UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA
Ana Laura Pereira de Souza
Diany Conceição Araújo Ponte Sousa
Thiago de Araújo Brito
IMPACTO DO CLIMATÉRIO NA QUALIDADE DE VIDA EM
MULHERES ATENDIDAS NA FUNDAÇÃO SANTA CASA DE
MISERICÓRDIA DO PARÁ, BRASIL
BELÉM
2009
Ana Laura Pereira de Souza
Diany Conceição Araújo Ponte Sousa
Thiago de Araújo Brito
IMPACTO DO CLIMATÉRIO NA QUALIDADE DE VIDA EM
MULHERES ATENDIDAS NA FUNDAÇÃO SANTA CASA DE
MISERICÓRDIA DO PARÁ, BRASIL
Trabalho de conclusão do curso
apresentado ao Centro de Ciências
Biológicas e da Saúde da Universidade
da Amazônia, como requisito para a
obtenção do grau de Bacharel em
Fisioterapia.
Orientadora: Profª. Ms. Cibele Nazaré
da Silva Câmara.
Co-orientadora: Profª Esp. Nazete dos
Santos Araújo
BELÉM
2009
S725a
Souza, Ana Laura Pereira de
Impacto do climatério na qualidade de vida em mulheres
atendidas na Santa Casa de Misericórdia do Pará, Brasil. Ana
Laura Pereira de Souza; Diany Conceição Araújo Ponte
Sousa; Thiago de Araújo Brito __ Belém , 2009.
73 f.
Orientadora: Profª. Ms. Cibele Nazaré da Silva Câmara.
Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Fisioterapia)
Universidade da Amazônia, Centro de Ciências Biológicas e
da Saúde, 2009.
1. Climatério. 2. Histerectomia. 3. Terapia de reposição
hormonal. 4. Qualidade de vida. I. Sousa, Diany Conceição
Araújo Ponte. II. Brito, Thiago de Araújo. III. Câmara, Cibele
Nazaré da Silva. IV. Título.
CDD 612.665
Ana Laura Pereira de Souza
Diany Conceição Araújo Ponte Sousa
Thiago de Araújo Brito
IMPACTO DO CLIMATÉRIO NA QUALIDADE DE VIDA EM
MULHERES ATENDIDAS NA FUNDAÇÃO SANTA CASA DE
MISERICÓRDIA DO PARÁ, BRASIL
Trabalho
de
conclusão
do
curso
apresentado para a obtenção do grau de
Bacharel em Fisioterapia.
Banca Examinadora
_____________________________
Profª.
_____________________________
Profª.
_____________________________
Profª.
Apresentado em: ___ /___/___
Conceito:_____________________
BELÉM
2009
Aos nossos pais, por nos ensinar tudo que
sabemos hoje, além de ser nosso maior
exemplo de caráter e dedicação; aos nossos
irmãos, pela amizade e carinho que nos têm
dado neste ano tão difícil; aos avôs e tios,
pelo amor e incentivo; aos verdadeiros
amigos, por acreditarem que chegaremos a
ser mais que sonhamos. E por fim, não
menos importante, a nossa orientadora,
Cibele Nazaré da Silva Câmara, pela
atenção e paciência em todos os momentos.
Ana Laura Pereira de Souza
Diany Conceição Araújo Ponte Sousa
Thiago de Araújo Brito
AGRADECIMENTOS
Agradeço em primeiro lugar a Deus, pelas oportunidades em minha vida e por me dar
forças para superar todos os obstáculos que encontro nos caminhos que escolho.
Agradeço à minha mãe Marivalda, pelo amor e dedicação e por ter me proporcionado
essa oportunidade de um futuro promissor e que fez todos os esforços possíveis para dá
continuidade a essa jornada, me dando todo apoio e força para pleitear essa formação.
À minha irmã Ana Paula, por dormir e acordar a meu lado todos os dias, enchendo minha
vida de alegrias.
Aos meus irmãos Carlos Wallace e Ana Júlia, pela paciência nos momentos em que
estive ausente e pelos momentos felizes juntos.
Agradeço ao meu pai Jesus Militino (in memoriam), que esteve sempre presentes em
meus pensamentos e sonhos incessantemente. Amo você.
À minha orientadora e amiga Cibele Câmara, que deu incentivo para a realização deste
trabalho e foi incansável quando precisei de ajuda.
Aos professores, pelo grande conhecimento compartilhado durante esta caminhada, pois
na verdade a nossa formação acadêmica é um reflexo dos nossos mestres.
A todos os meus familiares e amigos, pela colaboração que tanto nos fazem crescer e
deixam a vida mais bela.
E a todos aqueles que, embora não mencionados aqui, contribuíram de maneira direta ou
indireta para a concretização deste projeto, meus agradecimentos.
Ana Laura Pereira de Souza
AGRADECIMENTOS
Não posso esquecer-me de agradecer as pessoas que foram, são e sempre serão peças
chaves para o meu sucesso, então “Muito Obrigada”.
À Deus, por me dá força e saúde para lutar pelos meus sonhos, e poder transformá-los em
realidade.
Aos meus pais, Arcelina e Gentil, pelo apoio, paciência e amor incondicional em todos os
momentos da minha vida. Amo vocês pra toda a eternidade!
À minha irmã, Darcília, pelos conselhos, carinho e atenção nos momentos de dúvida e
por comemorar ao meu lado as minhas conquistas. Eu te amo muito, mana!
Aos meus familiares, por acompanharem, de perto ou de longe, as minhas vitórias.
Aos meus amigos que me ouviram nos momentos tristes, que entenderam a minha
ausência e que vibraram ao meu lado nos momentos felizes.
À uma pessoa especial que nunca me abandonou e que sempre esteve e sempre estará
torcendo por mim, me aplaudindo, me dando coragem para lutar pelo que eu acredito.
À minha orientadora querida, Cibele Câmara, que com muita compreensão e dedicação
me ensinou todos os passos para a realização dessa pesquisa.
À professora Nazete Araújo, por ter nos ajudado na escolha do tema.
À todos os mestres do saber, que foram o alicerce para minha formação como
profissional e como ser humano.
À todos os pacientes que me ajudaram a associar a teoria com a prática da Fisioterapia.
À todas as mulheres que responderam o nosso questionário, sendo essenciais para a
realização desse Trabalho de Conclusão de Curso.
À Santa Casa de Misericórdia do Pará, que permitiu a realização do estudo dentro da
instituição e acreditou na nossa proposta de pesquisa.
Diany Conceição Araújo Ponte Sousa
AGRADECIMENTOS
Acima de tudo, agradeço a Deus por ter me concedido saúde, paz, amor e sabedoria.
Virtudes essas não somente úteis no desenvolvimento da presente pesquisa, mas como
também no transcorrer de mais uma etapa de minha vida.
Agradeço a meus pais, Antônio e Divanira, que investiram em meus estudos e sempre se
fizeram presentes em minha vida em todos os momentos. Amo vocês.
Agradeço a meus amigos, Allan, Otávio, Diego, Orlando e Sandoval, aos quais me
garantiram muitas horas de descontração nos finais de semana. No final das contas, esse é o
meu segredo para estar sempre motivado a viver... juntos somos invencíveis!
Por fim (mas não menos importante) agradeço a todas as minhas companheiras e colegas
que fiz no decorrer dessa jornada que agora chega ao fim. Nunca me esquecerei de vocês.
Obrigado meninas!
Thiago de Araújo Brito
RESUMO
O estudo objetivou avaliar o impacto dos sintomas climatéricos sobre a qualidade de vida
(QV) em mulheres na Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará (FSCMP)
correlacionando os domínios do Questionário Saúde da Mulher (QSM) com as variáveis
Histerectomia e Terapia de Reposição Hormonal (TRH) e analisando se a QV é influenciada
pela idade das mulheres. Trata-se de um estudo observacional, de corte transversal, de
inquérito, com base em uma amostra intencional. Foram analisadas 256 mulheres com queixa
de sintomas climatérios de idade entre 40 e 65 anos. A avaliação do QSM foi realizada
separadamente para cada domínio onde a soma das pontuações de cada questão era convertida
em uma escala percentual, sendo que quanto maior a percentagem obtida, melhor a QV.
Ficando estabelecido um nível de significância alfa = 0,05 como padrão de decisão para
rejeição da hipótese de nulidade. Os resultados demonstraram que as mulheres com idade
entre 40 e 49 anos apresentaram queda da QV somente em função dos sintomas ligados a
menstruação. Na análise dos domínios Memória/Concentração, Problemas do sono, Sintomas
Menstruais e Ansiedade/temores constatou-se uma menor interferência desses sintomas na
QV das participantes quando associadas a Histerectomia e TRH. Não foi observada
modificação significativa em função das intervenções as quais as mulheres foram submetidas
nos domínios Atratividade, Sintomas Somáticos, Depressão, Comportamento Sexual e
Sintomas Vasomotores. Todavia, todas as participantes apresentaram alteração significativa
na QV, haja vista que todas obtiveram uma pontuação média de 50%.
Palavras-chave: Climatério. Qualidade de Vida. Histerectomia. Terapia de Reposição
Hormonal.
ABSTRAT
The study aimed at to evaluate the impact of the climacterics symptoms about the quality of
life (QL) in women in the Fundação Santa Casa de Misericórdia of Pará (FSCMP) correlating
the domains of the Women's Health Questionnaire (WHQ) with the variables Hysterectomy
and Hormone Replacement Therapy (HRT) and analyzing if the QL is influenced by the
women's age. It is a observational study, of traverse cut, of inquiry, based in an intentional
sample. Were analyzed 256 women with complaint of climacterics symptoms of age between
40 and 65 years. The evaluation of WHQ was accomplished separately for each domain that
the sum of the punctuations of each subject was turned into a percentile scale, and as larger
the obtained percentage, better QL. Getting established a level of significance alpha = 0.05 as
standard decision to reject the null hypothesis. The results demonstrated that the women with
age between 40 and 49 years presented fall of QL only in function of the tied symptoms the
period. In the analysis of the domains Memory / Concentration, sleep problems, Menstrual
Symptoms and anxiety / fears was verified a smaller interference of those symptoms in the
participants' QL when associated the Hysterectomy and HRT. Significant modification was
not observed in function of the interventions which the women were submitted in the domains
Attractiveness, Somatic Symptoms, Depression, Sexual Behavior and Vasomotor Symptoms.
However, all the participants presented significant alteration in QL, considering that all
participants obtained a medium punctuation of 50%.
