Síndrome de Burnout e Resiliência na vida do Educador João Eudes de Sousa Encontro de Educadores Centro Cultural Poveda 9 de Abril de 2011 1 É freqüentemente referida por processos que explicam a “superação” de crises e adversidades em indivíduos, grupos e organizações (Yunes & Szymanski, 2001, Yunes, 2001, Tavares, 2001). O dicionário de língua inglesa Longman Dictionary of Contemporary English (1995) oferece duas definições de Resiliência, sendo a primeira: “habilidade de voltar rapidamente para o seu usual estado de saúde ou de espírito depois de passar por doenças, dificuldades etc.: Resiliência de caráter”. A segunda explicação para o termo encontrada no mesmo dicionário afirma que Resiliência “é a habilidade de uma substância retornar à sua forma original quando a pressão é removida: flexibilidade”. Os precursores do termo Resiliência na Psicologia são os termos invencibilidade ou Invulnerabilidade. RESILIÊNCIA . 2 A maioria dos estudos sobre a criança ou o adolescente, focados numa perspectiva do individuo e em seus traços pessoais adota uma definição seguida pelo Projeto Internacional de Resiliência, coordenado por Edith Grotberg e apoiado pela Bernard van Leer Foundation: “Resiliência é uma capacidade universal que permite que uma pessoa, grupo ou comunidade previna, minimize ou supere os efeitos nocivos das adversidades” (Grotberg, 1995, p. 7). Burnout Do inglês Burn: Queimar; e Out: ir ao limite, ao fim, esgotar-se. IDENTIFICANDO O BURNOUT Em geral, segundo Farber (1991), os professores sentem-se emocional e fisicamente exaustos, estão frequentemente irritados, ansiosos, com raiva ou tristes. As frustrações emocionais peculiares a este fenômeno podem levar a sintomas psicossomáticos como insônia, úlceras, dores de cabeça e hipertensão, além de abuso no uso de álcool e medicamentos, incrementando problemas familiares e conflitos sociais. Dimensões Para Maslach e colaboradores, Burnout é constituída de três dimensões: • exaustão emocional; • Despersonalização; e • Baixa realização pessoal no trabalho. CAUSAS: Pessoais Professores que tem perspectivas irrealistas, que são idealistas e entusiasmados com a profissão são mais vulneráveis. Pois são comprometidos com o trabalho e envolvem-se intensamente com suas atividades, sentindo-se desapontados quando não recompensados com por seus esforços; a idealização e a expectativa de atingir metas irrealistas propiciam o surgimento do transtorno. Sóciodemográficas Homens são mais propensos a desenvolver o distúrbio do que as mulheres. Pois estas são mais flexíveis e mais abertas a lidar com as pressões do trabalho (Farber, 1991); pessoas com menos de 40 têm maior risco de incidência, pois estas têm menos perspectivas irrealistas sobre a profissão; quanto maior o tempo de experiência do professor, menor o nível de Burnout (Friedman 1991); Professores de ensino fundamental e médio apresentavam mais atitudes negativas em relação aos alunos e menor freqüência de sentimentos de desenvolvimento profissional do que os professores do ensino infantil para Schwab e Iwanicki (1982) e Woods (1999); Relação com o aluno: uma das principais causas • Estudo de Burke e colaboradores (1996) confirma este resultado, acrescentando ainda a relação entre burnout e a sobrecarga e o conflito de papel; • A falta de autonomia e participação nas definições das políticas de ensino tem mostrado ser um significativo antecedente do burnout. Estas questões, somadas à inadequação salarial e à falta de oportunidades de promoções, têm preocupado pesquisadores; • Isolamento social; • A inadequação da formação recebida para lidar com as atividades de ensino, escola e cultura institucional; • Relação com os pais dos alunos – falta de envolvimento destes no processo educacional; • Culpabilização; • “A categoria é extremamente cobrada em seus fracassos e raramente reconhecida em seus sucessos. Nenhuma categoria tem sido tão severamente avaliada e cobrada pela população em geral nas últimas duas décadas como a dos professores” (Farber, 1991). MODELOS EXPLICATIVOS DE BURNOUT EM PROFESSORES • Há menos