescador, de Teixeira e Sousa, e A moreninha, de Joaquim Manuel de Macedo, no ano seguinte. Quanto à matéria, o romance brasileiro nasceu regionalista e de costumes: ou melhor, tendeu desde cedo para a descrição dos tipos humanos e formas de vida social nas cidades e nos campos. O romance histórico se enquadrou aqui nesta mesma orientação: o romance indianista procurou revelar um passado histórico e lendário para nossa civilização, a que os românticos desejavam, numa utopia retrospectiva, dar tanto quanto possível traços autóctones. Assim, pois, três graus na matéria romanesca, determinados pelo espaço em que se desenvolve a narrativa: cidade, campo, selva; ou por outra, vida urbana, vida rural, vida primitiva. Leitores do século XIX O número de pessoas Alfabetizadas no Brasil Era muito pequeno A leitura ocorria num ambiente doméstico em afazeres tipicamente femininos, e era feita em voz alta Os leitores visados por essa literatura sentimental eram, sobretudo, as mulheres AUTORES Joaquim Manoel de Macedo nasceu em 24 de junho de 1820 e faleceu em 11 de abril de 1882, no Rio de Janeiro, quase esquecido e na maior pobreza. Formou-se em Medicina em 1844, ano em que estreou na literatura com o famoso romance "A Moreninha" até hoje sucessivamente reeditado. Casou-se com a prima-irmã do poeta Álvares de Azevedo. CARACTERÍSTICAS LITERÁRIAS Teve o mérito de popularizar esse novo gênero entre os leitores, principalmente da classe média, além de contribuir para propagar de forma considerável a circulação dos folhetins, verdadeiros veículos literários do século XIX. Mais do que isso, a fidelidade com que o romancista descreve os ambientes e costumes serve como um verdadeiro documentário sobre a vida urbana na capital do Império. No entanto, Macedo pecou ao ter como único objetivo escrever seus romances para agradar a classe média brasileira, principal consumidora dos folhetins. Suas publicações seguem sempre a mesma fórmula empregada em A Moreninha, que o consagrou como um dos escritores mais lidos do Romantismo. Suas narrações e descrições, apesar de possuírem uma linguagem muitas vezes bem elaborada, perde em muito para o lirismo encontrado nas obras de José de Alencar. Suas personagens são sempre superficiais, com diálogos construídos numa linguagem simples. Não possuem uma penetração psicológica. O enredo sempre gira em torno dos mesmos temas: amores impossíveis, dúvidas e segredos, namoricos, festas, brincadeiras estudantis, entre outros. Tudo é recheado por um tom doméstico, onde todas as tramas sempre convergem para um final feliz. BIBLIOGRAFIA Sátiras políticas: A carteira do meu tio (1855) Memórias do sobrinho do meu tio (1867-1868) Dramas O cego (1845) Cobé (1849) Lusbela (1863) Poesia A nebulosa (1857) Romances A moreninha (1844) O moço loiro (1845) Os dois amores (1848) Rosa (1849) Vicentina (1853) O forasteiro (1855) Os romances da semana (1861) Rio do Quarto (1869) A luneta mágica (1869) As Vítimas-algozes (1869) As mulheres de mantilha (1870-1871). Comédias O fantasma branco (1856) O primo da Califórnia (1858) Luxo e vaidade (1860) A torre em concurso (1863) Cincinato quebra-louças (1873) Joaquim Manuel de Macedo (1820 - 1882) Jornalista, professor e o primeiro escritor popular brasileiro Marco na história da prosa romântica Trama leve e movimentada Publicou o romance a Moreninha (1844) Linguagem simples e coloquial Tipos humanos que circulavam pelo Rio de Janeiro José Martiniano de Alencar , advogado, jornalista, político, orador, romancista e teatrólogo, nasceu em Mecejana, CE, em 1º de maio de 1829, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 12 de dezembro de 1877. É o patrono da Cadeira nº 23, por escolha de Machado de Assis. ROMANCES URBANOS Cinco minutos (1860), A viuvinha (1860), Lucíola (1862), Diva (1864), A pata da gazela (1870), Sonhos d’ouro (1720), Senhora (1875), Encarnação (1877) Nessas obras, Alencar se dedica a traçar um painel da vida na Corte, ou seja, a cidade do Rio de Janeiro, sede da monarquia brasileira. Os enredos basicamente tratam de aventuras amorosas e procuram traçar os perfis das mulheres que os protagonizam. Nesse sentido, Alencar avança numa característica que se tornará importante ao gênero romance: a observação psicológica das personagens. Ao mesmo tempo, faz crítica de costumes sociais de sua época. ROMANCES INDIANISTAS O Guarani (1870), Iracema (1875), Ubirajara (1874) Afirmar a identidade brasileira, significava em primeiro lugar valorizar nossos traços autóctones, isto é, aqueles que aqui já existiam antes da chegada dos colonizadores. O índio é quem irá representar esse papel, de vez que ele é o homem