O que você deve saber sobre
MODERNISMO (2a FASE): POESIA – DRUMMOND
O poeta mais importante da segunda fase da poesia modernista
brasileira é Carlos Drummond de Andrade. Em 1928, o autor mineiro
causou polêmica ao publicar, na Revista de Antropofagia, o poema
“No meio do caminho”. Gauche, crítico social feroz, lírico, reflexivo,
pessimista, investigador do fazer poético, Drummond trilhou muitos
caminhos em sua vasta produção literária.
Carlos Drummond de Andrade (1902-1987)
 Nasceu em Itabira do Mato Dentro, Minas Gerais.
 Ingressou, em 1918, no Colégio Nova Friburgo, no Rio de Janeiro,
sendo expulso por “insubordinação mental”.
Voltando a Belo Horizonte, conheceu pessoas importantes ao
Modernismo brasileiro: Aníbal Machado, João Alphonsus, Emílio Moura
e Pedro Nava.
Casa onde nasceu Drummond,
em Itabira, Minas Gerais.
MODERNISMO (2a FASE): POESIA – DRUMMOND
ROGÉRIO REIS/PULSAR IMAGENS

Carlos Drummond de Andrade (1902-1987)
CÁSSIO VASCONCELLOS/SAMBAPHOTO
 Em 1924, convive com Tarsila do
Amaral, Oswald e Mário de Andrade com
quem se correspondeu até 1945.
 Em 1925, fundou A Revista.
 Em 1934, transferiu-se para o Rio de
Escultura de autoria do
mineiro Leo Santana
 Críticos o consideram o
mais importante poeta
brasileiro do século XX.
De 1989 a 1992, cédulas de 50 cruzados
novos estamparam a imagem do poeta.
MODERNISMO (2a FASE): POESIA – DRUMMOND
MARCELO CARNAVAL/EDITORA ABRIL
Janeiro e ocupou o cargo de chefe de
gabinete do ministro da Educação e
Saúde até 1945; paralelamente à
carreira pública, dedicou-se ao
jornalismo no
Correio da Manhã.
Carlos Drummond de Andrade (1902-1987)
Sujeito em descompasso (o gauche)
Alguma poesia (1930) e Brejo das almas (1934)
 Reminiscências familiares
 Lembranças de Itabira do Mato Dentro
 Poemas-piada
 Metalinguagem, ironia, humor, pessimismo, coloquialismo
 Desencanto com a existência e “inexperiência do sofrimento”
 Sensação de isolamento
 Reificação da sociedade burguesa
 Impossibilidade de comunicação
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Carlos Drummond de Andrade (1902-1987)
Preocupações sociais
Sentimento do mundo (1940), José (1942) e A rosa do povo (1945)
 Nazismo
 Fascismo
 Segunda Guerra
 Ditadura de Getúlio Vargas
 Alienação das elites
 Comunismo
 Necessidade de união
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Carlos Drummond de Andrade (1902-1987)
Metafísica
Claro enigma (1951), Fazendeiro do ar (1955) e Vida passada a
limpo (1959)
Uso de recursos clássicos: sonetos e versos regulares
Temas metafísicos, universais: morte, tempo e amor
Alcides Villaça: Drummond encontra-se no contexto da Guerra Fria,
“esvaziado da utopia” presente na fase social.
MODERNISMO (2a FASE): POESIA – DRUMMOND
Experimentação
Em Lição de coisas (1962), as
experimentações são
explicadas por críticos como
ligadas ao concretismo da
década de 1950 e 1960.
O padre e a moça, 1965, do diretor Joaquim
Pedro de Andrade, baseado no poema
homônimo presente em Lição de coisas
MODERNISMO (2a FASE): POESIA – DRUMMOND
REPRODUÇÃO
Carlos Drummond de
Andrade (1902-1987)
Carlos Drummond de Andrade (1902-1987)
Passado revivido
Nas décadas de 1970 e 1980, retomou suas lembranças da infância
e da cidade natal, reinterpretando o passado nos livros Boitempo
(1968), As impurezas do branco (1973), A paixão medida (1980) e
Corpo – novos poemas (1984).
Erotismo
A temática erótica aparece de forma sutil em sua obra, mas, em O
amor natural (1992), esse aspecto é explícito, associado ao amor e
ao místico.
MODERNISMO (2a FASE): POESIA – DRUMMOND
Carlos Drummond de Andrade (1902-1987)
Crítica
Alfredo Bosi defende que, a partir da publicação de Claro enigma, o
autor compõe seus poemas de dois modos:
 Escavação do “real mediante um processo de interrogações e
negações que acaba revelando o vazio à espreita do homem no
coração da matéria e da História”.
(História concisa da literatura brasileira. 3. ed.
São Paulo: Cultrix, 1994. p. 441.)
 Adoção de uma “poesia objectual”, em que a metafísica cede
espaço à linguagem nominal e concreta, “dando atenção mais ao
substantivo que ao adjetivo” (nas palavras do próprio poeta).