Keywords: Climacteric. Quality of Life. Hysterectomy. Hormone Replacement Therapy.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Detalhe (média e desvio padrão) conforme a idade. ................................................. 43
Figura 2: Níveis de Memória/Concentração, na amostra (n=256), conforme a ocorrência de
Histerectomia (HIST) e Terapia de Reposição Hormonal (TRH). ........................................... 44
Figura 3: Níveis de Problemas do Sono, na amostra (n=256), conforme a ocorrência de
Histerectomia (HIST) e Terapia de Reposição Hormonal (TRH). ........................................... 45
Figura 4: Níveis de Sintomas menstruais, na amostra (n=256), conforme a ocorrência de
Histerectomia (HIST) e Terapia de Reposição Hormonal (TRH). ........................................... 46
Figura 5: Níveis de Ansiedade/Temores, na amostra (n=256), conforme a ocorrência de
Histerectomia (HIST) e Terapia de Reposição Hormonal (TRH). ........................................... 46
Figura 6: Níveis de Atratividade, na amostra (n=256), conforme a ocorrência de
Histerectomia (HIST) e Terapia de Reposição Hormonal (TRH). ........................................... 47
Figura 7: Níveis de Sintomas Somáticos, na amostra (n=256), conforme a ocorrência de
Histerectomia (HIST) e Terapia de Reposição Hormonal (TRH). ........................................... 48
Figura 8: Níveis de Depressão, na amostra (n=256), conforme a ocorrência de Histerectomia
(HIST) e Terapia de Reposição Hormonal (TRH). .................................................................. 48
Figura 9: Níveis de Comportamento Sexual, na amostra (n=256), conforme a ocorrência de
Histerectomia (HIST) e Terapia de Reposição Hormonal (TRH). ........................................... 49
Figura 10: Níveis de Sintomas Vasomotores, na amostra (n=256), conforme a ocorrência de
Histerectomia (HIST) e Terapia de Reposição Hormonal (TRH). ........................................... 49
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Analisando Mulheres histerectomizadas .................................................................. 41
Tabela 2: Analisando Mulheres Não-histerectomizadas .......................................................... 42
Tabela 3: Correlação com a idade. ........................................................................................... 43
Tabela 4: Componentes da QV em (n=256) mulheres avaliadas. ............................................ 44
LISTA DE SIGLAS
ABEP – Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa
cHcR – Histerectomia e com uso de Reposição Hormonal
cHsR – Histerectomia e sem Reposição Hormonal
sHcR – sem Histerectomia e com Reposição Hormonal
sHsR – sem Histerectomia e sem Reposição Hormonal
FSCMP– Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará
FSH – Hormônio Folículo-estimulante
QSM – Questionário Saúde da Mulher
QV – Qualidade de Vida
OMS – Organização Mundial da Saúde
TCLE – Termo de Consentimento Livre Esclarecido
TRH – Terapia de Reposição Hormonal
UNAMA – Universidade da Amazônia
SUMÁRIO
1.
INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 25
2.
OBJETIVOS .............................................................................................................. 27
2.1
OBJETIVO GERAL: ................................................................................................. 27
2.2
OBJETIVOS ESPECÍFICOS: ................................................................................... 27
3.
REFERENCIAL TEÓRICO ...................................................................................... 28
3.1
CLIMATÉRIO E ALTERAÇÕES HORMONAIS ................................................... 28
3.2
RELAÇÕES ENTRE O CLIMATÉRIO E O PSIQUISMO FEMININO ................. 29
3.3
QUALIDADE DE VIDA NO CLIMATÉRIO .......................................................... 31
3.4
CLIMATÉRIO E TRATAMENTO ........................................................................... 33
3.5
HISTERECTOMIA ................................................................................................... 34
4.
METODOLOGIA ...................................................................................................... 36
4.1
TIPO DE ESTUDO ................................................................................................... 36
4.2
LOCAL DA PESQUISA ........................................................................................... 36
4.3
ASPECTOS ÉTICOS ................................................................................................ 36
4.4
INFORMANTES ....................................................................................................... 37
4.5
CRITÉRIOS DE INCLUSÃO ................................................................................... 37
4.6
CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO .................................................................................. 37
4.7
COLETA DE DADOS............................................................................................... 38
4.8
ANÁLISE DOS DADOS........................................................................................... 39
5.
RESULTADOS ......................................................................................................... 41
5.1
CARACTERÍSTICAS SOCIODEMOGRÁFICAS .................................................. 41
5.2
IDADE E NÍVEIS DE QUALIDADE DE VIDA ..................................................... 42
5.3
DOMÍNIOS DO QSM E NÍVEIS DE QV ................................................................ 43
6.
DISCUSSÃO ............................................................................................................. 51
7.
CONCLUSÃO ........................................................................................................... 56
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................... 57
APÊNDICE I ............................................................................................................................ 63
APÊNDICE II ........................................................................................................................... 67
ANEXO I .................................................................................................................................. 69
ANEXO II ................................................................................................................................ 71
25
1. INTRODUÇÃO
“A maturidade é essa coisa dupla: um jogo de espelhos revelador. Cada idade tem seu
brilho e é preciso que cada um descubra o fulgor do próprio corpo”. Nesse trecho o poeta
Afonso Romano de Sant’Ana tem o intuito de mostrar para a mulher madura que ela possui
diversas possibilidades de seguir sua vida, tentando sempre escolher um caminho para se
sentir melhor. (BARACHO, 2007, p.478)
Segundo De Lorenzi et al (2006) o climatério é a etapa natural e inevitável na vida da
mulher que atualmente tem sido reconhecido como mais do que simplesmente o encerramento
da vida reprodutiva feminina. No entanto, ainda que referências a seu respeito encontrem-se
descritas em textos produzidos por Aristóteles (384-322 a.C.), até recentemente, a condição
de mulher “menopausada” era raramente expressa em público, sendo considerada inclusive
motivo de constrangimento. Em parte, a pouca atenção prestada ao climatério até o início do
século passado deveu-se à menor expectativa de vida feminina até então, que não permitia à
maioria das mulheres viverem o suficiente para atingir o climatério. No entanto, o aumento
progressivo da expectativa de vida feminina a partir da segunda metade do século XX, em
virtude dos progressivos avanços tecnológicos no campo da saúde, mudou essa situação,
desencadeando um interesse crescente pelas questões relacionadas ao envelhecimento
feminino.
Nesse ínterim, o climatério é caracterizado por alterações clínicas, metabólicas e
regressivas, decorrentes da falência ovariana em associação a um período de transição da fase
reprodutiva para a não reprodutiva coincidindo com o declínio gradual da função ovariana
resultando na menopausa, sendo esta, um evento propriamente dito e não um período isolado,
no qual há a cessação permanente da menstruação (CAMPOS et al, 2005; GALVÃO et al,
2007).
Berni, Luz e Kohlrausch (2007) relatam que de acordo com o Ministério da Saúde, o
limite etário para o Climatério - período entre 40 a 65 anos de idade – é dividido em: prémenopausa com início, em geral, após os 40 anos, com diminuição da fertilidade em mulheres
com ciclos menstruais regulares ou com padrão menstrual similar ao ocorrido durante a vida
reprodutiva; perimenopausa – com início dois anos antes da última menstruação e vai até um
26
ano após (com ciclos menstruais irregulares e alterações endócrinas); e por fim, pósmenopausa – um ano após o último período menstrual.
Inerente aos avanços na área da saúde e ao aumento da expectativa de vida feminina,
recentemente, mais do que apenas correr atrás de uma vida longa, é cada vez maior o número
de mulheres que se preocupam em adotar um hábito de vida saudável, livre de incapacidades,
doenças e sintomas desagradáveis que por ventura acabem por comprometer o lazer, o
trabalho e o relacionamento interpessoal. As características de uma vida saudável são a
essência do que significa qualidade de vida (QV) relacionada à saúde (SILVA; COSTA,
2008).
Após a Segunda Guerra Mundial o termo QV deixou de ser uma aquisição de bens
materiais, como casa, carros e viagens, e passou a ter uma conotação mais ampla, como
educação, prosperidade econômica, saúde e bem-estar do indivíduo. Com base nesse conceito,
a QV é tida como uma noção eminentemente humana e subjetiva, que permite ao indivíduo
ter uma percepção sobre si mesmo, multidimensional e bidirecional, ou seja, composto por
dimensões positivas (p. ex.: mobilidade) e negativas (p. ex.: dor) (BARACHO, 2007).
Nesse sentido, o climatério, atrelado as suas características clínicas, em geral está de fato
intimamente associado a alterações na QV feminina no que tange aspectos como o bem estar
físico, social, espiritual e emocional, trazendo desconfortos em maior ou menor grau sendo
caracterizado, portanto, como um processo de profundas mudanças físicas e emocionais,
influenciado por fatores inerentes ao psiquismo, à cultura, ao ambiente, à história de vida
pessoal, dentre outros. (GALVÃO et al, 2007)
Ao longo das últimas décadas, está ocorrendo aumento gradual da expectativa de vida da
população em geral. Uma vez que tal expectativa nas mulheres geralmente ultrapassa a dos
homens, justifica-se o crescimento expressivo de mulheres vivenciando a fase do climatério, o
que torna este assunto cada vez mais significativo em termos da saúde pública, por abranger
grande contingente de mulheres. Por conseguinte, o presente trabalho justifica-se no sentido
em obter dados referentes à QV de mulheres climatéricas a fim de se estabelecer como mais
uma fonte literária de estudo servindo como base para a formação e estruturação de
posteriores trabalhos científicos a partir dos quais possamos analisar a QV da mulher de uma
forma holística, não se detendo única e exclusivamente ao caráter fisiopatológico do
27
climatério, mas sim, enfatizando e explorando a importância da conscientização e do
acompanhamento psicológicos.
2. OBJETIVOS
2.1 OBJETIVO GERAL:
Avaliar o impacto dos sintomas climatéricos sobre a QV em mulheres atendidas na
Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará (FSCMP).
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
• Correlacionar os domínios do QSM com a Histerectomia e Terapia de Reposição
Hormonal (TRH).
• Verificar a QV das mulheres que se encontram no climatério correlacionando
individualmente cada domínio do questionário com a idade das mulheres (de 40 a 65).
28
3. REFERENCIAL TEÓRICO
3.1 CLIMATÉRIO E ALTERAÇÕES HORMONAIS
No período do climatério, ocorrem gradualmente mudanças na produção hormonal e no
metabolismo da mulher, podemos citar como exemplo, as modificações nos níveis dos
hormônios, na forma como são produzidos e nas suas ações. Sendo que os hormônios mais
atingidos são aqueles que são produzidos nos ovários, que consiste nos estrogênio,
progesterona e androgênios.
