BIOLOGIA E ACHADOS CLÍNICOS DOS MENINGIOMAS Ricardo Baeta Agosto/2010 INTRODUÇÃO • Meningiomas estão entre os tumores cerebrais primários mais frequentes • A maioria são benígnos, porém sua localização no SNC pode causar importante morbilidade e mortalidade • Originam-se dos revestimentos aracnóideos do cérebro EPIDEMIOLOGIA • 1/3 de todos os tumores cerebrais • Incidência aumenta progressivamente com a idade, com a maioria dos casos ocorrendo em indivíduos idosos • São raros em crianças, exceto naquelas com síndromes hereditárias (NF2) ou antecedentes de radiação terapêutica • São mais comuns em mulheres (3-1) • Predominância das mulheres é menor nos meningiomas atípicos ou anaplásicos • Nos meningiomas espinhais (10% de todos os meningiomas), predominância nas mulheres chega a 9-1 FATORES DE RISCO • RADIAÇÃO IONIZANTE • TÍNEA CAPITIS: Irradiação em baixas doses era usada para tratar tínea. Estudo evidenciou risco sete vezes maior de incidência de meningiomas. Múltiplos meningiomas foram mais comuns em pacientes irradiados, e a taxa de recorrência também foi maior • RX DENTAL • SOBREVIVENTES DA BOMBA ATÔMICA • RADIOTERAPIA • FATORES HORMONAIS – Evidências que sugerem o risco: • Incidência maior em mulheres • Risco maior em mulheres que usam hormônios exógenos • Presença frequente de receptores que estão associados com uma resposta proliferativa à hormônios esteróides • Associação entre câncer de mama e meningioma • Sintomas dos meningiomas podem ser exacerbados na gravidez • FATORES GENÉTICOS: Meningiomas são encontrados em doenças genéticas bem descritas, assim como associados a outras doenças malígnas, sugerindo uma base genética comum. • Neurofibromatose – Incidência aumentada em ambos os tipos • Meningioma familiar – Doença rara,com menos de 20 famílias descritas na literatura. Quase sempre associado a NF2 • TRAUMA CRANIANO APRESENTAÇÃO CLÍNICA • Podem se originar em qualquer local da dura • Mais comum intra-craniana e locais de reflexão (foice, tentorio, e adjacente aos seios venosos) • Outros locais menos comuns incluem a bainha do nervo óptico e plexo coróide • Aproximadamente 10%: espinhal TUMORES ASSINTOMÁTICOS • Maioria dos meningiomas são assintomáticos ou oligossintomáticos • A maioria desses tumores apresentam crescimento lento • Estima-se que a incidência seja de 0.9%, e que aumenta com a idade CONVULSÕES • 25 A 40% • Mais comum nos supratentoriais • Localizados na convexidade • Associados a edema peritumoral associado ACHADOS FOCAIS • ALTERAÇÕES VISUAIS • 1/3 apresentam sintomas de perda visual, defeitos no campo visual, e/ou diplopia • Alterações no campo visual são frequentes nos paraselares • Síndrome de Foster-Kenned – paraselar ou subfrontal • Perda visual progressiva pode ser provocada por meningioma da bainha do II NC (pode ser confundida com neurite óptica) • Fraqueza nos movimentos extraoculares pode estar associada a meningioma de seio cavernoso • PERDA AUDITIVA – ângulo ponto-cerebelar/neurossensorial • ALTERAÇÃO NO ESTADO MENTAL • FRAQUEZA DOS MEMBROS • HIDROCEFALIA OBSTRUTIVA • HEMORRAGIA ESPONTÂNEA (raro) DIAGNÓSTICO • IMAGEM • RNM – Mostra a origem dural do tumor na maioria dos casos • Isointenso ou hipointenso em T1, e isointenso ou hiperintenso em T2. • Captação homogênia de contraste • “tail” sign • TCC - Massa extra-axial bem definida que desloca o cérebro • Contorno liso, adjacente às estruturas durais, e algumas vezes calcificados ou multilobulados • Sem contraste: isointensidade com aspecto normal ao redor • Com contraste: captação uniforme • 15% exibem achados atípicos com necrose, formação cística, ou hemorragia. • Margens indistinguíveis, edema acentuado, projeções com aspecto de cogumelo, infiltração profunda do parênquima cerebral, captação heterogênia, sugerem malignidade • Esclerose reativa, invasão ou erosão óssea (1/2 tumores da base) DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL • Diversos processos patológicos podem envolver a dura ou o espaço subdural, resultando em aparência que pode sugerir meningioma • Linfoma, carcinoma metastático, lesões inflamatórias (sarcoidose e Wegener), e infecções (tuberculose) PATOLOGIA CLASSIFICAÇÃO DA OMS • OMS grau I – Meningiomas benígnos; 90% de todos os meningiomas. Expressão de vimentina é comum. Degeneração gordurosa, hemorragia, calcificação e formação cística também podem ocorrer. São divididos em subtipos, baseados em critérios morfológicos, porém a abordagem é igual para todos • OMS grau II – Meningiomas atípicos apresentam atividade mitótica aumentada (> ou = 4 mitoses por campo), e três ou mais dos seguintes achados: celularidade aumentada, células pequenas com aumento nuclear, arquitetura incaracterística, necrose focal. Representam 5% dos casos • OMS grau III – Meningiomas malígnos (anaplásicos) compreendem 3 a 5% dos casos. Padrão francamente anaplásico ou indiferenciado, metástase à distância, mitoses abundantes com formas atípicas, e múltiplos focos de necrose PATOGÊNESE • Originam-se supostamente por um processo em múltiplas etapas envolvendo tanto ativação de oncogenes como perda de genes supressores tumorais • Os genes envolvidos mais frequentemente na patogênese dos meningiomas são NF2 e DAL-1 • Neurofibromatose tipo 2 – mutação do gene NF2 no cromossomo 22, também identificada em metade dos meningiomas esporádicos. A deleção do gen e perda do produto proteico, merlina, que age como supressor tumoral, promove o crescimento celular • DAL-1, e seu produto, proteína 4.1B, que acredita-se serem frequentemente envolvidos nos meningiomas sem mutações no gen NF2 • Tem sido demonstrado em aproximadamente 60% dos meningiomas esporádicos PONTOS CHAVES • Tumores cerebrais dos mais frequentes • Principalmente em idosos • Predominância em mulheres • Relação com irradiação craniana e neurofibromatose • 90% apresentam crescimento lento e são histologicamente benígnos