CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA SOUZA Faculdade de Tecnologia da São Sebastião Curso Superior de Tecnologia em Gestão Empresarial ANA FLÁVIA ALCÊNCIO KLINKE A INFLUÊNCIA DA CULTURA ORGANIZACIONAL NO DESENVOLVIMENTO DE LIDERANÇA FEMININA São Sebastião 2014 ANA FLÁVIA ALCÊNCIO KLINKE A INFLUÊNCIA DA CULTURA ORGANIZACIONAL NO DESENVOLVIMENTO DE LIDERANÇA FEMININA Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade de Tecnologia de São Sebastião, como exigência parcial para obtenção do título de Tecnólogo em Gestão Empresarial. Orientador: Profª Dra. Maria do Carmo Cataldi Muterle São Sebastião 2014 ANA FLÁVIA ALCÊNCIO KLINKE A INFLUÊNCIA ORGANIZACIONAL NO DESENVOLVIMENTO DE LIDERANÇA FEMININA Apresentação de Trabalho de Graduação à Faculdade de Tecnologia de São Sebastião, como condição parcial para a conclusão do curso de Tecnologia em Gestão Empresarial. São Sebastião, 8 de dezembro de 2014 BANCA EXAMINADORA _________________________________________________________ Drª MARIA DO CARMO CATALDI MURTELE _________________________________________________________ Me. DANIEL JUNG _________________________________________________________ Me. SORAYA MIRA REIS MÉDIA FINAL: ___________________ Dedico este trabalho aos meus pais Marisa Martins Alcêncio Klinke e ao meu irmão Guilherme Klinke. AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus, pois acredito que foi ele quem me deu a força necessária para que eu conseguisse cumprir meus objetivos durante esses 3 anos de curso. A minha família que me apoiou durante todo o tempo, aos meus pais que sempre me incentivaram a continuar me dedicando o máximo com suas sábias palavras e a meu irmão, pois sem os conhecimentos tecnológicos dele muitas pesquisas não seriam possíveis. Em especial a professora Maria do Carmo Cataldi Muterle, que dedicou seu tempo para me ajudar nessa minha caminhada e me auxiliou no cumprimento dos objetivos deste trabalho e também a professora Soraya Mira Reis que me ajudou no começo de toda a pesquisa, com o desenvolvimento do projeto. Aos meus amigos e companheiros de sala Francieli Chaves, Josefa Silva, Luana Brunetti, Elias Matos, Yuri Rufino e Silas Sergio que fizeram dessa experiência, uma jornada mais interessante e feliz, pois foram eles que nos momentos de desespero me ajudaram a seguir em frente e me animaram com seus conselhos e conversas divertidas. E por fim a todos os mestres, diretores e coordenadores do curso de Gestão Empresarial que exerceram suas funções com excelência durante esses 3 anos que estive presente na faculdade. Vocês foram desenvolvimento pessoal e profissional. Obrigada! indispensáveis para meu “A tarefa não é tanto ver aquilo que ninguém viu, mas pensar o que ninguém ainda pensou sobre aquilo que todo mundo vê”. (Arthur Schopenhauer) “Se enxerguei mais longe, foi porque estava sobre os ombros de gigantes.” (Isaac Newton) RESUMO Este trabalho aborda as questões relacionadas à liderança feminina aplicada à cultura de uma organização e às dificuldades encontradas pelas mulheres desde os primórdios até a atualidade na inserção das mesmas no mercado de trabalho em cargos de alta importância como gerentes, CEO. No decorrer do trabalho foi explorado, além da história, os conceitos de organização, cultura e liderança e assim foi demonstrado que a teoria pode gerar influências positivas dentro da organização se a sua aplicabilidade for executada de forma que agregue valor às características femininas e que exalte tudo da personalidade da mulher que for útil, incentive a ascensão delas em cargos de alto escalão e facilite o desenvolvimento da liderança. Assim foi possível também determinar a diferença entre os gêneros, as vantagens que o estilo de liderança delas podem trazer para as organizações e identificar os principais problemas que enfrentam, como o preconceito na complicação que encontram na comunicação entre os gêneros. Dessa forma pode-se compreender com a ajuda de um relatório desenvolvido pelo departamento de sustentabilidade do Walmart Brasil quais as melhores soluções para se aplicar nas empresas para adaptação das mulheres nas atividades e processos que desenvolvem respeitando suas características e suas peculiaridades, além disso para melhoria da capacitação delas e consequentemente para a contribuição do desenvolvimento da empresa. Palavras-chave: Mulher. Liderança. Organização. Empresa. ABSTRACT This work addresses the issues related to female leadership applied to the culture of an organization and the difficulties faced by women from the beginnings to the present days in their insertion in the labor market in positions of high importance as managers, CEOs. Throughout this work, the concepts of organizational culture and leadership have been explored beyond history and thus it was demonstrated that the theory can generate positive influences within the organization if its applicability runs in a way that adds value to the female characteristics (enhances everything in the woman’s personality that is useful, encourages their rise in high positions, and facilities leadership development. Moreover it was also possible to determine the gender differences, the advantages that a female leadership style can bring to organizations and identify the main problems they face such as gender bia’s when communicating. As a result it is possible to understand with help of a report developed by the sustainability department of Walmart Brazil identify the best solutions for the companies for the adaption of women in activities and procedures they develop, respecting their characteristics and peculiarities in addition to improving they training and consequently contributing to the company development. Keywords: Leadership. Organization. Woman. Company. SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 9 1.1. JUSTIFICATIVA DO TEMA ................................................................................ 9 1.2. PROBLEMA ...................................................................................................... 10 1.2.1. Hipótese .................................................................................................. 10 1.3. OBJETIVOS ...................................................................................................... 11 1.3.1. Objetivo geral ....................................................................................... 11 1.3.2. Objetivos específicos ............................................................................ 11 1.4. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ......................................................... 12 1.5. ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO ..................................................................... 12 2. REFERENCIAL TEÓRICO .............................................................................. 14 2.1. A HISTÓRIA DA MULHER NO MERCADO DE TRABALHO ............................ 14 2.1.1. A Origem da discriminação da mulher .............................................. 15 2.1.2. Ascensão da mulher no mercado de trabalho .................................. 17 2.1.3. Mercado de trabalho desigual ............................................................ 19 2.2. CULTURA ORGANIZACIONAL ........................................................................ 24 2.2.1. Feminilidade e Cultura Empresarial ................................................... 26 2.3. CONCEITO DE PODER ................................................................................... 27 2.4. CONCEITO DE LIDERANÇA............................................................................ 28 2.4.1. Mulher e Liderança .............................................................................. 29 2.5. COMUNICAÇÃO E INTELIGÊNCIA DE GÊNEROS ......................................... 31 2.6. FEMINILIDADE APLICADA À LIDERANÇA ..................................................... 32 2.7. A PROBLEMÁTICA DA LIDERANÇA FEMININA ............................................. 38 3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS .......................................................... 40 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................................... 41 4.1. ANÁLISE SOBRE O WALMART....................................................................... 43 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... 46 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 47 ANEXOS ................................................................................................................... 