Durante o climatério, acontece um erro na resposta dos folículos ovarianos ao Hormônio
Folículo-estimulante (FSH), com essa incapacidade dos folículos responderem ao FSH, ocorre
uma paralisação no desenvolvimento folicular e na produção cíclica de estrogênio, todavia os
ovários continuam produzindo indefinidamente pequenas quantidades de androgênios após a
menopausa. (BARACHO, 2007)
Nessa fase evidencia-se um declínio acentuado dos níveis de estrogênio, no qual, estudos
afirmam que o estradiol – um tipo de estrogênio – apresenta um nível aproximado de 10 e 20
pg/ml (picogramas por mililitro) nas mulheres na pós-menopausa. E esse hipoestrogenismo
produz uma série de sintomas no organismo da mulher, pois os receptores de estrogênio estão
presentes em grande quantidade em todo o corpo, com isso a ausência desse hormônio irá
exercer uma influência em todos os sistemas. (RODRIGUES, 1995 apud WYGODA, 1999)
Baracho (2007) estima que 75% das mulheres irão apresentar sintomas variados no
climatério, esses sintomas freqüentemente são ocasionados pela menopausa, porém também
podem estar associados ao processo natural do envelhecimento. Os efeitos na deficiência do
hormônio podem durar muito ou pouco tempo, variando de indivíduo para indivíduo.
Essa deficiência do estrogênio origina irregularidade menstrual, aparecimento ou
agravamento do quadro de tensão pré-menstrual e cólica menstrual, palpitações, tonteiras,
cansaço, memória fraca, cefaléia, dores articulares, ansiedade, irritabilidade, insônia,
depressão, dispaurenia, prurido vulvar, pele ressecada, maior deposição de gordura no
29
abdômen, síndrome uretral – urgência miccional, cistite –, secura vaginal e os “fogachos” ou
onda de calor, definido como uma alteração neurovegetativa no tronco superior, pescoço e
face que aumenta a temperatura da pele em uns 5º C e dura de dois a cinco minutos.
(BARACHO, 2007)
Essa fase na vida da mulher pode ocasionar diversas patologias como a osteoporose,
doença cardiovascular e incontinência urinária de esforço, no qual essa última causa perdas de
urina a pequenos e moderados esforços, podendo causar até o afastamento da mulher do
convívio social. (BARACHO, 2007)
Com relação às alterações de ordem cardíaca, Favarato e Aldrighi (2001) apontam para a
sua relevância tendo em vista a aplicação de estudos epidemiológicos comprovando a
suscetibilidade das mulheres em relação à incidência de doenças isquêmicas do coração à
medida que avançam na idade, situação na qual, mediante a presença constatada de
cardiopatia associada, há em conseqüência, um comprometimento geral no indivíduo,
afetando-o nos segmentos afetivo-emocional, intelectual e social; gerando medo, ansiedade,
insegurança e sinalizando-o para sua vulnerabilidade e finitude.
Segundo uma pesquisa realizada por Ramalho, et al (2001 apud MARTINASSO, 2006),
acredita-se que em torno de 25% das mulheres em menopausa residentes nos Estados Unidos
possam vir a sofrer algum tipo de fratura óssea através do desenvolvimento da osteoporose.
Fentiman, et al (2005 apud MARTINASSO, 2006), relatam que as mulheres que
apresentam maior risco de sintomas climatéricos podem ter um menor risco de câncer de
mama, devido nessa fase haver uma exposição reduzida ao estrogênio.
3.2 RELAÇÕES ENTRE O CLIMATÉRIO E O PSIQUISMO FEMININO
Em associação ao período climatérico, inúmeros estudos apontam relações entre o
referido tema em meio às inúmeras experiências, vivências e marcos no ciclo de vida
feminino sobre os quais, em geral, (o climatério) atua de maneira negativa.
Nesse contexto, em pesquisa realizada na Unidade de Saúde da Família no município de
Juiz de Fora – MG, buscou-se estabelecer uma relação entre o período do climatério e a
30
compreensão atribuída pela mulher às experiências vivenciadas quanto à sexualidade nesse
período. Partindo do pressuposto de tratar-se de um momento de ajustes hormonais e
emocionais marcado, entre outras coisas, por uma perda da atividade folicular, o referido
estudo aponta para as dificuldades das mulheres voluntárias quanto à vivência da sexualidade.
Essas dificuldades são mostradas na forma de expressarem sua corporeidade, relacionamentos
afetivos e alterações fisiológicas decorrentes do hipoestrogenismo. Na prática, as mudanças
sexuais apontadas foram o ressecamento vaginal e a diminuição ou ausência de desejo sexual,
onde a primeira causa desconforto no momento da relação; já a segunda coloca a mulher em
uma situação também desconfortável em relação ao parceiro na medida em que não
demonstra sentir-se a vontade durante a relação sexual. (OLIVEIRA et al, 2008)
É fato que algumas mulheres podem inclusive evoluir para um quadro mais avançado de
fobia ou aversão sexual. Entretanto, há de se pensar que alguns fatores podem ser
condicionantes desse comportamento de aversão principalmente aqueles que se concentram
no imaginário e psiquismo feminino. Em associação, em meio às demais queixas
mencionadas
pelas
voluntárias
postulam-se
que
a
atrofia
vulvovaginal
–
dado
hipoestrogenismo característico do período climatérico – ocasiona perda da rugosidade da
mucosa vulvovaginal, com acentuada redução da lubrificação vaginal e importantes
modificações da flora nativa podendo, em conseqüência, levar ao aparecimento de prurido
vulvar e dispareunia. Contudo, até o momento, não existe um consenso acerca das alterações
hormonais da menopausa sobre o comportamento e libido, sendo que alguns pesquisadores
acreditam que essas alterações são intrínsecas, enquanto outros defendem que são devidas a
influências sociais e culturais. (OLIVEIRA et al, 2008)
Outro ponto a ser ressaltado concerne à prevalência de transtornos mentais comuns em
meio ao período do climatério. Nesse contexto, Galvão et al (2007) relata que a
sintomatologia mais comum é representada pela irritabilidade, ansiedade, depressão e
disfunções sexuais. Tais sintomas estão mais exacerbados em mulheres que perderam seu
papel social e não redefiniram seus objetivos existenciais.
Sabe-se que a mulher no período climatérico tem a tendência de adquirir instabilidade na
vida emocional, apresentando freqüentemente irritabilidade e labilidade do humor. Somado a
isso, os sintomas depressivos são mais evidenciados sobre indivíduos acima dos 50 anos, em
ambos os sexos. Contudo, no caso específico da mulher, existe ainda o agravante vinculado à
intensa flutuação dos níveis de estrogênio na perimenopausa com redução significativa após a
31
menopausa, com potencial de repercutir negativamente sobre o humor. De igual modo, é
importante ressaltar que esta fase da vida em geral se associa a uma série de eventos capazes
de precipitar quadros depressivos, tais como perda de entes queridos, separação, mudança de
papel social e surgimento de doenças crônico-degenerativas. Nesse sentido é fundada a idéia
de que o climatério teria uma evolução diferenciada para cada mulher conforme suas
características psicológicas e seu contexto sócio-cultural. Desse modo se caracteriza por um
período de vulnerabilidade que pode exacerbar condições psíquicas patológicas préexistentes, ou, por outro lado, ser encarado como período de desenvolvimento e
amadurecimento pessoal, abrindo perspectivas em relação ao futuro. (GALVÃO et al, 2007)
Segundo Nievas et al (2006) alterações de cunho depressivo em meio ao período de
climatério, outras correntes de pesquisadores enfatizam sua importância e associação. No que
tange as alterações de cunho depressivo associadas ao climatério, Nievas et al (2006) em
pesquisa no Ambulatório Multidisciplinar do Climatério (ACLI) do Hospital das Clínicas da
Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (HC/FMRP), objetivou-se identificar a presença de
sintomas depressivos em mulheres no climatério por meio de análise de fatores
biopsicossociais relacionados. Frente tal pesquisa, o climatério foi apontado como um
momento considerável de estresse e, portanto, de risco para o desenvolvimento de depressão
em virtude das mudanças hormonais com repercussões físicas, psicológicas e sociais. Ao lado
das alterações biológicas, outros fatores devem ser considerados na hora de se estabelecer
uma relação entre o climatério e a depressão como, por exemplo, o status ocupacional, estado
civil, ocorrência de eventos importantes na vida daquela mulher, ou mesmo, episódios
anteriores de depressão.
3.3 QUALIDADE DE VIDA NO CLIMATÉRIO
Nos países em desenvolvimento, observa-se um envelhecimento populacional acelerado,
com um incremento da população idosa maior do que nos países desenvolvidos. (PEREIRA
et al, 2006)
O processo de envelhecimento ocorre de forma gradual nos países desenvolvidos
(melhorias na cobertura do sistema de saúde, nas condições de habitação, saneamento básico,
32
trabalho e alimentação), porém no Brasil ocorre rapidamente e num contexto de
desigualdades sociais, economia frágil, crescentes níveis de pobreza, com precário acesso aos
serviços de saúde e reduzidos recursos financeiros, sem as modificações estruturais que
respondam às demandas do novo grupo etário emergente. (PEREIRA et al, 2006)
A tendência ao envelhecimento populacional está acarretando mudanças profundas em
todos os setores da sociedade, e segundo pesquisas a saúde é o âmbito que sofre maior
impacto, que acaba interferindo no bem-estar e nos fatores associados à QV dos idosos.
(PEREIRA et al, 2006)
Nesse sentido, Seidl e Zannon (2004) descrevem que o termo QV surgiu na literatura
médica na década de 30 pela primeira vez e sua definição mais clássica é dada em 1974 que
descreve: “QV é a extensão em que prazer e satisfação têm sido alcançados”, porém essa
afirmação vem sendo modificada a partir dos anos 80, fazendo com que a Organização
Mundial da Saúde (OMS) adotasse a seguinte definição de QV: “a percepção do indivíduo
sobre a sua posição na vida, no contexto da cultura e dos sistemas de valores nos quais ele
vive, e em relação a seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações” (THE WHOQOL
GROUP, 1995 apud SEIDL e ZANNON, 2004)
Para Inouve, Pedrazanni e Pavarini (2008) o conceito de QV não está limitado às
condições de saúde, controle de sintomas e intervenções médicas. São consideradas condições
mais amplas como sentido de segurança, dignidade pessoal, oportunidades de atingir
objetivos, satisfação com a vida, alegria e sentido positivo de si. As características presente
neste termo são multidimensionais (mistura do contexto social, mental, material, físico,
cultural e econômico), dinâmicas (uma variável inconstante no tempo e espaço) e subjetivas
(cada indivíduo concede uma importância particular).