tempo para executar o trabalho, menos tempo para atualização profissional, lazer e convívio social e poucas oportunidades de trabalho criativo; • Lens e Jesus (1999) complementam, afirmando que o status da profissão de professor e de outras vem declinando nos últimos anos e isto tem contribuído para o aumento do burnout nesta categoria Profissional; • Abordagem Psicológica - (Farber 1999) “Professores, como todas as pessoas, precisam sentir-se importantes, amados e de alguma forma especiais. Eles necessitam ter estas necessidades afirmadas por quem eles vivem e trabalham” (p.165). Para o autor, burnout ocorre quando o professor sente que seus esforços não são proporcionais às recompensas obtidas e que futuros esforços não serão justificados ou suportados. OUTRAS PERSPECTIVAS • Keltchtermans (1999) aborda o burnout de professores a partir de uma outra perspectiva, a biográfica. Neste modelo, as percepções e interpretações das situações dos estressores de trabalho dependem fortemente de características individuais e da história de vida profissional; • Sleegers (1999) acredita que burnout deve ser analisado a partir das perspectivas sociológica, psicológica e organizacional; É importante considerar as características de trabalho do professor e as especificidades de suas instituições de ensino. “Diferenças entre professores e diferenças entre as escolas devem ser incluídas em qualquer modelo explicativo do burnout em professores”. CONSEQUÊNCIAS INDIVIDUAIS E ORGANIZACIONAIS • A adoção de atitudes negativas por parte dos professores na relação com os receptores de seus serviços deflagra um processo de deterioração da qualidade da relação e de seu papel profissional (Farber, 1991; Rudow,1999); • Professores com altos níveis de burnout pensam com freqüência em abandonar a profissão; a intenção de abandonar a organização e a “saída psicológica” ou despersonalização são tentativas de lidar com a exaustão emocional, de acordo com Lee e Ashforth (1996); . • Geralmente, altos níveis de burnout fazem com que os profissionais fiquem contando as horas para o dia de trabalho terminar, pensem freqüentemente nas próximas férias e se utilizem de inúmeros atestados médicos para aliviar o estresse e a tensão do trabalho (Wisniewski & Gargiulo, 1997); • O professor acometido pela síndrome tem dificuldade de envolver-se, faltalhe carisma e emoção quando se relaciona com estudantes, o que afeta não só a aprendizagem e a motivação dos alunos, mas também o comportamento destes (Rudow,1999); • Garcia (1990) identificou que os professores com altos níveis de burnout eram acometidos de freqüentes resfriados, insônia, dores nas costas e na cabeça e hipertensão. O que fazer? • O que é e como ser resiliente? • Como resistir a fatores tão “estressores” no ambiente educacional? • Como combater a Síndrome de Burnout em nosso meio e profissão? • Que transformações podemos fazer em nossos ambientes de atuação para tentar humanizar nosso trabalho? • Qual é nossa missão em relação a essa problemática? CONSIDERAÇÕES FINAIS É de fundamental importância não podermos de vista esse fenômeno psicossocial de nossa vida laborativa, a fim de que possamos identificar seus estressores principais, seus modelos explicativos e possamos vislumbrar ações que possam prevenir, atenuar e estancar o Bornout, se queremos que o professor prossiga no cumprimento de seu papel sem que tenha afetada a sua qualidade de vida e a qualidade do seu desempenho nos sistemas educacionais. Esse papel deve ser assumido pela sociedade como um todo, de modo que não seja assumido de forma isolada. A novidade não é o Bornout em si, mas assim o professor declarar o seu estresse e o Bornout, como algo sentido. Ele conhece muito sobre o quê e como ensinar, mas pouco sobre os alunos e muito menos sobre si mesmo (Doménech, 1995). Baseado em: • Maria Ângela Mattar Yunes (2003), in: http://www.scielo.br/pdf/pe/v8nspe/v8nesa10.pdf e em • Mary Sandra Carlotto, sob a perspectiva socialpsicológica de Cristina Maslach (2002), in: http://www.scielo.br/pdf/%OD/pe/v7n1/v7n1a03.pdf Acesso em 20/03/11.