Introdução - Migrânea • • • • Desordem neurológica mais prevalente. Prevalência ~ 43 milhões na Europa. Absenteísmo e menor eficiência no trabalho. Custo ~ €27 milhões/ano – perde para demências e AVCs. • Desordem de transmissão neurovascular, sem lesões estruturais. • Tratável se drogas efetivas e específicas puderem ser encontradas. • • • • • Triptanos - agonistas 5HT(1B/D): há > 15 anos. Auxiliou uma compreensão da fisiopatologia. Despertou o interesse da indústria farmacêutica. Venda total dos triptanos ~ $3 bilhões/ano. 10% dos migranosos na Dinamarca são tratados com triptanos. • Considerar como as drogas existentes foram desenvolvidas e como identificar novos alvos para tratamentos mais eficazes. Desenvolvimento das drogas • Analgésicos inespecíficos: aspirina. • 1925: ergotamina pela atividade simpaticolítica presumida. Atividade vasoconstritora e agonista 5-HT(1B/1D) e 5-HT2. • Metisergida: antagonista 5-HT potente, a partir do LSD25, pela Sandoz. Sicuteri mostrou eficácia na profilaxia. • Excreção aumentada do ácido 5-hidroxiindolacético durante ataques migranosos. Desenvolvimento das drogas • 5-HT mostrou-se reduzido no plasma após ataques migranosos. • Sua infusão aliviava os ataques. • Os estudos com humanos focando a importância do 5-HT inspirou o desenvolvimento dos triptanos. • Sumatriptano, por P. Humphrey da Glaxo. Modelos animais de migrânea 1. Modelo da Inflamação Neurogênica (de Moskowitz). – Estimulação elétrica do gânglio trigeminal causa extravasamento de proteínas durais. – Papel das fibras trigeminais envolvendo os vasos sanguíneos. – Durante o ataque migranoso, um estímulo não identificado estimularia essas fibras trigeminais a liberar peptídeos que causam inflamação asséptica dos vasos. – Triptanos: ligam-se aos receptores 5-HT1D e 5-HT1F, pressinapticamente, hiperpolarizando os terminais. Modelos animais de migrânea 1. Modelo da Inflamação Neurogênica (de Moskowitz). – Diidroergotamina e AINEs previnem a liberação de proteínas plasmáticas na dura-mater. – Modelo usado para predizer drogas eficazes sem causar vasoconstrição. – Várias substâncias encontradas: antagonistas NK1 (RPR100893, LY303870, GR205171 e MK-0869); agonistas seletivos 5-HT1D (PNU 142633, CP-122,288); e o antagonista do receptor da endotelina 1B, bosentan. – Bloqueiam a inflamação neurogênica, mas falharam em aliviar a migrânea em ensaios clínicos. Modelos animais de migrânea 2. Estimulação dos vasos sanguíneos cerebrais no gato (P. Goadsby). – Seio sagital superior. – A atividade neuronal no tronco encefálico é registrada. – Este modelo respondeu às drogas lipofílicas naratriptan, eletriptan e zolmitriptan. – Não respondeu ao sumatriptan, ao antagonista do CGRP e à ergotamina e diidroergotamina. – Além de ser caro, nenhuma droga ainda foi utilizada no homem com base nesse modelo. Modelos animais de migrânea 3. Administração de moléculas inflamatórias à dura-mater (Strassman). – Os neurônios no gânglio trigeminal eram ativados e sensibilizados. – Importância da sensibilização dos neurônios trigeminovasculares periféricos e centrais. – Importância: os triptanos não demonstraram efeito no estado hiperssensibilizado dos neurônios centrais; clinicamente apresentado como alodínia em 70% dos pacientes. – Promissor, mas ainda não foi usado para validar novas drogas. Modelos animais de migrânea 4. Modelo da janela cranial fechada em ratos. – Gravação contínua por laser Doppler do diâmetro das artérias piais e durais. – Contribuição para a farmacologia das artérias cerebrais e intracerebrais. – Avaliar ação de novos agonistas e antagonistas e seus efeitos vasculares. – Ainda não demonstrou relevância nas pesquisas de migrânea. Modelos humanos de migrânea • Depressão alastrante cortical (CSD): – Demonstrado em modelo animal por Leão em 1944. – Nos anos 80, estudos humanos sobre fluxo sanguíneo cerebral regional (rCBF) durante ataques de migrânea mostraram alterações patgnomônicas da CSD. – Início no polo posterior do cérebro, uma área de CBF reduzido espalha-se gradualmente para a frente numa taxa de 2-3mm/min. – Tonabersat (Smith Kline Beecham): sem sítio de ligação conhecido, com habilidade de bloquear a CSD em experimentos animais. Falhou