CASO CLÍNICO: PANCREATITE AGUDA Daniel Pinheiro Lima Guilherme Ferreira de Almeida Guilherme Prata Paulo Ferraresi Coordenação: Dra. Luciana Sugai ESCS – Escola Superior de Ciências da Saúde – SES DF Hospital Materno Infantil de Brasília Brasília, 27 de Fevereiro de 2013 www.paulomargotto.com.br IDENTIFICAÇÃO: • GLLS, Masculino, 2 anos, Negro, Natural de Brasília-DF e Procedente do Gama-DF. QUEIXA PRINCIPAL: • “Dor na barriga há 2 dias”. HISTÓRIA DA DOENÇA ATUAL: • Criança trazida pela mãe ao PS do HRAS no dia 12/01/12 com quadro de dor abdominal há 2 dias, associado a distensão, febre (não aferida) e um episódio de vômito no período. Nega diarreia, alterações urinárias e outras queixas. Nega uso de medicações em casa. ANTECEDENTES: • Nascido de parto normal hospitalar, a termo e sem intercorrências perinatais. • Nega internações e cirurgias prévias. • Nega alergias medicamentosas. • Relata vacinação atrasada (não traz o cartão de vacinas). • Não faz seguimento no centro de saúde. • *** Relata que a criança apresentou quadro gripal há aproximadamente um mês, tendo perdido 3kg no período. AO EXAME FÍSICO: • REG, emagrecido, hipocorado +/4, anictérico, acianótico, eupneico, hipoativo, porém reativo. • AR: MVF presente bilateralmente, sem RA. • ACV: RCR em 2T e BNF. Não ausculto sopros. Pulsos amplos. • ABD: RHA+ (principalmente em QIE), tenso, doloroso e de difícil palpação. • EXT: Aquecidas, sem edemas e bem perfundidas. • Sem sinais meníngeos. EXAMES COMPLEMENTARES: • Hemograma: • Hb: 10,9 • Ht: 33,7 • Leucócitos: 24.100 (Neut 85%, Bast 2%, Linf 5%, Mono 7%) • Plaquetas: 398.000 • TGO: 50 • TGP: 230 • Amilase: 726 ABDOME AGUDO • Quadro clínico abdominal caracterizado por dor, de início súbito ou de evolução progressiva, que necessita de definição diagnóstica e de conduta terapêutica imediata. • Põe em risco a vida do paciente quando não identificada de modo ágil. • “Não se deve esperar amanhecer para operar um paciente com abdômen agudo”. • Quanto mais cedo o diagnóstico, mais efetiva é a conduta. Classificação • Inflamatório. • Obstrutivo. • Perfurativo. • Hemorrágico. • Vascular. Abdome Agudo Inflamatório • Dor abdominal progressiva; difusa → localizada; • Náuseas, vômitos, queda do estado geral; • Febre; • Sinais de irritação peritoneal; • Possíveis causas: apendicite aguda, colecistite aguda, pancreatite aguda, doença inflamatória pélvica, diverticulite aguda. Abdome Agudo Obstrutivo • Dor em cólica; • Aumento de volume abdominal; hipertimpanismo; • RHA de luta → ausentes • Parada de eliminação de gases e fezes; • Náuseas e vômitos; • Possíveis causas: Aderências (PO), hérnia encarcerada, neoplasia de cólon, volvo de sigmóide, bolo de áscaris. Abdome Agudo Perfurativo • Dor de forte intensidade, súbita, intensa e localizada; • Defesa abdominal; abdome em tábua; • Posição antálgica; • Pneumoperitônio; • Possíveis causas: Úlcera perfuração de alça intestinal. gástrica/duodenal perfurada, Abdome Agudo Hemorrágico • Dor abdominal intensa; • Sinais de irritação peritoneal; • Sinais de hipovolemia (taquicardia, hipotensão, palidez e sudorese); • Possíveis causas: Gravidez ectópica rota, ruptura de aneurisma de aorta, ruptura de