MODERNISMO (2a FASE): POESIA – DRUMMOND
EXERCÍCIOS ESSENCIAIS
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(Fuvest-SP)
Procura da Poesia
Não faças versos sobre acontecimentos.
Não há criação nem morte perante a poesia.
Diante dela, a vida é um sol estático,
[não aquece nem ilumina.
(...)
Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
Ei-los sós e mudos, em estado de dicionário.
(...)
ANDRADE, Carlos Drummond de. A rosa do povo.
MODERNISMO (2a FASE): POESIA – DRUMMOND — NO VESTIBULAR
EXERCÍCIOS ESSENCIAIS
2
No contexto do livro, a afirmação do caráter verbal da poesia e a incitação a que se penetre “no reino das palavras”,
presentes no excerto, indicam que, para o poeta de A rosa do povo,
a) praticar a arte pela arte é a maneira mais eficaz de se
opor ao mundo capitalista.
b) a procura da boa poesia começa pela estrita observância
da variedade padrão da linguagem.
c) fazer poesia é produzir enigmas verbais que não podem
nem devem ser interpretados.
d) as intenções sociais da poesia não a dispensam de ter
em conta o que é próprio da linguagem.
e) os poemas metalinguísticos, nos quais a poesia fala apenas de si
mesma, são superiores aos poemas que falam também de outros
assuntos.
RESPOSTA: D
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EXERCÍCIOS ESSENCIAIS
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(Ufac)
A poesia de Carlos Drummond de Andrade se caracterizou desde o início por uma postura de deslocamento em relação ao
mundo. No poema “José”, é inevitável a percepção de um esgotamento, de uma finitude de valores vivida ao extremo (E
agora José?), porque nesse caso:
a) o sujeito lírico ordena uma série de resoluções que se não forem
cumpridas pelo personagem fará com que ele perca
irremediavelmente a sua condição humana.
b) o sujeito lírico imprime no personagem uma marca de
universalidade que representará os limites do homem num mundo de
forças inexoráveis.
c) o sujeito lírico permite uma distância entre o personagem e o
mundo de tal maneira que eles não se contaminem.
d) o sujeito lírico conhece intimamente o personagem porque exagera
nos seus defeitos e os sabe de antemão condenado por eles.
e) o sujeito lírico não mostra nenhuma consideração pelo personagem
na sua representatividade exemplar do fracasso humano.
RESPOSTA: B
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EXERCÍCIOS ESSENCIAIS
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(UFBA)
Fragilidade
Este verso, apenas um arabesco
em torno do elemento essencial – inatingível.
Fogem nuvens de verão, passam aves, navios, ondas,
e teu rosto é quase um espelho onde brinca o incerto movimento,
ai! já brincou, e tudo se fez imóvel, quantidades e quantidades
de sono se depositam sobre a terra esfacelada.
Não mais o desejo de explicar, e múltiplas palavras em feixe
subindo, e o espírito que escolhe, o olho que visita, a música
feita de depurações e depurações, a delicada modelagem
de um cristal de mil suspiros límpidos e frígidos: não mais
que um arabesco, apenas um arabesco
abraça as coisas, sem reduzi-las.
ANDRADE, Carlos Drummond de.
Em: COUTINHO, Afrânio (Org.). Carlos Drummond de Andrade:
obra completa: poesia. Rio de Janeiro: Aguilar, 1964. p. 154-155.
Na seleção dos signos verbais, o sujeito poético cria metáforas
estabelecendo analogias entre elementos distintos. Na linguagem de
Drummond, “isso é aquilo”. Identifique e transcreva uma das analogias
referidas, explicando-a com base no contexto do poema.
RESPOSTA:
Espera-se que o aluno identifique uma das analogias:
“verso” / “arabesco”, “rosto” / “espelho”.
Em seguida deverá atribuir sentidos como: poesia e realidade,
linguagem poética e essência da poesia, fragilidade do homem, do
verso, da palavra em face da captação da essência das coisas.
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EXERCÍCIOS ESSENCIAIS
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(Fuvest-SP)
Entre os seguintes versos de Alberto Caeiro, aqueles que, tomados em si mesmos, expressam ponto de vista frontalmente
contrário à orientação dominante que se manifesta em A rosa do povo, de Carlos Drummond de Andrade, são os que estão
em:
a) “Se o que escrevo tem valor, não sou eu que
o tenho: / O valor está ali, nos meus versos.”
b) “Eu nunca daria um passo para alterar / Aquilo a que
chamam a injustiça do mundo.”
c) “Como o campo é grande e o amor pequeno! / Olho,
e esqueço, como o mundo enterra e as árvores
se despem.”
d) “Quando a erva crescer em cima da minha
sepultura, / seja esse o sinal para me esquecerem de todo.”
e) “Quem me dera que eu fosse o pó da estrada / E que
os pés dos pobres me estivessem pisando…”
RESPOSTA: B
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