49 9 1. INTRODUÇÃO Esta pesquisa concentra-se em demonstrar como elementos da cultura organizacional que são: valores, ritos, crenças, linguagem, slogans ou lemas, condutas de forma geral, normas e ideologia podem ser fatores relevantes para o desenvolvimento de liderança de uma mulher em cargos como os de presidência, diretoria e gerencia, comprovando que existem resistência de aceitação cultural em relação à eficácia da gestora. Hirata e Maruani (2003, p. 75) afirmam que para que haja o desenvolvimento de liderança feminina é necessário que a cultura da organização permita, então a inclusão da mulher em cargos superiores é devida não somente a uma simples questão de preconceito e sim a uma herança da cultura e dos valores da em presa. Segundo Annis e Gurian (2009) Tal inclusão é importante para uma organização, pois são detectadas boas profissionais que podem gerar lucros para as empresas, já que conforme abordado no trabalho as mulheres podem contribuir para áreas específicas e trazerem maiores resultados efetivos para os processos que integram e atividades que exercem. Assim este trabalho visa explorar os benefícios de se ter mulheres líderes na empresa e demonstrar ferramentas que facilitem o desenvolvimento de liderança feminina, pois segundo a literatura referenciada é uma forma de se criar novos valores culturais para empresa que contribuam para o desenvolvimento da mesma. 1.1. JUSTIFICATIVA DO TEMA Este trabalho se justifica pela importância de abordagem do tema, pois se mostra uma discussão ainda latente no meio acadêmico, contribui, portanto para uma nova forma de interpretação do assunto, agregando valor a novas pesquisas no meio empresarial e sociológico. A principal preocupação deste trabalho é mostrar que a mudança cultural das empresas é necessária para que ela crie novas formas de gerir homens e mulheres no meio organizacional, tal mudança inclui ações que contribuam para o desenvolvimento da mulher dentro da empresa e que gera vantagens para a própria empresa. 10 Além de mostrar as desigualdades das remunerações entre homens e mulheres nos cargos mais altos, apresenta ações que possam mudar esse quadro de desigualdade da participação da liderança feminina. 1.2. PROBLEMA A problematização deste trabalho parte do fato que a maioria das empresas têm em seus cargos de maior importância homens, a origem deste fato é a cultura e valores que são estabelecidos desde a fundação de uma empresa. Este trabalho visa esclarecer quais são as causas de ainda se terem um menor número de mulheres em cargos de alto escalão e de ainda serem as quem menos recebem pelo trabalho. Além de abordar quais são as vantagens que as mulheres podem oferecer para as empresas como líderes femininas. Assim o trabalho responderá a seguinte questão: Em que medida as empresas podem contribuir para o desenvolvimento de liderança feminina? 1.2.1. Hipótese Na medida em que a empresa cria políticas que visam melhorias nas condições de trabalho e a possibilidade de uma maior participação efetiva das mulheres dentro da mesma ela contribui para o desenvolvimento de novas líderes, pois assim as incentiva a mostrar as habilidades e ideias que muitas têm e que podem trazer vantagens para empresa. Um dos meios da criação de políticas é fazer estudos específicos sobre o comportamento dos homens e das mulheres dentro da empresa e embasar as ações de melhoria com os resultados das pesquisas, desse modo Annis e Gurian (2009, p. 128) citam que “[...] quando as empresas resolvem as questões de genêro por meio da aplicação da pesquisa sobre as diferenças de genêro que têm por base o cérebro, elas melhoram seus resultados.” As ações das políticas que são embasadas em pesquisas de genêro podem melhorar os resultados da empresa por meio da mudanças de desempenho tanto de 11 homens quanto de mulheres, assim as mulheres poderão se desenvolver na mesma medida que os homens, em consonância com isso Annis e Gurian (2009, 132) ainda afirmam que “Mulheres talentosas precisavam que a empresa lidasse com as diferenças no modo como homens e mulheres se comportam e pensam e aproveitasse essas diferenças a seu favor.” 1.3. OBJETIVOS 1.3.1. Objetivo geral Apresentar novas sugestões de condutas culturais que possibilitem a concepção e implementação de politicas de icentivo de liderança feminina nas organizações. 1.3.2. Objetivos específicos Identificar quais foram as dificuldades e as causas da aceitação da mulher nas empresas. Relacionar as características da liderança feminina com a liderança masculina, mostrando as propriedades de cada uma delas, indicando as vantagens da liderança feminina. Informar como utilizar a inteligência de gêneros para uma melhor relação e comunicação entre os integrantes da empresa e a líder (melhor estruturação empresarial), evitando possíveis ocorrências de conflitos de ideias. Informar como as empresas estão agindo para permitir o desenvolvimento de liderança feminina. 12 1.4. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Esta pesquisa classifica-se como teórica e em relação aos objetivos como pesquisa aplicada da qual Ander e Egg (1978) apud Lakatos e Marconi, (2011, p. 6) define como um meio de pesquisa que visa ser prático, ou seja, que todas as conclusões do trabalho sejam desempenhadas logo em seguida, com a finalidade de responder as problemáticas que se verifica na prática. Em se tratar dos procedimentos, a averiguação será por meio de referências bibliográficas. Lakatos e Marconi (2011) explicam que a pesquisa bibliográfica sugere uma abordagem que permite oferecer a base para os temas que se desejam mostrar atualizadas e que sejam compatíveis com o trabalho ou pesquisa que se deseja realizar. Finalmente a forma de abordagem da pesquisa será qualitativa, da qual Neves (1996, p. 1) explana que: “Compreende um conjunto de diferentes técnicas interpretativas que visam a descrever e a decodificar os componentes de um sistema complexo de significados”. 1.5. ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO Este trabalho tem em sua primeira parte a introdução, justificativa do tema, problema, hipotese, objetivos e procedimentos metodológicos. No segundo capítulo o trabalho aborda o referêncial teórico que abrange os os seguintes temas: A História da Mulher no Mercado de Trabalho; A Origem da discriminação da mulher; Mercado de trabalho desigual; Desigualdade Salarial; Cultura Organizacional; Feminilidade e Cultura Empresarial; Conceito de Poder; Conceito de Liderança; Mulher e Liderança; Comunicação e Inteligência de Gêneros; Feminilidade Aplicada à Liderança; A Problemática da Liderança Feminina. No terceiro capítulo foi explanado os procedimentos metodológicos da qual o trabalho foi feito. Ainda no mesmo capítulo é retratado como foi desenvolvida a monografia, o tempo que cada item levou para ser feito e os metodos utilizados. 13 Por fim no quarto capítulo, este trabalho levantou os resultados de todo o referencial teórico e também apresentou o Walmart como um caso descrito em um documento. No quinto e último foi desenvolvido as considerações finais. 14 2. REFERENCIAL TEÓRICO 2.1. A HISTÓRIA DA MULHER NO MERCADO DE TRABALHO Segundo Hirata e Maruani (2003, p. 27) compreender fundamentalmente as desigualdades entre gêneros em relação ao mercado de trabalho, não se resume apenas a análise e o entendimento dos afazeres das mulheres, mas abrange a evolução da história do mercado de trabalho de um modo global. Se analisada a situação atual da cultura no mercado de trabalho é possível identificar que há desigualdades, Hirata e Maruani (2003, p. 19) classificam o quadro geral como uma configuração de injustiça se contrastados a remuneração, as circunstâncias de trabalho e de serviços prestados pelas mulheres em um cenário mundial em relação aos níveis de escolaridade, certificação e capacitação que elas conquistaram até hoje. Porém esse cenário não é recente, já que a dificuldade da conquista de ter os mesmos direitos e de serem tratadas do mesmo modo que os homens é relatada desde o começo do ingresso da mulher no mercado de trabalho, afirmando tal questão Hirata e Maruani (2003, p. 23) explicam que: “Encetada no início dos anos 1960, a feminização do trabalho assalariado continua, inexoravelmente, mas sem empreender uma verdadeira ruptura com os processos de produção de desigualdades de sexo.” De um ponto de vista sociológico é possível compreender quais eram exatamente as causas da necessidade que se criou da mulher expandir seus afazeres domésticos para serviços remunerados, assim Probst (2007, p. 2) cita que os primeiros passos da mulher para ajudar nas economias de suas casas começaram na primeira (1914 – 1918) e na segunda guerra mundial (1939 – 1945), nessa época os homens tiveram que sair de suas casas e enfrentar a guerra, assim as únicas que poderiam assumir as responsabilidades de manter o lar eram as mulheres, que também ocupariam o lugar deles no âmbito profissional. O momento pós-guerra também foi marcado pela entrada das mulheres no mercado de trabalho, pois como cita Probst (2007, p. 2) os homens que foram para Guerra e ainda assim conseguiram retornar foram mortos ou impedidos de voltar ao 15 trabalho pela situação física e assim as mulheres tomaram o espaço no ambiente laboral para retomar o planejamento feito por eles para a família. Após a 1ª guerra mundial o Brasil mudou assim como o resto do mundo em se tratar do mercado de trabalho já que ainda segundo Probst (2003), as mulheres começaram a ser beneficiadas com a legislação, o que propiciou o aumento de entradas de mulheres no mundo laboral. Probst (2003) demonstra esse cenário ao citar que apenas 30,9% do PEA (População Economicamente Ativa) em 1973 eram mulheres e em 1999 o número de mulheres na força de trabalho era 41,4% segundo o PNAD (Pesquisa Nacional de Amostra por Domicilio). Finalmente no ano 2000, foi estimado que 62 mil mulheres entraram no mercado de trabalho brasileiro. 