vísceras. Abdome Agudo Vascular • Dor abdominal difusa e mal definida; • Desproporção entre exame físico e dor; • História anterior de arteriopatia crônica, IAM, AVC, claudicação; • Eliminação de líquido necrótico; • Possíveis causas: Trombose arterial periférica, embolia arterial, trombose venosa mesentérica. Abdome Agudo em Pediatria • RN: Obstrutivo Atresia Intestinal, Megacólon; Perfurativo Enterocolite Necrosante; • Lactente: Estenose pilórica; Hérnia encarcerada; Invaginação intestinal; Obstrução por áscaris; • Pré-escolar / Escolar: Apendicite aguda; Trauma. DIAGNÓSTICO • Quadro clínico + exame físico (características da dor, inspeção, sinais de irritação peritoneal, massas palpáveis, etc). • Exames complementares: Hemograma, dosagem de beta-HCG, amilase. EAS. RX de tórax e abdome. USG. TC. HÉRNIA INGUINAL ENCARCERADA • Passagem de vísceras abdominais, em geral alças intestinais, através do conduto peritônio vaginal persistente. • Incidência de 1 – 5% das crianças. • Maior frequência no primeiro ano de vida, principalmente nos seis primeiros meses. • Meninos 8 a 10 vezes mais que meninas. • À direita em 60% dos casos, à esquerda em 30% e bilateral em 10%. DIAGNÓSTICO • Massa endurecida (abaulamento), dolorosa e palpável na região inguinal ou inguinoescrotal; • Ausência de abaulamento não exclui o diagnóstico; • Irritabilidade, vômitos; dor abdominal e • Vômitos alimentares Biliosos Intestinais; • Peristaltismo visível. • Diagnóstico diferencial: • Torção de testículo; • Torção de apêndice testicular; • Linfadenite femoral; inguinal e/ou • Cisto de cordão (meninos), cisto de Nuck (meninas). • Tratamento: • Essencialmente cirúrgico; • Em casos selecionados pode-se tentar redução manual do saco herniário; • Estranguladas cirúrgica. = emergência INVAGINAÇÃO INTESTINAL • Consiste na invaginação de um segmento no interior de outro da alça adjacente, obstruindo a luz intestinal. • Na grande maioria dos casos, a invaginação inicia-se no íleo terminal próximo da válvula íleo-cecal. INVAGINAÇÃO INTESTINAL • EPIDEMIOLOGIA: • Pico de incidência entre 4 e 11 meses de idade, porém pode ocorrer em qualquer faixa etária. • Causa mais comum de abdômen agudo na criança menor de 1 ano de idade. • Acomete frequentemente crianças hígidas. INVAGINAÇÃO INTESTINAL • FISIOPATOLOGIA: Invaginação intestinal com obstrução do lúmen ↓ Edema e obstrução linfática/venosa ↓ Hemorragia intramural ↓ Proliferação bacteriana pela estase ↓ Trombose arterial/necrose intestinal INVAGINAÇÃO INTESTINAL • ETIOLOGIA (95% idiopáticas e 5% anatômicas): - Lactentes: Hipertrofia das placas de Peyer; - Crianças maiores: Divertículo de Meckel, pólipos e cistos enterógenos. • QUADRO CLÍNICO: • Dor tipo cólica (100%); • Vômitos (80%); • Sangue no ânus (95%); • Fezes com muco e sangue – fezes gelatinosas; • Ausência evacuação. INVAGINAÇÃO INTESTINAL • Exames Complementares: • Radiografia simples: sinais inespecíficos de obstrução intestinal; • USG: sensibilidade de até 100%, pode mostrar imagem em “Alvo”; • Enema opaco: mostra progressão da imagem até a cabeça da invaginação (imagem de mola em espiral); • Tomografia Computadorizada: exame complementar de maior acurácia. INVAGINAÇÃO