UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ FACULDADE DE MEDICINA MONITORIA DE EPIDEMIOLOGIA E BIOESTATÍSTICA 2013.2 Estudos Observacionais ANDERSON LIMA OUTUBRO, 2013 PRÉ-TESTE Q1. Um estudo foi realizado para verificar associação entre tabagismo e tromboangeíte obliterante. Foram incluídos na investigação 330 pacientes masculinos com diagnóstico comprovado de TO. Desses, 60 eram tabagistas crônicos. Entre 500 controles, 50 foram considerados tabagistas. Construa uma tabela de contingência 2x2 e responda: a) Qual o tipo de estudo? Como ele é classificado? b) Há associação entre tabagismo e TO? De quantas vezes? Qual a medida de associação utilizada? c) Interprete os resultados DESCRITIVO E ANALÍTICO DE INDIVÍDUOS E DE GRUPOS CONTROLADO E NÃO-CONTROLADO DE OBSERVAÇÃO E DE INTERVENÇÃO TIPOS DE ESTUDO EXPERIMENTAL E QUASE-EXPERIMENTAL LONGITUDINAL E TRANSVERSAL COORTE E CASO-CONTROLE PROSPECTIVO E RETROSPECTIVO (PEREIRA, 12ª EDIÇÃO) Tipos de Esrudos DELINEAMENTO CRITÉRIOS DE CLASSIFICAÇÃO Propósito Geral do Estudo Descritivo Analítico Modo de Exposição das pessoas ao fator em foco Observacional Intervencionista Direção temporal das observações Estudos Prospectivos Estudos Retrospectivos Estudos Transversais Unidade de Observação Indivíduo Grupo de Indivíduos (Estudos Ecológicos) (PEREIRA, 12ª EDIÇÃO) ESTUDO DE COORTE DOENÇA (EFEITO) EXPOSIÇÃO (CAUSA) ESTUDO DE CASO-CONTROLE ESTUDO TRANSVERSAL Estudos Transversais DEFINIÇÃO Estudo Transversal Transversal, Seccional ou de Prevalência “Estratégia de estudo epidemiológico que se caracteriza pela observação direta de determinada quantidade planejada de indivíduos em uma única oportunidade.” (MEDRONHO, 2ª edição) Estudo Transversal A LÓGICA Corte no tempo – Exposição e Desfecho são avaliados ao mesmo tempo Normalmente utilizam questionários estruturados Perguntas que podem responder: Quais são as frequências do fator de risco e do desfecho em estudo? - PREVALÊNCIA Existe ASSOCIAÇÃO entre o fator de risco e o desfecho em questão? - ASSOCIAÇÃO (BASTOS, J. L. D., DUQUIA, R. P. 2007) Estudo Transversal VANTAGENS Baixo custo, facilidade e rapidez na realização Garante maior quantidade de dados coletados em pouco tempo Estudo Transversal DESVANTAGENS Não mostra causalidade Dificuldade para identificar condições de baixa prevalência Pode precisar de amostras muito grandes Viés de Prevalência – Doenças de quadros agudos, de remissão periódica e sazonais Estudo Transversal DELINEAMENTO Definir a população de interesse Determinar a presença ou ausência do desfecho ou da exposição para cada indivíduo estudado Organizar a TABELA DE CONTINGÊNCIA Estudo Transversal DELINEAMENTO SELEÇÃO DA POPULAÇÃO EXPOSTOS E DOENTES COLETA DOS DADOS AMOSTRA EXPOSTOS E NÃO DOENTES NÃO EXPOSTOS E DOENTES NÃO EXPOSTOS E NÃO DOENTES A N Á L I S E TABELA Estudo Transversal Frequências Doentes Não Doentes Total Expostos a b a+b Não Expostos c d c+d Total a+c b+d N PREVALÊNCIA DA DOENÇA = a+c N PREVALÊNCIA DA DOENÇA EM EXPOSTOS = PREVALÊNCIA DA DOENÇA EM NÃO EXPOSTOS = a a+b c c+d RAZÃO DE = PREVALÊNCIA 15 idosos de um Grupo de Convivência COLETA DOS DADOS WHOLQOL-OLD + WHOQOL-BREF e Formulários de Identificação Estudos Ecológicos Estudo Ecológico A LÓGICA Unidade de Análise – Grupos populacionais e não o indivíduo Associação a nível populacional não necessariamente ocorre a nível individual – FALÁCIA ECOLÓGICA As variáveis ecológicas podem ser extraídas de estatísticas globais que são feitas