2.1.1. A Origem da discriminação da mulher A principal conquista feminina no Brasil na teoria se deu na constituição de 1932. Segundo Hashimoto e Simões (2011, p. 9): Pela Constituição de 1932, ficou estabelecido que não haveria distinção de sexo quanto à remuneração; que seria proibido que mulheres grávidas trabalhassem durante o período de quatro semanas antes do parto e quatro semanas depois e que também seria proibido despedir mulheres grávidas pelo simples fato de estarem grávidas. Apesar da constituição, o que na prática ocorria não era conivente com a mesma, já que a cultura que envolve a sociedade do mundo é proveniente do fato de haver ainda resquícios da questão machista, da qual os homens é que sempre comandavam o lar, ou seja, eles tinham certo poder sobre as mulheres, já que trabalhavam fora e eram os provedores da família esperavam então que tivessem alguma recompensa ou conforto e assim as mulheres é que na maioria das vezes ficavam incumbidas de manter o lar a disposição deles (limpar a casa, cuidar dos filhos, cozinhar, etc.). Seguindo esse raciocínio cultural e sociológico envolvidos na história Vaz e Laimer (2010, p. 4) citam: “Muito se discute sobre a origem histórica da discriminação da mulher, mas o que se constata é que ela era submissa ao homem em todos os sentidos: domésticos, de lazer e sexuais”. 16 Eram raras as exceções de mulheres que tinham o ímpeto de abstrair-se desse código de conduta imposto pela cultura machista já que como citam Vaz e Laimer (2010, p. 4), as mulheres eram responsáveis pelas atividades do lar, se elas saíssem de casa, a sociedade as julgavam como desinteressadas a cumprir suas obrigações e assim eram marginalizadas e vítimas de preconceito. Para se compreender além da mulher como apenas um ser inserido na evolução sociológica é importante explicar o significado de feminilidade, assim para Vale de Almeida (1998, p. 212) apud Bruschini e Pinto (2001, p. 224) : Masculinidade e feminilidade não são sobreponíveis respectivamente a homens e mulheres, mas são metáforas de poder e de capacidade de ação e, como tal, acessíveis a homens e mulheres. Comprovado cientificamente o termo feminilidade como uma capacidade de se ter atributos correspondentes a mulher é aplicável aqui a descrição que Hirata e Maruani (2003, p. 21) fazem da situação da feminilidade em relação aos últimos 30 anos da qual “A feminização do mercado de trabalho é real, mas inacabada, incompleta, tanto que se fez sob o signo da desigualdade e da precariedade.” Nessa busca por igualdades as mulheres tiveram de passar por várias provações e no meio dessas tentativas de conquistar o seu espaço no mundo empresarial sofreram muitas vezes com agressões (verbais ou físicas) (VAZ; LAIMER, 2010, p. 5). A dificuldade encontrada na busca por igualdades advém da aceitação social delas no mercado de trabalho que por sua vez ocorre pela teoria machista da qual cita Hirata e Maruani (2003, p. 70): “Se o masculino é associado à modernidade da razão, do trabalho, da liberdade e do cidadão o feminino é ligado à antiga ordem social da família, da dependência e da naturalidade”. Dimensionando ainda mais a causa das mulheres serem marginalizadas em algumas organizações Hirata e Maruani (2003, p. 74) afirmam que, uma vez que a autoridade (razão e poder) está ligada a uma visão sociológica da masculinidade as entidades de natureza burocráticas, fundamentadas na racionalidade e na categorização de pessoas são propícias a classificar as mulheres em patamares de subordinação. Essa marginalização podia ser percebida desde o começo da jornada delas onde elas não tinham direitos trabalhistas que se igualassem ao dos homens, um 17 dos exemplos era o tempo e o salário, Vaz e Laimer (2010, p. 8) explicam que, mesmo que seu tempo de trabalho fosse grande, elas não eram remuneradas comumente como os homens, já que dependiam do salário deles, sua remuneração não era baseada no tempo que trabalhavam e sim pelo recebido por seus maridos, pois julgavam desnecessário que o ganho delas fosse igual ao deles. 2.1.2. Ascensão da mulher no mercado de trabalho Foi possível analisar que a ascensão da mulher no mercado de trabalho foi gradativa e que no Brasil não foi diferente é o que explica Madalozzo (2011) de acordo com uma pesquisa do IBGE, que diz que em 1950, somente 13,6% das mulheres em idade ativa participavam do mercado de trabalho e em 2009, esse percentual era de 52,7%. Assim ela conclui que “Isto significa que, entre todas as mulheres que residem no Brasil com dez anos ou mais de idade, 52,7% estão empregadas ou procurando emprego” (MADALOZZO, 2011, p. 8). O Gráfico 1 ilustra o cenário do mercado de trabalho no Brasil entre os anos de 1950 e de 2009. Aqui pode-se compreender os reais avanços da sociedade brasileira quanto à igualdade de gêneros no âmbito laboral. Gráfico 1 - Evolução da participação de homens e mulheres no mercado de trabalho brasileiro. Fonte: Estatistica do Século XX e PNAD. Ambos do IBGE. Tabulação do relatório desenvolvido pelo Departamento de Sustentabilidade da WalMart 2011. 18 O relatório: Um diagnóstico da participação feminina na economia brasileira – 2011 desenvolvido pelo Departamento de Sustentabilidade do Walmart Brasil expõe o gráfico 2 mostra que as mulheres brasileiras representam 58,9% de mão-de-obra inclusas no mercado de trabalho, o que significa que estão à frente de países como Alemanha, França, Itália, Japão e Reino Unido. “Os dados brasileiros são próximos aos dos Estados Unidos (59,2%), Austrália (60,6%), Holanda (60%) e Suécia (60,6%).” Gráfico 2 - Comparação internacional da participação das mulheres no mercado de trabalho. Fonte: US Bureau of Labor Statistics. PNAD 2009 (IBGE). Tabulação do relatório desenvolvido pelo Departamento de Sustentabilidade da WalMart 2011. Em meio a desigualdades explicitas entre homens e mulheres no campo profissional, há um dado que explica o crescimento do número de mulheres no mercado, esse fator é a educação. O relatório desenvolvido pelo Departamento de Sustentabilidade da WalMart indica que: Nos últimos dez anos, os dados de educação no Brasil revelam que as mulheres permanecem mais tempo na escola e este fator é de grande importância para a diminuição das desigualdades salariais entre os gêneros (MADALOZZO, 2011, p. 10). Madalozzo (2011, p. 10) ainda cita que: Entre as mulheres que completaram uma faculdade, 82,2% participavam do mercado de trabalho em 2009, enquanto para mulheres sem instrução, somente 33,6% estavam empregadas ou procurando emprego no mesmo período. 19 A comparação de faixas etárias entre gêneros no mercado de trabalho brasileiro é outro ponto importante para se compreender a substancial entrada feminina no mesmo, pois a idade é uma característica necessária para entender qual o perfil das mulheres que compõe o mercado. É o que ilustram os dados do IBGE na tabela a seguir. Tabela 1 - Participação no mercado de trabalho brasileiro por gênero e faixas etárias. Fonte: Fundação Carlos Chagas e PNAD 2009 (IBGE). Tabulação do relatório desenvolvido pelo Departamento de Sustentabilidade da WalMart 2011. Os dados revelam portanto, que as mulheres compreendiam 18,2% do mercado de trabalho em 1970 já em 2009 esse número foi quase triplicado, porém a comparação desde mesmo período para os homens foi de um aumento de menos de 1%, ou seja, a tabela 1 mostra que: “Embora os dados de participação no mercado de trabalho para os homens tenham pouco se alterado nesses quase quarenta anos, os indicadores para as mulheres foram drasticamente alterados” (MADALOZZO, 2011, p. 9). 2.1.3. Mercado de trabalho desigual Levou muito tempo até que as mulheres conseguissem ter as mesmas chances que os homens em ocupar um mesmo cargo em uma empresa, e o mesmo ocorre em relação aos cargos altos, elas são ainda a minoria até hoje e enfrentam 20 dificuldades para ter uma posição de liderança. Comprovando essa dificuldade Hirata e Maruani (2003) citam que “Elas ocupam postos mais funcionais (administração, comunicação) e funções de avaliação técnica (estudos, pesquisas) que postos de chefia e de decisão”. Em relação ao exposto apesar da condição da mulher em relação à inserção da sua mão-de-obra no mercado ter se ajustado a sociedade no Brasil, ainda o fato de não se ter muitas mulheres na liderança é predominante. Segundo Probst (2003, p. 3) “No Brasil, as mulheres são 41% da força de trabalho, mas ocupam somente 24% dos cargos de gerência”. Probst (2007, p. 3) ainda cita que: “O balanço anual da Gazeta Mercantil revela que a parcela de mulheres nos cargos executivos das 300 maiores empresas brasileiras subiu de 8%, em 1990, para 13%, em 2000”. Apesar dos dados que mostram o crescimento do número de líderes femininas convém observar que ainda assim as mulheres temem correr os riscos que as levariam ao alcance da liderança e se sentem intimidadas porque, segundo Frankel (2007, p. 58) elas reconhecem que têm menos oportunidades que os homens e sabem que quando surge alguma elas têm então apenas uma tentativa antes que pressuponham seus atos, e, além disso, porque muitas pessoas ainda não se acostumaram com o fato de haver líderes mulheres. 