INTESTINAL • TRATAMENTO: • Inicialmente passagem de sonda nasogástrica para descompressão abdominal; • Hidratação venosa para reposição de perdas; • Redução hidrostática; • Cirurgia. APENDICITE AGUDA APENDICITE AGUDA • EPIDEMIOLOGIA: - Representa a urgência cirúrgica mais comum na criança. - Mais comum entre os 6 e 10 ano de idade, porém pode ocorrer desde o período neonatal até a adolescência. • FISIOPATOLOGIA: - Obstrução da luz proximal em 70% dos casos. - Redução do suprimento sanguíneo. • Infecção bacteriana na parede. • Distensão da luz por secreção purulenta. APENDICITE AGUDA • QUADRO CLÍNICO: - Nas crianças maiores, o quadro clínico é semelhante ao observado em adultos. - Nas crianças menores, principalmente recém-nascidos e lactentes, muitas vezes o quadro é incaracterístico. - Os sinais e sintomas, em lactentes e recém-nascidos, são geralmente inespecíficos, podendo ocorrer distensão abdominal, febre, vômitos ou mesmo diarreia. Pode, também aparecer massa palpável no QID. APENDICITE AGUDA • DIAGNÓSTICO: - Essencialmente clínico. - Quando a história e exame físico são típicos, pouco ajuda os exames de laboratório. - O exame radiológico demonstrando fecalito no QID pode ser taxativo de apendicite. • TRATAMENTO: - Cirúrgico. TRAUMA ABDOMINAL NA INFÂNCIA • Deteminar o mecanismo do trauma: • Força e Localização. • Sintomas associados: • Dor, vômitos, hematúria, sangramento retal e dificuldade respiratória. • Manejo: • CABDE; • 2 vias de acesso (caso de trauma multissistêmico). • Crianças, em relação a adultos, mantem a pressão sanguínea diante da perda significativa de sangue. • Reavaliações constantes. • Exame Físico: • Sinal do cinto de segurança, Grey Turner e Cullen, diminuição de RHA, timpanismo, massas palpáveis e toque retal. TRAUMA ABDOMINAL NA INFÂNCIA Gray Turner Cullen TRAUMA ABDOMINAL NA INFÂNCIA • Responsável por cerca de 11% dos traumas, 44,5% morrem nas 24h, 63% nas 48h e 3,3% depois de 10 dias. • Considerar superfície e massa corporal, flexibilidade e elasticidade. • Causas: • Acidentes (93%), Esportes (2%), Lesões por violência (2%), Maltratos (1,2%). • Classificação: • Fechado é o mais comum (85% dos casos). • Penetrante 15%. • Principal causa de óbito por trauma por lesão não reconhecida: • Hemorragia (precoce) e perfurações (tardio). • Lesão de baço (30%) e fígado (28%) são frequentes, com 20% de mortalidade no trauma grave. • Lesão renal em 25% e TGI 14%. • Atenção para os sinais de choque!!! • Hipotensão, taquicardia, taquipneia, diminuição do débito urinário e rebaixamento do nível de consciência. TRAUMA ABDOMINAL NA INFÂNCIA • Exames Laboratoriais: • Tipagem sanguínea, hemograma, amilase, transaminases e EAS. • Amilase > 200 UI/L, Lipase > 1800 UI/L. • TGO > 450 UI/l e TGP > 250 UI/L. • EAS: > 20 eritrócitos por campo. • > 50 eritrocitos por campo = 100% de sensibilidade e 64 % de especificidade. • Gasometria arterial. • Exames de Imagem: • Radiografia de tórax em diferentes incidências. • FAST. • TC de abdome sem contraste. • Ressonância magnética. DEGLUTIÇÃO DE CORPO ESTRANHO • Considerações: • 80% do acidentes ocorrem com crianças, 80-90% é eliminado naturalmente, 10-20% obstrui luz e perfura