CASO CLÍNICO
• Ident: JDS, 8 anos, sexo masculino,
mulato, procedente do interior do estado
• QD: Ronco há 3 anos
• HPMA: Pais relatam ronco alto, audível em outro
cômodo, semelhante ao ronco de um adulto,
5x/semana, sem progressão, sem relação como o
decúbito e que piora em episódios de IVAS ou de
obstrução nasal. A criança apresenta um sono
agitado, deitando em várias posições bizarras. Nos
últimos três meses, os pais observaram episódios
de parada respiratória, seguida de ronco alto.
Escala de Sonolência de Epworth modificada 7
Escala de Conners Abreviada 23 (normal < 18)
ISDA: Relata prurido, secreção e obstrução nasal
frequentes, principalmente quando exposto a mofo
ou perfume. Chiados de repetição desde o 1º ano
de vida, 8 x / ano, precipitado por mudança de
tempo ou IVAS, que não necessita de internação
salvo quanto teve BCP (2x)
DNPM: Andou com 11 meses, primeiras palavras
com 1 ano. Perda urinária noturna desde o
nascimento, atualmente 2x/semana. Cursa a 3ª
serie do ensino fundamental. Professora e Mãe
relatam que é uma criança irrequieta e agitada.
AP: Nascido de parto cesárea, PN 3.200 g, sem
anóxia. Duas internações por pneumonia no 2º
ano de vida. Infecções respiratórias frequentes, já
teve 8 OMAs, inúmeras IVAS
AF: Nega hipertensão arterial. Pai tem ronco alto e
frequente. Mãe com Rinite alérgica
Social: Casa de alvenaria, 4 cômodos 1 banheiro,
onde vivem 6 pessoas, 1 cachorro e 1 gato. Sem
locais de umidade ou bolor
Exame Físico
Peso 19 kg (percentil 5)
IMC 12,5 kg/m2 (<p5)
Estatura 1,23 m (p25)
PA 115 x 80 (p95)
BEG, corado, hidratado, eupneico, acianótico e afebril
Face alongada, mordida cruzada posterior
Oclusão dental classe II de Angle
Amígdalas Grau III, Escore de Mallampati modific. III
Nariz: secreção clara, cornetos encostam no septo, e
septo sem desvios
Tórax: MV +, sem ruídos adventícios. BRNF sem sopro
Abdômen: fígado a 1 cm RCD, RHA + e normal
Extremidades: sem edema
Neurológico: Mexeu em todos objetos do consultório
1.
Qual aspecto descrito nesse caso NÃO é
um fator de risco para a síndrome da
apneia obstrutiva do sono em crianças?
a)
b)
c)
d)
e)
Rinite alérgica
Sono agitado
Hipertrofia de amigdalas
História familiar
Asma brônquica
Fatores de Risco de SAOS em Crianças
•
•
•
•
•
•
•
Raça: negra (4x)
Historia familiar (2x)
Gênero M ~ F
Obesidade (5x)
Doenças de VAS
Chiados de repetição
Prematuridade
Curva de Crescimento - IMC
IMC
■
■
■
■
Obesidade
Sobrepeso
Saudável
Desnutrição
2. Qual são as consequências descritas que
sugerem que essa criança tem desfechos
negativos relacionados a SAOS?
a)
b)
c)
d)
e)
Enurese
Comportamento hiperativo
Sonolência excessiva diurna
Desnutrição
Hipertensão arterial
3) A conduta nesse caso deve ser:
a) Observação, a criança não necessita de
exames extras porque não é sonolenta
b) Tratar rinite alergia e controlar a asma, pois
assim o ronco diminuirá substancialmente
c) Realizar cirurgia sem investigação, pois
esse é um caso simples
d) Polissonografia, pois a criança apresenta
ronco e complicações
e) Oximetria noturna, pois é mais barato e tem
valor diagnóstico semelhante a PSG
Polissonografia
Tempo Total de Sono 7 ½ horas
N1 7,9% N2 36,9% N3 29,8%
REM 25,4%
Índice de despertar 23,9 / h
IAH 17,7 / h
IAO 7,8 / h
SpO2 basal 98%, média 95%, mínima 80%
Índice dessaturação REM 27,3 / h NREM 22,2 / h
2 minutos (0,5%) do tempo de sono SpO2 < 90%
PETCO2 REM 42, NREM 48, pico 59 mm Hg
59 min (14,7%) do tempo de sono PETCO2 > 50 mmHg
Estágios de Sono x Idade
4. Qual é o tratamento indicado nessa criança?
a) Corticoterapia nasal e inalatória
b) CPAP nasal
c) Adenoidectomia, pois é o principal sítio de
obstrução
d) Amigdalectomia, pois é o principal sítio de
obstrução
e) Adenoamigdalectomia, pois há grande chance
do paciente persistir com a SAOS
5. A forma ideal de realizar a
adenoamigdalectomia é:
a) O mais rápido possível, tipo hospital dia
para evitar mais complicações
b) Cirurgia eletiva tipo hospital dia
c) CPAP nasal domiciliar por 1 semana antes
da cirurgia, tipo hospital dia
d) Cirurgia com retaguarda da UTI, pois a
criança têm fator de risco para complicações
respiratórias peri-anestésicas
e) Cirurgia com retaguarda de UTI, pois há
maior risco de sangramento
Adenoamigdalectomia
• O paciente foi submetido a adenotonsilectomia.
• Apresentou hipóxia durante a indução anestésica,
sendo intubada na 3ª tentativa.
• Foi extubada na sala cirúrgica e apresentou
desconforto respiratório alto. Passado cânula
nasofarígea e transferida para UTI Pediátrica.
• A cânula nasofarígea foi retirada naquela noite, mas
a criança apresentou novo episódio de hipóxia, que
foi tratado com máscara de venturi FiO2 = 30%
• Alta da UTIP no 3º dia, quando por uma noite em ar
ambiente permaneceu com a SaO2 normal.
6. Em qual situação NÃO é necessário repetir a
polissonografia após a adenoamigdalectomia
em crianças com SAOS?
a) IAH > 10 / hora
b) Persistência de ronco habitual
c) Saturação mínima de oxigênio < 70%
d) Obesidade
e) Escore de Mallampati III ou IV
PSG Pós Adenotonsilectomia
Tempo Total de Sono 7 horas
N1 4,9% N2 38,1% N3 32,1%
REM 24,9%
Índice de despertar 8,7 / h
IAH 4,7 / h
IAO 3,2 / h
SpO2 basal 98%, média 97%, mínima 86%
Índice dessaturação REM 2,3 / h NREM 1,5 / h
4 min (1%) do tempo de sono SpO2 < 90%
PETCO2 REM 36, NREM 39, pico 47 mm Hg
0% do tempo de sono PETCO2 > 50 mmHg
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CASO CLÍNICO