regularmente: Censos (IBGE), Registros oncológicos... (BASTOS, J. L. D., DUQUIA, R. P. 2007) Estudo Ecológico VANTAGENS Baixo custo, facilidade e rapidez na realização Simplicidade Analítica Capacidade de gerar hipóteses Estudo Transversal Baixo poder analítico Vulnerável à Falácia Ecológica DESVANTAGENS Estudos de Coorte A LÓGICA Estudo de Coorte INDIVIDUADOS – OBSERVACIONAIS – LONGITUDINAIS Capazes de abordar hipóteses etiológicas Conhecer, avaliar ou confirmar a contribuição de uma determinada exposição como fator de risco para determinada doença TEMPO DIREÇÃO DO ESTUDO DOENÇA EXPOSTOS S/ DOENÇA Pessoas s/ a doença DOENÇA NÃO EXPOSTOS S/ DOENÇA Estudo de Coorte A LÓGICA Quanto ao momento de Referência dos dados e Momento de realização da pesquisa Concorrente (Prospectivo) Encaminhamento da pesquisa e Fenômeno pesquisado em PARALELO e CONCOMITANTEMENTE Não Concorrente - Coorte Histórica (Retrospectivo) Grupos que foram expostos a fatores de risco no passado / REGISTROS SISTEMÁTICOS da exposição e do efeito – PRONTUÁRIOS MÉDICOS Estudo de Coorte VANTAGENS Fornece a melhor informação sobre a etiologia das doenças e a medida mais direta do risco de desenvolvê-la Grande poder analítico Excelente para testar hipóteses Simplicidade de desenho Estudo de Coorte DESVANTAGENS Bastante caros, necessitam de longos períodos de acompanhamento Coortes históricas precisam de registros médicos confiáveis A dinâmica de populações humanas dificulta a observação de coortes fixas. Se a doença é pouco frequente a amostra tem que ser muito grande Vulnerável a perdas Estudos de Caso-Controle Estudo de Caso-Controle A LÓGICA INDIVIDUADOS – OBSERVACIONAIS – LONGITUDINAIS - RETROSPECTIVOS Início a partir do desfecho e investigam-se exposições que ocorreram no passado (Desfecho p/ Exposição) Grupos de casos seguramente diagnosticados e controles “comparáveis” aos casos, obedecendo o princípio da máxima similaridade TEMPO DIREÇÃO DO ESTUDO EXPOSTOS N EXPOSTOS CASOS População EXPOSTOS N EXPOSTOS CONTROLES VANTAGENS Estudo de Caso-Controle Baixo custo relativo Grande potencial analítico para doenças raras ou com grandes períodos de latência DESVANTAGENS Estudo de Caso-Controle Incapaz de estimar risco (reduzido poder descritivo) Vulnerável a viés de seleção, devido a necessidade de determinar um grupo-controle Complexidade analítica Medidas de Associação e Risco CASUALIDADE Medidas de Associação e Risco Análise dos dados Medidas de Ocorrência (Medidas de tendência central e de Dispersão) Medidas de Significância Estatística Medidas de ASSOCIAÇÃO - Avaliar a coincidência de um dado evento na presença de um fator de risco / Força ou magnitude de uma associação entre variáveis CASUALIDADE Medidas de Associação e Risco Estudos Transversais e de Coorte Razão de Prevalência Estudos Caso-Controle Odds ratio (OR) Razão de Incidência (RR e RA) CASUALIDADE Medidas de Associação e Risco Risco Relativo: Quantas vezes mais tendência uma pessoa exposta ao fator de risco tem de desenvolver a doença Frequências Doentes Não Doentes Total Expostos a b a+b Não Expostos c d c+d Total a+c b+d N RR = Incidência do desfecho nos expostos Incidência do desfecho nos Não-expostos RR = 1 Não há associação exposição-doença RR ˂ 1 Possivelmente Proteção Fator de Proteção = a / (a + b) c / (c + d) RR ˃ 1 Possivelmente Causal Fator de Risco OBS: Intervalo de Confiança com valor 1 – Fator de Risco não é significativo!!! CASUALIDADE Medidas de Associação e Risco Risco Atribuível: Parcela da Incidência da doença decorrente do F.R. Incidência do desfecho nos expostos - Incid. do desfecho nos Não-expostos Eficácia ou Redução do Risco (RRR): Percentual de Redução do Risco RRR = 1 – RR Número Necessário para Tratar – NNT: Número de pessoas que se precisa tratar para que 1 se beneficie NNT = 1 / Inc. controles – Inc. tratados DESAFIO Medidas de Associação e Risco Morreu Não morreu Total Incidência Tratado 1352 13086 14438 9,4% Controle 1773 12613 14386 12,3% RR, RRR e NNT e explicar! RESPOSTA: RR = 0,76 – Fator de Proteção RRR = 24% - Reduziu em 24% a letalidade NNT = 0,34 – São necessários tratar 34 pacientes para que se previna uma morte. Epibio 2013.1 - Um estudo sobre o papel do tabagismo no aparecimento de câncer de bexiga encontrou valores de RISCO RELATIVO e de RISCO ATRBUÍVEL populacional percentual, respectivamente, iguais a 4 e 85%. A partir destes dados, pode-se concluir que: a) Fumantes têm um risco mais elevado de desenvolver a doença, que varia de um valor mínimo de 4 a um valor máximo de 85 b) Não fumantes têm apenas 15% de risco de desenvolver a doença, a qual se apresenta 4 vezes mais letal naqueles que iniciaram o hábito precocemente c) Não fumantes representam uma população 4 vezes maior que a de fumantes, com risco 85% menor de desenvolver a doença d) Na população estudada, 85% dos fumantes e 4% dos não fumantes situam-se sob o risco de desenvolvimento da doença e) Fumantes têm um risco 4 vezes mais elevado de desenvolver a doença, e a eliminação do tabagismo na população de estudo promoveria redução de 85% dos casos . CASUALIDADE Medidas de Associação e Risco Estudos Retrospectivos do tipo caso-controle Cálculo do RR não se aplica – 2 grupos (1 já portador da condição e outro não). Não se está avaliando, nesses estudos, o risco de um grupo exposto a um fator de risco vir a desenvolver uma doença e sim o contrário: Dado que a condição já está presente, investiga-se se houve exposição ao fator de risco retrospectivamente. Qual a chance de ter havido exposição ao fator de risco? RAZÃO DE CHANCES – ODDS RATIO CASUALIDADE Medidas de Associação e Risco Doente Não doente Exposto A B Não exposto C D OR = A x D C x B REFERÊNCIAS 1. MEDRONHO, Roberto A. Epidemiologia - 2ª edição. 2. PEREIRA, Maurício Gomes. Epidemiologia: Teoria e Prática. 2008. 3. BONITA, R.; BEAGLEHOLE, R.; KJELLSTROM, T. Epidemiologia Básica – 2ª edição – OMS 2006. 4. BASTOS, J. L. D., DUQUIA, R. P. Um dos delineamentos mais empregados em epidemiologia: estudo transversal. Scientia Medica, Porto Alegre, v. 17, n. 4, p. 229-232, out./dez. 2007. Liga de Estudos em Doenças Infecciosas SELEÇÃO 2013.2 1ª FASE: 28/10 Alunos do S1 ao S5 – Medicina UFC MATERIAL DE ESTUDO DISPONÍVEL NA XEROX CAPISTRANO! PÓS TESTE Q1. Um estudo foi realizado para verificar associação entre tabagismo e tromboangeíte obliterante. Foram incluídos na investigação 330 pacientes masculinos com diagnóstico comprovado de TO. Desses, 60 eram tabagistas crônicos. Entre 500 controles, 50 foram considerados tabagistas. Construa uma tabela de contingência 2x2 e responda: a) Qual o tipo de estudo? Como ele é classificado? b) Há associação entre tabagismo e TO? De quantas vezes? Qual a medida de associação utilizada? c) Interprete os resultados a) Caso-Controle. Individuado-Observacional-Longitudinal-Retrospectivo b) Sim, 2 vezes, OR. ‘ c) O fato de uma pessoa ser tabagista crônico eleva em duas vezes a chance da mesma em apresentar tromboangeíte obliterante.