parede, necessitando remoção. • 1% exige cirurgia. • 28 a 68% obstrui o esôfago (porção mais estreita do TGI). • 16 a 40% são testemunhadas e não há sintomas. • Objetos que ultrapassam o esôfago geralmente não causam sintomas. • Manifestações Clínicas: • Depende da idade da criança, região anatômica envolvida, natureza do objeto e tempo da ingestão; (disfagia, odinofagia, sialorréia, tosse, estridor, chiado, dor, vômito, inapetência). • 1/3 médio e distal - sintomas menos exuberantes - desconforto retroesternal e epigástrico. • Trato gastrointestinal inferior: febre, dor abdominal, vômitos, náuseas, melena e hematêmese. • Os objetos pontiagudos com diâmetro maior que 5 cm têm mais chance de impactação e desenvolvimento de complicações. DEGLUTIÇÃO DE CORPO ESTRANHO • Tipo de Corpo Estranho. • Moedas, pregos, parafusos, agulhas, tampa de caneta e garrafa, clipes de papel, brincos, pedaço de vidro, pilhas e baterias. • Diagnóstico: • Radiografias simples de tórax e abdome em diferentes incidências. • Esofagoscopia rígida ou flexível. • Conduta: • Depende do corpo estranho (formato, material, toxicidade). • Expectante. • Intervenção. OBSTRUÇÃO POR ÁSCARIS OBSTRUÇÃO POR ÁSCARIS • Ascaris lumbricoides; • Maiores de 2 anos; • Infestação maciça por Ascaris lumbricoides; • Frequentemente na valva íleocecal. • Quadro clínico: • Distensão abdominal; • Vômitos; • Parada de eliminação de fezes; • Eliminação de áscaris pela boca ou nariz. OBSTRUÇÃO POR ÁSCARIS • Diagnóstico: Clínico. EPF, Radiografia simples. • Tratamento: o SNG descompressiva; o Administração de óleo mineral + piperazina (imobiliza sistema muscular); o Após isso, administrar mebendazol ou albendazol; o Esporadicamente cirúrgico Falha de tratamento clínico ou surgimento de complicações: necrose, perfuração, volvo ou invaginação intestinal. PANCREATITE AGUDA PANCREATITE AGUDA • Definição Condição inflamatória aguda do pâncreas, com acometimento variável das estruturas peripancreáticas e órgãos à distância, cuja gênese depende da autodigestão tecidual pelas próprias enzimas pancreáticas. • Outras formas de apresentação da pancreatite: o Pancreatite aguda recorrente; o Pancreatite crônica; o Pancreatite crônica recorrente. PATOGÊNESE • Reação inflamatória aguda difusa do pâncreas associada a áreas de necrose gordurosa, formando nos casos mais graves,extensas áreas de necrose de tecido glandular em meio a ruptura vascular e focos de hemorragia. • Células acinares função exócrina enzimas pancreáticas (zimogênios). • Estímulo lesivo fusão dos zimogênios com vesículas lisossomais liberação de enzimas ativas no interstício auto-digestão (fosfolipase A, lipase e elastase). • Outras enzimas ativam uma cascata de fatores, ativando sistema de coagulação e mediadores inflamatórios SIRS. • Todos esses fenômenos aumento da permeabilidade capilar e edema da glândula. EPIDEMIOLOGIA • Aumento progressivo no número de diagnósticos nos últimos anos. • Conhecimento acerca da doença. • Aumento do uso de drogas com PA como efeito adverso. • Aumento no número de doenças sistêmicas que acometem o pâncreas. ETIOLOGIA • Causas mais variáveis que no adulto. • Cinco principais causas: doenças