XIII Curso Nacional de Atualização em Pneumologia
Rio de Janeiro, abril de 2012
O papel dos exames portáteis no
diagnóstico dos distúrbios
respiratórios do sono
Christiano Perin
Doutor em Pneumologia – UFRGS
TE SBPT 2008 – TE ABSono 2009
LabSono – Porto Alegre
SAOS – Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono
 Prevalência = 32,8% dos adultos em SP
Tufik S. Sleep Med 2010
 Diagnóstico:
- IAH entre 5,0 e 14,9 com sintomas (sonolência excessiva,
fadiga, sono não reparador, ronco alto, apnéias observadas)
- IAH ≥ 15 independente de sintomas
AASM. The International Classification of Sleep Disorders:
Diagnostic and Coding Manual. 2005
Métodos Diagnósticos para os distúrbios
respiratórios do sono
Tipos de Estudo
 Tipo 1 = polissonografia completa (padrão) no laboratório, assistida por um
técnico e de noite inteira (no mínimo 7 variáveis fisiológicas)
 Tipo 2 = polissonografia completa sem a presença de um técnico durante o
registro (pode ser realizada no domicílio)
 Tipo 3 = equipamentos que registram no mínimo 4 variáveis fisiológicas com,
pelo menos 2 canais respiratórios (fluxo e esforço respiratório), um sinal cardíaco
(pulso ou ECG) e SpO2 por oxímetro de pulso. Geralmente não é assistida e
realizada no domicílio
 Tipo 4 = somente uma a duas variáveis fisiológicas são registradas, sendo
uma delas a SpO2
Ferber R. Sleep 1994; 17: 378
Polissonografia completa (Tipo 1)
Prós

É o método padrão para o diagnóstico dos transtornos respiratórios do sono

Inclui registro de EEG, EOG, EMG mento, EMG pernas, ECG, fluxo aéreo
(cânula e termistor), esforço respiratório torácico e abdominal, ronco

O exame é conduzido por um técnico com treinamento específico em
polissonografia que permanece assistindo o paciente a noite toda
( o que permite a reposição de eletrodos e a resolução de artefatos ou outros problemas
durante o processo de aquisição além do registro de eventos anormais durante a noite)
Kushida CA. Sleep. 2005
Collop N. Curr Opin Pulm Med. 2008
Polissonografia completa (Tipo 1)
Polissonografia completa (Tipo 1)
Contras
 Custo elevado
 Complexo
 Inconveniente / desconfortável
Kushida CA. Sleep. 2005
Collop N. Curr Opin Pulm Med. 2008
Talvez a polissonografia completa seja um
exame complexo demais para o diagnóstico
de SAOS !
Collop N. Curr Opin Pulm Med. 2008
Exames portáteis

Portátil: equipamento que pode ser utilizado fora do laboratório do sono,
geralmente no domicílio

Tipos 3 e 4

Variedade ampla de equipamentos

Tamanho

Variáveis fisiológicas medidas

Possibilidades do software de leitura
Collop N. J Clin Sleep Med. 2011
Sem EEG
Actígrafo, posição corporal,…
Apnea Link Plus
Polissonografia portátil
Prós

Custo reduzido (dos equipamentos e do exame)

Maior conforto ao paciente

A noite do estudo é em geral mais representativa (ambiente familiar, mais
tempo de sono, menos tempo em supina)
Kushida CA. Sleep. 2005
Collop N. Curr Opin Pulm Med. 2008
Polissonografia portátil
Contras

Exame não é acompanhado pelo técnico
(pode haver perdas ou má qualidade na captação de alguns canais durante o registro)

A
maioria
não
tem
EEG,
não
permitindo
avaliar
os
dados
da
macroestrutura do sono

Como o sono não é registrado, o cálculo do número de eventos
respiratórios é realizado baseado no tempo total de registro o que
geralmente subestima o índice de eventos respiratórios/hora

Não se destina ao diagnóstico dos outros transtornos do sono
Kushida CA. Sleep. 2005
Collop N. Curr Opin Pulm Med. 2008
Eur Respir J 2003

61 pacientes com provável SAOS

PSG completa x

IAH PSG x IDR portátil (manual) - diferença 8 ± 16 eventos/h

IDR automático – baixa correlação com IAH
portátil domiciliar
(r = 0,3)

Taxa de falha = 18%
r = 0,62
Manejo Ambulatorial vs. Manejo no Laboratório do sono
Mulgrew AT. Ann Intern Med 2007
Berry RB. Sleep 2008
Antic NA. AJRCCM 2009
Skomro R. CHEST 2010
Kuna ST. AJRCCM 2011
Mulgrew AT. Ann Intern Med 2007
Berry RB. Sleep 2008
Antic NA. AJRCCM 2009
Skomro R. CHEST 2010
Kuna ST. AJRCCM 2011

