Diagnóstico Diferencial e Tratamento das Cefaléias na Infância Luis Fernando Garcias Serviço de Neurologia da PUCRS Tipos de Cefaléias Gravidade Aguda Crônica Não Progressiva Aguda Recorrente Tempo Aguda Aguda recorrente Crônica progressiva Crônica não progressiva Mista Cefaléia Aguda Cefaléia de evolução aguda: patologia orgânica Hemorragia subaracnóidea em adultos Crianças e adolescentes: poucos dados epidemiológicos Burton LJ e cols. “Headache etiology in a pediatric emergency department” Retrospectivo: Infecções virais n = 288 Sinusite Migrânea Patologia grave: 6,6% (80% meningites virais) X TU X Hemorragia intracraniana Pediatr Emerg Care, 1997 Etiologias de Cefaléia Aguda na Infância e Adolescência n = 150 % Infecções do trato respiratório Infecções virais Sinusite Faringite estreptocócica Migrânea sem aura Meningites virais Tumores cerebrais Mal funcionamento de Schunts Hemorragia intracraniana Pós-ictal Pós-concussão Causas indeterminadas 57 39 9 9 18 9 2,6 2 1,3 1,3 1,3 7 Donald Lewis; Faiqa Qureschi. Headache, 2000. Cefaléia Aguda Recorrente Separadas por períodos livres de sintomas – Migrânea (enxaqueca) com ou sem aura – Cefaléia tensional – Cluster – Neuralgias Cefaléia Aguda Recorrente Prevalência de Migrânea em Estudos com Crianças e Adolescentes Autor Amostra Bille Masc. 4.440 Fem. 4.553 Waters Idade % Cefaléia % Migrânea 7-15 58 59 3,3 4,4 Masc. 357 Fem. 410 10-16 85 93 9,0 12,0 Deubner Masc. 213 Fem. 211 10-15 74 82 16,0 22,0 Sparks Masc. 12.543 10-18 3,4 2,5 Sillanpää Masc. 2.921 Fem. 2.921 7-14 2,7 10,6 Cefaléia Aguda Recorrente Características Clínicas da Migrânea (10-18 anos) Sintoma Bille Sparks Congdon e Forsythe Náusea 100% 50% 99% Vômito 55 25 95 Cefaléia Lateralizada 92 45 31 Fotofobia 81 ND ND Freqüência semanal 29 7 20 <1h 27 14 ND 1-3 h 49 34 ND 1/2 - 5 h ND ND 61 Duração Cefaléia Aguda Recorrente Migrânea sem Aura Cefaléia crises 1-72 hs (evidência < de 2 horas em crises não tratadas requeira confirmação com estudo prospectivo com diário) Localização bilateral (bifrontal) Padrão lateralizado semelhante ao adulto a partir da adolescência Sintomas como fono e fotofobia podem não estar presentes (devem ser inferidos pelo comportamento do paciente) International Headache Society –Cephalalgia-2004 Cefaléia Aguda Recorrente Migrânea com Aura Pelo menos 2 crises com sintomas neurológicos focais reversíveis Que se desenvolvem gradualmente em 5-20 min e com duração de 60 min. Cefaléia com a característica da migrânea sem aura sucede este quadro. História, exame clínico-neurológico e exames complementares, quando necessários, excluem outra etiologia para o quadro International Headache Society –Cephalalgia-2004 Migrânea do Tipo Basilar Migrânea com sintomas de aura originados no tronco encefálico e/ou em ambos hemisférios cerebrais – sem qualquer paresia – – – – – Ataxia Nistagmo Diplopia, sintomas visuais bilaterais do nível de consciência Parestesias bilaterais Diagnóstico Diferencial – – – – – TU fossa posterior Malformações SNC Intoxicações Anormalidades metabólicas Alterações mitocondriais Utilidade do EEG Migrânea Hemiplégica Hemiplégica familiar – Com aura e pelo menos 1 parente de primeiro ou segundo graus com aura migranosa que inclua paresia. Subtipos genéticos específicos Tipo 1 CACNA1A DO CROMOSSA 19 Tipo 2 50% das famílias acometidas ataxia cerebelar crônica Dignóstico diferencial com epilepsia Hemiplégica Esporádica Síndromes periódicas da Infância comumente precursoras de migrânea “Síndrome periódica” “Vômitos cíclicos” “Dor abdominal recorrente” Doença celíaca Desordens do ciclo de uréia Epilepsia com CPC Gliomas “Migrânea abdominal” Citopatias mitocondriais Indicações para Investigação Complementar Sem sintomas sugestivos de patologia subjacente Sem anormalidade ao exame clínico-neurológico – < 6 anos ou história com duração < 6 meses neuroimagem – > 6 anos com história > 6 meses considerar neuroimagem Cefaléia aumenta severidade e freqüência Sem resposta a analgésicos comuns Mudanças na personalidade / comportamento Alterações nas habilidades motoras / escolares Recomendações do Tratamento da Crise de Migrânea em Crianças e Adolescentes Crise de Migrânea Repouso em ambiente confortável: restrição de luz, ruídos e odores Náusea e/ou vômito proeminentes Não Sim Crise curta (<30º) METOCLOPRAMIDA (IR, IM ou IV) Sim Não SEM MELHORA INTENSIDADE DA CRISE FRACA MODERADA FORTE ANALGÉSICOS COMUNS (PARACETAMOL, DIPIRONA, ÁCIDO ACETILSALISÍLICO), AINEs (NAPROXENO, DICLOFENACO, IBUPROFENO NÃO ESPECÍFICOS (ANALGÉSICOS COMUNS, AINH, ISOMETEPTENO) OU ESPECÍFICOS (ERGÓTICOS ASSOCIAÇÕES SUMATRIPTANO IN E SC E ZOLMITRIPTANO VO) SEM MELHORA ESPECÍFICOS (ERGÓTICOS ASSOCIAÇÕES, SUMATRIPTANO IN E SC E ZOLMITRIPTANO) SEM MELHORA CLORPROMAZINA DIAZEPAM DEXAMETAZONA Cefaléia Aguda Recorrente Tratamento da Migrânea > 12 anos Acetoaminofen (2,5 - 3,0 g/dia) – Metoclopramida – Domperidona Derivados do Ergot – Paraefeitos significativos – Cefaléia de rebote – Não substitui Triptanos Triptanos Triptanos Parâmetros Farmacocinéticos T 1/2 h PARÂMETRO Biodisponibilidade Oral % Metabolismo Sumatriptano 2 14 MAO Naratriptano 6 63 - 74 Renal / P450 Rizatriptano 2-3 40 - 45 MAO Zolmitriptano 3 40 P450 / MAO Emerging Oral Triptan Therapies Peter J Gadsby Headache, 1999 Triptanos Efeitos Colaterais Placebo Placebo n=629 Rizatriptano 10mg n = 1167 n=401 Zolmitriptano 5 mg n=1012 Tontura 5% 9% 4% 9% Sonolência 4% 8% 3% 8% Astenia 2% 7% 3% 9% Náusea 4% 6% 4% 6% Dor torácica 1% 3% < 1% < 1% Migrane pharmacotherapy with oral triptans: a rational approach to clinical management David Millson, Stewart Tepper e Alan Rapaport Exp Opin Pharmacother, 2000 Profilaxia Propranolol Pizotifeno Ciproheptadina Broncoespasmo Ganho de peso Sonolência Alt. Sono/pesadelos Náusea Tontura Apetite Sonolência Tremor Dor abdominal Tontura Insônia Depressão Rash Acatisia Profilaxia Amitriptilina Headache, 2000 Profilaxia Divalproato de Na+ Headache, 2000 Cefaléia Aguda Recorrente Tipo Tensional Diferenciar migrânea de cefaléia tensional em crianças é muito difícil, principalmente com migrânea sem aura Freqüente associação Ausência de caráter pulsátil, bilateralidade do sintoma e ausência de fenômenos autonômicos sugerem o diagnóstico de cefaléia tensional Tensional episódica, freqüente e crônica Cefaléia Aguda Recorrente Tipo Tensional Caracterização mais simples em adolescentes pela similaridade da sintomatologia do adulto Freqüente associação com stress psicológico e transtornos psiquiátricos como depressão e fobias (escolar por exemplo) Crianças e adolescentes com doenças crônicas ou desajustes familiares têm risco aumentado de desenvolverem cefaléia do tipo tensional Diagnóstico definitivo após completa investigação Abu-Arefeh I .Cephalalgia 2001 Cefaléia Aguda Recorrente Tipo Tensional Tratamento: Episódio Agudo: acetoaminofeno ou aspirina Ibuprofeno – 7,5 – 10,0 mg/kg/dose Profilaxia: Amitriptilina , embora sem estudos placebocontrolados parece ser a medicação mais estudada Anticonvulsivantes – VPA, TPX somente estudos abertos com n pequeno Técnicas de relaxamento Tratamento psicoterápico individual e familiar Cefaléia Aguda Recorrente Neuralgias Raras na infância Relatos de associação com anormalidades estruturais do SNC Investigação com neuroimagem sempre Cefaléia Crônica Progressiva Indicativa de lesões ocupando espaço (tumores, abscessos, empiemas, etc ) Meningite crônica Pseudotumor cerebral “hipertensão intracraniana benigna” Cefaléia Médico Especialista 3% Acupuntura 2% Relaxamento 6% Esperam Passar 25% Automedicação 64% Total de participantes: 4.554