Compreensão Clínica do Edema Dr Cristiano da Silva Ribas Professor Clínica médica – curso medicina - Universidade Positivo Preceptor residência de clínica médica - Departamento de clínica médica – Hospital Cajuru Chefe Serviço de Emergências clínicas e SSC – Hospital Cajuru Membro Departamento de Clínica Médica – Hospital Vita Curitiba Médico da Unidade de Terapia Intensiva – Hospital Pilar Médico do Serviço de Atendimento Médico de Urgência – SAMU Curitiba DEFINIÇÃO “Acúmulo de líquido no tecido intercelular (intersticial), nos espaços ou nas cavidades do corpo” COMPARTIMENTOS DE LÍQUIDOS NO ORGANISMO . Água total do organismo 45-60% do peso Tecido conjuntivo 1,5% Interstício e linfa 12% Extracelular 16-28% Intracelular 30-40% Plasma 4,5% Água do osso 4,5% Transcelular 1,5% MOVIMENTO DOS LÍQUIDOS Forças de Starling: Pressão coloidosmótica nos capilares e no líquido intersticial - Pressão hidrostática nos capilares e no líquido intersticial - Permeabilidade da parede endotelial Sistema linfático – coleta de proteínas filtradas e líquido do interstício e retorno para intravascular - FISIOPATOLOGIA DO EDEMA EQUILÍBRIO DE STARLING Indivíduos normais: quantidade de líquido filtrada é quase igual à quantidade absorvida A quantidade de líquido filtrado irá retornar à circulação através dos capilares linfáticos Extremidade arterial do capilar (30 mmHg) ocorre filtração, enquanto na extremidade venosa (10 mmHg) ocorre absorção. CLASSIFICAÇÃO DOS EDEMAS - - Quanto à distribuição: Localizado Generalizado (anasarca) Simétrico Assimétrico Gravitacional Postural - EXSUDATO: Líquido acumulado no interstício, rico em células e em proteínas Processos inflamatórios Alterações da permeabilidade da parede vascular Obstrução linfática TRANSUDATO: Líquido acumulado no interstício pobre em células e em proteínas Aumento da pressão hidrostática Diminuição da pressão oncótica intravascular - - - - Quanto a consistência: Mole:sinal do cacifo ou fóvea – infiltrado de água Duro: mixedema ou linfedema crônico – proliferação fibroelástica edemas de longa duração Quanto a elasticidade: Elástico : inflamatório-alérgico – típico da inflamação aguda Inelástico: mixedema- linfedema crônico Quanto a intensidade: - Fóvea ou cacifo: + a ++++ Aspectos da pele circunjacente: Palidez, cianose, eritema , “livedus reticularis”, quente ou fria, úmida ou seca , etc... PRINCIPAIS CAUSAS CARDÍACA: - Insuficiência Cardíaca Esquerda/Direita - IC Congestiva PULMONAR: - Cor Pulmonale HEPÁTICA: - Hepatite Crônica - Cirrose RENAL: - Glomerulonefrite: Sd nefrótico - IRA e IRC - - VENOSA: Trombose e insuficiência venosa, síndrome póstrombótica LINFÁTICA: Obstrução (infecção, parasitas, tumores, trauma) HORMONAL: Menstrual, Gravidez Doença de Cushing FÁRMACOS: Glicocorticóides Estrogéneos Edema causa inflamatória Aumento permeabilidade capilar TNF-alfa IL-1 IL-10 NO 1992 ACCP/SCCM Consensus Conference Definitions for Sepsis and Organ Failure SEPSE PANCREATITE SEPSE GRAVE INFECÇÃO CHOQUE SÉPTICO SIRS QUEIMADURAS TRAUMA OUTROS Bone et al. Chest 1992;101:1644 Edema e Insuficiência Cardíaca Um dos sinais cardinais da ICC Generalizado com predominância nos membros inferiores Vespertino - região pré sacra nos acamados Mole, inelástico e indolor, pele circunjacente pode se apresentar lisa e brilhante Edema e Doença Renal Síndrome nefrótica principalmente hipoalbuminemia, hiperlipidemia, edema – proteinúria, Nefropatia diabética e glomerulonefrites Edema generalizado, predominantemente facial regiões subpalpebrais - evidente no período matutino Retenção sódio pelo rim, hipoalbuminemia e Edema na Cirrose Hepática Edema generalizado discreto Predomina nos MMII ascite asociada É mole, inelástico e indolor Hipoproteinemia Hiperaldosteronismo secundário, responsável pela retenção de sódio e água, semelhante à ICC Edema Alérgico Generalizado ou certas áreas, principalmente a face. Súbito e rápido - pele lisa e brilhante, temperatura aumentada e coloração rubra. Trata-se de um edema mole e algo elástico. Fenômenos angioneuróticos Aumento da permeabilidade capilar – liberação histamina Edema e Insuficiência Venosa Crônica Incompetência valvular – hipertensão venosa Uni/bilateral Varicose, endurado, fibrose, pigmentação Sintomas de dor Porta de entrada – celulite/erisipela Úlceras de estase Linfedema Esvaziamento ganglionar axilar, filariose É resultante do comprometimento do sistema linfático. O de longa duração costuma ser duro, não depressível, frio, indolor e não regride com o repouso. Drogas Antidepressivos Bloqueadores canal cálcio – diidropiridínicos nifedipina e anlodipina Vasodilatadores diretos – minoxidil, hidralazina Beta-bloqueadores Agentes de ação central – clonidina, metildopa Corticóides Estrogêneos Testosterona AINES Glitazonas Mixedema Hipotireoidismo Eventalmente no hipertireoidismo Deposição de substância mucopolissacaríde (glicoproteínas) no espaço intersticial Secundariamente uma certa retenção de água – mecanismo não é claro. Edema pouco depressível, inelástico, não muito intenso Raciocínio Clínico Insuficiência Cardíaca Dispnéia esforços, DPN, ortopnéia HAS, DM Exame físico ECG, RxTx Raciocínio Clínico Doença Renal Hematúria, urina espumosa Tipo edema DM, HAS, glomerulonefrite, abuso AINES, malária Parcial urina, proteinúria 24hs, creatinina, uréia, albumina Raciocínio Clínico Cirrose hepática Estigmas – ascite, eritema palmar, telangiectasia, encefalopatia, circulação colateral Abuso etanol, HBV, HCV Provas de função e lesão hepática, ecografia abdominal Raciocínio Clínico Drogas Edema cíclico Causas locais Raciocínio Clínico Hipoalbuminemia - 3 possibilidades: 1. Não tem substrato para fabricar Desnutrição – paciente internado e paciente crítico, pós-operatório Síndromes disabsortivas – celíaca, intolerância lactose, diarréias crônicas Raciocínio Clínico Hipoalbuminemia - 3 possibilidades 2. Não fabrica direito Insuficiência hepática /cirrose hepática Raciocínio Clínico Hipoalbuminemia - 3 possibilidades 3. Perdendo proteína Doença renal – proteinúria Lesões extensas pele – psoríase, Steven-Johnson Não tratar com diurético simplesmente Investigar Exames de acordo com raciocínio clínico