2.1.3.1. Desigualdade Salarial Um dos pontos de partida que se pode levar em consideração na questão de diferenciação das mulheres e dos homens em relação ao mercado de trabalho é o exemplo que cita Yannoulas (2002, p. 21), que a formação acadêmica das mulheres é maior e compreende 1 ano a mais de escolaridade, porém elas não levam vantagem nesse maior desempenho, continuam a ganhar salários menores e terem cargos inferiores. Segundo Yannoulas (2002, p. 21) A diferença de remuneração entre os sexos ainda insiste em permanecer irredutível nos anos antecedentes até hoje. Maruani e Hirata (2003, p. 152-3) demonstram o exemplo das diferenças dos salários entre as mulheres e os homens na indústria nos países a União Europeia em 1996 na tabela 2 a seguir. 21 Tabela 2 – Salário das mulheres em relação ao dos homens na indústria nos países da União Européia em 1996 (em %). As mesmas autoras exemplificam além dessa outra desigualdade salarial referente a relação entre salário/hora das mulheres e dos homens em 1995 sem gratificações. Vide tabela 3 a seguir. Tabela 3 – Salário/hora das mulheres em percentual relativo ao dos homens em 1995; gratificações não inclusas. 22 De acordo com Hirata e Maruani (2003, p. 154) Tal diferença salarial no mercado de trabalho é decorrente em grande parte das culturas e tradições de alguns países. Hirata e Maruani (2003) ainda afirmam que: Esses fatores se baseiam nas relações sociais de sexo e remetem à divisão dos papeis no seio da esfera familiar (acesso diferenciado à educação e à formação, repartição “desigual” do trabalho doméstico, existência de um “salário familiar masculino” que garante as despesas do lar e, inversamente, um salário feminino complementar...). Além do reconhecimento de uma das causas ser o fator cultural, há outro fator da qual Hirata e Maruani (2003, p. 157) abordam que elas não são gratificadas com salários similares ao dos homens, por não estarem nas mesmas posições e cargos. Segundo Hirata e Maruani (2003, p. 157), na maioria das vezes elas não ocupam os mesmos empregos em detrimento da insistência de separação entre funções e hierarquização dos setores em femininos e masculinos. É evidente as diferenças salariais entre homens e mulheres, mesmo que elas se esforcem em conseguir maior nível de educação e consigam uma fatia significativa do mercado de trabalho em relação ao número de homens, os salários são ainda um fator a ser vencido (MADALOZZO, 2011). De acordo com Madalozzo (2011, p.18) as diferenças salariais em países desenvolvidos são maiores, porque há mais cargos, mais profissões e maior grau de hierarquia, portanto a diferença entre os salários são maiores já que são poucas as mulheres que contemplam um cargo de alto escalão dentro de uma empresa, o que induz a uma maior discrepância dos gêneros. 23 Gráfico 3 - Diferença percentual de salários de homens e mulheres. Fonte: Estatísticas do Século XX e PNAD (ambos do IBGE). Tabulação do relatório desenvolvido pelo Departamento de Sustentabilidade da WalMart 2011. O gráfico a cima aborda as diferenças salarias entre homens e mulheres entre diferentes países e mostra que o Brasil tem uma diferença menor em relação a países como Holanda, Austrália, Reino Unido e Alemanha, assim Madalozzo (2011, p. 18) explica que: Se assim for, países com uma população de homens e mulheres muito parecida e exercendo cargos e funções de baixa diferenciação entre eles, terão diferenças salariais entre homens e mulheres menos evidentes do que países onde existe uma alta concentração de homens em cargos executivos e alta concentração de mulheres em cargos mais baixos da hierarquia empresarial. A tabela do relatório desenvolvido pelo Departamento de Sustentabilidade da WalMart demonstra a relação entre o nível educacional e as diferenças salariais entre homens e mulheres, onde se percebe que na categoria analfabetos a diferença é de 16,8%, menor em relação às outras categorias, pois provavelmente contemplam cargos parecidos entre si. Já na categoria de ensino superior completo essa diferença aumenta para 41,8. 24 Tabela 4 - Participação das mulheres no mercado de trabalho brasileiro por nível educacional (%) – mulheres de 16 anos ou mais. Fonte: PNAD, 2009 (IBGE). Tabulação feita pelo relatório desenvolvido pelo Departamento de Sustentabilidade da WalMart (2011). As hipóteses que explicam essa diferença podem ser segundo Madalozzo (2011, p. 19): As mulheres trabalharem menos tempo em relação aos homens e assim o salário é proporcionalmente menor que o deles; pode ser que elas tenham escolhido por profissões das quais sejam menos remuneradas que outras; e a última possibilidade é que elas estejam sendo avaliadas de forma diferente dos homens pelos empregadores, e assim são colocadas em níveis mais baixos que eles nas empresas. Considerando todos os fatores abordados em relação aos salários de homens e das mulheres, Madalozzo (2011, p.19) conclui que: Se, para chegar ao mesmo cargo que um homem ocupa, a mulher precisar de mais investimento em educação experiência ou qualquer qualificação adicional do que o exigido para seus pares do sexo masculino, então é possível afirmar que continua existindo discriminação no mercado de trabalho contra as mulheres. 2.2. CULTURA ORGANIZACIONAL Fleury e Fisher (2012, p. 20) citam que: Para Shein, cultura organizacional é o conjunto de pressupostos básicos (basic assumptions) que um grupo inventou, descobriu ou desenvolveu ao aprender como lidar com os problemas de adaptação externa e integração interna e que funcionaram bem o suficiente para serem considerados válidos e ensinados a novos membros como a forma correta de perceber, pensar e sentir, em relação a esses problemas. 25 Já para Freitas (1991, s/ p.) o que define a cultura organizacional é o relacionamento entre os integrantes da mesma que julga fundamental para determinar a cultura que envolve a empresa, pois quanto maior o tempo e a qualidade de interação que se tem dentro do ambiente corporativo, maior a facilidade da comunicação entre os indivíduos. A cultura organizacional, segundo as definições citadas, é então formada por um grupo de pessoas e tudo que a envolve depende, portanto da socialização organizacional que é explicada por Fleury e Fisher (2012, p. 45) como o modo que todos aqueles integrantes de uma empresa constroem uma base de conhecimentos e proporcionam experiências para outros indivíduos que foram incumbidos a novos postos e responsabilidades dentro da mesma. Dessa forma, Fleury e Fisher (2012, p. 39) explicam que, a cultura organizacional se estabelece paralelamente ao seu desenvolvimento de forma a considerar todas as circunstâncias, e assim dentro dessas a cultura formada é o resultado dos valores, mitos e crenças que se deu no decorrer da influência que sofria da sociedade e de todos que se integram a ela, não obstante o meio em que está inserida, portanto é que é considerado um dos principais influentes para a formação da cultura de uma determinada empresa. É necessário então demonstrar qual a importância da cultura para uma organização, Fleury e Fisher (2012, p. 37) explanam que sua importância se dá desde as interpretações que os indivíduos fazem das influências externas para empresa que compreendem o mercado, a tecnologia e tudo que abrange o meio ambiente estratégico até as interpretações de tudo que envolve o âmbito interno sendo parte deste a associação de membros, convenções, controle e gerenciamento internos. Já que a cultura organizacional engloba além do que somente a empresa como citado anteriormente, é indispensável identificar qual atitude tomar perante a necessidade de mudanças culturais, assim Dias (2007, p. 202) determina que é preciso analisar a cultura e detectar todos os atributos que serão possivelmente afetados, facilitando assim a passagem para uma nova estruturação. Essa análise é importante pois, de acordo com Fisher e Fleury (2012, p. 26) mudanças culturais são caracterizadas como dificultosas uma vez que há objeções dessa transformação impostas pelos envolvidos na organização. 