ESTEATOSE
Acúmulo anormal reversível de lípides
= triglicérides, no citoplasma de células
parenquimatosas onde normalmente
lípides não seriam armazenados.
Triglicérides são moléculas formadas por uma molécula de glicerol
esterificada a três moléculas de ácidos graxos. Na figura, o glicerol está à
esquerda e os três ácidos graxos, de cima para baixo, são ácido palmítico,
ácido oléico e ácido alfa-linoléico.
Os triglicérides são "desmontados" no intestino, absorvidos e depois
podem ser novamente montados no fígado e depositados neste ou nas
células de gordura, aonde normalmente tem a função primária de servir
como reserva de energia.
lipase lipoproteínica
exportação de triglicérides
para os tecidos
principal forma de distribuição
de colesterol aos vários tecidos
Captam colesterol do plasma
Transporte de lípides entre
órgãos e tecidos
Alimentação
enzima lipase
hormônio sensível
Insulinainibe
Causas:




Desequilíbrios na síntese, utilização ou mobilização
dos lípides
Tóxicas e infecciosas: Ag, Puromicina, tetraciclinas,
CCl4 , produtos de microorganismos;
Hipóxicas: anemia e insuficiência cardíaca
congestiva (ICC);
Dietéticas: dieta hipercalórica, desnutrição, etanol.
- Locais de acúmulo de lípides: túbulos renais,
hepatócitos, e fibras do miocárdio - células que
normalmente metabolizam muita gordura
Metabolismo lipídico hepático:
DIETA (gordura)
Intestino
Tecido adiposo
Corrente sanguínea
LIPOPROTEÍNAS
REL
Acetil COA
RER
micelas
Etiologia:
AGENTE LESIVOS X METABOLISMO
DIETA (gordura)
 APORTE DE ÁCIDOS GRAXOS
Intestino
Tecido adiposo
Corrente sanguínea
LIPOPROTEÍNAS
REL
Excesso de Acetil COA
ATP, N
RER
micelas
Etiopatogenia:
a. Esteatose miocardíaca: Intoxicações, anemia aplástica, difteria, etc...
b. Esteatose renal: Hiperlipemias, intoxicações principalmente por tetracloreto de
carbono (CCl4) e plantas tóxicas.
c. Esteatose Hepática::

Deficiência na produção de lipoproteínas
- Por Deficiência de fosfolípides e/ou de proteínas: por destruição enzimática (ex:
fosfolipase do Clostridium welchii) ou por intoxicação (CCl4 ).
Produtos tóxicos de várias naturezas podem prejudicar a síntese proteica nos
hepatócitos. Um exemplo é o tetracloreto de carbono, usado na indústria de
lavagem a seco. Um metabólito do CCl4 é o radical livre CCl3• que é muito
reativo, atacando as membranas do retículo endoplasmático rugoso e
causando dispersão dos ribossomos. Isto leva a inibição da síntese proteica e
a esteatose.
- Por deficiência de aminoácidos lipotróficos (metionina,
inositol, colina, propriotenina, vitamina B12 e ácido
fólico): que determinarão diminuição da síntese de
fosfolipídeos e aumento da esterificação de ácidos graxos
em triglicérides.

Na inanição há falta tanto de aminoácidos como de
colina na dieta. O aminoálcool colina é indispensável
para síntese de fosfolípides, porque participa da 'cabeça'
polar da molécula. A colina pode ser sintetizada no
organismo, mas isto exige uma reação de transmetilação
envolvendo a metionina, que é um aminoácido
essencial. Portanto, a falta de metionina se traduz em
deficiência de colina. Como os triglicérides não podem
ser empacotados em VLDL, não podem ser exportados,
e acumulam no hepatócito dando esteatose.

Por hipóxia, deficiência protéica na dieta, ou por excesso
de colesterol e gorduras na dieta.



Aumento quantitativo da gordura intracelular sem aumento
correspondente de fosfolípides e proteínas
Por aumento da síntese lipídica a partir de acetatos
(AcetilCoA) ou pela esterificação dos ácidos graxos em
triglicérides.
Excesso de oferta de lípides nas dietas hiperlipemicas
ou por mobilização excessiva de lípides do tecido adiposo
(corticoidoterapia. intoxicação alcóolica, jejum ou
desnutrição , diabetes descompensado e doenças
consumptivas (Tbc, Ca, etc...).- é muito maior que a
capacidade de metabolização pelos hepatócitos
POR QUÊ O ALCOÓLATRA TEM ESTEATOSE ?
• O alcoólatra é freqüentemente um desnutrido crônico.
• O álcool é tóxico e potencialmente lesivo aos hepatócitos.
• O metabolismo do álcool produz acetil CoA em excesso, que acaba
sendo utilizado para síntese de ácidos graxos pelo hepatócitos e,
portanto, de triglicérides. Além disso, o metabolismo de grandes
quantidades de etanol consome grande parte do NAD+
(nicotinamida adenina dinucleotídeo) que é utilizado como aceptor
de elétrons no ciclo de Krebs. Vejamos como.

