ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PSIQUAITRIA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PSICANÁLISE CONCEPÇÃO PSICANALÍTICA DE TEMAS PSIQUIÁTRICOS TEMA: PSICOSES Rio de Janeiro, 07 de julho de 2007 “ A alma respira através do corpo, e o sofrimento, quer comece no corpo ou numa imagem mental, acontece na carne”. “ Talvez a complexidade da mente humana seja tal que a solução para o problema nunca possa ser conhecida devido nossas limitações intrínsecas”. Damásio, A. – “O ERRO DE DESCARTES” – 10ª Edição “O CASO SCHREBER” Freud, S. (1911) “Observações psicoanalíticas sobre um caso de paranóia (“Dementia Paranoides”) DEMENTIA PRAECOX (1896) DELÍRIOS BIZARROS (DSM IV) Psicanálise Psiquiatria S. Freud (1856 – 1939) E. Kraepelin (1856 – 1926) E. Bleuler (1857 – 1939) Hidero Noguchi (1876 – 1928) Frieda Fromm-Reichman (obra 1939) Cerletti (1877 – 1963) Bini (1908 – 1964) H. S. Sullivan (1892 – 1949) Delav (1907 – 1987) Biui (1917 – M. A. Sechehaye (obra 1950) Kurt Schneider (1887 – 1967) J. Lacan (1901 – 1981) Rosenthal e Wender (Evidência Epidemiológica Transferência Genética) Dinamarca (1968) André Green Neuroimagem (1980) DSM IV, CID10 (1990) Clozapina (1989) e Risperidona (1990) HISTÓRICO 1860 - MOREL “(...) O ENFERMO PROGRESSIVAMENTE ESQUECEU TUDO QUE APRENDEU E SUAS BRILHANTES FACULDADES INTELECTUAIS ENTRARAM NUM PERÍODO MUITO PERTUBADOR DE ESTAGNAÇÃO, NUMA ESPÉCIE DE INATIVIDADE BEIRANDO A ESTUPIDEZ”. DEMENTIA PRAECOX. 1898 - KRAEPELIN DETERIORAÇÃO DA PERSONALIDADE IRREVERSÍVEL DÉFICE COGNITIVO. 1922 - FRED PLUM “A ESQUIZOFRENIA É O CEMITÉRIO DA NEUROPATOLOGIA”. 1952 - DELAY - DENIKER - OS ANTIPSICÓTICOS. 1970 - O DÉFICE COGNITIVO DO ESQUIZOFRÊNICO - LESIONADOS OU DISFUNCIONADOS FRONTAIS - AVALIAÇÕES NEUROPSICOLÓGICAS. SINTOMAS, SINAIS E DÉFICES NA ESQUIZOFRENIA ALT. MOTORAS AGITAÇÃO ADINAMIA CATATONIA, ETC. DÉFICES COGNITIVOS MEMÓRIA ATENÇÃO FUNÇÕES EXECUTIVAS, ETC. ALTERAÇÕES: SOCIAIS FAMILIARES PROFISSIONAIS AUTO-CUIDADO S. NEGATIVOS APATIA EMBOTAMENTO MUTISMO AVOLIÇÃO, ETC. S. POSITIVOS DELÍRIOS ALUCINAÇÕES DESAGREGAÇÃO DO P, ETC. DÉFICES COGNITIVOS EM ESQUIZOFRÊNICOS: AVALIAÇÕES NEUROPSICOLÓGICAS 1. ATENÇÃO T. DE EVOLUÇÃO SERIADA IMEDIATA - OLTMANNS, COL., 1975. AMPLITUDE (SPAN) DE ATENÇÃO - DAVIDSON, COL., 1974. TEMPO DE REAÇÃO - NÜECHTERLEN, COL., 1984. ESCUTA DICOTÔMICA - HELMSLEY, COL., 1980. PERCEPÇÃO COM MÁSCARAS - BRAFF, COL., 1981. T. DE ATENÇÃO SUSTENTADA E SELETIVA (CPT) - WOHLBERG, COL., 1973. ADAD, M. 2002. 2. MEMÓRIA WESCHSLER MEMORY SCALE (WMS) - KOLB, COL., 1983. WESCHSLER M. S. REVISED (WMS-R). WESCHSLER ADULTS INTELIGENCE S- R (WAIS-R) - GOLD, 1992. 3. FUNÇÕES EXECUTIVAS WISCONSIN CARD SORTING TEST (WCST) GOLDBERG, 1977. T. CATEGORIAIS DE HALSTEAD - GOLDEN, 1977. ADAD, M. 2002. TENTATIVAS NA REABILITAÇÃO COGNITIVA DOS ESQUIZOFRÊNICOS 1973 - MEICHENBAUM E CAMERON. 1987 - GOLDBERG E COL. WCST INSTRUÇÃO EXPLÍCITA. 1990 - BELLACK REFORÇO DE INSTRUÇÃO. WCST ESTÍMULO PECUNIÁRIO. MOTIVAÇÃO. ERROS PERSEVERATIVOS. EXTENSÃO PARA O SOCIAL. GRUPOS DIFERENTES DE ESQUIZOFRÊNICOS. DURAÇÃO DA MELHORA. (Am. J. Psychiatry, Dec. 1990) ADAD, M. 2002. 