Esclerose Múltipla: Quadro Clínico e Diagnóstico Irênio Gomes E S C L E R O S E M Ú LT I P LA – I r ê n i o G o m e s Esclerose Múltipla Definição Epidemiologia QUADRO CLÍNICO DIAGNÓSTICO Diagnóstico diferencial Prognóstico E S C L E R O S E M Ú LT I P LA – I r ê n i o G o m e s Esclerose Múltipla S.N.C. Participação do sistema imunológico Predisposição genética Prováveis fatores ambientais Lesões inflamatórias e desmielinizantes Distribuição espacial Distribuição temporal Degeneração E S C L E R O S E M Ú LT I P LA – I r ê n i o G o m e s E S C L E R O S E M Ú LT I P LA – I r ê n i o G o m e s Prevalência da Esclerose Múltipla E S C L E R O S E M Ú LT I P LA – I r ê n i o G o m e s Prevalência da Esclerose Múltipla E S C L E R O S E M Ú LT I P LA – I r ê n i o G o m e s Prevalência da Esclerose Múltipla E S C L E R O S E M Ú LT I P LA – I r ê n i o G o m e s Prevalência da Esclerose Múltipla Comprometimento do SNC E S C L E R O S E M Ú LT I P LA – I r ê n i o G o m e s 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 Tempo (anos) Comprometimento do SNC E S C L E R O S E M Ú LT I P LA – I r ê n i o G o m e s 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 Tempo (anos) Comprometimento do SNC E S C L E R O S E M Ú LT I P LA – I r ê n i o G o m e s 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 Tempo (anos) Comprometimento do SNC E S C L E R O S E M Ú LT I P LA – I r ê n i o G o m e s 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 Tempo (anos) Comprometimento do SNC E S C L E R O S E M Ú LT I P LA – I r ê n i o G o m e s 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 Tempo (anos) E S C L E R O S E M Ú LT I P LA – I r ê n i o G o m e s Os dois lados da doença • SURTO • PROGRESSÃO processos inflamatório focal agudo neurodegeneração difusa crônica Comprometimento do SNC Comprometimento do SNC E S C L E R O S E M Ú LT I P LA – I r ê n i o G o m e s 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 Tempo (anos) 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 Tempo (anos) Tempo (anos) Comprometimento do SNC E S C L E R O S E M Ú LT I P LA – I r ê n i o G o m e s 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 Comprometimento do SNC Comprometimento do SNC Tempo (anos) 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 Tempo (anos) 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 Tempo (anos) Comprometimento do SNC Comprometimento do SNC E S C L E R O S E M Ú LT I P LA – I r ê n i o G o m e s 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 Tempo (anos) 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 Tempo (anos) Comprometimento do SNC 5 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 Tempo (anos) Comprometimento do SNC E S C L E R O S E M Ú LT I P LA – I r ê n i o G o m e s Comprometimento do SNC 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 Tempo (anos) 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 Tempo (anos) Comprometimento do SNC E S C L E R O S E M Ú LT I P LA – I r ê n i o G o m e s 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 Tempo (anos) Comprometimento do SNC E S C L E R O S E M Ú LT I P LA – I r ê n i o G o m e s 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 Tempo (anos) Comprometimento do SNC E S C L E R O S E M Ú LT I P LA – I r ê n i o G o m e s 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 Tempo (anos) Comprometimento do SNC E S C L E R O S E M Ú LT I P LA – I r ê n i o G o m e s 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 Tempo (anos) E S C L E R O S E M Ú LT I P LA – I r ê n i o G o m e s Classificação evolutiva da EM INÍCIO 14,1 anos EVOLUÇÃO s/ prog. (S.R.) (58%) Surto-Remissão (85%) c/ prog (S.P.) (27%) c/ surto (P.S.) Progressiva (15%) (6%) s/ surto (P.P.) (9%) Confavreux et al., (2000) NEJM 343:1430-8 c/ surto (11%) s/ suro (16%) E S C L E R O S E M Ú LT I P LA – I r ê n i o G o m e s Quadro clínico • – Motricidade – Deglutição Deambulação Movimentação voluntária (coordenação) Percepção – Funções do sistema nervoso Tato, dor, temperatura Posição do corpo no espaço Visão, audição, olfato, paladar Controle interno / vegetativo Defecação Micção Função sexual – Equilíbrio – Funções cognitivas • Orientação • Linguagem (fonação) • Memória – Sono – Humor – Funções psíquicas E S C L E R O S E M Ú LT I P LA – I r ê n i o G o m e s Comprometimento da motricidade Quadro agudo - FRAQUEZA - Dificuldade na deambulação - Dificuldade na deglutição - Dificuldade na fonação - Desequilíbrio - Incoordenação motora - Tremor - Outros movimentos involuntários Consequências a longo prazo - Quedas frequentes (traumas) - ESPASTICIDADE Consequências da imobilização - Escaras - TVP / TEP E S C L E R O S E M Ú LT I P LA – I r ê n i o G o m e s Comprometimento da percepção Disestesias Dor Ataxia Perda visual Perda auditiva E S C L E R O S E M Ú LT I P LA – I r ê n i o G o m e s Comprometimento vegetativo Urgência miccional Incontinência urinária Retenção urinária Constipação Incontinência fecal Disfunção sexual E S C L E R O S E M Ú LT I P LA – I r ê n i o G o m e s Outros FADIGA DEPRESSÃO AFASIA DÉFICIT DE MEMÓRIA ALTERAÇÃO DE COMPORTAMENTO CONVULSÕES DEMÊNCIA E S C L E R O S E M Ú LT I P LA – I r ê n i o G o m e s Apresentação clínica mais freqüente • – Forma surto-remissão Sintoma sensitivo Nível Um membro Hemicorpo – Neurite Óptica – Sintoma motor MMII Um membro Hemicorpo – Sintoma Vesical • Urgência / Incontinência • Retenção – Sintoma de tronco • Diplopia • Sintoma cerebelar • Sintoma vestibular – Alteração do equilíbrio E S C L E R O S E M Ú LT I P LA – I r ê n i o G o m e s Apresentação clínica mais freqüente • Forma primariamente progressiva – Dificuldade progressiva para deambular – Síndrome piramidal (principalmente mmii) – Ataxia – Sintomas cerebelares E S C L E R O S E M Ú LT I P LA – I r ê n i o G o m e s Características de 1844 Pacientes com Esclerose Múltipla Característica No. (%) Sexo Masculino 657 (36) Feminino 1187 (64) Idade de início da esclerose múltipla (em anos) Média 31±10 Mediana 30 Variação 5-67 Sintomas Iniciais Neurite óptica isolada 335 (18) Comprometimento isolado do tronco encefálico 159 (9) Comprometimento dos tratos longos 964 (52) Sintomas combinados 386 (21) Confavreux et al., (2000) NEJM 343:1430-8 E S C L E R O S E M Ú LT I P LA – I r ê n i o G o m e s Características de 1844 Pacientes com Esclerose Múltipla Característica No. (%) Curso inicial da esclerose múltipla Surto-remissão 1562 (85) Progressiva 282 (15) Tempo desde o início da doença até o primeira consulta clínica (em anos) Média 6±8 Mediana 3 Variação 0-53 Estimativa de tempo desde o início da doença até o segundo surto (em anos) Média 6 Mediana 2 Variação 0-63 Confavreux et al., (2000) NEJM 343:1430-8 E S C L E R O S E M Ú LT I P LA – I r ê n i o G o m e s EXAMES COMPLEMENTARES • Ressonância Nuclear Magnética • • Estudo do Líquor Potenciais Evocados E S C L E R O S E M Ú LT I P LA – I r ê n i o G o m e s EXAMES COMPLEMENTARES E S C L E R O S E M Ú LT I P LA – I r ê n i o G o m e s EXAMES COMPLEMENTARES Características do Líquor: Celularidade – – Proteínas – < 50 celulas/mm3 Predominancia de linfomononucleares Elevação discreta ou moderada Testes imunológicos – – – Teste negativo para agentes infecciosos Elevação de gama-globulina (índice de IgG) Presença de bandas oligoclonais E S C L E R O S E M Ú LT I P LA – I r ê n i o G o m e s EXAMES COMPLEMENTARES POTENCIAIS EVOCADOS • • • • Visual Somato-sensitivo Auditivo Motor E S C L E R O S E M Ú LT I P LA – I r ê n i o G o m e s FLUXOGRAMA DIAGNÓSTICO E S C L E R O S E M Ú LT I P LA – I r ê n i o G o m e s Critérios Diagnósticos (McDonald, 2001 – r. 2005) Presença de evidência objetiva de lesões típicas da doença com disseminação no tempo e espaço. Exclusão de alguma outra melhor explicação para o quadro clínico (a EM permanece como diagnóstico de exclusão). A evidência clínica depende primariamente da presença de sinais clínicos. A história apenas não é suficiente. E S C L E R O S E M Ú LT I P LA – I r ê n i o G o m e s Critérios Diagnósticos (McDonald, 2001 – r. 2005) Achados de imagem, do LCR e potencial evocado visual podem ser úteis quando a apresentação clínica somente não permite o diagnóstico. Após a avaliação diagnóstica um paciente é considerado como tendo EM ou não tendo EM. Pacientes que não foram ainda avaliados ou que não preenchem todos os critérios de diagnósticos podem ser classificados como possível EM. E S C L E R O S E M Ú LT I P LA – I r ê n i o G o m e s Critérios Diagnósticos (McDonald, 2001 – r. 2005) Um ataque, surto é definido como um episódio de distúrbio neurológico com duração mínima de 24 horas. Um ataque é considerado distinto do outro quando seus inícios estão separados por 30 ou mais dias. Anormalidades paraclínicas incluem a IRM, a análise de LCR e os PEV. E S C L E R O S E M Ú LT I P LA – I r ê n i o G o m e s Critérios Diagnósticos (McDonald, 2001 – r. 2005) Lesões vistas à IRM podem constituir evidência de disseminação no tempo e no espaço. Os critérios de anormalidades à IRM adotados foram os de Barkof et al e de Tindoré et al. A análise do LCR pode ser útil quando: 1) as anormalidades à IRM não são suficientes; 2) quando as anormalidades à IRM são inespecíficas, como em pacientes idosos; ou 3) quando a apresentação clínica é atípica. E S C L E R O S E M Ú LT I P LA – I r ê n i o G o m e s Critérios Diagnósticos (McDonald, 2001 – r. 2005) Anormalidade do LCR é definida como presença de bandas oigoclonais, preferencialmente usando método de focalização isoelétrica e / ou presença de índice elevado de IgG. A pleocitose deve ser inferior a 50 células / mm3. Um PEV com aumento da latência mas boa preservação da forma do potencial, pode ser usado para suplementar a informação objetiva clínica, ou fornecer evidência objetiva de uma segunda lesão. E S C L E R O S E M Ú LT I P LA – I r ê n i o G o m e s Critérios Diagnósticos (McDonald, 2001 – r. 2005) Surtos Lesões Objetivas 2 ou + 2 ou + 2 ou + 1 1 2 ou + 1 1 Requerimentos adicionais para o diagnóstico Nenhum; a evidência clínica é suficiente RM com disseminação de lesão no espaço ou 2 ou + lesões consistentes com EM na RM e LCR+ ou Aguardar novo surto implicando nova lesão RM com disseminação temporal ou Aguardar novo surto clínico 1) RM com disseminação espacial ou 2 ou + lesões consistentes com EM na RM e LCR+ JUNTO COM 2) RM com disseminação no tempo ou segundo surto clínico 1 ano de prograssão da doença COM 2 dos seguintes: 1) RM compatível (9 ou + lesões em T2 ou Progressão PEV + e 4 ou + lesões em T2) desde o início 2) Lesão medular na RM (2 ou + lesões focais) 3) LCR + E S C L E R O S E M Ú LT I P LA – I r ê n i o G o m e s Critérios Diagnósticos (McDonald, 2001 – r. 2005) Critérios de Disseminação Espacial à RM (pelo menos 3) – uma lesão com captação de contraste ou nove lesões hiperintensas em T2, se não existir captação – pelo menos uma lesão infratentorial – pelo menos uma lesão sub-cortical – pelo menos três lesões periventriculares Uma lesão medular é equivalente uma lesão infratentorial Uma lesão medular que realça com contraste equivale a uma lesão encefálica que realça com contraste Cada lesão medular conta como uma lesão para completar o número de lesões E S C L E R O S E M Ú LT I P LA – I r ê n i o G o m e s Critérios Diagnósticos (McDonald, 2001 – r. 2005) Critérios de Disseminação Temporal à RM Lesão Gd+ pelo menos 3 meses após o sintoma inicial, se fora