As mulheres, no período do climatério, há a passagem do período reprodutivo para o não
reprodutivo, havendo diminuição ou ausência dos hormônios esteróides sexuais,
principalmente o estradiol e a progesterona, pode se associar à ocorrência de sintomas
precoces, intermediários e tardios, sendo este conjunto de sinais e sintomas comumente
referido como "síndrome climatérica". A sintomatologia mais comum é representada pela
ocorrência de sintomas vasomotores, modificações do humor, distúrbios do sono e sintomas
decorrentes da hipotrofia genital, além de repercussões observadas em longo prazo, tais como
a osteoporose e aumento da morbidade cardiovascular. Estas reações provocam alterações que
33
interferem nas relações sociais e abalam as estruturas emocionais, podendo interferir na QV.
(GALVÃO et al, 2007)
Segundo Silva Filho (2008), a relação entre os sintomas climatéricos e a qualidade de
vida relacionada à saúde ainda é um assunto controverso e complexo, todavia essa correlação
tem sido tema freqüente em pesquisas, porque seus resultados podem ajudar a definir
condutas terapêuticas, assim como a avaliar a relação custo/benefício do cuidado prestado.
De Lorenzi et al (2009) explica que os mais relevantes fatores associados à QV da mulher
no climatério são as suas condições físicas e emocionais prévias, bem como a sua inserção
social, experiências frente a eventos vitais, a influência das atitudes e percepções da mulher
em relação à menopausa na QV no climatério. Além disso, mulheres com uma percepção
mais negativa da menopausa não somente tendem a apresentar uma pior QV, como sintomas
climatéricos mais severos.
Com isso, a assistência ao climatério tem passado por uma intensa mudança de
paradigmas em busca de uma assistência mais integral. Conseqüentemente, o conhecimento
das condições de saúde dessa parcela da população, suas demandas por serviços médicos e
necessidades sociais tornou-se mais prioritário para a formulação de políticas de saúde
voltadas a um envelhecimento feminino mais sadio, menos dispendioso e com mais QV. (DE
LORENZI et al, 2009)
Desde 1970, diversos instrumentos para avaliação da qualidade de vida relacionada ao
climatério têm sido construídos e são agrupados em três categorias complementares: a)
avaliação de medidas genéricas, relativas a diversos domínios de saúde geral, na qual se
enquadra o Medical Outcome Study 36-item Short Form Health Survey (MOS SF-36 Health
Survey); b) aferição de medidas específicas populacionais do climatério pelo Women's Health
Questionnaire (WHQ), que posteriormente foi validado no Brasil, como Questionário Saúde
da Mulher (QSM); c) especificação dos sintomas de deficiência estrogênica e do bem-estar
psicológico, empregando-se o índice de Blatt-Kupperman (ou índice de Kupperman). (SILVA
FILHO, 2008)
3.4 CLIMATÉRIO E TRATAMENTO
34
Os sintomas do climatério podem ser tratados clinicamente com a TRH, que deve ser
avaliado os seus benefícios e os seus malefícios junto ao médico. Essa terapia se revela
benéfica no controle da sintomatologia (sintomas vasomotores e atrofia urogenital), na
melhora da QV e na diminuição do risco de coronariopatia e osteoporose (ZAHAR et al,
2005). Enquanto que os malefícios decorrentes de um hiperestrogenismo podem causar:
mastalgia, edema e desconforto nos membros inferiores, afetando igualmente a QV da mulher
climatérica. (WYGODA et al, 1999)
A fisioterapia também atua no tratamento do climatério, tendo como objetivo a melhora
da QV da mulher, a prevenção e o tratamento da incontinência urinária, da osteoporose e das
doenças cardiovasculares, e a minimização dos sintomas vasomotores e dos transtornos
psíquicos. (BARACHO, 2007)
Os fisioterapeutas também devem aconselhar as mulheres a praticarem atividade física
para que possa haver um retardo ou uma atenuação dos sintomas comuns dessa fase. O
programa de atividade física deve conter exercícios de alongamento e correção postural,
exercícios de condicionamento cardiovascular, reforço dos músculos do assoalho pélvico e
relaxamento. (BARACHO, 2007)
A prática de atividade física e a alimentação balanceada ajudam na redução de um dos
sintomas mais enfrentados pelas mulheres, em especial as mulheres pós-climatérica: a
obesidade, além de melhorar significativamente outros problemas também relacionados a
idade como é o caso das doenças crônicas que dentre elas temos a hipertensão arterial,
hipercolesterolemia, artrite e diabetes. (MARTINASSO; LOPES, 2006)
De acordo com estudo realizado por Lorenzi et al (2005 apud MARTINASSO, 2006), a
mulher climatérica que não pratica atividade física regularmente demonstra de forma mais
intensa
as
sintomatologias
relatadas,
como
irritabilidade,
antralgia/mialgia,
melancolia/tristeza, zumbidos, insônia, fogachos entre outros. (MARTINASSO; LOPES,
2006)
3.5 HISTERECTOMIA
35
Inserindo-se na história, a Histerectomia remonta ao século XVI cuja primeira cirurgia
desse caráter é creditada a Berengarius, em 1507, na cidade de Bolonha. Atualmente, esta
operação é a mais praticada nos Estados Unidos, com cerca de 800.000 cirurgias/ano tendo
como principais indicações patologias como: doenças benignas da tuba uterina e ovários;
Neoplasias benignas e malignas e doença trofoblástica gestacional. (MURTA et al, 2000)
A Histerectomia é um tipo de operação que consiste na excisão do útero, realizada através
da parede abdominal ou pela vagina. Atualmente a Histerectomia constitui uma das cirurgias
femininas mais frequentes no mundo ocidental, o que mostra a importância do estudo de suas
sequelas psicológicas. (LOUREIRO, 1997)
Nesse contexto, considerando-se o útero como um órgão biologicamente associado à
reprodução e socialmente vinculado à feminilidade e sexualidade, sua extirpação, portanto,
além de constituir-se em ato agressivo e mutilante, interfere tanto na expressão da sexualidade
feminina quanto na imagem corporal e na vida social. Historicamente esse órgão vem sendo
associado a algo sagrado do corpo feminino, embora as mulheres, muitas vezes, só se dêem
conta de sua existência, quando precisam engravidar ou retirá-lo. (NUNES et al, 2009)
Em outras palavras, a histerectomia consiste em um procedimento definitivo de perda
irreversível do útero, que pode ser para restabelecer a saúde ou mesmo salvar a vida da
mulher. Mas que, ao mesmo tempo, determina uma série de implicações com alterações,
desde as condições físicas até fortes perturbações emocionais, com modificações em sua vida.
(SALIMENA; SOUZA, 2008)
As causas mais freqüentes para essa intervenção na pré-menopausa são os miomas
uterinos, as irregularidades menstruais rebeldes ao tratamento clínico e a endometriose. Na
pós-menopausa essas indicações diminuem de frequência, enquanto aumentam as indicações
cirúrgicas por prolapso uterino e pelas patologias ginecológicas malignas. As principais
complicações da histerectomia são: hemorragia intra e pós-operatória, infecção e deiscência
da parede abdominal, infecção urinária e pneumonia pós-cirúrgica, lesões dos órgãos
adjacentes como ureter, bexiga e intestino e a doença tromboembólica. Além dessas, devem
ser citadas algumas complicações tardias da histerectomia, tais como os distúrbios sexuais, as
disfunções do trato urinário inferior e a constipação intestinal, essa última devido a aderências
pélvicas pós-histerectomia. (HOBEIKA et al, 2002)
36
4. METODOLOGIA
4.1 TIPO DE ESTUDO
Por intermédio de um estudo observacional, de corte transversal, de inquérito, com base
em uma amostra intencional, foram analisadas mulheres com queixa de sintomas relacionados
ao climatério e pós-menopausa.
4.2 LOCAL DA PESQUISA
O presente estudo foi realizado no ambulatório de Climatério da FSCMP, na Rua Oliveira
Belo n° 395, no período matutino (segunda-feira e terça-feira, às 07:00 horas) e vespertino
(segunda-feira, terça-feira, quinta-feira e sexta-feira, às 13:00 horas), no período de 4 de maio
de 2009 a 4 de agosto de 2009.
4.3 ASPECTOS ÉTICOS
De acordo com a Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde (2000), o projeto de
pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da FSCMP, com protocolo de número
028/09 (Anexo I). Foi aplicado aos participantes da pesquisa o Termo de Consentimento
Livre Esclarecido – TCLE (Apêndice I), para que assim todas as informações pertinentes à
clientela em questão fossem preservadas no processo de análise. Além disso, a pesquisa
esteve previamente estabelecida pelos pesquisadores com o aval do professor-orientador
(Apêndice II), sendo assim, a mesma pôde ser desenvolvida sem a necessidade da presença do
profissional.
37
4.4 INFORMANTES
Foram informantes da pesquisa mulheres atendidas no ambulatório de Climatério da
FSCMP, com queixa de sintomas relacionados ao climatério.
Participaram da pesquisa todas aquelas que se enquadraram nos critérios de inclusão do
estudo e aceitaram a participação no mesmo, assinando um Termo de Consentimento Livre
Esclarecido – TCLE.
Foram recrutadas para pesquisa as mulheres que estavam aguardando a chamada para
realização de atendimento médico específico pertinente aos sintomas do climatério no
ambulatório de Climatério da FSCMP no já referido turno/período pré-estipulado para a
pesquisa. Momento no qual, um dos três pesquisadores as abordaria individualmente
esclarecendo o tema e os objetivos do projeto mediante apresentação do TCLE a partir do
qual, mediante sua aceitação e consentimento, foi aplicado o Questionário Saúde da Mulher
(QSM), abordando inicialmente os aspectos socioeconômicos, sociodemográfico e
ginecológico das participantes. (Anexo II)
Ocasionalmente, entretanto, a recusa por quaisquer motivos apresentados pelas
entrevistadas era tida como fator suficiente para a inviabilização da entrevista. Situações nas
quais o pesquisador se detinha na busca por uma nova paciente que estava disposta a realizar
a entrevista.
4.5 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO
Participaram da pesquisa mulheres com idade de 40 a 65 anos, nos períodos de pré-, perie pós- menopausa, e que estivessem de acordo em participar da pesquisa.
4.6 CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO
38
Mulheres que não se encontravam no período do climatério e aquelas que não se
encontravam na faixa etária pré-estabelecida para a pesquisa.
4.7 COLETA DE DADOS
A pesquisa foi realizada no período de 4 de maio de 2009 a 4 de agosto de 2009, com
256 pacientes do sexo feminino que se encontravam na fase do climatério, sendo que em cada
um dos três meses referentes à coleta, cada um dos pesquisadores se deteve a entrevistar um
mínimo de 84 mulheres.