no tratamento agudo, mas tem mostrado uma tendência na profilaxia. Modelos humanos de migrânea • Óxido Nítrico (NO) – Experimentos provocadores utilizando nitroglicerina e gliceril trinitrato (GTN) como doadores de NO. – GTN: altamente lipossolúvel; induz cefaléia em voluntários normais de forma dose-dependente. – Em pacientes migranosos a infusão de GTN causa cefaléia mais intensa e imediata e, mais importante, leva a uma cefaléia tardia que é máxima após 6-7h do início da infusão. – Característica dos ataques de migrânea sem aura. – Inibidor não seletivo da óxido nítrico sintase (NOS), L-NMMA, foi efetivo em ataques espontâneos. Modelos humanos de migrânea • Óxido Nítrico (NO) – L-NMMA: baixa biodisponibilidade, curta duração de ação e o bloqueio da NOS endotelial leva a hipertensão. – GW274150: iNOS seletivo, em fase II. • Histamina – Mecanismo via receptor H1. – Mepyramine foi efetivo em prevenir migrânea induzida por histamina. – Entretanto os antagonistas H1 e H2 são inefetivos em tratar a migrânea espontânea. – Se uma substância pode induzir uma crise migranosa, não significa que bloquear os seus receptores será efetivo no tratamento de uma migrânea espontânea. Modelos humanos de migrânea • Peptídeo relacionado ao gene da calcitonina (CGRP). – Ensaio clínico fase II, Boehringer Ingelheim: composto BIBN4096BS olcegepam. – Mostrou efeito dose dependente. – Infusão EV lenta. – Não foi para frente por não ser disponível VO. – Outras companhias farmacêuticas estão pesquisando antagonistas do receptor CGRP por via oral e pelo menos um composto já se mostrou efetivo na fase II e agora está em fase III. Modelos humanos de migrânea • Peptídeo relacionado ao gene da calcitonina (CGRP). – Detectado em nervos perivasculares do cérebro e da dura-máter e seus receptores nos músculos lisos dos vasos. – Um vasodilatador potente, com maior atividade no crânio que nas artérias abdominais, onde não induz relaxamento. – Estudos humanos demonstraram um aumento no CGRP na veia jugular externa, durante ataques migranosos (não confirmado em outro estudo). – Infusão de CGRP em migranosos desencadeou cefaléia migranosa em 8 de 10 indivíduos (critérios completos em 3). Identificação de alvos na migrânea • Experimentos animais são importantes em demonstrar a presença de moléculas sinalizadoras, receptores, canais iônicos ou enzimas nos tecidos relevantes. Também é útil em saber se há dilatação dos vasos cranianos. • Até agora todos os agentes provocadores de migrânea tinham propriedade vasodilatadoras. • Otimamente, a validação de um alvo deve ser feita em experimentos humanos. Isto é possível com todas as substâncias naturais e com entidades químicas que passaram por estudos toxicológicos. Identificação de alvos na migrânea • Os autores validaram e usaram extensivamente um modelo de provocação de migrânea em humanos em voluntários normais e em migranosos. • A experiência atual é que os voluntários normais devem ser testados primeiro. • Somente substâncias que causam cefaléia considerável nos voluntários saudáveis têm potencial para induzir migrânea nos migranosos. Identificação de alvos na migrânea • O modelo foi usado para validar o inibidor de NOS e o antagonista do CGRP. • Sugeriu-se que a inibição da adelinil cíclica monofosfato e da gualinil cíclica monofosfato pode ser efetiva. • O antagonismo da adenosina e do VIP parece ser um princípio menos provável. • Se o estudo humano não for possível, deve-se utilizar modelos animais. • São importantes para estudar substâncias ou mecanismos já conhecidos por induzir migrânea, para o melhor entendimento do seu mecanismo de ação. Conclusões • Existem mais alvos terapêuticos novos e interessantes na migrânea que na maioria das doenças do SNC. • Isto se deve ao extenso uso da experimentação humana. • Se uma substância de ocorrência natural é capaz de desencadear migrânea, então é provável, embora não seja certo, que o bloqueio do seu efeito seja efetivo no tratamento de um ataque agudo. • Os autores sugerem a condução do desenvolvimento de drogas para a migrânea exclusivamente baseado em evidências experimentais humanas e no conhecimento do local e da função dos receptores/íons, canais/enzimas relevantes.