SEPSE FACIMED – Curso de Medicina Prof. Ms. Alex Miranda Rodrigues Ao final das duas aulas o aluno deverá: Reconhecer o conceito de Sepse. Saber diferenciar cada um dos termos relacionados à Sepse. Reconhecer os principais mecanismos fisiopatológicos e a patogenia geral da Sepse. Identificar em linhas gerais a abordagem do paciente portador de sepse. Prof. Ms. Alex Miranda Rodrigues O que estas pessoas tem em comum? EPIDEMIOLOGIA • • • • • Alta incidência. Alta morbidade. Alta mortalidade / letalidade. Altíssimos custos. Hospitalizações ocorridas entre 1979 a 2000 nos EUA: – 10.319.418 casos de sepse • • • • Mais freqüente em homens (RR:1,28), raça não branca (RR: 1,90) Bactérias Gram-positivas (8,7%) Aumento da sepse fúngica (207%) Diminuição da mortalidade intra-hospitalar (17,9%) Epidemiologia. • Aumento nos últimos anos. – Principais fatores: • Envelhecimento da população. • Aumento da expectativa de vida de pacientes com comorbidades significativas. • SIDA. – Também contribuiram: • Maior número de intervenções invasivas. • Uso irracional de antibióticos. • Terapia imunossupressoras. Custo • • • • • • 21 UTIs públicas/privadas – Brasil 524 pacientes Mortalidade: 43,8% Média custo – U$ 9.632/paciente Tempo permanência: 10 dias Custo/dia UTI: – Sobreviventes: U$ 826 – Não sobreviventes: U$ 1094 (p< 0,001) Sogayar AMC et al. A multicentre, prospective study to evaluate cos of septic patients in Brazilian Intensive Care Units. PharmacoEconomics 2008;26:425-434 Fonte: VEIGA, VC. 2008. capturado em www.ineti.med.br SEPSE Estudo BASES (Brazilian Sepsis Epidemiological Study) n = 1383 pacientes / 30,5 % admissões Pacientes (n) Mortalidade Choque Séptico (sepse mais hipotensão refratária) Sepse Grave (sepse mais falência de órgãos) Sepse (SIRS mais evidência de infecções) Síndrome da Resposta Inflamatória Sistêmica ( 2 ou + ) Temperatura: > 38oC ou < 36oC/ FC >90BPM FR >24 MRM Leucócitos: >12.000 ou < 4000 cel / mm3 > 10% bastonetes 203 (23 %) 52,2 % 241 (27,3 %) 46,9 % 415 (46,9%) 33,9 % 785 (88,8%) 24,2 % (I) 11,3 % (SI) Silva E.,Critical Care, 2004 Relação entre a infecção, SIRS, Sepse, Sepse Grave e Choque Séptico SEPSE Pancreatite Sepse grave Infecção Choque Séptico SIRS Queimaduras TRAUMA Outros Bone et al. Chest 1992;101:1644 Apud. Cardoso, G. 2008 FISIOPATOLOGIA • Imunidade Inata resposta inflamatória na sepse precoce – TLRs • Especificidade e amplificação da resposta imune para imunidade adaptativa – Mediadores proinflamatórias – Mediadores antiinflamatórias • Fatores de Coagulação. • Alterações neuroendócrinas. Fisiopatologia FISIOPATOLOGIA FISIOPATOLOGIA Atividade pró-coagulante na Sepse Parede das bactérias TERMO DEFINIÇÃO Bacteremia Presença de bacterias na circulação sanguínea evidenciadas pela positividade de hemoculturas Septicemia Presença de microbios ou suas toxinas no sangue. Síndrome da Dois ou mais dos seguintes critérios: (1) febre ou hipotermia(<36°C); (2) taquipnéia(>24 irpm); (3) resposta inflamatória taquicardia(FC>90 beats/min); (4) leucoditose(>12,000/L), leucopenia(<4,000/L), ou>10% de sistêmica (SIRS) bastonetes; pode ser de causa não infecciosa. Sepse SIRS com etiologia suspeitada ou comprovadamente infecciosa Sepse grave(similar a Sepsis com um ou mais sinais de disfunção orgânica por exemplo: "sepsis syndrome") 1. Cardiovascular: PA sistólica ≤ 90 mmHg ou PAM ≤ 70 mmHg com resposta à administração de volume EV. 2. Renal: Débito urinário <0.5 mL/kg por hora por 1 h com administração adequada de volume 3. Respiratorio: PaO2/FIO2 250 ou 200 caso o pulmão seja o único órgão disfuncional.. 