A amostra foi calculada através da distribuição normal, tomando como base os dados
obtidos na Gerência do Complexo Ambulatorial de Estatísticas 2009 da FSCMP, onde se
evidenciou um universo de 706 mulheres atendidas no I trimestre de 2009, admitindo um
intervalo de confiança de 95%.
Cada participante recebeu informações a respeito dos objetivos da pesquisa,
procedimentos realizados, materiais e equipamentos utilizados.
Após a assinatura do TCLE, na coleta de dados fora utilizado o QSM, constituído de duas
partes.
Na
primeira,
houve
a
investigação
das
características
socioeconômicas,
sociodemográficas e ginecológicas das mulheres pesquisadas, incluindo a idade, o estado
civil, a escolaridade, a ocupação, a história reprodutiva (número de filhos) e a classe social
Brasil determinada com base nos critérios da Classificação Econômica Brasil, da Associação
Brasileira de Empresas de Pesquisa, obtida por meio da renda média familiar por classes
Vale ressaltar que, no decorrer da pesquisa, houve necessidade de questionarem as
mulheres a cerca do uso ou não de TRH, se foi ou não submetida à Histerectomia e o seu
telefone - caso houvesse necessidade de acrescentar algum dado a pesquisa. A partir disso, em
algumas análises estatísticas, as mulheres foram divididas com base nessas duas variáveis
(Histerectomia e TRH) originando quatro subgrupos de análise: mulheres com Histerectomia
e com uso de Reposição Hormonal (cHcR); mulheres com Histerectomia e sem Reposição
Hormonal (cHsR); mulheres sem Histerectomia e com Reposição Hormonal (sHcR) e
mulheres sem Histerectomia e sem Reposição Hormonal (sHsR).
39
A segunda parte do QSM consta de 37 questões, nas quais 36 possuem quatro alternativas
de resposta, e uma questão consiste na pergunta se existe algum sintoma que a paciente tem
mais dificuldade de lidar. As 36 questões estão divididas em nove domínios, dispostos
aleatoriamente, que avaliam: depressão (sete questões) – 3, 5, 7, 8, 10, 12, 25; sintomas
somáticos (sete questões) – 14, 15, 16, 18, 23, 30, 35; memória/concentração (três questões) –
20, 33, 36; sintomas vasomotores (duas questões) – 19, 27; ansiedade/ temores (quatro
questões) – 2, 4, 6, 9; comportamento sexual (três questões) – 24, 31, 34; problemas de sono
(três questões) – 1, 11, 29; sintomas menstruais (quatro questões) – 17, 22, 26, 28; e
atratividade (três questões) – 13, 21, 32.
As possibilidades de resposta são: “Sim, sempre”, valendo 1 ponto; “Sim, algumas
vezes”, valendo 2 pontos; “Não, não muito”, valendo 3 pontos; e “Não, nunca”, valendo 4
pontos, sendo que as alternativas das questões 7, 10, 21, 25, 31 e 32 aparecem em ordem
inversa à ordem das outras questões, ou seja, tiveram suas pontuações transformadas, isto é,
de 1 para 4; de 2 para 3; de 3 para 2 e de 4 para 1. (DIAS et al, 2002)
A interpretação dos resultados foi feita da seguinte forma: realizou-se a soma das
pontuações de cada questão, valor este que foi então convertido em uma escala percentual. De
modo que quanto maior a pontuação/percentual obtida, menor será a gravidade dos sintomas e
melhor a QV, e, quanto menor a porcentagem, maior será a gravidade dos sintomas e pior a
QV.
4.8 ANÁLISE DOS DADOS
Os dados dos questionários foram processados em banco de dados, por meio do programa
Microsoft® Office Excel®, versão 2007, da Microsoft Corporation.
A avaliação do QSM foi realizada separadamente para cada tipo de sintomas. Em razão
das características de seleção (amostra de conveniência), a análise estatística consiste em
descrever os resultados, e estimar inferências comparativas entre as mulheres conforme as
categorias de realização de histerectomia e TRH.
40
Foram aplicados métodos estatísticos descritivos e inferenciais. Na estatística descritiva
foram elaboradas distribuições de frequência e foram determinadas as medidas de tendência
central e variação. Quanto à análise inferencial para avaliar as diferenças de QV foi aplicada a
ANOVA com teste post-hoc de Tukey. Para comparar a diferença entre as proporções foi
aplicado o teste estatístico Binomial, considerando a seguinte condição npq ≥5. Ficou
estabelecido o nível de significância alfa = 0,05 como padrão de decisão para rejeição da
hipótese de nulidade. Foram indicadas com asterisco (*) as diferenças estatisticamente
significativas. Todo o processamento estatístico foi realizado sob o suporte computacional do
pacote bioestatístico BioEstat versão 5.
41
5. RESULTADOS
5.1 CARACTERÍSTICAS SOCIODEMOGRÁFICAS
As análises estatísticas das características sociodemográficas das 256 mulheres foram
divididas entre os grupos das pacientes histerectomizadas (n=78) e não histerectomizadas
(Controle, n=178) e estão sendo representadas nas Tabelas 1 e 2, respectivamente.
Na Tabela 1, verifica-se que entre as usuárias de TRH e não usuária de TRH prevaleceu o
estado civil Casada (TRH=22; 59.5% e SEM TRH=24; 58.5%), seguido por Solteira (TRH=7;
18.9 e SEM TRH=10; 24.4), porém o estado civil Divorciada foi o menos prevalente
(TRH=3; 8.1 e SEM TRH=4; 24.4).
Quanto ao grau de escolaridade, ainda conforme Tabela 1, os resultados mostram que
entre as usuárias de TRH e não usuária de TRH prevaleceu a escolaridade ensino médio
completo ou superior incompleto (TRH=14; 37.8% e SEM TRH=11; 26.8%). O ensino médio
incompleto ocorreu em menor proporção com os valores (TRH=6; 16.2% e SEM TRH=8;
19.5%).
Tabela 1: Analisando Mulheres histerectomizadas
Estado Civil: n, (%)
Casada
Divorciada
Solteira
Viúva
Escolaridade: n, (%)
Ensino básico incompleto
Ensino fundamental
Ensino médio completo ou superior
incompleto
Ensino médio incompleto
Ensino Superior Completo
Fonte: Protocolo de Pesquisa
TRH
(n=37)
SEM TRH
(n=41)
22 (59.5)
3 (8.1)
7 (18.9)
5 (13.5)
24 (58.5)
4 (9.8)
10 (24.4)
3 (7.3)
7 (18.9)
10 (27.0)
11 (26.8)
10 (24.4)
14 (37.8)
6 (16.2)
0 (0.0)
11 (26.8)
8 (19.5)
1 (2.4)
42
A Tabela 2 mostra que entre as usuárias de TRH e não usuária de TRH prevaleceu o
estado civil Casada (TRH=13; 41.9% e SEM TRH=88; 59.9%), seguido por Solteira
(TRH=10; 32.3% e SEM TRH=37; 25.2%).
Na análise do grau de escolaridade, conforme Tabela 2, observa-se que entre as usuárias
de TRH e não usuária de TRH prevaleceu a escolaridade ensino fundamental (TRH=13;
41.9% e SEM TRH=52; 35.4%). O ensino superior completo ocorreu em menor proporção
com os valores (TRH=1; 3.2% e SEM TRH=5; 3.4%).
Tabela 2: Analisando Mulheres Não-histerectomizadas
Estado Civil: n (%)
Casada
Divorciada
Solteira
Viúva
Escolaridade: n (%)
Ensino básico incompleto
Ensino fundamental
Ensino médio completo ou superior
incompleto
Ensino médio incompleto
Ensino Superior Completo
TRH
(n=31)
SEM TRH
(n=147)
13 (41.9)
5 (16.1)
10 (32.3)
3 (9.7)
88 (59.9)
9 (6.1)
37 (25.2)
13 (8.8)
5 (16.1)
13 (41.9)
36 (24.5)
52 (35.4)
9 (29.0)
3 (9.7)
1 (3.2)
45 (30.6)
9 (6.1)
5 (3.4)
Fonte: Protocolo de Pesquisa
5.2 IDADE E NÍVEIS DE QUALIDADE DE VIDA
Considerando-se o grupo (n=256), a correlação linear de Pearson foi aplicada para avaliar
a correspondência entre a QV e idade cronológica. Somente o fator Sintomas Menstruais
(questões 17, 22, 26 e 28 do QSM) mostrou variação com o aumento da idade, ou seja, as
mulheres com idade entre 40 e 49 anos apresentam queda da QV em função de sintomas
ligados a menstruação, podendo ser observados na Tabela 3 e Figura 1 (A: p-valor < 0.01,
ANOVA com post-hoc de Tukey).
43
Tabela 3: Correlação com a idade.
Depressão Somáticos Memória Vasomotores Ansiedade
r (Correlação)
R2 =
p-valor
Poder do teste
0.003
0.000
0.9627
0.0445
0.0837
0.007
0.1849
0.376
0.0687
0.0047
0.2765
0.2894
0.115
0.0132
0.0685
0.5733
Sexual
Sono
Menstruais Atratividade
0.0817 -0.0136 0.111 0.1757
0.0067 0.0002 0.0123 0.0309
0.1957 0.829 0.0787 0.0054*
0.3638 0.0065 0.5479 0.8786
-0.0161
0.0003
0.7988
0.0007
Sintomas Mentruais (%)
Fonte: Protocolo de Pesquisa
70
60
50
A
A
40
30
20
10
0
40 a 49
50 a 59
60 ou mais
Figura 1: Detalhe (média e desvio padrão) conforme a idade.
Fonte: Protocolo de Pesquisa
5.3 DOMÍNIOS DO QSM E NÍVEIS DE QV
A comparação dos escores total do QSM está demonstrada na Tabela 4. Considerando-se
o grupo (n=256), foi encontrado, em ordem de menor para maior escore médio, o fator
Atratividade (Média = 15.9%), Memória/Concentração (Média = 20,3%), Sintomas
Somáticos (Média = 22,0%), Problemas com o Sono (Média = 22,4%), Depressão (Média =
23.4%), Sexualidade (Média = 38,3%), Sintomas Menstruais (Média = 41,7%), Sintomas
vasomotores (Média = 44,6%) e Ansiedade/Temores (Média = 52,9%). De modo que, o mais
alto nível de QV teria nota mais próxima de 100%.
44
Tabela 4: Componentes da QV em (n=256) mulheres avaliadas.