biliares, medicamentosa, idiopática, doenças sistêmicas e trauma. • Outras causas metabólicas, hereditárias e infecciosas. • PA biliar Cálculos biliares, barro biliar ou anomalias anatômicas do sistema ductal (pâncreas anular). • PA medicamentosa Todas as outras causas comuns devem ser excluídas. Ex: Ácido valpróico, L-asporaginase, Ifosfamida, GH. ETILOGIA • PA idiopática 10 a 20% dos casos. Investigação completa. • PA relacionada a doença sistêmica Cada doença apresenta peculariedades na forma e magnitude de acometimento pancreático. Ex: Lúpus eritematoso, Doença celíaca, Púrpura de Henoch-Schonlein, Febre Tifóide, Sarampo, Varicela, Doença de Crohn. • PA induzida por trauma: o Mais comum; o Acidente automobilísticos, esportivos, atropelamento, quedas e abuso sexual em crianças; o Localização retroperitoneal Difícil diagnóstico, maior morbidade. QUADRO CLÍNICO • Dor abdominal sintoma mais comum (80 a 95%), tendo localização mais frequente em região epigástrica. Pode ser difusa e em dorso. • Náuseas e vômitos. • Outros sintomas: icterícia, febre, derrames cavitários, íleo adinâmico (distensão abdominal). • Sinais: Grey-Turner (equimose em flancos), Cullen (equimose periumbilical) e Fox (equimose na base do pênis) Mau prognóstico. • Forma leve (edematosa) e forma grave (complicações sistêmicas e locais como necrose, abscesso e pseudocisto). • Díficil diagnóstico: baseado somente na clínica. DIAGNÓSTICO • Combinação: história clínica + exames bioquímicos + imagem. • Enzimas pancreáticas: o limitações diagnósticas; o Falso-positivos; o Amilase 50 a 85%; Lipase Quase 100% (3-5x o valor de referência). • Imagem USG, TC, RNM e CPRE. o USG: Exame inicial. Pode ter baixa sensibilidade para PA e necrose pancreática; o TC: Maior sensibilidade, principalmente nos estágios iniciais. Poderá evidenciar aumento do pâncreas, borramento da gordura peripancreática, coleções líquidas e áreas de necrose. o RNM: Melhor visualização. Porém grande dificuldade de realizar em crianças. o CPRE: Muito pouco usado, com importantes complicações. Indicação: PA biliar. TRATAMENTO • Abordagem inicial Reposição volêmica, analgesia e dieta enteral zero. Definir se forma leve ou grave. • Forma leve (edematosa): Medidas gerais Hidratação, analgesia e nutrição. • Formas mais graves: o Hipovolemia: SF 0,9%, 20ml/Kg a cada 20-30 minutos, até que seja revertido sinais de desidratação. o Anlagesia: Comuns podem ser insuficientes. Normalmente opiáceos podem ser necessários. TRATAMENTO • Nutricional: o Estado hipercatabólico; o Jejum prolongado?; o NP prejudica resposta imune, translocação e taxas de infecção; o NE introdução precoce evita atrofia da mucosa, supercrescimento bacteriano, aumento da permeabilidade intestinal e translocação bacteriana; o Fórmula enteral ideal: fórmulas elementares mais recomendadas. Possuem melhor absorção intestinal e menor estímulo para a secreção exócrina pancreática; o Recomenda-se dieta enteral no máximo 48-72h após diagnóstico de PA; o Preferência por via oral. Se não possível, alimentação via sonda em jejuno, depois por sonda gástrica; o Não há recomendação exata sobre volume inicial e modo de progressão, devendo cada caso ser analisado. TRATAMENTO • ATB: Não é recomendado nas formas leves e nem em formas graves, desde que não haja sinal de necrose pancreática infectada. • Pancreatite aguda com mais de 30% de necrose na TC tem uma chance de 40% de infecção do tecido necrosado. • Normalmente a infecção ocorre 10 dias após o caso de PA (piora do quadro). • Confirmação TC • Conduta ATB + necrosectomia. • ATB recomendado: carbapenêmicos, 14-21 dias. COMPLICAÇÕES • Precoces: o Choque hipovolêmico; o Choque séptico; o Disfunção renal (pré-renal); o Derrames cavitários. • Tardios Pseudocisto: o Coleção líquida não infectada envolvida por cápsula de fibrose, que se manteve ou se instalou após 4 semanas do ínicio do quadro de PA; o Assintomático e sem complicações, não há intervenção cirúrgica. Se abscesso pancreático tratamento intervencionista (drenagem). • Mortalidade Pode chegar a 11% (menor em relação aos adultos). infectado EVOLUÇÃO DO CASO: • Procurou inicialmente HRG no dia 11/01/13, onde foi observado aumento de amilase aos exames laboratoriais (726). • Foi então encaminhado para avaliação pela equipe de Cirurgia Pediátrica do HMIB, que orientou conduta clínica (dieta zero, HV 100% e sintomáticos). • Paciente ficou em dieta zero por 48 horas e, como apresentava boa evolução clínica, sem dor abdominal e sem vômitos, foi reintroduzida dieta oral, hipograxa. • Paciente ficou bem por 2 dias, quando voltou a apresentar dor abdominal, vômitos e 2 picos febris. • Permaneceu em dieta zero por mais 48 horas, sendo realizado TC de abdome com contraste. EVOLUÇÃO DO CASO: • Realizado TC de abdome (16/01/13): • “Exame realizado antes e após a injeção intravenosa de constraste iodado. Coleção lobulada e septada no corpo do pâncreas, medindo 51x51x48 mm, deslocando anteriormente o estômago com cuja parede posterior mantém íntima relação. Há no interior da coleção - predominantemente hipodensa - área de densidade mais elevada, amorfa, que sugere hemorragia de permeio. É questionável a presença de vaso gástrico em relação a esse provável conteúdo hemorrágico. Fígado, baço, rins, vesícula biliar e bexiga sem alterações evidentes. Linfonodos peripancreáticos aumentados e também alguns mesentéricos no mesogástrio. • Volumosa coleção pancreática, com provável hemorragia de permeio, em íntima relação com parede gástrica. Considerar a possibilidade de rotura de vaso gástrico associada. • Área de necrose hemorrágica em torno de 60% do pâncreas.” EVOLUÇÃO DO CASO: • Após TC de abdome, iniciado ATB com Meropenem e reintroduzida dieta por SNE com Aminomed. • Após 3 dias do início da dieta por SNE voltou a apresentar vômitos e foi identificada massa palpável em abdome superior, sendo suspensa dieta por sonda e solicitado ECO abdominal. • Realizado USG 24/01: • “Volumosa imagem cística na região epigástrica, medindo 7,3x5,4x7,3 cm (volume de 154cm3), com material ecogênico fixo em seu interior. Pâncreas mal visualizado. Fígado e baço com dimensões e ecotextura preservadas. Vesícula biliar tópica, sem alterações. Rins tópicos, com dimensões, ecotextura e contornos preservados. Pequena quantidade de líquido livre na cavidade abdominal. Não visualizamos dilatação de vias biliares intra ou extrahepática.” EVOLUÇÃO