MODERNISMO EM PORTUGAL
ORTÔNIMO E HETERÔNIMOS
QUADRO GERAL: GERAL
CARACTERÍSTICAS:
 Combate ao passadismo; contra os padrões clássicos
e tradição.
 Irreverência contra o preestabelecido.
 Liberdade formal; versos livres; ausência de rima;
liberação do ritmo; liberdade de estrofação.
 Linguagem coloquial, do dia-a-dia; regionalismo.
 Humor, ironia, paródia e poema-piada.
 Busca do novo, original, dinâmico refletindo a
industrialização, máquinas, motores.
 Sem enfeites e rebuscamentos; a simplicidade.
 Abstenção de uma postura sentimentalóide.
 Preocupação com a observação e análise crítica da
realidade.
 Consciência nacional.
MODERNISMO EM PORTUGAL / AUTORES
I) FERNANDO PESSOA
 Foi um dos diretores da revista “Orpheu”, participando
ativamente do Modernismo em Portugal.
 Quis reconstruir o mundo, organizar o caos.
 Queria ser absoluto e abrangente; universal.
 Multiplicou-se para poder sentir os vários ângulos da
realidade: sua heteronímia.
 Tornou-se vários poetas ao mesmo tempo, com
características próprias, biografias próprias, etc.
 Escreve como F. Pessoa - ele mesmo e seus
heterônimos.
Multiplicador de eus
O poeta é um fingidor.
Finge tão
completamente
Que chega a fingir
que é dor
A dor que deveras
sente.
[...]
Fernando Pessoa
II) ALBERTO CAEIRO
 Nasceu em Lisboa em 1889 onde morreu
tuberculoso em 1915.
 Era louro, de olhos azuis.
 Foi o mestre dos autores heterônimos.
 Pregou a simplicidade e a ligação com a
natureza.
 Linguagem sem sofisticação
 Para ele o importante na poesia era o “ver”.
O guardador de rebanhos
[...]
Sou um guardador de rebanhos.
O rebanho é os meus pensamentos
E os meus pensamentos são todos sensações.
Penso com os olhos e com os ouvidos
E com as mãos e os pés
E com o nariz e a boca.
Pensar uma flor é vê-la e cheirá-la
E comer um fruto é saber-lhe o sentido.
ALBERTO CAEIRO
III) ÁLVARO CAMPOS
 Nasceu em 1889 sem constar data da
morte.
 Era alto, magro, corcunda.
 Cursou engenharia naval, mas não exerceu.
 Foi o homem da grande cidade, adepto da
modernização; agressivo e pessimista.
 Exaltou a máquina, as fábricas, o
movimento.
 É o poeta futurista.
Lisbon revisited
Não: Não quero nada.
Já disse que não quero nada.
Não me venham com conclusões!
A única conclusão é morrer.
Não me tragam estéticas!
Não me falem em moral!
Tirem-me daqui a metafísica!
Não me apregoem sistemas completos, não me enfileirem conquistas
Das ciências(ciências, Deus meu, das ciências!) –
Das ciências, das artes, da civilização moderna!
[...]
Álvaro de Campos
IV) RICARDO REIS
 Nasceu em 1887 e não há registros de morte.
 Centrou-se nos temas da Antigüidade Clássica.
 Ter uma visão pagã de mundo não acreditando no
pecado.
 Sempre precisava viver o presente, o momento.
 Escreveu de forma sofisticada; usou a emoção como
forma de impor suas idéias.
 Buscou o equilíbrio e a calma.
 É o poeta neoclássico
Ricardo Reis
Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera, ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive.
V) FERNANDO PESSOA - ele
mesmo
 Nasceu em Lisboa em 1888 e morreu em
1935,
 Apresentou forte faceta saudosista Nacionalista.
 Mostrou as emoções depuradas pela
intelectualidade.
 Apegou-se à solidão mostrando-se
introvertido.
 Análise da função do poeta na vida.
Mar portuguez
Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por ti cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!
[...]
Fernando Pessoa
VI) MÁRIO DE SÁ - CARNEIRO
 Nasceu em Lisboa em 1890 e cometeu
suícidio em Paris, 1916.