ECR

Homens, IMC ± 35, Epworth ± 13, idade ± 55 anos

148 exame portátil + titulação com auto-CPAP

148 PSG completa + titulação com CPAP no lab

Diagnóstico SAOS (IAH > 15) em 88%  CPAP 3 meses

Desfechos: adesão ao CPAP, FOSQ escore, ESS, SF-12
Kuna ST. AJRCCM 2011
Kuna ST. AJRCCM 2011
Manejo Ambulatorial vs. Manejo no Laboratório do sono
 Comparado ao protocolo domiciliar, o diagnóstico e manejo da SAOS
no laboratório do sono não leva a melhores resultados em termos de
adesão ao CPAP, escores de qualidade de vida, qualidade do sono,
sonolência e PA
 Taxa de repetição do portátil = 9% a 18%
Mulgrew AT. Ann Intern Med 2007
Berry RB. Sleep 2008
Antic NA. AJRCCM 2009
Skomro R. CHEST 2010
Kuna ST. AJRCCM 2011
O papel dos exames portáteis no diagnóstico
dos distúrbios respiratórios do sono
 Resultados limitados a pacientes com alta probabilidade de SAOS, sem
comorbidades significativas e sem outros trantornos do sono,
realizados por médicos com experiência em sono
 Vida real  tomada de decisão terapêutica – “therapeutic decision-
making”
 diferentes probabilidades de SAOS
 Dados da PSG + informações clínicas  manejo
AJRCCM 2011; 184 : 964

ECR

366 pacientes com probabilidade média-alta de SAOS, sem suspeita de outros
transtornos do sono, sem doença cardíaca grave

Todos realizaram exame portátil em casa e PSG completa no laboratório

Decisões: 1) CPAP 2) não CPAP 3) decisão impossível
AJRCCM 2011; 184 : 964

Taxa de perda do portátil: 14% na 1a tentativa, 9% na 2a, 3% na 3a tentativa

Concordância geral entre os grupos de 76%

Concordância maior quanto maior o IAH do portátil
IAH > 30 = 91%
IAH 5 - 30 = 56%
 O processo de tomada de decisão com o uso do portátil em relação a
PSG completa (referência) foi adequado apenas quando o IAH foi alto
(>30), sendo deficiente em pacientes com SAOS leve a moderada
 Limita uso do portátil para pacientes com alta suspeita de SAOS
 Sem conflitos de interesse, usam muito portátil
Collop N. J Clin Sleep Med 2007
Pneumopatia moderada a grave
ICC
Neuromuscular
Collop N. J Clin Sleep Med 2007
Can Respir J 2011; 18: 25
Recomendações
• A PSG completa no laboratório, assistida por um técnico, permanece o exame
padrão-ouro para o diagnóstico dos transtornos respiratórios do sono sendo o
teste de escolha quando prontamente acessível (recomendação grau 1B)
• Os exames portáteis podem ser usados para confirmar o diagnóstico de SAOS em
pacientes com moderada a alta probabilidade pré-teste dentro de um contexto que
inclui médicos com treinamento em medicina do sono e a disponibilidade de uma
PSG completa no laboratório caso necessário (recomendação grau 1B)
Recomendações
• Os exames portáteis deveriam ser usados com cautela em pacientes com
comorbidades e para o diagnóstico de outros tipos de transtornos respiratórios do
sono (recomendação grau 2C)
• As limitações da oximetria noturna no diagnóstico e na diferenciação dos
diferentes tipos de transtornos respiratórios do sono devem ser levadas em
consideração
antes de usa-la para decisões diagnósticas e terapêuticas
(recomendação grau 1B)
Polissonografia portátil
Perfil de paciente
 Adultos com alta probabilidade pré-teste de SAOS moderada a grave
 homens, > 45 anos, obesos, HAS
 Ausência de co-morbidades clínicas que possam afetar a acurácia do
exame (ICC, DNM, DPOC grave)
 Ausência de outros transtornos do sono associados
• Pacientes com indicação de PSG por
suspeita de SAOS mas que não tem
condições de deslocamento até o laboratório
do sono
IDR = 79 eventos/h
Média SpO2 88%; mínima 55%
Masc, 55 anos, IMC= 30,5 Kg/m2
Ronco e apnéias, HAS
Polissonografia portátil
considerações

Existe uma grande diversidade de equipamentos portáteis disponíveis no
mercado

A logística do preparo do paciente deve ser determinada (paciente coloca
os sensores, técnico no domicílio, no laboratório)

Aspectos relativos a segurança do equipamento devem ser considerados
assim como a garantia do retorno do equipamento ao centro de
diagnóstico

Escore automático  sempre realizar escore manual dos dados coletados
Polissonografia portátil
considerações

A perda de dados é inerente as características do estudo não assistido (perda
dos dados em 5% a 18% dos exames)

Como o sono não é medido, algumas variáveis decorrentes de dados
provenientes da análise do EEG devem ser consideradas (% sono REM,
índice de microdespertares, eficiência do sono, RERA, etc)

Pacientes sintomáticos com exame negativo devem completar a investigação
Distúrbios Respiratórios do sono = PNEUMO
Obrigado pela atenção !
email: [email protected]
Download

Slide 1