Caso Clínico: Intussuscepção Intestinal Internato em Pediatria-2007 Andréa de Morais Garay Orientadora: Dra Luciana Sugai Escola Superior de Ciências da Saúde (ESCS)/SES/DF www.paulomargotto.com.br História Clínica-16/09/2007 • Identificação FAP, 6 meses, sexo feminino, branca, natural de Brasília-DF, residente e procedente do Riacho Fundo. • QP Vômitos há 1 dia. História Clínica-16/09/2007 • HDA Mãe relata há 1 dia início de vômitos, mais de 10 episódios no período.Hoje começou a apresentar febre, 2 picos de 38°C.Apresenta hiporexia, porém aceita bem leite materno. Refere ainda tosse cheia e coriza hialina há uma semana. Há 1 dia com cansaço. História Clínica-16/09/2007 • Revisão de Sistemas Diurese preservada. Evacuou 1 vez hoje, fezes com sangue vivo. • Antecedentes sobre gestação, nascimento e período neonatal Mãe G5P4A1 Nascida de cesareana, a termo, chorou ao nascer, pesou 3840g, estatura: 50 cm, PC: 35 cm. Nega alta em 48 hs após o parto. História Clínica-16/09/2007 • Alimentação Amamentou exclusivamente no seio materno até 5 meses Início do leite de vaca no 5° mês Dieta atual: 2 papas de fruta, 2 papas salgadas, seio materno Nega alergia alimentar Vacinação completa História Clínica-16/09/2007 • Antecedentes Patológicos e Familiares Um episódio de sibilância aos 3 meses, com internação Nega outras doenças ou internações Nega alergias Mãe com 28 anos, saudável Pai com 25 anos, saudável 3 irmãos saudáveis História Clínica-16/09/2007 • Condições de moradia Reside em casa de alvenaria, com sete cômodos, rede de esgoto, com animal doméstico(cachorro) História Clínica-16/09/2007 • Exame Físico BEG, hipocorada(+/4+), hidratada, febril(37,9°C), eupnéica(FR:40 irpm) ACV: RCR, 2T, BNF, sem sopros(FC:120 bpm) AR: MVF, com creptações em bases e sibilos esparsos.Retração intercostal leve Abdômen: normotenso, indolor, sem VMG, RHA aumentados História Clínica-16/09/2007 • Exame Físico Extremidades: boa perfusão periférica Oroscopia: amígdalas hipertrofiadas e hiperemiadas Otoscopia sem alterações SNC: ativa, acordada, sem sinais meníngeos História Clínica-16/09/2007 • HC(15/09/2007) Hm:4,33 Hg:10,0 Ht: 30,7 Leuc. 13700(53 seg, 0 bast, 32 linf, 9 mono, 0 eos, 0 baso) • Impressão Diagnóstica Vômitos Pneumonia? • Conduta Solicito Rx de tórax Inicio Penicilina Cristalina Evolução 17/09/2007-manhã • Vômitos + Pneumonia? Criança persiste com quadro de vômitos, de coloração amarelada. Não mama no peito e nem aceita qualquer dieta(“Medo de mamar” segundo a mãe). Mãe relata quadro de fezes amolecidas, em pouca quantidade, com raias de sangue. Refere ainda cansaço, associado a tosse cheia, sem expectoração. Ao exame: REG, chorosa, irritada, hipocorada(+/4+) AR: MV rude, com creptações em base D, sem tiragem Abdômen:semigloboso, RHA+, normotenso, não palpo VMG Evolução 17/09/2007-manhã • Exames Rx de tórax: normal • Conduta Oriento mãe a mostrar fezes da criança a médico ou enfermagem Suspendo Penicilina Cristalina( Rx tórax normal e HC de padrão viral) Solicito novo HC + eletrólitos Evolução 17/09/2007-tarde Criança apresentou evacuação com grande quantidade de sangue( vermelho vivo). Enfermagem relatou vômitos escuros. Ao exame: abdomen globoso, flácido, doloroso +/4+ à palpação, RHA+ • HD Disenteria? Abdomen agudo? • Conduta Solicito Parecer à Cirurgia Pediátrica Evolução 18/09/2007-00:00h • Respondido parecer da cirurgia pediátrica que suspeitou de invaginação intestinal, porém solicitou rotina p/ abdomen agudo e ultra-som abdominal. Referiu que não há roupa de centro cirúrgico e como a criança está em BEG não há urgência. Decidiu manter investigação e deixar a criança em dieta zero. Evolução 18/09/2007-10:00h • Resultados de exames Rx de abdomen: ausência de gás no reto e no flanco E. Distensão de alças intestinais em flanco D, epigástrio e hipocôndrio E, com níveis hidroaéreos nestas regiões. Planos musculares não definidos. Impressão de massa de tecido mole dentro do