1992 - GOLDMAN, RS E COL. WCST C/ REFORÇO INSTRUCIONAL “OS ESQUIZOFRÊNICOS PODEM ADQUIRIR NOVOS ESQUEMAS COGNITIVOS (COMPROMETIMENTO DO LOBO FRONTAL), MAS NÃO TÊM A INICIATIVA DE MELHORÁ-LOS, ISTO É, IMPLEMENTÁ-LOS (COMPROMETIMENTO FRONTOESTRIATAL)”. (Am. J. Psychiatry, Dec. 1992) ADAD, M. 2002. OS ANTIPSICÓTICOS TRADICIONAIS E A COGNIÇÃO a memória operante 1aria •Retardam tarefas motoras •Pioram Meltzer (1998). Mortiner (1997). Peretti (1997). •Diminuem: atenção-vigilância, destreza motora, pensamento abstrato, memória e aprendizagem de resol. de problemas Stip (1996). ADAD, M. 2002. OS ANTIPSICÓTICOS ATÍPICOS •Fracos antagonistas de D1 (ou D2). •Fracos antagonistas de 5-HT3. •Agonistas M4. •Antagonistas 5-HT2A/2C. Keefe (1999). Stahl (1998). Tran (1997). Green (1997). Gallhofer (1996). ADAD, M. 2002. ANTIPSICÓTICOS ATÍPICOS EFICAZES NOS SINTOMAS POSITIVOS E NAS ALTERAÇÕES DA PSICOMOTRICIDADE (CLOZAPINA, RISPERIDONA, OLANZAPINA, AMISULPRIDA). EFICAZES NOS SINTOMAS NEGATIVOS (EX.: CLOZAPINA). EM DOSES MENORES SEM EFEITOS EXTRAPIRAMIDAIS (TODOS). BAIXA PROBABILIDADE PARA DISCINESIA TARDIA (TODOS). SEM RELATO DE AGRANULOCITOSE (TODOS NOVOS, MENOS A CLOZAPINA). MENOR EFEITO SOBRE A VIA TÚBERO-INFUNDIBULAR (TODOS) MENOS A AMISULPRIDA). MENOR PAREFEITO COGNITIVO OU MELHORA DA COGNIÇÃO. ADAD, M. 2002. EFEITOS NA COGNIÇÃO DE ESQUIZOFRÊNICOS (CRÔNICOS E REFRATÁRIOS A TRATAMENTO) DE ANTIPSICÓTICOS ATÍPICOS COMPARADOS COM TÍPICOS. FUNÇÕES COGNITIVAS EXAMINADAS Memória Auditiva Verbal Meltzer et al 1992 (79) Goldberg et al 1993 (40) Hagger et al. 1993 (48) Buchanan et al. 1994 (22) Organização Perceptiva Viso-Espacial Atenção Tempo de Pesquisa sim 6 meses 15 meses não não sim sim sim sim sim sim Zahn et al. 1994 (114) não Grace et al. 1996 (45) Stip e Lussier 1996 (97) Fujii et al. 1997(34) Galletly et al. 1997 (36) Green et al. 1997 (46) Kern et al. 1999 (63) Função Executiva não Lee et al.. 1994 (71) Hoff et al. 1996 (53) Memória de Curto Prazo sim sim Não piora 12 semanas sim 3 anos sim sim sim 10 semanas 6 semanas a 6 meses 6 semanas piora sim sim ? 6 meses sim sim 1 ano sim sim 6,5 meses 8 semanas sim Traduzido e adaptado de Cuesta e Peralva (28). 8 semanas Stahl, 1998 Ligação de agentes antipsicót. com subtipos de receptores muscarínicos humanos Agentes Antipsicóticos Típicos Clorpromazina Clorprotixeno Haloperidol Tioridazina Atípicos Clozapina Olanzapina Quetiapina Risperidona Zotepina Receptores Muscarínicos M1 M2 M3 M4 M5 25 10 1500 2,5 150 30 2000 15 70 20 1500 15 40 20 500 10 40 25 1000 15 3 6 300 11000 20 50 20 80 40 3000 2000 3700 13000 150 70 10 10 20 15 400 6500 2900 15000 80 250 A afinidade é expressa em termos de Kd (o constante equilíbrio dissociativo) em nanomoles. O menor número corresponde a afinidade maior (dados tirados de algumas pesquisas, particularmente Bolden et al, 1992) (19). As Avaliações Neuropsicológicas Figura Teste de Rey de Stroop Evocação Lista da Figura de Rey de Rey Verbal Reconhecimento Amplitude Fluência da Lista de Rey de Dígitos (para frente e para trás) Verbal e Semântica ETAPAS DA PESQUISA PACIENTES Psiquiatras e estagiários Crit. de incl. e excl. Fora da Pesquisa Pesquisador Crit. de incl. e excl. Fora da Pesquisa Psicóloga RM INV Fora da Pesquisa Pesquisador Consentimento Fora da Pesquisa ETAPAS DA PESQUISA (continuação) Pesquisador PANSS Psiquiatras e Estagiários Haloperidol 10 mg Risperidona 5 mg 15 dias Neuropsicóloga Avaliações Psiquiatras e Estagiários Risperidona 5 mg Haloperidol 10 mg 15 dias Neuropsicóloga Avaliações REY A1 (PRIMEIRA REPETIÇÃO DA LISTA A) ESCORE MÉDIO 8 7 Risperidona Haloperidol 6 5 4 1 2 PERÍODO Figura 2 – Perfis de médias do Teste de Aprendizado AuditivoVerbal de REY - Primeira Repetição da Lista A (REY A1). Teste U de Mann -Whitney Comparação dos Resultados dos Tratamentos nos Grupos (1 e 2) na Lista de REY- A1 ESTATÍSTICAS DESCRITIVAS GRUPO 1(Risp-Hal) N Média Desvio-padrão 13 13 -2,15 -2,31 1,95 2,87 -5 -7 -4 -3,50 Mínimo 1º quartil Mediana 3º quartil Máximo 2(Hal-Risp) -1,00 -2,00 0,5 -1,00 0 4,00 P-valor* 0,762 * p-valor obtido pelo teste de Mann-Whitney FIG C (CÓPIA DA FIGURA DE REY) ESCORE MÉDIO 35 30 Risperidona Haloperidol 25 20 1 2 PERÍODO Figura 6 – Perfis de médias para a variável Cópia da Figura Complexa de Rey-Osterrieth (FIG.C). Teste U de Mann-Whitney. Comparação dos Resultados dos Tratamentos nos Grupos (1 e 2) na Cópia da Figura de REY Estatísticas Descritivas GRUPO 1(Risp-Hal) N Média Desvio-padrão Mínimo 1º quartil Mediana 3º quartil Máximo 2(Hal-Risp) 13 13 0,577 0,846 5,220 7,445 -12,00 -19,5 -3,50 -1,750 0,000 0,000 1,750 1,000 8,00 11,0 P-valor* 0,960 * p-valor obtido pelo teste de Mann-Whitney ESCORE MÉDIO FIG EV (EVOCAÇÃO DA FIGURA DE REY) 15 13 Risperidona Haloperidol 11 9 1 2 PERÍODO Figura 7 – Perfis de médias para a variável Evocação da Figura Complexa de Rey-Osterrieth (FIG.EV). Teste de U Mann-Whitney. Comparação dos Resultados dos Tratamentos nos Grupos (1 e 2) na Evocação da Figura de REY Estatísticas Descritivas GRUPO 1(Risp-Hal) 2(Hal-Risp) N Média Desvio-padrão Mínimo 1º quartil Mediana 3º quartil Máximo 13 13 -3,885 -1,962 4,058 7,189 -10,5 -14,5 -7,50 -6,00 -3,00 - 3,50 -0,500 2,00 2,750 15,00 P-valor* 0,579 * p-valor obtido pelo teste de Mann-Whitney SPAN F ( DIGIT SPAN F) ESCORE MÉDIO 5 Risperidona 4 Haloperidol 3 1 2 PERÍODO Figura 8 – Perfis de médias para a variável Amplitude de Dígitos (para frente) (SPAN.F). Teste de U Mann-Whitney. Comparação dos Resultados dos Tratamentos nos Grupos (1 e 2) no SPAN – F Estatísticas Descritivas GRUPO 1(Risp-Hal) N Média Desvio-padrão Mínimo 1º quartil Mediana 3º quartil Máximo 2(Hal-Risp) 13 13 -0,31 -0,15 1,38 1,14 -3 -2 -1,50 -1,00 0,00 0,00 1,00 0,50 1 2 P-valor* 1,00 * p-valor obtido pelo teste de Mann-Whitney SPAN B (DIGIT SPAN B) ESCORE MÉDIO 5 4 Risperidona Haloperidol 3 2 1 2 PERÍODO Figura 9 – Perfis de médias para a variável Amplitude de Dígitos (para trás) (SPAN.B). Teste de U Mann-Whitney. Comparação dos Resultados dos Tratamentos nos Grupos (1 e 2) no SPAN-B Estatísticas Descritivas GRUPO 1(Risp-Hal) 2(Hal-Risp) N Média