Pela primeira vez na história, um líder árabe foi deposto por força de movimentos populares. Isso aconteceu na Tunísia, país mulçumano localizado ao norte da África. O presidente Zine Al-Abdine Bem Ali renunciou em 14 de janeiro após um mês de violentos protestos contra o governo. Ele estava há 23 anos no poder. Há décadas que governos árabes resistem a reformas democráticas. Agora, analistas acreditam que a revolta na Tunísia pode se espalhar por países do Oriente Médio e ao norte da África. O Egito foi o primeiro a enfrentar manifestações inspiradas pela “revolução do jasmim” (flor nacional da Tunísia). O novo ativismo no mundo árabe é explicado pela instabilidade econômica e pelo surgimento de uma juventude bem educada e insatisfeita com as restrições à liberdade Na Tunísia, os protestos começaram depois da morte de um desempregado em 17 de dezembro do ano passado. Mohamed Bouazizi, 26 anos, ateou fogo ao próprio corpo na cidade de Sidi Bouzid. Ele se auto imolou depois que a polícia o impediu de vender frutas e vegetais em uma barraca de rua. O incidente motivou passeatas na região, uma das mais pobres da Tunísia, contra a inflação e o desemprego. A partir daí, o movimento se espalhou pelo país e passou a reivindicar também mudanças políticas. O governo foi pego de surpresa e reagiu com violência. Estima-se que mais de 120 pessoas morreram em confrontos com a polícia. Na capital Tunis foi decretado estado de emergência e toque de recolher. Mesmo assim, milhares de manifestantes tomaram as ruas. Ben Ali foi o segundo presidente da Tunísia desde que o país se tornou independente da França, em 1956. Ele ocupava o cargo desde 1987, quando chegou à presidência por meio de um golpe de Estado. Em 2009, foi reeleito com quase 90% dos votos válidos para um mandato de mais cinco anos. Depois de dissolver o Parlamento e o governo, Bem Ali deixou o país junto com a família, rumo à Arábia Saudita. No seu lugar, assumiu o primeiro-ministro Mohammed Ghannouchi, um aliado político. Por isso, na prática, o regime foi mantido, e os manifestantes continuam em frente ao Palácio do Governo. Eles exigem a saída de todos os ministros ligados ao ex-presidente, que ainda ocupam cargos-chave no governo de transição. Egito O país é conhecido pela sua antiga civilização e por alguns dos monumentos mais famosos do mundo, como as pirâmides de Gizé e a Grande Esfinge. A sul, a cidade de Luxor abriga diversos sítios antigos, como o templo de Karnak e o vale dos Reis. O Egito é reconhecido como um país politica e culturalmente importante do Médio Oriente e do Norte de África. nome oficial: República Árabe do Egito) é um país do norte da África que inclui também a península do Sinai, na Ásia, o que o torna um estado transcontinental. Com uma área de cerca de 1 001 450 km², o Egito limita a oeste com a Líbia, a sul com o Sudão e a leste com a Faixa de Gaza e Israel. O litoral norte é banhado pelo mar Mediterrâneo e o litoral oriental pelo mar Vermelho. A península do Sinai é banhada pelos golfos de Suez e de Acaba. A sua capital é a cidade do Cairo. Governo - Presidente República Semipresidencialista Hosni Mubarak - Primeiro-ministro Ahmed Shafik Área - Total População - Estimativa de Julho de 2008 - Censo 2001 - Densidade Formação - Primeira dinastia c. 3150 a.C. - Independência do Reino Unido 28 de Fevereiro de 1922 - Declaração da República 18 de Junho de 1953 1 002 450 km² (30.º) 81 713 517 hab. (14.º) hab. 74 hab./km² (120.º) Indicadores sociais - IDH (2010) 0,620 (101.º) – médio[2] - Esper. de vida 71,3 anos (106.º) - Mort. infantil 29,3/mil nasc. (115.º) - Alfabetização 71,4% (132.º) Moeda Libra egípcia (EGP) Vista do Cairo, a maior cidade da África e do Oriente Médio. A revolta se espalhou por países vizinhos como Egito, Líbia, Síria, Iêmen, Omã, Jordânia, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos. Na Líbia e em Omã, por exemplo, o ditador Muammar Gaddafi estava no poder a mais de 40 anos O movimento, chamado "dia da revolta" foi inspirado pela "revolução do jasmim" e organizado por meio do Twitter e do Facebook, a exemplo dos protestos iranianos, ocorridos em 2009. Sociedades árabes conhecem apenas duas formas de governo: monarquias absolutistas ou ditaduras, sejam elas militares ou religiosas. Assim, nessas nações não existem partidos que possam disputar eleições após a queda de um tirano. No Egito, a crise beneficia a Irmandade Mulçumana, que tem expressão entre as camadas mais populares da população. Acontece que o país e uma peça-chave no equilíbrio de forças no Oriente Médio. Ele é aliado tanto dos Estados Unidos quanto de Israel contra governos como o do iraniano Mahmoud Ahmadinejad. Outro fator que garantiu a permanência de ditaduras por décadas na região foi a estabilidade econômica. Isso mudou com a crise financeira mundial de 2008 e a recente alta dos preços dos alimentos. A taxa de desemprego no Egito é de 9% (no Brasil é de 6,7%) e um egípcio em cada dois vive com apenas dois dólares por dia. Além disso, a população mais jovem - um em cada três egípcios tem menos de 15 anos - e mais bem educada não tolera mais a repressão dos governos e nem teme a tomada de poder por grupos religiosos. São eles que estão dando novos rumos ao mundo árabe. Direto ao ponto A onda de protestos pela democracia no mundo árabe chegou ao Egito. Há uma semana, manifestantes pressionam o presidente Hosni Mubarak para que deixe o cargo que ocupa há três décadas. Depois de um megaprotesto que reuniu quase um milhão de pessoas no Cairo, capital egípcia, Mubarak garantiu que não vai concorrer às eleições marcadas para setembro. Mesmo assim, as manifestações continuam a pedir sua renúncia. O Egito é o país árabe mais populoso, com 80 milhões de habitantes, e um importante aliado dos Estados Unidos e de Israel na região. Governos ocidentais temem que o poder seja assumido por grupos fundamentalistas islâmicos. O mesmo receio serviu de justificativa para Mubarak se manter na Presidência e endurecer o regime. Nos últimos anos porém, a crise econômica e o surgimento de uma população mais jovem e bem educado mudaram o panorama político no país, culminando no recente ativismo.