Depressão Somáticos Memória Vasomotores Ansiedade
Mínimo
Máximo
Amplitude Total
Mediana
Primeiro Quartil
Terceiro Quartil
Desvio
Interquartílico
Média Aritmética
Variância
Desvio Padrão
Sexual
Sono
Menstruais Atratividade
0.0
52.0
52.0
24.0
16.0
28.0
0.0
68.0
72.0
20.0
12.0
32.0
0.0
55.6
55.6
22.2
0.0
33.3
0.0
100.0
100.0
50.0
0.0
66.7
0.0
0.0
0.0
100.0 100.0 55.6
100.0 100.0 55.6
58.3 44.4 22.2
33.3 22.2 2.8
75.0 66.7 33.3
0.0
66.7
66.7
41.7
27.1
50.0
0.0
55.6
55.6
11.1
0.0
33.3
12.0
20.0
33.3
66.7
41.7
30.5
22.9
33.3
23.4
83.1
9.1
22.0
226.8
15.1
20.3
355.3
18.8
44.6
1345.9
36.7
52.9 38.3 22.4
759.6 644.2 327.1
27.6 25.4 18.1
41.7
326.1
18.1
15.9
323.2
18.0
44.5
Fonte: Protocolo de Pesquisa
Na avaliação individual dos domínios, com relação às intervenções que as mulheres
climatéricas
foram
submetidas
(Histerectomia
e
TRH),
podemos
inferir
que
a
Memória/Concentração (Figura 2) nas mulheres Histerectomizadas e que realizam TRH, é
significativamente menor o comprometimento, em relação a mulheres em duas outras
situações: (A) Histerectomizadas que não realizam TRH e (B) Não Histerectomizadas que
Memória/Concentração (%)
realizam TRH (A, B: p-valor < 0.01ANOVA com post-hoc de Tukey).
50
40
A B
30
A
B
20
10
0
cHcR
cHsR
sHcR
sHsR
Figura 2: Níveis de Memória/Concentração, na amostra (n=256), conforme a ocorrência de Histerectomia
(HIST) e Terapia de Reposição Hormonal (TRH).
Fonte: Protocolo de Pesquisa
45
Quanto ao domínio Problemas do Sono (Figura 3), podemos tirar por conclusão de que as
mulheres Histerectomizadas e que realizam TRH possuem um comprometimento
significativamente menor em relação a mulheres não Histerectomizadas que não realizam
Problemas do Sono (%)
TRH (A, B: p-valor <0.01*, ANOVA com post-hoc de Tukey).
50
40
AB
30
A
B
sHcR
sHsR
20
10
0
cHcR
cHsR
Figura 3: Níveis de Problemas do Sono, na amostra (n=256), conforme a ocorrência de Histerectomia (HIST) e
Terapia de Reposição Hormonal (TRH).
Fonte: Protocolo de Pesquisa
Os níveis de QV referentes aos Sintomas Menstruais, avaliados pelo método da análise de
variância (ANOVA), apontou para diferenças significantes entre os grupos, onde o grupo
constituído por mulheres Histerectomizadas e com TRH (AB) obteve um melhor nível de QV
em relação a: (A) mulheres não histerectomizadas e com TRH e (B) mulheres não
histerectomizadas e sem TRH (Figura 4).
Sintomas Mentrauais (%)
46
70
60
50
AB
40
A
B
sHcR
sHsR
30
20
10
0
cHcR
cHsR
Figura 4: Níveis de Sintomas menstruais, na amostra (n=256), conforme a ocorrência de Histerectomia (HIST) e
Terapia de Reposição Hormonal (TRH).
Fonte: Protocolo de Pesquisa
A Figura 5 verifica o nível de Ansiedade/Temores e podemos deduzir que nas mulheres
Histerectomizadas e que realizam TRH, é significativamente menor, em relação a todas as
outras possibilidades de tratamento, resumidas em outra três situações: (A) Histerectomizadas
que não realizam TRH, (B) Não Histerectomizadas que realizam TRH, (C) Não
Histerectomizadas que não realizam TRH (A, B, C: p-valor < 0.01, ANOVA com post-hoc de
Ansiedade/Temores (%)
Tukey).
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
AB C
A
cHcR
cHsR
B
C
sHcR
sHsR
Figura 5: Níveis de Ansiedade/Temores, na amostra (n=256), conforme a ocorrência de Histerectomia (HIST) e
Terapia de Reposição Hormonal (TRH).
Fonte: Protocolo de Pesquisa
47
Não foi observada alteração significativa em função das intervenções as quais as
mulheres foram submetidas (Histerectomia e TRH) nos domínios: Atratividade (p= 0,64),
Sintomas Somáticos (p= 0,32), Depressão (p= 0,62), Comportamento Sexual (p= 0,86) e
Sintomas Vasomotores (p= 0,53).
Nesse sentido, em relação ao domínio Atratividade, os níveis de QV mostraram-se
independentes das intervenções as quais as mulheres foram submetidas não apontando,
portanto, para variação alguma da Atratividade em função dos tratamentos. (Figura 6)
Atratividade (%)
40
30
20
10
0
cHcR
cHsR
sHcR
sHsR
Figura 6: Níveis de Atratividade, na amostra (n=256), conforme a ocorrência de Histerectomia (HIST) e Terapia
de Reposição Hormonal (TRH).
Fonte: Protocolo de Pesquisa
Do mesmo modo, quanto ao domínio Sintomas Somáticos, os níveis encontrados
mostraram-se independentes em relação à TRH e Histerectomia, não apontando para variação
dos Sintomas Somáticos em função dos tratamentos. Atentando-se somente ao fato de que
95% do conjunto (n=256) apresenta níveis inferiores a 68%.
Sintomas Somáticos (%)
48
50
40
30
20
10
0
cHcR
cHsR
sHcR
sHsR
Figura 7: Níveis de Sintomas Somáticos, na amostra (n=256), conforme a ocorrência de Histerectomia (HIST) e
Terapia de Reposição Hormonal (TRH).
Fonte: Protocolo de Pesquisa
Em continuação, mediante análise do domínio Depressão (Figura 8), esta, mais uma vez,
não sofrera variação em função das intervenções as quais as mulheres foram submetidas.
Atentando-se somente ao fato de que 95% do conjunto apresentam níveis de depressão
inferiores a 50% o que indica elevados índices de depressão.
Depressão (%)
50
40
30
20
10
0
cHcR
cHsR
sHcR
sHsR
Figura 8: Níveis de Depressão, na amostra (n=256), conforme a ocorrência de Histerectomia (HIST) e Terapia de
Reposição Hormonal (TRH).
Fonte: Protocolo de Pesquisa
No que tange a análise do domínio Comportamento Sexual, a Figura 9 aponta para níveis
de QV desvinculados das intervenções as quais as mulheres foram submetidas, não apontando
49
novamente, para quaisquer variações do Comportamento Sexual em função dos tratamentos.
Atenta-se somente ao fato de que a média entre todos os grupos, pertinente ao domínio, varia
Comportamento Sexual (%)
entre 35% a 39,3%.
50
25
0
cHcR
cHsR
sHcR
sHsR
Figura 9: Níveis de Comportamento Sexual, na amostra (n=256), conforme a ocorrência de Histerectomia
(HIST) e Terapia de Reposição Hormonal (TRH).
Fonte: Protocolo de Pesquisa
No que concerne a análise do domínio Sintomas Vasomotores, este como dito
anteriormente, também mostrou níveis desvinculados à TRH e Histerectomia, não apontando
para qualquer variação dos Sintomas Vasomotores em função das intervenções, tal como
Sintomas Vasomotores (%)
mostra o gráfico da Figura 10.
70
60
50
40
30
20
10
0
cHcR
cHsR
sHcR
sHsR
Figura 10: Níveis de Sintomas Vasomotores, na amostra (n=256), conforme a ocorrência de Histerectomia
(HIST) e Terapia de Reposição Hormonal (TRH).
Fonte: Protocolo de pesquisa
50
Por fim, ao analisar a questão 37 do QSM (“Daquilo que foi perguntado acima, há
algum(ns) sintoma(s) que você tenha mais dificuldade que os outros para lidar?”), 74
mulheres responderam que “Não” e 182 mulheres responderam “Sim” à questão 37 do QSM,
onde as respostas que mais se destacaram foram: 29,12% (n= 53) relataram que os problemas
de dores nas costas ou membros (questão 18) era o sintoma que mais a incomodavam, 12,08%
(n= 22) falaram que era a questão 36 (“Você acha que sua memória está ruim?”) e 7,69% (n=
14) reclamaram das ondas de calor (questão 19).
51
6. DISCUSSÃO
A menopausa consiste em um processo fisiológico de mudanças físicas e emocionais
caracterizando um evento universal presente na evolução de todas as mulheres que atingem a
meia idade representando, portanto, um momento de transição, durante o qual as alterações
físicas e psicológicas são geralmente integradas às experiências pessoais de cada paciente. Em
associação, o termo QV está atribuído a satisfação e ao bem-estar em relação aos objetivos e
expectativas alcançados refletindo a intensidade dos sintomas e o nível de perdas físicas e
emocionais. Em consequência do aumento da sobrevida, nota-se a elevação da incidência da
síndrome climatérica, com repercussões negativas para a saúde e QV, fato que conduz ao
direcionamento no atendimento das mulheres na pós-menopausa e à busca de tratamentos
efetivos e seguros. (MARTINS et al, 2009; DE LORENZI et al, 2009)
Na presente pesquisa, somente o fator Sintomas Menstruais mostrou variação com o
aumento da Idade, ou seja, as mulheres com Idade entre 40 e 49 anos apresentaram queda da
QV, pois é justamente nessa idade que ocorre uma oscilação do fluxo menstrual (amenorréia,
polimenorréia) alterando significativamente a QV dessas mulheres. No entanto, na faixa etária
de 50 a 65 anos, as mulheres já se encontram na menopausa e pós-menopausa, com isso não
se evidencia piora na QV em relação aos Sintomas Menstruais. O que não foi encontrado por
De Lorenzi et al (2006), onde não se verificou qualquer associação entre os níveis de QV e a
variável idade.
Mediante análise dos domínios, a presente pesquisa pode constatar que o fator
Atratividade foi o pior indicador de QV (Média = 15.9%), enquanto que o aspecto que
apresentou melhores níveis foi Ansiedade (Média = 52.9%). Todavia esse resultado não foi
encontrado por De Lorenzi et al (2006) em pesquisa com 323 mulheres atendidas no
Ambulatório de Climatério da Universidade de Caxias do Sul (UCS), pois verificaram que o
domínio que apresentou os melhores níveis de QV fora Sintomas Somáticos (17,5/±5,3) e a
dificuldade cognitiva (4,5/±2,2) expressou os piores níveis.