Desvio-padrão Mínimo 1º quartil Mediana 3º quartil Máximo 13 13 -0,46 0,23 1,05 1,24 -3 -2 -1,00 -0,50 0,00 0,00 0,00 1,00 1 3 P-valor* 0,186 * p-valor obtido pelo teste de Mann-Whitney Comparação dos Resultados dos Tratamentos nos Grupos (1 e 2) na Fluência Fonética – F GRUPO Estatísticas Descritivas N Média Desvio-padrão Mínimo 1º quartil Mediana 3º quartil Máximo 1(Risp-Hal) 2(Hal-Risp) 13 13 0,38 1,85 2,84 2,94 -5,00 -8,00 -2,00 -4,00 -1,00 -2,00 1,00 1,00 6 2 P-valor* 0,311 * p-valor obtido pelo teste de Mann-Whitney Comparação dos Resultados dos Tratamentos nos Grupos (1 e 2) na Fluência Fonética – A Estatísticas Descritivas GRUPO 1(Risp-Hal) N Média Desvio-padrão Mínimo 1º quartil Mediana 3º quartil Máximo 2(Hal-Risp) 13 13 -0,46 -0,23 2,88 2,35 -5 -5 -2,50 -2,00 0,00 0,00 1,50 2,00 5 4 P-valor* 0,311 * p-valor obtido pelo teste de Mann-Whitney RESUMO DOS RESULTADOS 1 Os Efeitos Residuais foram Iguais nos dois Grupos. 2 Os Efeitos dos Tratamentos foram Iguais nos dois Grupos. 3 Os Efeitos dos Períodos foram Iguais nos dois Grupos. CONCLUSÕES 1) não se constatou diferenças estatisticamente significativas no efeito entre as duas medicações no que tange a cognição; 2) todos passos metodológicos da pesquisa foram controlados, apenas quanto ao tempo de uso de cada medicação (15 dias) foi menor que o da maioria dos estudos disponíveis na literatura (mínimo de quatro semanas). Mesmo assim, alguns autores como Goldberg et al. (40) com 15 meses de pesquisa encontraram o mesmo resultado que o nosso; 3) apesar da maioria, mas não a totalidade, dos estudos apontar para um efeito melhor dos atípicos, ainda existe uma diversidade de achados que não viabilizam uma posição mais consolidada e inequívoca; 4) todas pesquisas aqui citadas referem-se a esquizofrênicos crônicos ou refratários a tratamentos com típicos. Apenas uma pesquisa refere-se a pacientes com pouco tempo de uso de antipsicóticos ou virgens de tratamento (91). Na nossa pesquisa 50% dos pacientes tinham menos de 6 anos de uso de antipsicóticos; 5) não foi encontrada uma correspondência direta entre melhora sintomatológica dos pacientes (avaliada pela PANSS) e o perfil cognitivo; 6) em uma revisão bibliográfica (3) de nossa autoria verificamos que a maioria dos pesquisadores referiu que uma melhora das respostas de esquizofrênicos nas avaliações neuropsicológicas não correspondia obrigatoriamente numa melhora nas suas relações pessoais e uma capacidade maior em assumir atividades laborativas mais duradouras. CONCLUSÃO FINAL O presente estudo parece indicar: a) a necessidade de melhor delineamento das vantagens – caso existam – dos antipsicóticos atípicos na esfera cognitiva dos pacientes esquizofrênicos e b) o impacto real destas alterações cognitivas (reduzidas ou induzidas pela medicação) no funcionamento social e laborativo dos pacientes. ACh e a Cognição ACh Linha Básica ESQUIZ. DÉFICES COGNITIVOS ALZHEIMER ACh Kane, Malhotra World Psychiatry 2:2 - June 2003 Cummings e Back Am J Geriatr Psychiatry 1998;6:S64-S78. Sauerberg Joppesen Olesen J Med Chem 1998;41:4378-84.