SÍNDROME DE BURNOUT: uma revisão dos trabalhos publicados em bancos de dados virtuais Autores: Eustáquio José de Souza Júnior ( Professor da Universidade Presidente Antônio Carlos – Campus Bom Despacho – [email protected]); Lázara Williane Santos Melo, Sônia Conceição Santos, Matildes Valéria Rodrigues e Veríssimo Vieira da Silva (Universidade Presidente Antônio Carlos – Campus Bom Despacho) Introdução: Observa-se na atualidade um modo de produção extremamente comprometido com padrões de qualidade cada vez mais elevados e obtidos com o mínimo de recursos organizacionais. As políticas de gestão institucional acabam por privilegiar uma produtividade que deve ser obtida, em muitos casos[1], à revelia de aspectos psicossociais que determinarão o próprio desempenho profissional. Um paradoxo de difícil solução emerge deste quadro, quando se exige que o trabalhador demonstre uma atitude propositiva e empenhada em contextos onde são reduzidos ou inexistentes os condicionantes fundamentais de tal postura. Apesar da presença do trabalho institucional ser secular, somente a partir da década de 1990 surgem estudos brasileiros[2] comprometidos com o estabelecimento de nexos causais entre a realidade do trabalho e a saúde dos profissionais. Além da cognição, aspectos emocionais parecem ser determinantes elementares da relação sujeito – trabalho. A Síndrome de Burnout ou Síndrome do Esgotamento Profissional (Brasil, 2001), consiste num quadro clínico caracterizado por três dimensões básicas: exaustão emocional; falta de envolvimento emocional no trabalho; despersonalização . Neste trabalho o objeto foi a produção científica brasileira relacionada à Síndrome de Burnout publicada em veículos disponíveis na rede mundial de computadores. O objetivo geral foi levantar os tipos de pesquisa que têm sido realizados acerca da Síndrome do Esgotamento Profissional, além de apreender quais as categorias profissionais estão sendo abordadas nestes estudos. A preferência pelo uso de veículos virtuais se justifica pela facilidade de acesso aos textos e, principalmente, pelo fato da Rede Mundial de Computadores constituir a única fonte de pesquisa disponível em diversas localidades brasileiras. Metodologia: Foram analisados as seguintes bases de dados componentes do acervo do site www.bvs-psi.org.br, no dia 30/03/2007, utilizando-se a palavra chave para busca “burnout”. Scielo Brasil; (24 ocorrências) LILACS – Literatura Latinoamericana e do Caribe em Ciências da Saúde; (123 ocorrências) PEPSiC – Periódicos Eletrônicos em Psicologia; (7 ocorrências) Index Psi Periódicos Técnico-científicos; (22 ocorrências) Index Psi Periódicos de Divulgação Científica; (1 ocorrência) Index Psi Teses; (5 ocorrências) Index Psi Monografias de conclusão de cursos de especialização. (0 ocorrências) _____________________ [1] Para trabalhos ilustrativos acerca de reestruturação produtiva e aumento de exigências profissionais ver Souto, 2003; Merlo & Barbarini, 2002; Glina, Rocha, Batista & Mendonça, 2001 e Lima, 1995. [2] Sobre exemplos de tais estudos ver Campos, 2005; Jaques & Codo, 2002 e Glina; Rocha; Batista & Mendonça, 2001. A partir dos resultados da busca, foi executado o trabalho de eliminação de assuntos não correlatos à Síndrome de Burnout (por exemplo, um dos artigos apontados na pesquisa era da área de polímeros industriais) e duplicidades. A partir desta análise teve início a categorização das classes profissionais estudadas, do perfil profissional dos pesquisadores e suas afiliações institucionais, além da natureza teórica ou empírica dos trabalhos. Resultados : Com base na análise quantitativa realizada foram encontrados 158 artigos, dos quais 72 se enquadravam nos critérios estabelecidos. Estudos Empíricos 86,10% Classe profissional Bombeiros Dentistas Enfermeiros Estudantes Motorista Organizacional Professores Profissionais da Saúde Mental Estudos Teóricos 13,80% (%) 1,38% 1,38% 15,27% 8,33% 1,38% 15,27% 19,44% 5,55% Psicólogos Policiais Civis Servidores Públicos Médicos 2,77% 1,38% 2,77% 4,16% Discussão: Profissionais que estabelecem contato direto com seu público, como professores, enfermeiros, e trabalhadores da iniciativa privada, entre outros profissionais, estão mais propensos a se sentirem incapazes diante de situações, como a de lidar com problemas que aparecem no cotidiano no local de trabalho, tendendo a não reconhecer seu sucesso, gerando uma irrealização pessoal, evidenciada na racionalização explicitada no contexto do trabalho e também nas relações pessoais. De acordo com o indicado por estes resultados, acredita-se que a Síndrome de Burnout seja o resultado da perda de energia pela persistência de um conjunto de expectativas inalcançáveis, das fadigas emocional, física e mental, do sentimento de impotência e inutilidade, podendo este ser acarretado, por exemplo, pelo tempo de serviço, pela falta de reconhecimento levando à baixa auto-estima. Estes dados indicam, reforçando outros estudos, que o quadro atinge essencialmente profissionais da área da saúde e professores. Estes campos sofrem efeitos de diversas variáveis físicas, psíquicas e sociais que ainda carecem de estudos para que tais variáveis sejam explicitadas e compreendidas em sua complexidade. Referências bibliográficas BRASIL. Doenças relacionadas ao trabalho. Brasília: Ministério da Saúde e Organização Pan-Americana de Saúde/Brasil, 2001. CAMPOS, M. L. A gestão participativa como uma proposta de reorganizaçãodo trabalho em um sistema de produção industrial: uma estratégia de ampliação da eficácia sob a ótica da ergonomia. Dissertação de mestrado. Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis. 2000. CAMPOS, R. G. Burnout: uma revisão integrativa na enfermagem oncológica. Dissertação de mestrado. Universidade de São Paulo: São Paulo, 2005.