26 2.2.1. Feminilidade e Cultura Empresarial A característica dos homens é que predominam como preferenciais das empresas, formando assim estruturas culturais de cunho machista, dos quais todas as peculiaridades que envolvem o estilo masculino (masculinidade) ainda estão associadas à competência, é o que citam Hirata e Maruani (2003, p. 71): Enquanto a tecnicidade, símbolo de um poder e de um controle sobre a natureza, é associada ao masculino e ao trabalho qualificado, isto é, socialmente valorizado, os serviços, consagrados ao relacional, são excluídos de uma representação em termos de tecnicidade e são considerados pertencentes a um universo de trabalho em que são requeridas qualidades inerentes à natureza feminina. Mencionada a visão da maioria das empresas perante o estilo administrativo dos homens e das mulheres, é possível então entender que a cultura organizacional está retida em um modelo da qual características femininas ainda não são recepcionadas da mesma forma que as masculinas, comprovando essa afirmação Hirata e Maruani (2003, p. 73) dizem que as mulheres detentoras de cargos altos, responsáveis por comandar e controlar de forma organizada são ainda poucas em comparação com os homens que assumem este mesmo cargo. Hirata e Maruani (2003) ainda declaram que as mulheres estão preenchendo mais postos de origens relacionais, ou seja, cargos referentes à administração ligados a pesquisas do que postos do alto escalão (postos de autoridade). Para compreender porque ainda há essa preferênciada masculinidade no mercado de trabalho é preciso tomar como base a cultura externa da organização, dessa forma Hirata e Maruani (2003) afirmam que o homem ainda ocupa uma posição principal, fazendo dessa um importante modelo da qual atua como ordem hierárquica para a sociedade, estabelecendo assim sua sobreposição sobre o feminino. Apesar de haver essa idealização do masculino como referência por parte da sociedade como identificado por Hirata e Maruani, na visão de Munhoz (2000) as empresas precisam integrar tanto homens como mulheres já que um determinante para uma empresa bem sucedida é o reconhecimento das diferenças entre os sexos no âmbito corporativo e a identificação do estilo feminino de liderança que é único. 27 Essas diferenças citadas entre homens e mulheres ocorrem em diversas perspectivas, a primeira delas é formação biológica (a ciência envolvida no desenvolvimento fisiológico) da qual Annis e Gurian (2009, p. 15) explanam que: “O cérebro é bastante adaptável, mas em certas áreas da personalidade e do gênero, ele é fixo.” 2.3. CONCEITO DE PODER Para Dias (2007, p. 177), “Poder é uma qualidade que um indivíduo ou grupo social possui em relação a outros indivíduos ou grupos.” Já para Fleury e Fisher (2012, p. 35) o poder é em uma de suas perspectivas um instrumento que tem a ação como sua base e portanto sua utilidade é de modificar e adaptar as organizações. Porém Segundo Ferreira, Gomes e Vilamaior (2010, p. 11), no meio corporativo o poder significa ter posse em um grau hierárquico alto, o que significa estar em um patamar vantajoso Assim Fleury e Fisher citam que quem detém o poder tem a capacidade de exercer ao menos três atividades: a força, a autoridade e a influência. (2007, p. 177) Fleury e Fisher afirmam que aquele que tem o poder deve então exercitar as atividades mencionadas de forma a priorizar a afinidade entre os integrantes e a estabilidade dentro da organização. (2012, p. 38) Segundo Fleury e Fisher (p. 38, 2012), quanto mais verdadeiro é o poder mais ele terá capacidade de coordenar, impor limites, validar todas as atividades integradas de uma empresa, desse modo recompensará aquilo que pode ser qualificado como uma boa performance. Então conforme a veracidade do poder do detentor for vista pela organização suas atitudes se tornarão influentes para a mesma, desse modo Fleury e Fisher (p. 39, 2012) declaram que as ações do responsável pelo poder, modo de agir, forma como vê tudo que o cerca, o meio ambiente e o interior de sua empresa, constroem de forma delimitada a mesma, integrando assim com valores e crenças que surgem e acabam agregando-se ao todo. Já que as ações de que tem o poder podem influenciar a organização então é preciso citar que não necessariamente um indivíduo pode ter todo o poder e ser 28 influente dentro de uma organização, pois Ferreira, Gomes e Vilamaior (2010, p. 13) afirmam que: Mesmo no atual cenário organizacional que predomina os casos da autocracia coercitiva, algumas corporações trabalham na contramão desta vertente, flexibilizando o poder e valorizando os colaboradores. Dessa forma Ferreira, Gomes e Vilamaior (2010, p. 13) afirmam que uma forma de dividir o poder e a autoridade é pela a implementação do empowerment, que facilita as atividades da empresa e atribui versatilidade aos encarregados, o que tange um estimulo maior acompanhado de credibilidade para o desempenho dos mesmos. Então a divisão do poder é importante, pois segundo Ferreira, Gomes e Vilamaior (p. 13, 2010): Criando um ambiente com motivação e comprometimento, a empresa pode aumentar a amplitude administrativa, o número de colaboradores comandados por um gerente, e consequentemente, aplicar um downsizing, que é a redução da hierarquia e do quadro de funcionários, um enxugamento. Não obstante, é importante relatar que o poder tem forte influência em todos que dependem dele, segundo Ferreira, Gomes e Vilamaior (p. 9, 2010) o desempenho dos colaboradores é o reflexo do nível de afinidade entre o influenciado e o influenciador (detentor do poder). 2.4. CONCEITO DE LIDERANÇA Dias (2007, p. 192) define liderança como um atributo da qual integra o poder e autoridade, assim o líder ao firmar suas ideias tanto pelas atitudes que tomam quanto pelas teorias que criam, influenciam quem está a sua volta formando adeptos voluntários aos ideais propostos. Dessa forma Dias (2007, p.192) explica que a liderança não deve ser confundida com o poder já que esse é só mais uma das características da mesma, assim ser líder é além gerenciar as pessoas, é decidir com ações. 29 A liderança, como abordado anteriormente, envolve gerenciar pessoas e Dias (2007, p. 192) então categoriza esse gerenciamento como a habilidade de exercer influência sobre as pessoas impulsionando-as a melhorar suas capacidades. O modo como se exerce a liderança é mais importante do que ter a capacidade de influenciar, ou seja, de nada adianta um indivíduo estar colocado em um determinado cargo na empresa da qual exige liderança e um bom poder de influência se ao mesmo não confere a característica de motivação. (DIAS, 2007, p. 192) Já que determinada influência se positiva é motivacional como citado, o que leva a ela ser categorizada dessa forma e vista pelos membros como algo que queiram seguir pode ser segundo Dias (2007, p. 192) pelas atitudes do líder, das quais podem ser citados: o caráter, aspectos morais e éticos além é claro das ideias declaradas. Além de todos esses aspectos Dias (2007, p. 193) afirma que a principal fonte da firmação de um bom relacionamento entre líderes e seus seguidores é a confiança que os adeptos sentem àquela determinada liderança. De acordo com Parra (2006) apud Dias (2007, p. 193) a liderança pode ser compreendida como: [...] a capacidade de influenciar uma pessoa, dentro de uma relação interpessoal dinâmica, que leva o seguidor a aderir livremente à vontade do líder, apoiando na confiança em que poderá satisfazer assim suas necessidades de bens úteis, agradáveis e éticos. Quando se trata da liderança dentro de uma organização, tudo que pensa o líder e suas habilidades devem ser voltadas para os ideais da organização, assim é possível identificar a tamanha importância dos líderes para a organização já que suas habilidades de valorizar e incentivar os funcionários é imprescindível para o crescimento da empresa de modo eficaz e eficiente (DIAS, 2007, p. 193). 2.4.1. Mulher e Liderança Segundo Frankel (2007, p. 26), “Os líderes são bem-sucedidos apenas enquanto atendem cuidadosa e adequadamente às necessidades imediatas de seus seguidores.” 30 A autora aqui sugere que quanto mais o líder (detentor do poder) é próximo do funcionário na questão profissional, mais confiança o mesmo terá para explanar suas necessidades Segundo Frankel (2007, p. 32): “O poder feminino deriva com frequência da capacidade de conquistar a dedicação e a lealdade das pessoas graças à compreensão e ao bom atendimento de suas expectativas.” Pode-se dizer que tal compreensão e o bom atendimento das expectativas que elas têm são provenientes do fato da qual Annis e Gurian (2009) explicam, que as mulheres líderes aspiram a serem mais comunicativas, assim sempre induzem a um maior tempo relacionando-se e trocando o máximo de experiências possíveis. Dessa forma Annis e Gurian (2009, p. 59) explanam a visão biológica e cientifica por trás dessas atitudes de líderes femininas dizendo que, o cérebro da mulher tem uma maior quantidade de sangue que flui, e que consequentemente aumenta o número de atividades cerebrais ligadas às partes emocionais e sensoriais o que faz com que ela compartilhe mais informações que os homens ao longo do dia. Além da maior facilidade de interatividade, Annis e Gurian (2009, p. 59) ainda afirmam que elas têm maior capacidade de construírem equipes das quais trabalhem em conjunto e com maior harmonia, fazem isso de forma a induzir os integrantes a desenvolverem-se suplementando uns aos outros. Outra qualidade da mulher da qual Annis e Gurian (2009, p. 60) citam que elas têm a capacidade de juntar as opiniões de cada um e perceber nessas uma possível relação e assim conseguem formar uma base para o progresso do raciocínio, e do ponto de vista cientifico isto é possível já que elas comportam um processamento neural mais dinâmico entre uma maior quantidade de centros cerebrais. Já que em essa capacidade de juntar opiniões, segundo Annis e Gurian (2009, p. 60) elas então tem uma percepção mais indutiva que os homens em se tratar de resolver questões de liderança, pois a mulher tem a habilidade de ouvir e entender todas as opiniões a sua volta que a auxiliam nas tomadas de decisões. Há outra habilidade muito latente na personalidade das mulheres líderes, Annis e Gurian (2009) categorizam-nas como descritivas, já que explanam com maior facilidade e maior detalhamento tudo que pretendem alcançar e como os seus subordinados devem realizar todas as tarefas planejadas para um determinado 31 objetivo, e na visão científica, pois os autores explicam que seus cérebros comportam até o dobro da capacidade verbal dos homens. Levando em consideração todas as habilidades da liderança feminina citadas anteriormente, para que elas se desenvolvam na empresa Frankel (2007, p. 23) sugere que, as mulheres devem então assimilar como podem desenvolver técnicas que enfatizem seus dons administrativos e de liderança. 