4. Hematologico: Plaquetas<80,000/L ou 50% de diminuição na contagem plaquetária em relação ao valor máximo nos últimos 3 dias. 5. Acidose metabolica não justificada: pH 7.30 ou deficit de base de 5.0 mEq/L e lactato plasmátocp de >1.5 vezes o limite superior do laboratório 6. Administração adequada de volume : Pressão da artéria pulmonar de 12 mmHg ou PVC de 8 mmHg Choque séptico Sepsis com hipotensão (PAS<90mmHg systolic, ou 40 mmHg abaixo que a PA habitual) por pelo menos 1 h com administração adequada de volume; ou Necessidade de drogas vasoativas para manutenção da pressão arterial sistólica >90mmHg ou PAM> 70 mmHg Choque séptico refratário Choque septico por mais de 1 horas e sem resposta à com administração adequada de volume ou drogas vasopressoras. Síndrome de falência Disfunção de um ou mais orgãos com necessidade de intervenção para manutenção da homeostase. múltipla dos órgãos Choque Definição. Falência circulatória associada a grave distúrbio da microcirculação e hipoperfusão generalizada de tecidos e órgãos. Prof. Ms. Alex Miranda Rodrigues Choque Queda da perfusão tecidual. ↓ da oferta de Oxigênio e nutrientes para as células. ↓ da remoção adequada dos catabólitos. Metabolismo celular em anaerobiose Prof. Ms. Alex Miranda Rodrigues Choque - Etiopatogênese O estado de hipoperfusão, com queda da pressão na microcirculação, com baixa perfusão generalizada, que caracteriza o choque pode ser causado por: Distúrbio inicial da macrocirculação. Choque cardiogênico. Choque hipovolêmico. Distúrbio da distribuição do volume sanguíneo. Choque séptico. Choque anafilático. Choque neurogênico. Prof. Ms. Alex Miranda Rodrigues Prof. Ms. Alex Miranda Rodrigues Choque Séptico Provocado por infecções. Todas as alterações metabólicas podem ser induzidas pela administração de Lipopolissacarídes (LPS). A ligação destas substâncias a receptores endoteliais e a leucócitos promove a liberação de vários mediadores químicos, entre eles citocinas e TNFα que induzem diretamente à Síndrome da Resposta Inflamatória Sistêmica (SIRS). Prof. Ms. Alex Miranda Rodrigues Prof. Ms. Alex Miranda Rodrigues Sobrevida de acordo com a presença de choque e tratamento empírico adequado Valles et al. Chest 2003; 123:1615 Fonte: VEIGA, VC. 2008. capturado em www.ineti.med.br APACHE II Variável +4 +3 +2 +1 0 +1 +2 +3 +4 Temperatura (ºC) > 41 39-40,9 - 38,5-38,9 36-38,4 3435,9 32-33,9 30-31,9 <29,9 PAM (mmHg) >160 130-159 110-129 - 70-109 - 50-69 - <49 FC >180 140-179 110-139 - 70-109 - 55-69 40-54 <39 FR (ventilada ou não ventilada) <50 35-49 - 25-34 12-24 10-11 6-9 - <5 PaO2 >500 350-499 200-349 - <200 61-70 - 55-60 <55 pH arterial >7,7 7,6-7,69 - 7,5-7,59 7,33-7,49 - 7,25-7,32 7,15-7,24 <7,15 Na sérico(mmol/l) >180 160-179 155-169 150-154 130-149 - 120-129 111-119 <110 K sérico (mmol/l) >7 6-6,9 - 5,5-5,9 3,5-5,4 3,0-3,4 2,5-2,9 - <2,5 Cr sérica (mg/dl) escore duplo para IRA >3,5 2,0-3,4 1,5-1,9 - 0,6-1,4 - <0,6 - - Ht (%) >60 - 50-59,9 46-49,9 30-45,9 - 20-29,9 - <20 Leucócitos >40 - 20-39,9 15-19,9 3-14,9 - 1-2,9 - <1 HCO3 venoso (usar somente se não houver gases arteriais) >52 41-51,9 - 32-40,9 22-31,9 - 18-21,9 15-17,9 <15 Escala Glasgow ( 3 – 15) = __________ (não interfere na pontuação) Idade: > 75 anos (6 ptos) 65-74 (5ptos) 55-64 (3ptos) 45-54 (2ptos) < 44 (0) Dçs crônicas: biópsia hepática com cirrose, ICC CFIII, DPOC severa, dçs crônicas, imunocomprometidos ( ) nenhum – 0 ( ) não cirúrgicos – 5 ptos ( ) cirurgia urgência – 5ptos ( )cir eletivas – 2ptos TOTAL PTOS: ________ DATA: ____/____/____ Tratamento RESSUSCITAÇÃO INICIAL DIAGNÓSTICO + Culturas Pacote ANTIBIÓTICOS 6 horas CONTROLE DO FOCO REPOSIÇÃO VOLÊMICA INOTRÓPICOS ESTERÓIDES PROTEÍNA C ATIVADA DERIVADOS DE SANGUE Pacote VENTILAÇÃO MECÂNICA 24 horas SEDAÇÃO / ANALGESIA / BLOQUEIO CONTROLE GLICÊMICO RIM E BICARBONATO TROMBOSE VENOSA ÚLCERA DE STRESS LIMITES NO TRATAMENTO Fonte: VEIGA, VC. 2008. capturado em www.ineti.med.br Dellinger et al, CCM 30:536, 2004