 Em 1915 lançou a revista “Orpheu” junto
com o amigo F. Pessoa.
 Profunda crise moral e financeira.
 Mostrou inadaptação ao mundo, deixava
levar-se pelas emoções, pela megalomania
perdendo-se da realidade.
 Interiorizou-se mais mostrando-se inseguro
e egocêntrico.
 Principal obra: A Confissão de Lúcio.
SEGUNDA GERAÇÃO
1930 / 1945
FATOS HISTÓRICOS
 Desgaste da política do café-com-leite
 Quebra da Bolsa de Nova Iorque
(1929)
 Revolução de 30.
 Industrialização;diversificação do
capital.
 Remodelação da estrutura econômica
agroexportadora.
Principais características
(1930/1945)
 Prolonga e aprofunda as propostas e
realizações de 1922.
 Concilia elementos da tradição e elementos
da modernidade.
 Concilia nacionalismo e universalismo.
 Poesia: cosmovisão.
 Prosa: Neo-Realismo.
 Engajamento dos escritores nas questões
sociopolíticas de seu tempo.
Cosnovisão
 Aguda percepção do tempo em que
vivem
e
da
necessidade
de
transformá-lo,
pelos
caminhos
escolhidos por sua sensibilidade
poética.
Principais escritores - poesia
 Vinicius de Moraes *Eros
 Cecília Meireles – delicadas e sutis
 Murilo Mendes - imagens delirantes
 Jorge Lima – poeta
profeta(religioso/cósmico/onírico)
 Carlos Drumond de Andrade filosófica
Poema dos olhos da amada
Ó minha amada
Que os olhos teus
São cais noturnos
Cheios de adeus
São docas mansas
Trilhando luzes
Que brilham longe
Longe nos breus
Vinicius de Moraes
(fragmento)
Eles verdes são,
e têm por usança
na cor esperança
e nas obras, não.
Vossa condição
não é d’olhos verdes,
porque me não vedes
Luís de Camões
Reinvenção
(fragmento)
A vida só é possível
reinventada.
Anda o sol pelas campinas
e passeia a mão dourada
pelas águas, pelas folhas...
Ah! Tudo bolhas
que vêm de fundas piscinas
de ilusionismo... – mais nada.
[...]
Cecília Meireles
Pré-História
Mamãe vestida de rendas
Tocava piano nos caos.
Uma noite abriu as asas
Cansada de tanto som,
Equilibrou-se no azul,
De tonta não mais olhou
Para mim, para ninguém:
Cai no álbum de retratos.
Murilo Mendes
Anunciação e encontro de Mira-Celi
Quando te aproximas do mundo, MiraCeli,
sinto a sarça de Deus arder, em círculo,
sobre mim;
então mil demônios nômades fogem nos
últimos barcos.
E as planuras desertas se ondulam
volutuosas.
Jorge Lima
MÃOS DADAS
Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros.
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considero a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.
Não serei o cantor de uma mulher, de uma história,
não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da
janela,
não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida,
não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins.
O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os
homens presente, a vida presente. Carlos Drummond
de Andrade
Principais escritores - prosa
Graciliano Ramos –
José Lins do Rego
São Bernardo
Conheci que Madalena era boa em
demasia, mas não conheci tudo de uma
vez. Ela se revelou pouco a pouco, e
nunca se revelou inteiramente. A culpa
foi minha, ou antes, a culpa foi desta vida
agreste, que me deu uma alma agreste.
[...]
Graciliano Ramos
Vidas secas
A caatinga estendia-se, de um vermelho
indeciso salpicado de manchas brancas
que eram ossadas. O vôo negro dos
urubus fazia círculos altos em redor dos
bichos moribundos.
- Anda, excomungado.
O pirralho não se mexeu, e Fabiano desejou
matá-lo. Tinha o coração grosso, queria
responsabilizar alguém pela sua desgraça. A seca parecia
um fato necessário[...]. Certamente esse obstáculo
miúdo não era o culpado, mas dificultava a marcha, e o
vaqueiro precisava chegar, não sabia onde. [...]
Graciliano Ramos
Arte popular
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