Na
atual
pesquisa,
os
domínios
mais
comprometidos
foram
Atratividade,
Memória/Concentração, Sintomas Somáticos, Problemas do Sono e Depressão, fato que vem
ao encontro do estudo de Silva Filho et al (2005) onde concluíram que os domínios mais
52
afetados foram os Sintomas Somáticos, Depressão, Ansiedade/Temores, Problemas do Sono e
Sintomas Vasomotores.
No presente trabalho, o impacto na Memória/Concentração é significativamente menor
(Média = 33,3) nas mulheres Histerectomizadas e que realizam TRH em relação às
Histerectomizadas que não realizam TRH e Não Histerectomizadas que realizam TRH. O que
corrobora com os estudos de Polisseni et al (2009), pois foi descrito que o domínio apresentou
níveis mais baixos de QV mesmo fazendo uso de TRH. Entretanto, Martins et al (2009)
observou no seu grupo mulheres que a TRH apresentou impacto positivo neste domínio.
Apesar das queixas de memória entre mulheres deste presente estudo, não foi encontrado
pontuações médias díspares entre mulheres climatéricas e outras amostras da população
brasileira nos testes neurocognitivos aplicados nos estudos de Fernandes et al (2009).
Em relação a Problemas do Sono, Silva & Costa (2008), em pesquisa, obtiveram
significativo acometimento.
De modo semelhante, para Souza et al (2005), a avaliação subjetiva de Problemas do
Sono fora considerada ruim por 29% das mulheres de sua amostra, independente da
administração da TRH, não corroborando, portanto, com a presente pesquisa onde os níveis
de Problemas do Sono apresentaram significativa variação em função das intervenções as
quais as mulheres foram submetidas, ou seja, mulheres Histerectomizadas e que realizam
TRH apresentaram níveis significativamente menor de Problemas do Sono em relação a
mulheres não Histerectomizadas que não realizam TRH. Corroborando assim, com Martins et
al (2009) o qual constatou que entre as usuárias de TRH, foi encontrado um efeito positivo
quando confrontadas ao grupo controle.
No que tange o domínio Sintomas Menstruais, na presente pesquisa, o grupo constituído
por mulheres Histerectomizadas e com TRH em relação aos demais grupos obtiveram
melhores níveis de QV. O que distingue dos achados de Martins (2009) e Silva & Costa
(2008) cujos valores obtidos para essa variável não obtiveram modificação significativa.
Segundo Pereira (2009), a ansiedade manifesta-se por sintomas de inquietação,
insegurança, tensão muscular, taquicardia, sudorese, fadiga e preocupação excessiva com
pequenos problemas, desta forma, considera-se que a ansiedade corrobora para alteração na
QV.
53
Com base na análise dos dados dessa pesquisa, os níveis de Ansiedade/Temores
apresentaram significativa variação em função das intervenções as quais as mulheres foram
submetidas, com isso podemos inferir que os sintomas de Ansiedade/Temores nas mulheres
Histerectomizadas e que realizam TRH, é significativamente menor. Em contra partida, em
um estudo realizado por Pereira et al (2009) a ansiedade foi muito prevalente, atingindo quase
metade da população estudada (49,8%) sendo que a maioria (90,0%) nunca tinha feito uso de
qualquer tipo de TRH.
Estudos referentes ao uso da TRH e seu impacto sobre a ansiedade são escassos. Em um
estudo realizado, os pesquisadores não identificaram diferenças significativas entre usuárias e
não usuárias de TRH em relação à QV, incluindo os aspectos emocionais. Entretanto, outro
estudo que avaliou o efeito da TRH sobre a ansiedade, constatou uma redução significativa da
ansiedade. (PEREIRA et al, 2009)
No que concerne a análise da Atratividade, na presente pesquisa os níveis de QV
mostraram-se independentes das intervenções as quais as mulheres foram submetidas, ou seja,
não aponta para qualquer variação do domínio Atratividade em função dos tratamentos. Não
corroborando com os achados de Martins et al (2009) onde observou-se que a TRH apresentou impacto positivo sobre alguns domínios do QSM (incluindo atratividade), mas o
mesmo efeito não foi observado quando comparado às não usuárias de TRH.
Na presente pesquisa, os níveis de Sintomas Somáticos mostraram-se independentes das
intervenções as quais as mulheres foram submetidas e 95% do conjunto (n=256) apresenta
níveis elevados de sintomas somáticos. Corroborando com os trabalhos de Mameri Filho et al
(2005) e Polisseni et al (2009), onde não houve melhora significante na QV com a utilização
da TRH.
Estudos revelam que mulheres climatéricas com atividade física regular tendem a
manifestar menos Sintomas Somáticos e uma melhora do humor, afinal exercício físico
atuaria estimulando a secreção de â-endorfinas hipotalâmicas, substâncias que promovem a
sensação de bem estar (DE LORENZI et al, 2009; FREITAS et al, 2004). Com isto podemos
inferir que a prática de atividade física poderia ter minimizado as queixas de dores nas costas
ou nos braços e pernas das mulheres deste presente estudo.
Em relação aos níveis de Depressão, o presente estudo observou que 95% do conjunto
apresentam níveis de depressão elevados. Nievas et al (2006) entrevistou mulheres
54
climatéricas para analisar o nível de depressão e, observou-se um percentual 56,6% dos
sujeitos deste estudo com sintomas indicativos de Depressão.
No que tange a sexualidade, a pesquisa em questão evidencio-se uma pontuação de 35% a
39,3%, sendo que frente aos tratamentos aos quais foram submetidas (TRH e Histerectomia),
ambos não apontam para alguma variação significativa do Comportamento Sexual, ou seja, a
satisfação sexual dessa mulheres foi baixa, independente do uso ou não de hormônios, e de
terem ou não se submetido a histerectomia. Sendo que em uma pesquisa realizada por Estrela
e Martins (2006) com mulheres submetidas a histerectomia e a TRH, 52% das mulheres não
notaram alterações do desejo sexual, além de que uma minoria dessas referiram o
aparecimento de disfunções sexuais resultantes da histerectomia.
Em um estudo realizado por De Lorenzi e Saciloto (2006), a maioria das entrevistadas
(60,6%) referiu uma diminuição da freqüência das relações sexuais após a menopausa, sendo
que algumas das causas relatadas para a ocorrência dessa diminuição são: a dispaurenia, a
falta de desejo sexual, as doenças ou problemas clínicos da própria mulher, a impotência
sexual do parceiro, as dificuldades no relacionamento com o parceiro e a ausência de um
companheiro fixo.
Ainda segundo esse autor, a diminuição da libido e da freqüência das relações sexuais no
climatério pós-menopáusico estariam associadas principalmente à maior prevalência de
dispaurenia (decorrente de atrofia urogenital) e a diminuição do desejo sexual e fogachos
nesse período.
A influência da TRH na sexualidade da mulher climatérica tem se mostrado bastante
controversa. Corroborando com os dados apresentados nessa pesquisa, De Lorenzi e Saciloto
(2006), relata que a TRH não se associou à atividade sexual, o que reforça a teoria de que a
sexualidade no climatério não é influenciada somente por fatores hormonais, mas também por
fatores psicossociais.
Os sintomas vasomotores consistem em: ondas de calor, sudorese, palpitação e tontura.
(PEDRO et al, 2003)
O hipoestrogenismo da menopausa, isolado, não explica os Sintomas Vasomotores
comuns nessa fase da vida. Admite-se, atualmente, que o hipoestrogenismo promove um
desequilíbrio do sistema termorregulador hipotalâmico. A temperatura corporal normal varia
55
entre uma resposta de aquecimento, desencadeada pela perda de calor (que se manifesta por
calafrios), e uma resposta de resfriamento, desencadeada pelo aquecimento corpóreo
fisiológico (pelo exercício físico) ou patológico (por febre). Entre esses limites extremos, o
sistema termorregulador promove ajustes finos de temperatura numa zona neutra que é
afetada por variações do fluxo sanguíneo. Na menopausa, o hipoestrogenismo promove o
estreitamento da zona neutra da termorregulação, por redução do limite de tolerância de calor,
de tal forma que o hipotálamo desencadeia reações de vasodilatação e de sudorese, cujas
expressões são o fogacho e os suores noturnos, respectivamente. (FREEDMAN, 2005;
DEECHER, 2007 apud SILVA FILHO; COSTA, 2008)
Ao se verificar os Sintomas Vasomotores na pesquisa em questão, a pontuação variou de
0% a 100%, significando que esses sintomas não sofrem qualquer influência dos tratamentos
(Histerectomia e TRH). Todavia, segundo Beral (2002) apud Aranha et al (2004) a TRH
exerce benefícios evidentes sobre as repercussões clínicas precoces da menopausa (como a
instabilidade vasomotora e a hipotrofia da mucosa vaginal).
Corroborando com a presente pesquisa, um estudo realizado por De Lorenzi (2006)
evidenciou que os Sintomas Vasomotores interferem negativamente na QV no climatério,
acometendo 18% a 74% das mulheres nessa fase, visto que 7,69% das mulheres desta
presente pesquisa queixaram-se das ondas de calor. Além de que, não se constatou associação
entre o uso de TRH e os escores de QV nestas casuísticas.
Em relação a TRH, De Lorenzi (2006) relata que a literatura tem se mostrado bastante
controversa. Na Itália, foi avaliado o efeito da administração diária de 1mg de 17 betaestradiol e 0,5mg de acetato de noretisterona na QV de mulheres pós-menopáusicas em
comparação a um grupo controle sem TRH. Os resultados revelaram um alívio dos sintomas
vasomotores, das queixas somáticas, da instabilidade de humor e das dificuldades com o sono
entre as usuárias de TRH. Enquanto no Brasil, um estudo transversal avaliou 207 mulheres
pós-menopáusicas, usuárias ou não de TRH, não tendo identificado diferenças significativas
nos escores de QV entre estas. Possivelmente, os Sintomas Vasomotores e da atrofia
urogenital são os únicos realmente influenciados pelo estado menopausal, sendo que as
demais queixas climatéricas parecem ser influenciadas principalmente por fatores
psicossociais, estilo de vida e pelas atitudes da mulher em relação à menopausa.
