O Modernismo em Portugal e a poesia de Fernando Pessoa Momento histórico do Modernismo em Portugal 1910: Proclamação da República 1910-1926: Primeira República ― Domínio do Partido Democrático, com predominância centroesquerdista. ― Participação do país na Primeira Guerra Mundial. ― Instabilidade político-social. 1926: Golpe de Estado 1933-1974: Ditadura militar salazarista. As três gerações do Modernismo português Cronologia Primeira geração: Orpheu Início: 1915 – Fundação da revista Orpheu. Término: 1927 – Fundação da revista Presença. Segunda geração: Presença Início: 1927 – Fundação da revista Presença. Término: 1940 – Eclosão do Neo-realismo. Terceira geração: Neo-realismo Início: 1940 As três gerações do Modernismo português Principais escritores Primeira geração: Orpheu Principais escritores: Fernando Pessoa e Mário de Sá-Carneiro Principal característica do grupo:comportamento iconoclasta. Segunda geração: Presença Principais escritores: Branquinho da Fonseca, José Régio e João Gaspar Simões. Principal característica do grupo: elitismo, “arte-pela-arte”. Terceira geração: Neo-realismo Principais escritores: Ferreira de Castro, Carlos de Oliveira, Fernando Namora, Alves Redol, José Cardoso Pires e Virgílio Ferreira. Principal característica do grupo: literatura engajada. Orfismo características Domínio da Metafísica e do Mistério. Impregnados de uma religiosidade esotérica, do gosto pelas ciências ocultas, de um sebastianismo místico, os escritores da Geração Orpheu tornaram-se herméticos, pouco acessíveis. A obra de Fernando Pessoa, uma das mais significativas já escritas em língua portuguesa, só foi publicada dez anos após a sua morte, que se deu em 1935. Desejo de “escandalizar” o burguês. Desajuste social e cultural. Cosmopolitismo. Elitismo. Incorporação das propostas das vanguardas. Idolatria do poético, do não-prático, do não-burguês. Orfismo O Orfismo constitui o primeiro movimento propriamente moderno. Inicia-se em 1915, com a revista Orpheu, que aglutinou alguns jovens insatisfeitos com a estagnação da cultura portuguesa. Orfismo De idéias futuristas, entusiasmados com as novidades trazidas pelas mudanças culturais postas em curso com o século XX, defendiam a integração de Portugal no cenário da modernidade européia. Para tanto, pregavam o incoformismo e punham a atividade poética acima de tudo. Orfismo Fernando Pessoa é a grande figura da geração, seguido de perto por Mário de SáCarneiro, Alfredo Pedro Guisado, Santa Rita Pintor, Armando Cortes-Rodrigues e Almada Negreiros, este último autor de um romance, Nome de Guerra, uma das raras obras em prosa numa geração primordialmente poética. Orfismo De Orpheu ainda sairia um segundo número, em 1915, mas o terceiro, anunciado para o ano seguinte, não chegaria a vir a público. Fernando Pessoa (Biografia) Fernando Antônio Nogueira Pessoa, nasceu em Lisboa, em 13/06/1888. Órfão de pai aos cinco anos, é levado para Durban (África do Sul), onde faz o curso primário e secundário com excepcional brilho. Fernando Pessoa Em 1905, regressa a Portugal e matricula-se na Faculdade de Letras de Lisboa; assiste às aulas por algum tempo, mas acaba abandonando os bancos escolares para se tornar correspondente comercial em línguas estrangeiras. Fernando Pessoa Em 1912, está como crítico da revista A Águia, e três anos depois lidera o grupo de Orpheu. Extinta a revista, passa a colaborar em outras, como Centauro, Athena, Contemporânea e Presença. Fernando Pessoa Em 1934, participa no concurso de poesia promovido pelo Secretariado Nacional de Informações, de Lisboa, e recebe o segundo lugar. Fernando Pessoa Em 1935, recolhe-se doente ao hospital e falece em 30 de novembro. Fernando Pessoa Heterônimos Fernando Pessoa constitui um caso ímpar de desdobramento de si mesmo em outras personalidades poéticas, o que se torna visível por sua capacidade de deixar-se possuir por outros seres, que como ele são poetas, e de assim criar os outros eus, os heterônimos. Os heterônimos não são pseudônimos. Fernando Pessoa não inventou personagens-poetas, mas criou obras de poetas e, em função delas, as biografias de Álvaro de Campos, Ricardo Reis e Alberto Caeiro, seus principais heterônimos. Álvaro de Campos, o poeta das sensações do homem moderno Poesia marcada pela inquietação do século XX, personalidade citadina, que louva o movimento e as máquinas. Tomado pela emoção da existência, tem a consciência da vida, do progresso, da era das máquinas, do barulho, da eletricidade e da velocidade. Mas é triste, devastadoramente triste. Seus poemas mais conhecidos são Ode Triunfal, Tabacaria e Poema em Linha Reta. Ver p42, p. 5-7. Ricardo Reis, o poeta neoclássico Helenista e, portanto, cultivador de características estruturais e de temas clássicos, Ricardo Reis tem sua poesia marcada pelo “carpe diem” horaciano, ou seja, em suas odes, aparecerá o lema “gozar a brevidade da vida, o momento, aproveitar cada segundo, gozar o dia, desfrutar o que se possa obter do momento em que se vive”. Cultua o paganismo. Ver p42, p. 5-7. Alberto Caeiro, o poeta pastor Fernando Pessoa chamava-o de “Meu Mestre Caeiro”, o mais importante de seus heterônimos. Era um homem do campo, simples. No entanto, um ser especulativo, perquiridor do mundo. Seus poemas mais importantes estão reunidos sob o título O Guardador de Rebanhos e Poemas Completos de Caeiro. Ver p42, p. 5-7. Fernando Pessoa Ortônimo Os poemas assinados por Fernando Pessoa (ele mesmo) têm facetas distintas entre si, mas que no entanto se completam: captou o lirismo do passado português e evoluiu deste saudosismo para o paulismo e, depois para o interseccionismo e o sensacionismo, “três formas de requintamento da poesia saudosista, graças ao exacerbamento deliberado ao culto ao “vago”, ao “sutil” e ao “complexo” e à influência simultânea do Cubismo e do Futurismo. Massaud Moisés Fernando Pessoa Ortônimo Mensagem (1934) é um livro exemplar. Composto por 44 poemas, é mesmo uma “mensagem” ao povo português em plena ditadura salazarista. É como se Pessoa quisesse sacudir os brios da Pátria e fazê-la lembrar-se de um tempo de grandeza, conquista e prosperidade. Fernando Pessoa Ortônimo O livro Mensagem (1934) está dividido em três partes: O Brasão – aqui os heróis são as figuras lendárias de uma antigo Portugal: Viriato, Conde D. Henrique, D. Tareja, D. Affonso Henriques, D. Dinis. É o início do país. Mar português – a época das grandes navegações e conquistas. O Encoberto – aqui o assunto é o Quinto Império, D. Sebastião, Bandarra, Vieira. Fim Retrato de Fernando Pessoa feito por João Luiz Roth.