DO CASO: • Paciente foi então deixado em dieta zero e iniciado NPT em 28/01/13, conforme avaliação da Gastropediatria do HBDF. • Transferido para o HBDF no dia 04/02/13, evoluindo clinicamente estável, recebendo nutrição parenteral, sem febre, dor abdominal, vômitos ou outras queixas. • Reintrouduzido progressivamente dieta oral, com boa aceitação e sendo suspensa dieta por NPT. • No dia 13/02/13, após hemocultura negativa, suspenso Meropenem. • No momento encontra-se bem clinicamente, sem vômitos e dores abdominais, ainda com massa palpável, aguardando avaliação da cirurgia pediátrica. EXAMES COMPLEMENTARTES: Unidade Referência 11/01 Amilase UI/L 0 – 125 726 Fosfat Alcalina U/L 50 – 136 -PCR mg/dL <0.3 -- 12/01 13/01 14/01 16/01 18/01 20/01 22/01 24/01 05/02 08/02 19/02 449 104 127 193 200 219 245 288 726 887 132 467 --- 567 416 462 606 562 804 853 847 18.30 ---- 2.03 2.14 -- 1.19 -- 0.23 0.11 Unidade Referência 11/01 12/01 13/01 14/01 16/01 18/01 20/01 22/01 24/01 05/02 08/02 TGO U/L 15 – 37 50 28 22 -66 19 22 20 22 40 44 TGP U/L 30 – 65 230 126 92 13 95 39 32 22 15 6 10 Gama GT U/L 15.0 - 85.0 -19.0 --- 142.0 77.0 66.0 53.0 38.0 24.0 19.0 B. Total mg/dL 0.20 - 1.00 -0.50 --- 0.28 0.15 -- 0.10 0.27 0.10 0.30 B. Direta mg/dL 0.00 - 0.20 -0.10 --- 0.06 0.05 -- 0.05 0.07 0.01 0.01 B. Indireta mg/dL 0.20 - 0.80 -0.40 --- 0.22 0.10 -- 0.05 0.20 0.09 0.29 19/02 31 15 18.0 0.50 0.06 0.44 EXAMES COMPLEMENTARTES: Ureia Creatinina: Unidade Referência 11/01 12/01 13/01 14/01 16/01 18/01 20/01 22/01 24/01 05/02 08/02 19/02 mg/dL 15.0 - 40.0 -- 16.0 9.0 -- 25.0 --- 15.0 27.0 31.0 19.0 25.0 mg/dL 0.80 - 1.30 -- 0.30 0.30 -- 0.40 --- 0.30 0.40 0.30 0.36 0.46 Unidade Referência 11/01 12/01 13/01 14/01 Glicose mg/dL 70 - 99 -67 83 87 Prot. Totais g/dL 6.4 - 8.2 -6.3 --Albumina g/dL 3.4 - 5.0 -3.7 --Globulina g/dL 2.5 - 3.6 -2.6 --RelaçãoA/ -1.1 - 2.2 1.4 --G 16/01 18/01 20/01 67 --4.7 -6.5 3.9 -3.9 0.8 -2.6 4.9 -- 1.4 22/01 74 6.4 3.8 2.6 24/01 47 5.7 3.5 2.3 05/02 56 7.0 4.4 2.6 08/02 62 7.0 3.6 3.4 19/02 60 7.1 4.3 2.8 1.1 1.5 1.7 1.1 1.5 EXAMES COMPLEMENTARTES: Hemácias Hemoglobi Hematócrit Leucócitos Segmentad Neutrófilos Bastonetes Eosinófilos Basófilos Monocitos Linfocitos Plaquetas Unidade x106/uL g/dL % x103/uL % % % % % % % x103/uL Referência 3.90 - 5.30 11.5 - 14.0 28.0 - 40.0 6.5 - 18.0 25.0 - 40.0 25.0 - 45.0 0.0 - 5.0 1.0 - 5.0 0.0 - 3.0 2.0 - 10.0 50.0 - 80.0 150 - 450 11/01 -10.9 33.7 24.1 -85.0 2.0 --7.0 5.0 398 12/01 3.40 9.9 28.6 17.5 78.0 79.0 1.0 1.0 0.0 6.0 14.0 232 13/01 3.24 9.4 26.7 12.4 62.0 62.0 0.0 1.0 1.0 8.0 28.0 266 14/01 3.13 9.1 27.4 12.2 -64.0 1.0 1.0 0.0 8.0 27.0 273 16/01 3.59 10.2 30.0 21.6 79.0 80.0 1.0 3.0 0.0 3.0 14.0 324 18/01 3.48 9.8 28.7 8.7 47.0 47.0 -4.0 0.0 5.0 44.0 372 20/01 3.82 10.6 30.9 10.4 57.0 57.0 0.0 4.0 0.0 6.0 33.0 433 22/01 3.98 11.1 32.4 12.3 62.0 64.0 2.0 3.0 0.0 8.0 25.0 427 24/01 3.62 10.0 29.2 15.4 76.0 76.0 0.0 1.0 0.0 5.0 18.0 409 05/02 4.38 12.0 35.4 11.0 -34.0 -19.0 3.0 9.0 35.0 326 08/02 4.72 12.4 38.0 11.8 -34.0 -17.0 1.0 1.0 47.0 366 19/02 4.55 12.1 36.4 10.6 45.0 47.0 2.0 7.0 1.0 8.0 37.0 366 OBRIGADO! Ddos Paulo, Daniel, Guilherme Almeida Guilherme Prata e Dr.Paulo R. Margotto