FARMACOLOGIA Aula 3 Prof. Marcus Vinícius ANESTÉSICOS CLASSIFICAÇÃO: • GERAL • LOCAL Anestesia Geral Definições • ANESTESIA Depressão do SNC resultando em perda da percepção e resposta aos estímulos ambientais • ANALGESIA Percepção reduzida a um estímulo doloroso • SEDAÇÃO Anestesia sem perda total dos reflexos • ANESTESIA GERAL Característica básica perda de reflexos protetores (especialmente das vias aéreas) • Os anestésicos gerais causam perda da sensibilidade em todo o corpo através da interrupção de todos os impulsos sensoriais para o encéfalo, causando assim inconsciência. • Os anestésicos gerais são administrados mais comumente por inalação, embora alguns, como o pentotal sódico, sejam administrados por via intravenosa. Histórico • Ópio – usado com analgésico há milênios • Infusão endovenosa de ópio em animal – 1657 • Éter – sintetizado séc. 16. Usado como anestésico em 1842. • Primeira anestesia – 16 out. 1846 – Dr. William Morton – éter Mecanismos de Ação • Sistema GABA – canais de Cloro (principal sistema inibitório do SNC) - hipnóticos (barbitúricos, propofol, etomidato, benzodiazepínicos) • Receptores opióides • Indeterminado ?? • - anestésicos inalatórios !!! Componentes da Anestesia Geral • Hipnose - abolir a consciência • Analgesia - ausência de dor • Relaxamento Muscular - facilitar procedimento cirúrgico • Bloqueio dos Reflexos Autonômicos - hipertensão, taquicardia Anestésicos • INALATÓRIOS - administrados pelo sistema de ventilação do aparelho de anestesia. - absorção para corrente sanguínea através dos alvéolos, início dos efeitos pode demorar. • VENOSOS - administrados através de acesso venoso. - não necessitam absorção, efeito quase imediato. Anestésicos Inalatórios • Óxido Nitroso (N2O) - também conhecido como gás hilariante, sintetizado em 1773. - único anestésico inorgânico e no estado gasoso. • Halogenados - moléculas com átomos de flúor, cloro ou bromo. - estado líquido, necessitam vaporização. Óxido Nitroso • Anestésico pouco potente • Bom analgésico • Isoladamente não promove anestesia cirúrgica, necessita associação com outros fármacos • Usado em alta concentração (50% a 70% manter fração inspirada de O2 mínima de 30%) • Riscos: mistura hipóxica Halogenados • Agentes mais utilizados: halotano isoflurano (1965/1984) e sevoflurano. (1951/1956), • Considerados anestésicos “completos”, promovem analgesia, hipnose, relaxamento muscular e bloqueio de reflexos autonômicos. • Necessário equipamento especial para administração – Vaporizador . • Hipertermia maligna Halogenados (cont.) • Halotano - maior cardiodepressão - efeitos colaterais: hepatite, nefrotoxicidade (íons fluoreto), arritmias • Isoflurano - pouca cardiodepressão - efeitos colaterais: irritação vias aéreas (ruim para indução) • Sevoflurano - pouca cardiodepressão, alto custo, seguro - possível nefrotoxicidade Anestésicos Venosos • Hipnóticos – hipnose • Opióides – analgesia e bloqueio de reflexos autonômicos • Bloqueadores Neuromusculares - (“curares”) – relaxamento muscular Hipnóticos • • • • Tiopental Propofol Benzodiazepínicos (midazolam, diazepam) Etomidato • Efeitos adversos - depressão respiratória e cardiovascular, apnéia, vasodilatação, hipotensão. Opióides • Morfina • Fentanil • Tramadol (Tramal®), Nalbufina (Nubain®) Efeitos adversos - depressão respiratória, apnéia, prurido, retenção urinária, rigidez torácica, bradicardia. Bloqueadores Neuromusculares • Não-despolarizantes - Pancurônio (Pavulon®) - Atracúrio (Tracrium®) • Despolarizantes - Succinilcolina (Quelicin®) Efeitos adversos - liberação de histamina, taquicardia, hipotensão, broncoespasmo, hipercalemia, hipertermia maligna, efeito residual prolongado. Tipos de Anestesia Geral • Inalatória - uso somente de anestésicos inalatórios (halogenados com ou sem N2O). Mais usado em anestesia pediátrica. • Endovenosa - infusão contínua, usualmente em bomba. • Balanceada - uso de anestésicos inalatórios e venosos. Forma mais comum de anestesia geral, indução endovenosa em bolus e manutenção inalatória. Fases da Anestesia Geral • Indução - administração das drogas anestésicas, perda da consciência, controle das vias aéreas • Manutenção - controle do plano anestésico adequado durante a cirurgia • Recuperação Imediata - interrupção das drogas