2.5. COMUNICAÇÃO E INTELIGÊNCIA DE GÊNEROS Para Annis e Gurian (2009, p. 92), à inteligência de gênero confere a construção de habilidades embasadas em qualidades naturais dos homens e das mulheres com o objetivo de firmar um relacionamento de conformidade entre os sexos, e assim possibilitar o apoio mútuo em todas as situações. Segundo Annis e Gurian (2009, p. 89), “A inteligência de gênero, como a inteligência emocional, é importante para qualquer negociação”. De acordo com Annis e Gurian (2009, p. 102) para compreender como se comunicam homens e mulheres em suas particularidades, é importante ter o conhecimento sobre as discrepâncias cerebrais de ambos os sexos. Assim segundo Annis e Gurian (2009, p. 14), quando os homens e as mulheres reconhecem quem realmente são, há então como criar políticas factíveis de acordo com a imprescindibilidade de cada um dos sexos, formando um relacionamento íntegro baseado na responsabilidade com o outro, o que possibilita a eficiência da inteligência de gênero, transformando a parceria entre homens e mulheres em oportunidade. Annis e Gurian (2009, p.102) ainda citam que aqueles que comandam uma certa área da empresa tem a incumbência de ter o conhecimento dos modos da aplicação da inteligência de gênero e repassar o que foi apreendido aos seus subordinados, ou seja, essa aplicação é definir as políticas embasadas nas análises das possibilidades dos homens e das mulheres como foi retratado anteriormente. Assim deve haver sempre a busca sobre os relacionamentos entre os gêneros para que seja possível a atualização da forma que ocorre a comunicação entre eles e as políticas sejam corretamente desenvolvidas, desse modo Annis e Gurian (2009, p. 23) revelam que hoje em dia todos os fatos que circundam o gênero 32 geram influências imperceptíveis sobre eles, fatores como as redes de comunicação (mídia em geral), os problemas econômicos, internet e as questões de chefia e comando. As características femininas se dosadas corretamente são aliadas ao sucesso para o cumprimento de determinados objetivos, desse modo Annis e Gurian (2009, p. 52) citam que, “As mulheres são, no geral, menos agressivas do ponto de vista hierárquico, correm menos riscos, são menos afeitas a confrontos, menos competitivas”. Essa menor agressividade pode ser explicada por Annis e Gurian (2009, p. 90), quando retratam que as mulheres tendem a se importar com bons relacionamentos o que tem grande chance de auxiliar o sexo oposto a não se envolverem com desentendimentos prejudiciais as negociações que por muitas vezes são consideradas inevitáveis. Assim, entendendo a vantagem dessa menor agressividade feminina segundo Annis e Gurian (2009, p. 53) as organizações além de se especializarem nas diferentes formas como as mulheres e os homens comandam podem interferir na valorização das mulheres como líderes, aumentando resultados positivos no ambiente profissional. 2.6. FEMINILIDADE APLICADA À LIDERANÇA De acordo com Bergamini (1994, p. 114) entender a personalidade e as peculiaridades de cada um que estão subordinados ao poder é uma demonstração de saber como lidar com a autoridade e com a responsabilidade da influência. Saber identificar as características de quem estão próximos ao líder e saber lidar e se relacionar com os subordinados pode ser mais fácil para as mulheres, pois estão sempre mais atentas a detalhes, o que traz mais vantagens para a empresa. Bergamini (1994, p. 105) afirma que: “O papel do líder, conforme o enfoque do caminho-objetivo, caracteriza-se como aquele de agente a quem cabe desbloquear a força motivacional contida no interior do seguidor.” Assim Tonani (2011, p. 3) explica que, hoje em dia os líderes necessitam utilizar não apenas suas habilidades de negociação e de métodos específicos como também devem ter capacidade de lidar com questões emocionais. 33 Desse modo, Tonani (2011, p. 5) ainda cita que na atualidade as organizações buscam uma reformulação das características que um líder deve ter e as mulheres têm peculiaridades que configuram essa necessidade das empresas e o que também confere o contraste com a forma antiga de compreender como, os que portam os cargos de alto nível, devem ser e agir. Segundo Tonani (2011, p. 10) as organizações buscam gestores capazes de incorporar e capacitar um determinado grupo de trabalho, que exerçam suas funções com maior condolência. Frankel (2007, p. 119) cita que as mulheres têm um maior discernimento no quesito de princípios morais e uma maior capacidade de elaborar grupos de interesse, influenciar na capacidade das pessoas em aprimorar seus talentos e ainda consegue entender seus próprios pontos fracos, dessa forma elas se fazem grandes líderes. O estilo de liderança feminina é o que muitas empresas já estão buscando para incorporar em seus conselhos de administração, cargos de direção e presidências, e que já está contribuindo para melhor eficácia e eficiência dos processos da empresa (MADALOZZO, 2011, p. 20). Segundo Madalozzo (2011, p. 20): Um estudo divulgado pela consultoria McKinsey em 2010 mostra que, apesar da maior presença de mulheres no ensino superior e nas empresas, permanece pequeno o número de mulheres em cargos hierárquicos mais elevados. A tabela do relatório desenvolvido pelo Departamento de Sustentabilidade da WalMart apresenta o percentual de mulheres nos conselhos de administração de empresas abertas para diversos países em 2010, e a colocação do país no ranking do Global Gender Gap Report 2009. 34 Tabela 5 - Percentual de mulheres nos conselhos de administração e ranking dos países no Global Gender Gap Report. Fonte: Women Matter 2010.McKinsey e Global Gender Report 2009. Tabulação do relatório desenvolvido pelo Departamento de Sustentabilidade da WalMart 2011. De acordo com Madalozzo (2011, p. 20), o número de mulheres em conselhos na Noruega é grande, porque foi um dos primeiros países que elaboraram cotas para as mulheres ingressarem nos conselhos. A lei que determinava que as mulheres deveriam ocupar ao menos 40 % dos assentos dos conselhos foi promulgada em 2006, e deveriam cumpri-la no prazo de dois anos. Outro país que determinou a mesma lei, foi a Espanha já que em 2010 somente 10% das mulheres ocupavam cargos em conselhos das empresas abertas, assim foi estipulado que até 2015 40% do conselho fosse composto por mulheres. Tanto na Noruega quanto na Espanha a consequência para quem não cumprisse a legislação seria o fechamento das operações das empresas (MADALOZZO 2011, p. 20). Embora o fato de se ter mais mulheres ocupando cargos nos conselhos seja vista como uma forma positiva de ajudar as mulheres ingressarem nas empresas com maiores perspectivas, segundo o relatório desenvolvido pelo Departamento de 35 Sustentabilidade da WalMart essa não é a maneira mais adequada de impulsionar a vida profissional das mulheres. Madalozzo (2011, p. 21) justifica a inadequação da legislação pelo motivo que as empresas não colocariam as melhores capacitadas para os cargos, escolheriam aquelas que estivessem em acordo com o que a empresa quisesse, ou seja, todas as mulheres que não se dispusessem a discussões ou argumentações contra aos ideais discutidos preencheriam os cargos, assim não haveria diferenciação da sua presença nesse âmbito corporativo, não haveria portanto nenhuma melhoria na eficácia e eficiência dos processos. Madalozzo (2011, p. 21) conclui então que: Se assim for, a maior presença de mulheres em conselhos pode reduzir a eficácia dos conselhos e torná-los menos importantes para o sucesso das empresas, o que justificaria um retorno para menor participação das mulheres em conselhos e, talvez, nas próprias empresas, o que pode significar um retrocesso na busca da equidade entre os gêneros na sociedade. No relatório desenvolvido pelo Departamento de Sustentabilidade da WalMart – 2011 está explicito que a melhor forma de aumentar o número de mulheres nos conselhos não é estabelecendo cotas mas sim promovendo-as na medida que conseguem cumprir suas obrigações com êxito e sucesso, ou seja, só a partir do reconhecimento e análise dos empregadores é que poderiam ser conferidos cargos adequados àquelas com capacidade de trazer maiores resultados para empresa. O Gráfico 4 apresenta duas informações: nas colunas, a evolução da participação de mulheres com cargos de diretoras em empresas no Brasil e, na linha, o percentual de empresas que não tinham nenhuma mulher em suas diretorias. 