56
7. CONCLUSÃO
Mediante aplicação e análise do QSM evidenciou-se um efeito deletério sobre a QV nas
256 mulheres atendidas na FSCMP associado ao impacto causado pelos sintomas climatéricos
sobre as mesmas. A afirmativa é válida tendo em vista que, mediante análise individual dos
domínios do QSM, todos os grupos de mulheres estudadas apresentaram níveis de QV menor
que 50% - com exceção para o domínio Ansiedade/Temores tido como detentor dos melhores
níveis de QV. Também fora constatado que as variáveis Histerectomia e TRH não
interferiram nos níveis de QV obtidos pelas mulheres na análise da maioria dos domínios
devida sua baixa significância estatística. Por fim, no que tange a análise com base na idade
cronológica das participantes, somente o fator Sintomas Menstruais mostrou variação com o
aumento da Idade, no caso, em relação a mulheres entre 40 – 49 anos demonstrando queda na
QV em função desses sintomas.
57
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63
APÊNDICE I
64
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
IMPACTO NA QUALIDADE DE VIDA EM MULHERES CLIMATÉRICAS
ATENDIDAS NA SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DO PARÁ.
Você está sendo convidada a participar do projeto de pesquisa acima citado. O
documento abaixo contém todas as informações necessárias sobre a pesquisa que estamos
fazendo. Sua colaboração neste estudo será de muita importância para nós, mas se desistir a
qualquer momento, isso não causará nenhum prejuízo a você.
Eu,
___________________________,
residente
e
domiciliada
na
______________________, portadora da Cédula de identidade, RG ____________, e
inscrita no CPF_________________ nascida em _____ / _____ /_______, abaixo assinada,
concordo de livre e espontânea vontade em participar como voluntária do estudo
“IMPACTO
NA
QUALIDADE
DE
VIDA
EM
MULHERES
CLIMATÉRICAS
ATENDIDAS NA SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DO PARÁ”.
Estou ciente que:
1. O estudo consiste em um trabalho de conclusão de curso, que apresenta como objetivo
avaliar a qualidade de vida de mulheres no climatério atendidas na Santa Casa de
Misericórdia na cidade de Belém, Pará, empregando o Questionário Saúde da Mulher,
tendo em vista que tal período da vida feminina é marcado por instabilidade hormonal
e emocional em detrimento da transição da fase reprodutiva para a não reprodutiva,
coincidindo com o declínio gradual da função ovariana e a ocorrência da menopausa,
fatores estes, intimamente vinculados a alterações na qualidade de vida da paciente.
Partindo desse pressuposto, o presente trabalho justifica-se no sentido em obter dados
referentes à qualidade de vida de mulheres climatéricas a fim de se estabelecer como
mais uma fonte literária de estudo servindo como base para a formação e estruturação
de posteriores trabalhos acadêmico-científicos. O estudo é descritivo, de corte
transversal, com uso de uma amostra intencional, onde serão analisadas mulheres com
relatos de sintomas presentes no climatério, com idade de 40 a 65 anos, nos períodos
de pré-, peri- e pós- menopausa e que estejam de acordo em participar da pesquisa.
Serão excluídas da pesquisa mulheres que não se enquadram nos critérios de inclusão.
Após a assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido, na coleta de dados
65
serão utilizados dois instrumentos. No primeiro, haverá investigação das
características socioeconômicas, sociodemográficas e ginecológicas das mulheres
pesquisadas, incluindo a idade, o estado civil, a escolaridade, a ocupação, a história
reprodutiva e a classe social Brasil determinada com base nos critérios da
Classificação Econômica Brasil, da Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa,
obtida por meio da renda média familiar por classes. O próximo instrumento que será
utilizado na pesquisa é o Questionário da Saúde da Mulher (QSM) que consta de 37
questões, possuindo quatro alternativas de resposta. Suas questões estão divididas em
sete grupos, dispostos aleatoriamente, que avaliam: depressão (sete questões),
sintomas somáticos (sete questões), memória/concentração (três questões), sintomas
vasomotores (duas questões), ansiedade/ temores (quatro questões), comportamento
sexual (três questões), problemas de sono (três questões), sintomas menstruais (quatro
questões) e atratividade (três questões). Os dados serão tratados estatisticamente
através do software Microsoft® Office Excel®, versão 2007, da Microsoft
Corporation.
2. Os dados serão coletados na Santa Casa de Misericórdia através de questionário;
3. Não sou obrigado a responder as perguntas realizadas no questionário de avaliação;
4. A participação neste projeto não tem objetivo de me submeter a um tratamento, bem
como não me causará nenhum gasto com relação aos procedimentos médico-clínicoterapêuticos efetuados com o estudo;
5. Tenho a liberdade de desistir ou de interromper a colaboração neste estudo no
momento em que desejar, sem necessidade de qualquer explicação;
6. A desistência não causará nenhum prejuízo à minha saúde ou bem estar físico. Não
virá interferir no atendimento ou tratamento médico;
7. A minha participação neste projeto contribuirá para acrescentar à literatura dados
referentes ao tema, direcionando as ações voltadas para a promoção da saúde e não
causará nenhum risco;
8. Não receberei remuneração e nenhum tipo de recompensa nesta pesquisa, sendo minha
participação voluntária;
9. Os resultados obtidos durante este ensaio serão mantidos em sigilo;
10. Concordo que os resultados sejam divulgados em publicações científicas, desde que
meus dados pessoais não sejam mencionados;
11. Caso eu desejar, poderei pessoalmente tomar conhecimento dos resultados parciais e
finais desta pesquisa.
66
( ) Desejo conhecer os resultados desta pesquisa.
( ) Não desejo conhecer os resultados desta pesquisa.
Belém, ____ de _______________ de 2009
Declaro que obtive todas as informações necessárias, bem como todos os eventuais
esclarecimentos quanto às dúvidas por mim apresentadas.
( ) Participante da Pesquisa
...................................................................................................
Assinatura do Participante da Pesquisa
Testemunha 1 : _______________________________________________
Nome / RG / Telefone
Testemunha 2 : ________________________________________________
Nome / RG / Telefone
Responsável pelo Projeto:
PESQUISADOR RESPONSÁVEL
Telefone para contato:
67
APÊNDICE II
68
CARTA DE ACEITAÇÃO DO ORIENTADOR
DECLARAÇÃO
Eu, Cibele Nazaré da Silva Câmara, aceito orientar o trabalho que tem como Titulo “Impacto
na qualidade de vida em mulheres climatéricas atendidas na Santa Casa de Misericórdia
do Pará”, de autoria das alunas Ana Laura Pereira de Souza, Diany Conceição Araújo Ponte
Sousa e Thiago de Araújo Brito, declarando ter total conhecimento sobre as normas de
publicação de trabalhos científicos vigentes do curso de fisioterapia da Universidade da
Amazônia – UNAMA para 2008/09, estando inclusive ciente da necessidade de participação
na banca examinadora por ocasião da defesa do trabalho.
Belém, 11 de Fevereiro de 2009.
_____________________________
Cibele Nazaré da Silva Câmara
Orientadora
69
ANEXO I
70
71
ANEXO II
72
Nome: ___________________________________________________________________
Idade: _______
Estado Civil: Casada ( )
Viúva ( )
Solteira ( ) Divorciada ( )
Escolaridade:
Ensino básico incompleto ( )
Ensino fundamental ( )
Ensino médio completo ou superior incompleto ( )
Ensino médio incompleto ( )
Ensino superior completo ( )
Ocupação: _______________________________________________________________
História reprodutiva: _______
Posse de itens:
Televisão em cores
Rádio
Banheiro
Automóvel
Empregada mensalista
Aspirador de pó
Máquina de lavar
Vídeo cassete e/ou DVD
Geladeira
Freezer (aparelho interdependente ou parte da geladeira
duplex)
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
Quantidade de itens
1 2 3 4 ou +
2 3 4
5
1 2 3
4
2 3 4
4
2 4 5
5
2 4 4
4
1 1 1
1
1 1 1
1
2 2 2
2
2 2 2
2
1
1
1
1
Grau de instrução do chefe da família:
Analfabeto / Primário incompleto 0 ( )
Primário completo / Ginasial incompleto 1 ( )
Ginasial completo / Colegial incompleto 2 ( )
Colegial completo / Superior incompleto 3 ( )
Superior completo 5 ( )
Renda familiar por classes:
Classe
A1
A2
B1
B2
C
D
E
Pontos
30 a 34
25 a 29
21 a 24
17 a 20
11 a 16
6 a 10
0a5
Renda média familiar (R$)
7.793
4.648
2.804
1.669
927
424
207
73
Questionário da Saúde da Mulher(QSM) - Myra Hunter
Sim
sempre
1. Você acorda no meio da noite e então dorme mal o resto dela?
2. Você tem muito medo ou sensação de pânico sem nenhuma
razão aparente?
3. Você se sente triste e infeliz?
4. Você se sente ansiosa quando sai de casa sozinha?
5. Você perdeu o interesse pelas coisas?
6. Você tem palpitações ou sensação de “aperto” no estômago ou
no peito?
7. Você ainda gosta das coisas de que costumava gostar?
8. Você sente que a vida não vale a pena?
9. Você se sente tensa ou muito nervosa?
10. Você tem bom apetite?
11. Você está impaciente e não consegue ficar calma?
12. Você está mais irritada que o normal?
13. Você está preocupada com o envelhecimento?
14. Você tem dores de cabeça?
15. Você se sente mais cansada que o normal?
16. Você tem tonturas?
17. Você tem a sensação de que seus seios estão doloridos ou
desconfortáveis?
18. Você sofre de dor nas costas ou nos membros
(braços/pernas)?
19. Você tem fogachos (ondas de calor)?
20. Você está mais chata/implicante que o normal?
21. Você se sente cheia de vida (com energia) e empolgada?
22. Você tem cólicas ou desconfortos abdominais?
23. Você se sente nauseada ou com mal-estar constante?
24. Você perdeu o interesse pelas atividades sexuais?
25. Você tem sensação de bem-estar?
26. Você tem hemorragias (útero)?
27. Você tem suores noturnos?
28. Você tem sensação de empachamento (estômago)?
29. Você tem sonolência?
30. Você freqüentemente sente formigamento nas mãos e nos
pés?
31. Você se sente satisfeita com sua vida sexual? (omita se não
for sexualmente ativa)
32. Você se sente fisicamente atraente?
33. Você tem dificuldades para se concentrar?
34. Você acha que suas relações sexuais tornaram-se
desconfortáveis em razão de secura vaginal?
35. Você precisa urinar/beber água mais que antigamente?
36. Você acha que sua memória está ruim?
37. Daquilo que foi perguntado acima, há algum(ns) sintoma(s)
que você tenha mais dificuldade que os outros para lidar?
Sim,
algumas
vezes
Não,
Não
muito
SIM ( ) NÃO ( ) Se sim, qual(is)?
Não,
nunca
Download

Impacto do climatério na qualidade de vida em mulheres