anestésicas, retorno da ventilação espontânea e da consciência • Recuperação Tardia Complicações • Cardiovasculares - hipotensão, hipertensão, depressão miocárdica, arritmias. • Respiratórias - broncoespasmo, dificuldade de ventilação e intubação, hipóxia. • Neurológicas - confusão mental pós-operatória, lesões nervosas periféricas (posição na mesa cirúrgica, drogas). ANESTÉSICOS LOCAIS Introdução • Os anestésicos locais são agentes que bloqueiam de forma reversível a condução nervosa, quando aplicados a uma região circunscrita do corpo. • Anestésicos locais (AL) são substâncias capazes de causar diminuição da sensibilidade, motricidade e função autonômica, através do bloqueio da geração e propagação do potencial de ação em tecidos eletricamente excitáveis. A remoção dos AL é seguida de um retorno completo e espontâneo da condução nervosa. • Embora inúmeras substâncias de estrutura química diversa sejam capazes de produzir anestesia local, a maioria das drogas utilizadas em clínica (identificadas com o prefixo “caína”) compartilham a configuração fundamental com a cocaína. Raquianestesia ANESTÉSICOS VOLÁTEIS Nome Genérico Nome Comercial Indicações Concentração Enflurano Ethrane Uso geral 1,5 – 4 vol % Éter ----- Cirurgias de grande porte 10 – 15 vol % Éter Vinílico Vinethene Grandes procedimentos 2 – 4 vol % Halotano Fluothane Grandes procedimentos, principalmente quando se deseja vasoconstrição 1 – 3 vol % Metoxiflurano Penthrane Obstetrícia, pequenos procedimentos 2 -3 vol % Óxido nitroso ----- Pequenos procedimentos 80 vol % Anestésicos Gerais Administrados por Via Intravenosa Nome Genérico Nome Comercial Indicações Cloridrato de midazolam Versed Sedação anestésica para pequenos procedimentos Cloridrato de quetapina Ketalar Obstetrícia, pequenos procedimentos Diazepam Valium Anticonvulsivante, auxiliar da indução, medicação préoperatória Tiopental sódico Pentothal Pequenos procedimentos, ou para facilitar a indução com anestésicos voláteis Concentração Adultos: 10–50 μg/Kg IV inicialmente, depois 20-100 μg/Kg/hora Crianças: 0,25 - 1 mg/Kg IV inicialmente, e depois quando necessário Solução 2 a 3% Adultos: 2 - 10 mg por bolo IV lento Crianças: 1 - 10 mg por bolo IV lento Solução 2,5% ANESTÉSICOS LOCAIS Nome Genérico Nome Comercial Indicações Concentração Cloridrato de bupivacaína Marcaine Bloqueio peridural ou caudal Bloqueio nervoso local Sol. a 0,25 – 0,5 % SC Cloridrato de cloroprocaína Nesacaine Bloqueio nervoso peridural, caudal, local Sol. a 1 - 2 % SC Cloridrato de cocaína ------ Mucosa do nariz e da orofaringe 1 - 20 % topicamente Cloridrato de etidocaína Duraneste Bloqueio nervoso peridural ou periférico Sol. a 1 % SC Cloridrato de lidocaína Xylocaine Bloqueio nervoso local Sol. a 1 - 2 % SC Cloridrato de mepivacaína Carbocaine Bloqueio dental local Sol. a 1 % SC Cloridrato de prilocaína Citaneste Bloqueio nervoso periférico Sol. a 4 % SC Cloridrato de procaína Novocain Bloqueio nervoso local Sol. a 0,25 – 2 % SC Cloridrato de tetracaína pontocaine Anestesia espinhal Sol. a 1% subaracnóide Mecanismo de Ação • Os anestésicos locais ligam-se aos canais de sódio no estado inativado, impedindo a subseqüente ativação do canal e o grande influxo transitório de sódio associado a despolarização da membrana. Absorção Depende 1. Local da injeção 2. Dose total administrada 3. Associação de vasoconstritor 4. Propriedades farmacológicas da droga Aditivos Epinefrina • Duração do bloqueio ↑ • Intensidade do bloqueio ↑ • Absorção sistêmica ↓ Sistema Nervoso Central Parece existir um certo paradoxo: • Em concentrações plasmáticas pequenas exibem uma propriedade anticonvulsivante. • Em níveis elevados desencadeiam convulsões. Sistema Cardiovascular Existem diferenças qualitativas entre os efeitos dos diversos agentes anestésicos locais. • A lidocaína, em baixas doses, é classificada como uma droga antiarrítmica(classe I). • Indicada no tratamento de arritmias ventriculares (extra-sístole ventricular, taquicardia ventricular, fibrilação ventricular). A bupivacaína deprime mais acentuadamente o coração, diminuindo a condução e podendo levar a batimentos ventriculares ectópicos e fibrilação ventricular. Sistema Respiratório • A lidocaína deprime a resposta ventilatória à hipóxia. • Cuidado em pacientes com DPOC.