36 Gráfico 4 - Composição das diretorias das empresas abertas no Brasil. Fonte: Comissão de Valores Imobiliários (CVM), 2004 a 2008. Tabulação do relatório desenvolvido pelo Departamento de Sustentabilidade da WalMart 2011. O gráfico 4 mostra que no ano de 2004 em relação a 2008 o número de mulheres diretoras aumentou apenas 1,7% enquanto que o número de homens em cargos de diretoria apesar de ter diminuído em 5,9% ainda representam a grande maioria nas empresas, pois ocupam 74,5% dos cargos. Madalozzo (2011, p. 21) conclui que: Sem dúvida, estes números mostram um avanço na participação de mulheres para cargos de comando nas empresas, mas ainda são bastante tímidos para significar uma adequada representação dos gêneros nas empresas. Quando o número de mulheres é menor que o de homens em cargos de chefia (gerências, diretorias, vice-presidências e presidências), as empresas devem discutir se é dada as mulheres os mesmos benefícios para sua alavancagem dentro da empresa, ou seja, se os estímulos são iguais para os gêneros (MADALOZZO 2011, p. 22). É necessário que a partir deste ponto se estabeleça políticas adequadas de identificação das diferenças entre os homens e as mulheres e a valorização das características femininas que contribuem para a organização, além do reconhecimento dos empregadores para impulsionar as mulheres para os altos cargos (MADALOZZO 2011, p. 22). 37 De acordo com o relatório desenvolvido pelo Departamento de Sustentabilidade da WalMart – 2011 Um estudo publicado por dois economistas que estudaram a composição dos conselhos de administração de empresas que compõem o índice Standard & Poor’s (S&P) mostrou que a presença de mulheres nos conselhos das empresas tem efeitos bastante positivos na dinâmica entre os conselheiros. Este estudo comprovou que as mulheres são a maioria que compõe as reuniões, ou seja, são comprometidas com todos os encontros marcados pela empresa, dessa forma elas acabam influenciando os homens, pois eles vão mais as reuniões quando elas também vão (MADALOZZO 2011, p. 22). Outra vantagem de se ter mais mulheres em cargos de alto escalão, é que isso faz com que a empresa recompense aqueles que estão na chefia da empresa por mérito, assim as formas de gratificações são mais justas, o que leva a empresa estar sempre de acordo com o compromisso com seus funcionários. Ainda segundo o relatório desenvolvido pelo Departamento de Sustentabilidade da WalMart (2011, p. 22): Em uma análise conduzida com empresas públicas e privada no Canadá, a pesquisadora Barbara Orser mostrou que a presença das mulheres nas empresas, principalmente em cargos elevados hierarquicamente, contribui não somente para o cumprimento de legislações ou cotas impostas para a equidade entre os gêneros, como também torna as empresas mais eficientes e competitivas em termos de mercado. O diferencial das mulheres em relação aos homens segundo a pesquisa de Barbara Orser é a aptidão que elas têm de decidirem as situações consensualmente (MADALOZZO, 2011, p. 22). Apesar de demorarem mais tempo para decidirem quais as melhores decisões que devem ser tomadas, elas decidem sempre em conjunto, assim as decisões se tornam mais democráticas e justas para empresa em geral (MADALOZZO, 2011, p. 22). A grande vantagem da mulher como chefe, então se torna explicita já que de acordo com Madalozzo (2011, p. 22): Esta possibilidade de participação na estratégia que está sendo tomada e na gestão efetiva da empresa faz com que as pessoas se sintam mais participantes e importantes para a empresa, elevando também os índices de 38 satisfação com o trabalho, o que diminui em grande proporção o turnover das empresas. Por fim a capacidade de interação das mulheres é maior, é uma peculiaridade da qual é mais percebida nelas do que nos homens, é o que afirma Madalozzo (2011, p. 22), pois já que sua necessidade de se relacionar é maior, ela se comunicará com seus subordinados mais vezes que um homem em um cargo de liderança. Madalozzo (2011, p. 22) conclui: Ou seja, empresas que promovem as mulheres têm benefícios na comunicação entre as pessoas, em índices de responsabilidade social, na tomada de decisão, e processos de gestão, entre outros. Conclui-se então que tanto homens como as mulheres são igualmente importantes para empresa, ambos se completam em suas formas de lidar com as diversas situações sejam elas corporativas ou não, porém essa discrepância não deve levar às diferenças salariais e de tratamento pessoal (MADALOZZO, 2011, p. 22). 2.7. A PROBLEMÁTICA DA LIDERANÇA FEMININA Segundo Munhoz (2000, p. 174), se há uma boa distribuição de funções para homens e mulheres, há, portanto benefícios para a formação da empresa. Essa distribuição de função significa combinar tarefas para cada gênero que contribuam para o desenvolvimento respectivamente de cada um deles no cargo em que se encontram. Convém observar que distribuir funções de modo a respeitar os perfis de homens e de mulheres é vantajoso para a empresa e agrega à organização o que de melhor o indivíduo tem, de acordo com Kanan (2010, p. 244) um demonstrativo da tentativa da conservação de um integrante em uma empresa e o que mantém sua boa reputação na mesma é aproveitar-se das próprias qualidades. Em consonância com isso, Munhoz (2000, p. 174) cita que há empresas em que as habilidades femininas podem ser facilmente exploradas, pois dependendo da 39 área em que atuam e da função que exercem há mais possibilidades das mulheres se desenvolverem conveniente com suas características. Para Annis e Gurian (2009, p. 142): Um dos problemas fundamentais enfrentados pela maioria das líderes mulheres nos cargos mais elevados não é que elas não queiram as posições em nível sênior, mas as posições nesse nível é que não se mostram adequadas às suas necessidades. Annis e Gurian (2009, p. 142) ainda citam que as mulheres que ocupam um nível maior em uma empresa necessitam de facilidades e também necessitam compartilhar e envolver-se na determinação dessas facilidades. A carreira profissional das mulheres dependem na maioria das vezes delas mesmas, ou seja, as empresas não oferecem icentivos ou facilidades para que elas cresçam dentro da mesma, Hirata e Maruani (2003, p. 75) citam que: Essa limitação do acesso ao poder nas organizações é ilustrada pela análise dos diretores-executivos das grandes empresas francesas. Nessa empresas as mulheres são pouco numerosas (6% no setor privado e ainda menos nas grandes empresas públicas), e os caminhos pelos quais elas alcançam tais postos estão mais relacionados ao diploma e à mobilidade interempresas que à legitimidade de uma carreira intra-empresa, mais frequente entre os homens. 40 3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Em relação aos objetivos este estudo se classifica como pesquisa exploratória que segundo Lakatos e Marconi (2011) “Enfatizam a descoberta de ideias e discernimentos”. Com relação ao procedimento escolhido, esta monografia terá como fonte a pesquisa bibliográfica que Lakatos e Marconi (2011) descrevem como: “[...] um apanhado geral sobre os principais trabalhos já realizados, revestidos de importância por serem capazes de fornecer dados atuais e relevantes relacionados com o tema”. Desse modo grande parte das fontes bibliográficas utilizadas foram os livros de leitura recorrente, que segundo Gil (1998, p. 62-5) apud Andrade (2010, p. 28) são obras de literatura, em seus diversos gêneros (romance, poesia, teatro etc.); obras de divulgação, que podem ser cientificas, técnicas e de vulgarização. Outra fonte bibliográfica utilizada neste trabalho são as obras de estudo da qual Spina (1974, p. 12) apud Andrade (2010, p. 28) definem como: “tratados, manuais, textos, compêndios, monografias, teses, ensaios, conferencias, antologias, seleções, dissertações etc.”. Foi ultilizado também um documento desenvolvido pelo departamento de sustentabilidade do Walmart Brasil em março de 2011, que mostram gráficos como: Composição das diretorias das empresas abertas no Brasil e Diferenças no salário mensal médio para homens e mulheres (em reais), além de sugerir medidas que auxiliam na inclusão de maior proporção de mulheres no mercado. Por fim está monografia tem como abordagem o tipo de pesquisa qualitativa que tem por objetivo traduzir e expressar o sentido dos fenômenos do mundo social; trata-se de reduzir a distância entre indicador e indicado, entre teorias e dados; entre o contexto e ação (MAANEN, 1979, p. 520 apud NEVES, 1996, p. 1). 