do local do evento clínico inicial. Nova lesão em T2 que apareça em qualquer momento, comparada com uma RM prévia, realizada pelo menos 30 dias após o evento clínico inicial E S C L E R O S E M Ú LT I P LA – I r ê n i o G o m e s Diagnóstico Diferencial E S C L E R O S E M Ú LT I P LA – I r ê n i o G o m e s Diagnóstico Diferencial Doenças vasculares Fístulas arterio-venosas espinais Vasculite do SNC Hemangioma cavernoso CADASIL Lesões da fossa posterior e medula espinal Malformação de Arnold-Chiari Ataxias ou mielopatias não-hereditárias Doenças neoplásicas da medula espinal E S C L E R O S E M Ú LT I P LA – I r ê n i o G o m e s Diagnóstico Diferencial Transtornos do metabolismo Esclerose combinada sub-aguda da medula Leucodistrofias Doenças auto-imunes LES, doença de Sjogren, doença de Behçet, sarcoidose, síndrome do anticorpo anti-fosfolípide Infecções Mielopatia associada ao HIV, HAM/TSP, sífilis Síndromes genéticas Ataxias e paraplegias hereditárias Doenças mitocondriais E S C L E R O S E M Ú LT I P LA – I r ê n i o G o m e s Diagnóstico Diferencial E S C L E R O S E M Ú LT I P LA – I r ê n i o G o m e s EDSS: Progressão da incapacidade 10.0 = Morte devido à EM 9.0–9.5 = Completamente dependente Habilidade à marcha Confinado à Cadeira de rodas ou cama 8.0–8.5 = Confinado à cama/cadeira; AVD c/ ajuda 7.0–7.5 = Confinado à cadeira de rodas 6.0–6.5 = Necessita de assistencia à marcha 5.0–5.5 = Limitação crescente à marcha 4.0–4.5 = Incapacidade é moderada Anda com ajuda (<5 metros) Anda com ajuda (20–100 metros ou mais) Anda sem ajuda (110–200 metros ou mais) Anda sem ajuda (200 metros ou mais) 3.0–3.5 = Incapacidade é de leve a moderada 2.0–2.5 = Incapacidade é mínima 1.0–1.5 = Sem incapacidade 0 = Exame neurológico normal Ambulatorial E S C L E R O S E M Ú LT I P LA – I r ê n i o G o m e s EDSS 4 : alguma limitação para deambular, porém anda mais de 500 m sem ajuda ou descanço 6 : anda com suporte unilateral por menos de 100 m sem repouso 7 : incapaz de andar 10 m E S C L E R O S E M Ú LT I P LA – I r ê n i o G o m e s Progressão da EM EDSS Freq. Tempo médio 4 56% 8 anos 6 32% 20 anos 7 21% 30 anos E S C L E R O S E M Ú LT I P LA – I r ê n i o G o m e s Fatores prognósticos: Tempo para atingir EDSS = 4 (variáveis associadas a maior tempo – melhor prognóstico) – Sexo feminino – Menor idade de início – Sintoma inicial: Neurite óptica e não trato longo – Recuperação completa após o 1o. surto – Tempo longo entre 1o. e 2o. surto – Menor número de surtos nos primeiros 5 anos E S C L E R O S E M Ú LT I P LA – I r ê n i o G o m e s Fatores prognósticos: Tempo para atingir EDSS = 6 e 7 (variáveis associadas a maior tempo – melhor prognóstico) – TODAS AS ANTERIORES – Curso inicial em S.R. – Maior tempo para atingir EDSS = 4 E S C L E R O S E M Ú LT I P LA – I r ê n i o G o m e s Fatores prognósticos: Tempo, após início da fase progressiva, para passar de EDSS = 4 para 6 – Nenhuma variável associadas a maior tempo Tempo, após início da fase progressiva, para passar de EDSS = 6 para 7 (variáveis associadas a maior tempo – melhor prognóstico) – Recuperação incompleta do 1o. Surto – Maior tempo entre o 1o. e o 2o. surto E S C L E R O S E M Ú LT I P LA – I r ê n i o G o m e s Fatores prognósticos: Formas – inicialmente progressivas Sexo feminino está associado a progressão um pouco mais lenta – Nenhuma outro fator prognóstico identificado E S C L E R O S E M Ú LT I P LA – I r ê n i o G o m e s Gravidez E S C L E R O S E M Ú LT I P LA – I r ê n i o G o m e s Efeitos de Imunizações Vacina para vírus B da hepatite não influencia o aparecimento de EM Qualquer imunização (incluindo vírus B) não aumenta o risco de surtos em portadores de EM E S C L E R O S E M Ú LT I P LA – I r ê n i o G o m e s Esclerose Múltipla: Quadro Clínico e Diagnóstico Irênio Gomes