da terra brasileira em estado puro. Assim, o índio assumirá o papel de herói de símbolo da raça. ROMANCES REGIONALISTAS. A literatura regionalista, intencionalmente ou não, traduz peculiaridades locais, expressando os traços do momento histórico e da realidade social; nela, o local é abordado com amplitude, podendo-se falar tanto de um regionalismo urbano quanto de um regionalismo rural. Em qualquer dos casos, o grande escritor regionalista é aquele que sabe nomear; que sabe o nome exato das árvores, flores, pássaros, rios e montanhas. Mas a região descrita ou aludida não é apenas um lugar fisicamente localizável no mapa do país. O mundo narrado não se localiza necessariamente em uma determinada região geograficamente reconhecível, supondo muito mais um compromisso entre referência geográfica e geografia ficcional. (Chiappini, p.9, 1995) O sertanejo torna-se então o símbolo do autêntico brasileiro, alheio às influências da Europa, abundantes na sociedade fluminense. É nesse sentido que ele irá protagonizar os romances de Bernardo Guimarães, Taunay e Franklin Távora, constituindo uma metamorfose do "bom selvagem" que o Peri (personagem central O Guarani) ou Ubirajara haviam personificado nos romances de Alencar anteriormente. Do que já se deduz que o sertanejo romântico também padece de uma idealização heróica que o afasta da realidade. Além disso, os romances regionalista são marcados por um "pequeno realismo", como afirma o estudioso Nelson Werneck Sodré, que está preocupado em retratar as minúcias do vestuário, da linguagem, dos costumes, das paisagens e em valorizar o caráter exótico e grandioso da natureza brasileira. Nesse pano de fundo, decorrem os enredos marcados por amores, aventuras e peripécias como mandava o figurino da literatura romântica. O maior mérito de Alencar, aqui, é o de ter inaugurado um caminho que se revelaria muito proveitoso para a literatura brasileira. Ao colocar o foco sobre as realidades regionais do Brasil - no Rio Grande do Sul, em "O Gaúcho” (1870); no interior de São Paulo, em "O Tronco de Ipê" (1871), no Nordeste em “ O Sertanejo” (1876), Alencar logo conquista seguidores, que também fariam literatura regionalista, como o Visconde de Taunay e Bernardo Guimarães, ainda no século XIX. ROMANCES HISTÓRICOS As Minas de prata (1865), Alfarrábios (1873), A guerra dos mascates (1873) O TEATRO ROMÂNTICO MARTINS PENA (1815-1848) VIDA: Nasceu no Rio de Janeiro, numa família sem posses. Órfão de pai, foi encaminhado pelos tutores à vida comercial. Ainda jovem freqüentou a Academia de Belas Artes, estudando desenho, arquitetura e música. Em 1838, teve sua primeira comédia (O juiz de paz na roça) encenada pela célebre companhia teatral de João Caetano. Neste mesmo ano ingressou no serviço diplomático, exercendo várias funções cargos até atingir a posição de adido. Enviado para Londres, em 1847, acabou contraindo tuberculose. Morreu no ano seguinte, em Lisboa quando retornava ao Brasil. Apesar de falecer com apenas 33 anos, Luís Carlos Martins Pena escreveu 20 comédias e seis dramas. OBRAS PRINCIPAIS: Comédias: O juiz de paz na roça (1842); Os três médicos (1845); O judas em sábado de aleluia (1846); O diletante (1846); Quem casa quer casa (1847); O noviço (1853); Os dois ou o inglês maquinista (1871). Dramas: Itaminda ou o guerreiro de Tupã (1839) No conjunto, as comédias são superficiais e ingênuas, os tipos humanos são esboçados de forma primária e as tramas pecam, às vezes, pela falta de coerência e verossimilhança. Mesmo assim, estas peças apresentam tal vivacidade nas situações e no registro dos costumes e tamanha espontaneidade nos diálogos que ainda hoje ainda podem ser lidas ou assistidas com prazer. TEMAS E SITUAÇÕES PRINCIPAIS Algumas comédias são sátiras aos costumes rurais, revelando os hábitos curiosos, a fala simples e a extrema candura que delimitam os seres da roça. Estes são criaturas broncas e rústicas, ainda mais quando comparadas aos homens da capital, requintados e espertos. Porém os caipiras têm, com freqüência, melhor índole que os tipos da Corte. Até os pequenos corruptos, como o juiz de O juiz de paz na roça, não deixam de possuir uma certa inocência simpática. Já as peças que focalizam a vida urbana efetivam, como observou Amália Costa, uma “leitura” irônica dos problemas da época: o casamento por interesse, a carestia, a exploração do sentimento religioso, a desonestidade dos comerciantes, a corrupção das autoridades públicas, o contrabando de escravos, a exploração do país por estrangeiros e o autoritarismo patriarcal, manifesto tanto na escolha de marido para as filhas quanto de profissão para os filhos.