cólon transverso à D HD: Invaginação intestinal? US Abdomen:aspecto compatível com invaginação intestinal e pequena ascite. Evolução 18/09/2007 • Paciente submetida a cirurgia. Encontrado: invaginação íleo-ceco-cólica até descendente. À redução da invaginação ocorreu perfuração de descendente e de transverso.Sofrimento de íleo distal, ceco e cólon ascendente proximal. Realizada ressecção de íleo distal até cólon ascendente proximal.Anastomose íleo cólica (ascendente).Sutura das áreas perfuradas. Intussuscepção Intestinal Definição • Invaginação de segmento de alça intestinal para dentro de outro segmento adjacente, de maneira anterógrada e, mais raramente, retrógrada. • O segmento que invagina é chamado intussusceptum e o segmento que é penetrado chama-se intussuscepiens. • A intussuscepção intestinal(do latim intus: interior e susctio: ação de receber) foi descrita há mais de 300 anos. Epidemiologia • Causa mais comum de abdômen agudo na criança menor de 1 ano de idade. • Causa mais comum de obstrução intestinal entre 3 meses e 5 anos de idade. • Mais prevalente no sexo masculino 4:1. • Acomete freqüentemente crianças hígidas. Fisiopatologia Invaginação intestino/mesentério, obstrução do lúmen ↓ Edema, obstrução linfática/venosa ↓ Hemorragia intramural ↓ Proliferação bacteriana pela estase ↓ Trombose arterial/necrose intestinal Etiologia • 95% são idiopáticas. • 5% são decorrentes de lesão anatômica: – – – – Divertículo de Meckel Pólipo Tumores Outros Classificação • Classificação de acordo com o local acometido • Localizações mais freqüentes: – Íleo-cecal (82%); – Íleo-ileais (8%); – Colo-cólicas (4%) Manifestações Clínicas • Sintomas mais comuns: – – – – – Dor tipo cólica(100%); Vômitos (80%) Sangue no ânus (95%) Fezes com muco e sangue - Geléia de morango Ausência evacuação Exame Físico • • • • • • Apatia, prostração sem dor Letargia, respiração superficial e gemência Irritação/choro com dor Pulso filiforme Massa em forma de salsicha palpável no abdômen Ausência de enchimento em FID com peristalse inaudível (sinal de Dance); • Toque retal com sangue e/ou invaginação Diagnóstico • História Clínica + exame físico bem feitos • Exames Complementares: – Radiografia simples: sinais inespecíficos de obstrução intestinal – USG: sensibilidade de até 100%, pode mostrar imagem em “Alvo”, ou Imagem tipo “Pseudorim” – Enema opaco: quando há dúvida diagnóstica, imagem de mola espiral, pode ser utilizado para redução da invaginação – Tomografia Computadorizada: exame complementar de maior acurácia, mostra imagem de aspecto em “Alvo” Ecografia Imagem em “Alvo” Imagem “Pseudorim” Diagnóstico Diferencial • • • • • • Gastroenterite Divertículo de Meckel Púrpura de Henoch- Schönlein Hemorróida Fissura anal Pólipo intestinal Tratamento • Excluir peritonite, perfuração, septicemia ou choque • Redução Hidrostática com enema opaco ou redução pneumática • Monitorização por ecografia ou fluoroscopia • Contra indicações à redução hidrostática: perfuração ou peritonite, invaginação crônica, comprometimento do estado geral, mais de 48h de evolução. Tratamento • Tratamento Cirúrgico: – – – – Falência na tentativa de redução hidrostática/pneumática; Invaginações recorrentes; Maiores de 2 anos; Invaginação íleo-ileal • Pode ser feita anastomose primária em casos de laceração, necrose ou impossibilidade de redução manual. Recidiva • Ocorre em 5 % das crianças com história de invaginação • Recorrência maior nas crianças submetidas a redução hidrostática • Crianças menores de 2 anos: pode-se tentar redução 3 a 4 x • Crianças maiores de 2 anos: cirurgia na 2ª recorrência Bibliografia • Behrman RE, MD –Tratado de Pediatria. 17 Ed.Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan, 2316-17 • Sites: • • • • www.cbc.org.br www.sbmd.org.br www.foa.unesp.br www.famed.ufrgs.br Consultem também: : Caso Clínico:Intussuscepção Autor(es): Camila Machado, Joanna Cecília, Luciana Sugai Obrigada!!!