SEMINÁRIO NACIONAL PROFAPS ABRIL DE 2011 Integração ensino-serviço como prática pedagógica estruturante dos processos de formação profissional técnica de nível médio dos trabalhadores do SUS Ewângela A. Pereira da Cunha Reflexões a partir da observação do processo de trabalho: diagnóstico empírico que necessita de estudo e pesquisas. A temática da integração ensino-serviço tem sido bastante discutida, contribuindo para a transformação dos processos formativos. Ex: Política Nacional de Educação Permanente em Saúde. Educação Permanente: o serviço passa a ser o “lócus” privilegiado dos processos de ensinoaprendizagem na área da saúde. Escolas Técnicas do SUS: instâncias formadoras que possuem o trabalho como princípio educativo e metodologia problematizadora como proposta pedagógica. Integração ensino-serviço: assunto complexo com vários aspectos e dimensões de suma importância para o SUS e a educação profissional em saúde. Um aspecto que precisa ser discutido é com relação aos docentes das ETSUS. • • • • Não apresentam corpo docente fixo; Vinculação temporária com a escola; Profissionais da rede pública; Realidade da ETSUS de Mato Grosso do Sul (credenciamento de docentes); • Para avançarmos nessa temática (integração ensino-serviço) há que se discutir a questão desses docentes. • Pontos considerados positivos: • serem profissionais da rede com condições de problematizarem a realidade do trabalho. • Ao atuar como docente, esses profissionais da saúde costumam estudar, pesquisar e atualizar seus conhecimentos para ministrarem aulas com qualidade: isso contribui com a qualidade dos processos formativos além da melhoria da qualidade dos serviços oferecidos na rede. • Apesar de não fazerem parte de um corpo docente fixo, muitos atuam com freqüência na Escola, ao longo de sua carreira profissional. • Pontos que devem ser modificados: • Esse profissional que atua nessas duas dimensões: como profissional da saúde e como docente, não têm essa última dimensão, por exemplo, incorporada em sua aposentadoria. • Há que se encontrar formas diferentes e inovadoras para solucionar essa problemática: pensar por exemplo, na possibilidade desse profissional atuar uma parte de sua carga horária de trabalho como profissional de saúde e outra parte como docente. • Se conseguirmos uma solução nesse sentido, acreditamos que esse profissional passará a se dedicar muito mais aos processos formativos prioritários da escola. Poderá envolver suas equipes de trabalho e provocar intervenções que modifiquem de fato os serviços. • Segundo aspecto: os alunos-trabalhadores. • Perfil: trabalhadores de nível médio do SUS que atuam sem a devida qualificação. • Dificuldade dessa clientela frequentarem os cursos, por não terem um auxílio financeiro, como, por exemplo, uma ajuda de custo para sua deslocação (transporte e diária); • Se os profissionais de nível superior em alguns projetos de especialização e mestrado possuem, às vezes, uma espécie de bolsa para conseguirem frequentar os citados cursos, por que os trabalhadores de nível médio também não podem garantir isso, em seus projetos formativos ? • Poderia se pensar, também, em utilizar recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT)? • Ainda com relação a esse aspecto, há que se discutir a necessidade urgente de se implementar a política dos Planos de Carreiras, Cargos e Salários (PCCS) no SUS. (Os trabalhadores estão desmotivados e desvalorizados). Muitos já possuem uma formação superior à exigida pelo cargo, mas isso não se reflete em sua carreira. • Outro aspecto que merece ser debatido é quanto à sensibilização que deveria envolver os profissionais da rede que atuam naquele setor em que ocorrerá o processo formativo antecedendo a formação propriamente dita. • Tal sensibilização quase sempre não é feito com tempo, planejamento e metodologia adequada. • Há que se pensar até em financiamento para essa ação uma vez que necessita da realização de várias reuniões para se desenvolver pesquisas/ levantamentos dos problemas existentes nos processos de trabalho junto às equipes de trabalho, chefias e comunidade em geral. • A idéia é de se planejar com a escola a operacionalização dos cursos, o papel a ser desenvolvido por cada ator nos processos formativos visando a construção de projetos de intervenções nos serviços que possam ser implementados no decorrer e ao final da formação. • Último aspecto a ser destacado , porém, não esgotando todos os aspectos que envolvem a temática da integração ensino-serviço é quanto ao campo de estágio e prática nos cursos técnicos desenvolvidos pela ETSUS. • Esse campo hoje está restrito :as ETSUS disputam acirradamente esses campos com a iniciativa privada. Isso dificulta a execução de cursos na alta complexidade (cursos técnicos em radiologia e enfermagem). • É necessário alternativas que priorizem esses campos para a atuação das ETSUS, instâncias formadoras dos trabalhadores de nível médio do SUS. • Essas e outras questões relacionadas temática integração ensino- serviço precisam ser mais pesquisadas e discutidas, para termos uma gestão de pessoas condizentes com os princípios e diretrizes do SUS.