O álcool é metabolizado no fígado pela enzima álcool desidrogenase
a acetaldeído. Este sofre a ação da enzima acetaldeído
desidrogenase, produzindo acetil CoA. Nas duas reações, há
liberação de elétrons e íons H+ que são captados (aceitos) por
NAD+, formando NADH + H+. Como há muito álcool para ser
metabolizado, há produção de NADH em excesso, com consumo de
NAD+. Fica faltando NAD+ para aceitar elétrons no ciclo de Krebs.
Com isto, o ciclo de Krebs como um todo é inibido, levando a
acúmulo de acetil CoA (que é quebrado no ciclo de Krebs para dar
CO2 e água). O excesso de acetil CoA (que é matéria prima para a
síntese de lípides) é desviado para síntese de ácidos graxos,
causando esteatose.
Alcool x esteatose
ALCOOL
álcool desidrogenase
acetaldeído
acetaldeído desidrogenase
acetil CoA
EXCESSO
FALTA NADH PARA O CICLO DE KREBS
Acido graxo

Bloqueio na utilização de lípides:
Por interferência na conversão de ácidos graxos em
fosfolipídeos ["Apoproteína, nas intoxicações por
toxinas, CCl4 , Tetraciclina, etc...)


Por bloqueio na utilização e oxidação de lípides
por interferência na oxidação de ácidos graxos
[Toxina diftérica e fitotoxinas].
Por bloqueio na união lípide - apoproteína ou na
secreção de lipoproteínas do hepatócito [ácido
orótico].
Patogenia

Tetraciclinas, Puromicina, CCl4, Fósforo
Desacoplamento de polirribosomas
Síntese protéica
 Apoproteínas
Síntese de VLDL
Acúmulo de triglicérides
Anemia
Hemoglobina
ICC
Estase sanguínea
Hipóxia
ATP
Glicólise acelerada
 Glicerol
 -Oxidação
 AcetilCoa
Acidos graxos
 Triglicérides
Dieta hipercalórica
Aporte lipídico
Acúmulo
Desnutrição
Lipólise periférica  Proteínas
Ag´s
 Apoproteínas
 Aporte lipídico
VLDL
 Exportação
Acúmulo
ETANOL
NAD
Álcool DH
NADH
Lesão
mitocondrial
Aldeído acético + Acetil CoA
-Oxidação Glicerol
Lesão microtubular
Sintese de
 Ag’s
Ag’s
 Transporte lipoproteínas
Acumulo de triglicérides
Características macroscópicas:

ocorre aumento do volume e diminuição
da consistência (órgão fica mais pastoso),
com friabilidade e amarelamento, além da
presença de gorduras emulsionadas na faca
ao corte.
No fígado: aumento do volume e peso com bordas
abauladas e consistência amolecida, superfície externa lisa
e brilhante, e superfície de corte untuosa, sem marcação
lobular.
Características microscópicas
a. Ocorre vacuolização citoplasmática que
deve ser diferenciada da Degeneração
hidrópica - vacuolar e da Infiltração
glicogênica através de colorações especiais.
b. Nos hepatócitos: Vacúolos pequenos e
múltiplos que podem se coalescer,deslocando
o núcleo para a periferia ("Célula em anel de
sinete").
c. No epitélio dos túbulos renais e nas fibras
do miocárdio.
d. Em HE, o álcool e o xilol dissolvem os
lípides tornando o lipossomo um vacúolo
vazio.
Para confirmação do lípide corantes
lipossolúveis como:
Sudam III - laranja avermelhado; Sudam IV Vermelho escarlate; Ácido ósmico - negro;
Sulfato azul do Nilo - Violeta azulado
avermelhado

Ecografia (ultrassonografia) mostrando fígado normal (à esquerda) e com
esteatose (à direita). Os feixes sonoros são refletidos pelo excesso de gordura
acumulada no fígado (seta amarela), impedindo a avaliação de estruturas mais
profundas (seta vermelha). A maioria dos ultrassonografistas classifica este grau
de esteatose como "grau III".