41 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO Pode-se dizer que este trabalho abordou três visões das diferenças entre gêneros, são elas: cultural, biológica e social. Annis e Gurian (2009) esclarecem as reais diferenças biológicas do cérebro masculino e feminino, constatou-se que por terem atividades cerebrais diferentes dos homens elas desfrutam das vantagens que essas lhe proporcionam, quer dizer, as mulheres conseguem se concentrar em ideias, discussões e análises diferentes do que os homens. Ainda segundo Annis e Gurian (2009) é possível citar quais os resultados dessas diferenças biológicas na prática, ou seja, no âmbito profissional, são eles: a habilidade que as mulheres têm em se comunicar e expressar emoções proporciona maior facilidade para que elas conduzam e fechem um negócio; elas conseguem estar mais atentas as situações pois seu cérebro diferentemente do masculino não entra em repouso. Para Frankel (2007) o que determina essa a habilidade feminina de lidar com o ambiente de trabalho é o consciente emocional da qual ela cita três dimensões que elas se saíram melhor que os homens, segundo o gráfico da empresa Lac D. Su, TalentSmart elas são mais habilidosas em administrar relacionamentos além te terem maior consciência social e capacidade de autogestão. 42 Gráfico 5 Fonte: Gráfico cedido por cortesia de Jean Greaves, Travis Bradberry e da emresa Lac. D. Su, TalentSmart. Na perspectiva social a questão biológica traz muitas respostas, já que segundo Annis e Gurian (2009) há milhões de anos os homens e as mulheres agiam segundo as características de gêneros, assim os homens caçavam demonstrando suas características cerebrais, precisavam ficar em silêncio, portanto não tinham necessidade de verbalizar e se relacionar e esperavam o que imprimia a capacidade do seu cérebro repousar. Desse modo Hirata e Maruani (2003) descrevem o papel social da mulher antes da era industrial, na qual dizem que elas sempre trabalharam, porém esses tipos de trabalho ainda não eram reconhecidos como fonte de renda. As mulheres cozinhavam, costuravam, cuidavam da casa e dos filhos o que mostra todas as peculiaridades biológicas retratadas por Annis e Gurian (2009), ou seja, elas tinham que se relacionar mais profundamente que os homens e utilizar suas habilidades verbais. 43 Na perspectiva cultural Hirata e Maruani (2003) dizem que as mulheres tinham que conciliar sua vida profissional e social por serem aquelas que quase sempre eram responsáveis pela família, já para Frankel (2007) em relação à cultura, elas deveriam cumprir protocolos sociais (cuidar do irmão mais novo, fazer festa de 15 e 18 anos, se casar, etc.) desde novas. Assim pode-se dizer que o aspecto cultural revela as manifestações dos fatores biológicos femininos, Annis e Gurian (2009) citam que as mulheres têm mais habilidades relacionais e portanto conseguem ser mais flexíveis em conversas e em acordos, sejam eles sociais ou profissionais. Considerando as afirmações anteriores relacionadas a definição do papel da mulher na sociedade e seu perfil biológico pode-se dizer que a sugestão de medidas para inclusão da mulher no mercado do relatório feito pelo departamento de desenvolvimento do Walmart Brasil associa-se com a teoria proposta já que indica ações como: trabalho flexível e suporte para conciliação da vida familiar com a profissional; programas de atração, desenvolvimento e retenção de mulheres nas empresas; ambiente de trabalho propício à valorização das mulheres. As medidas sugeridas pelo documento do departamento de desenvolvimento do Walmart Brasil mostram como atender a demanda de mulheres que desejam ingressar ou crescer dentro de uma empresa, respeitando as características biológicas e papéis sociais que têm. 4.1. EXEMPLO CONCRETO: WALMART A Walmart é uma multinacional americana de lojas de departamento e está há muitos anos no mercado. Na apresentação do relatório preparado em março de 2011 pelo Departamento de Sustentabilidade do Walmart Brasil, a Vice Presidente de Assuntos Corporativos e Sustentabilidade do Walmart Brasil mostra a visão da empresa perante a mulher no mundo corporativo. Daniela de Fiori diz que os programas sociais que mais demonstraram resultados positivos na empresa são os voltados para a mulher. (MADALOZZO, 2011, p. 5) A vice-presidente ainda cita que o Walmart se empenha no fortalecimento e no desenvolvimento da liderança feminina. E ela justifica essa preocupação com a 44 afirmação de que eles reconhecem que a empresa que tem mais estabilidade entre os sexos em cargos de chefia, demonstram ser mais eficientes e ter resultados mais positivos. (MADALOZZO, 2011, p. 5) Tal afirmação é condizente com a teoria mostrada no resultados já que na mesma está provado que muito dos aspectos femininos são grandes fatores importantes que integram o perfil de um líder. A Walmart têm um Conselho de Mulheres, criado para que as mulheres trabalhassem junto aos lideres com a finalidade de alavancar práticas e políticas e assim desenvolver no âmbito de trabalho incentivos para o desenvolvimento de liderança feminina. A vice-presidente constatou ainda que as mulheres preenchem 35% dos cargos de chefia, além de serem a maior parte da mão-obra da empresa. (MADALOZZO, 2011, p. 5) É importante que a empresa desenvolva formas para que as mulheres não deixem um determinado cargo, ou para que elas não se desanimem na posição que estão, respeitando o estilo de vida da mulher. Daniela cita uma das soluções criadas pela empresa: Algumas práticas adotadas pela empresa, como a pioneira adoção da licença maternidade de seis meses, implantada em 2008, contribuíram muito para o avanço que tivemos, já celebrando mais de 5 mil mulheres dentro da empresa que se beneficiaram dessa política. (MADALOZZO, 2011, p. 5). Uma exemplificação de políticas que podem ser aplicadas nas empresas é demonstrada através de um conjunto de ações que é sugerido pelo relatório preparado em março de 2011 pelo Departamento de Sustentabilidade do Walmart Brasil: Comprometimento do presidente da empresa: a forma como o presidente da empresa se posiciona com relação à necessidade de sucesso profissional das mulheres em sua empresa é de vital importância para que isto ocorra; Trabalho flexível e suporte para conciliação da vida familiar com a profissional: flexibilidade de horários e a possibilidade de trabalho remoto também permitem que as responsabilidades familiares sejam conciliadas mais facilmente com as demandas profissionais; Disponibilidade de programas de mentoria e incentivo de networking profissional: acompanhar sua carreira por parte de uma pessoa mais experiente no mercado é ainda mais importante, pois representa a possibilidade de avaliar um modelo de sucesso e encontrar uma forma de se identificar com este modelo e ter sucesso com ele; Programas de atração, desenvolvimento e retenção de mulheres nas 45 empresas: mulheres talentosas, que são incluídas nas empresas desde muito cedo em suas carreiras e colocadas em programas de desenvolvimento específico, apresentam sucesso em suas promoções em taxas mais próximas às dos homens; Ambiente de trabalho propício à valorização das mulheres: é importante que as empresas identifiquem essas diferentes formas de atuação avalie o impacto das mesmas em suas metas e, de acordo com estes resultados, as incluam nas métricas de avaliação de desempenho dos profissionais. (MADALOZZO, 2011, p. 24) 46 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Conclui-se que a cultura de uma empresa pode influenciar no desenvolvimento de liderança feminina em função da sociedade que está a sua volta, assim as ações para melhoria das condições da mulher na empresa só ocorrerão se houverem mudanças na cultura da mesma. Essa mudança cultural se dá progressivamente e dependem de todos os funcionários e envolvidos na mesma, pois quem forma a cultura são as pessoas. Essa mudança permitirá que a empresa se desenvolva, já que assim terá como criar programas que inclua a mulher, em especial programas de incentivo a liderança feminina. Porém, o número de mulheres líderes ou que ocupam cargos maiores nas empresas ainda é muito menor do que homens nessa posição, ou seja, são poucas as organizações que mudaram sua cultura no aspecto da diferença entre os gêneros. Desse modo pode-se dizer que a problemática da maioria das empresas é que tais não compreendem as reais vantagens de se ter mulheres em altos cargos e não sabem também como coordenar atividades que utilizem de suas vantagens estilísticas de administrar e liderar a favor da própria empresa. As medidas sugeridas pelo departamento de desenvolvimento de sustentabilidade do Walmart Brasil demonstram modos de incentivos para o desenvolvimento de liderança feminina e que contribuem para o crescimento simultâneo da empresa. Assim através deste foi possível concluir que é importante que haja o incentivo por parte das organizações através da criação de políticas que auxiliem a mulher conseguir adaptar seu próprio estilo de administrar, liderar e integrar às atividades que necessitam de seu talento para obter sucesso em sua carreira dentro da organização e assim conseguir subir de posição dentro da mesma. 47 REFERÊNCIAS ANDRADE, Maria Margarida. Introdução à metodologia do trabalho científico. 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