Ecografia (ultra-sonografia)
É um exame que se utiliza de som de alta freqüência e a análise do eco desse som
refletido pelos tecidos. Tecidos de densidades diferentes, mesmo dentro de um mesmo
órgão, geram ecos diferentes, o que permite a análise de diversas estruturas de modo
completamente não-invasivo e inócuo. Avanços à ecografia convencional, como a
utilização do efeito doppler para a avaliação do fluxo de sangue e, mais recentemente,
com a utilização de contrastes específicos, melhoraram a sensibilidade e especificidade
do exame para avaliação dos vasos intra e extra-hepáticos e de lesões focais (tumores).
Permite ainda o diagnóstico de cirrose e de esteatose com grande grau de segurança se
realizado por médico experiente.

Hepatocarcinoma demonstrado à ecografia (cortesia do Prof. Dr. Jazon Romilson de Souza Almeida)
Tomografia computadorizada (CT)
Hepatocarcinoma avançado (setas), ocupando o lobo esquerdo do fígado, em
tomografia computadorizada.
Ressonância nuclear
magnética (RNM)
Hemangioma hepática em RNM (seta). Fonte
Conseqüências:
Reversível até que haja desequilíbrio
intenso .
 -Intensa prejudica a função do órgão =
Insuficiência
 - Fígado : - rompimento de
hepatócitos: - embolia gordurosa,
-cirrose
HISTÓRIA NATURAL
A informação mais importante seria qual a importância prática
desta doença. Aparentemente, a esteatose não causa lesão
hepática mesmo com 20 anos de acompanhamento. No entanto,
nos pacientes com esteato-hepatite acompanhados por ate 9 anos,
27% evoluíram para fibrose e 19% para cirrose. Acredita-se que
grande parte das cirrose, de causa desconhecida, esteja
relacionada a NASH.
HIALINOSE
INTRACELULAR:

Sinonímia:
Transformação hialina intracelular ou
Degeneração hialina intracelular.
 Conceito:
Acúmulo intracelular de material de natureza
protéica, conferindo às células e tecidos
afetados um aspecto hialino [gr. "hyalos"
= vítreo, claro, homogêneo, translúcido,
amorfo, denso, eosinofílico].
Mecanismos:
a. Coagulação focal de proteínas celulares, vista em:

Corpúsculos de inclusão tipo 1,

Degeneração cérea de Zenker e de Magarinos-Torres.
b. Penetração no citoplasma [via absorção ou pinocitose]
de proteínas complexas, com precipitação ou coagulação
das mesmas, vista em:

Corpúsculos de inclusão tipo 2,

Células dos túbulos contornados proximais, nas proteinúrias,

Células das vilosidades intestinais do intestino delgado no recém
nascido aleitado com colostro.
Etiologia:

Injúria tóxico-infecciosa subletal (febre
tifóide, leptospirose, difteria, aftosa, etc...);
traumatismos (injeção intramuscular,
pancadas, etc...) e deficiência de vitamina
E e selênio ("Doença do músculo branco").
Classificação:
a. Degeneração Cérea de ZENKER (em músculos
esqueléticos, no gastrocnemio e diafragma) e de
MAGARINOS-TORRES (no miocárdio).



Macro: Estrias e máculas amarelo-esbranquiçadas [donde a
denominação corrente de "Coração tigrado" o miocárdio].
Micro: Perda de estriação (desagregação dos miofilamentos) e
homogeneização vítrea eosinofílica das fibras.
b. Corpúsculos de inclusão intracitoplasmáticos:

· Corpúsculos de RUSSEL em
Plasmócitos (tipo 1): Agregação de
globulinas (tipo "colar de pérolas"),
distendendo as cisternas do RER. é
visto com freqüência na Salmonelose
aguda, na osteomielite crônica, etc...
Corpúsculos de MALLORY em
hepatócitos (tipo 1): Filamentos ou
massa eosinofílica perinuclear
(complexo insolúvel de fosfolípides e
lipoproteínas). Alcoolismo crônico, na
hepatite viral tipo A ou B.


Infecções virais (tipo 1 e 2): Acúmulo de
nucleoproteínas virais e/ou de produtos da
reação à infecção viral no citoplasma (vírus
RNA) ou no nucleoplasma (vírus DNA ou
RNA). Exemplos: NEGRI (Raiva),
GUARNIERI (Varíola), COUNCILMANROCHA LIMA (Febre amarela),
SINEGAGLIA-LENTZ (Cinomose).
"Gotículas de proteína" nos
túbulos contornados
proximais (nas
Glomérulopatias com
proteinúria) e nas vilosidades
do intestino delgado do
recém nascido alimentado
com colostro.

Cerebelo
Lipidoses


principais lípides acumulados = colesterol e
ésteres de colesterol
Macrófagos pele
Xantomas (hiperlipidemia)
Artérias =Ateromas
figado
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ESTEATOSE