Patrícia Helena Pini (2º ano de medicina – PUC – 2009)
Rafaela Caroline Antunes (2º ano de medicina – PUC – 2009)
Definições Psicológicas





Produzir juízos é uma atividade humana por
excelência.
Ajuizar quer dizer julgar.
O julgamento é parte individual e parte social.
Alterações do juízo de realidade são alterações
do pensamento.
Juízos falsos podem ser produzidos de
inúmeras formas, podendo ser patológicos ou
não.
Erro de julgamento X Delírio
 Não
há limite nítido entre erro e o delírio.
 O erro no julgar ocorre quando:
 1) Tomam-se coisas parecidas por iguais
 2) Atribui-se a coincidências relações de
causa e efeito
 3) Aceitam-se impressões ingênuas como
verdades indiscutíveis
Erro de julgamento X Delírio

Os erros podem ser corrigidos pela experiência
por provas e dados que a realidade nos oferece.
 Os erros são compreensíveis enquanto o delírio
tem como característica a incompreensibilidade.
 Nas crenças culturalmente sancionadas há
evidências que o indivíduo compartilha com um
grupo social a sua crença, mesmo que essa
seja absurda.
O Delírio






São juízos patologicamente falseados, erro do
ajuizar.
Quatro características essenciais:
1) O doente apresenta uma convicção absoluta,
não se pode colocar em dúvida a veracidade do
seu delírio.
2) Não há modificação pela experiência objetiva,
mesmo com provas da realidade.
3) Seu conteúdo é impossível.
4) O delírio é uma produção associal, é uma
convicção de um só homem.
JUÍZO DA REALIDADE
Delírio (definição)
alteração do pensamento,
caracterizado por um conteúdo
impossível e incapaz de ser modificado
ou removido por argumentação lógica,
devendo sempre considerar aspectos
culturais próprios.
Indicadores da Gravidade do
Delírio







1) Convicção: da realidade das suas idéias
delirantes.
2) Extensão: diferentes áreas da vida do
paciente.
3) Bizarrice: distância da realidade consensual.
4) Desorganização: consistência interna, lógica
própria.
5) Pressão: envolvimento com suas crenças
delirantes.
6) Resposta Afetiva: quanto o delírio abala
afetivamente o paciente.
7) Comportamento Desviante: ação em função
do delírio

Delírio Primário
 Fenômeno primário psicologicamente
incompreensível.
 Não tem raízes na experiência psíquica do
homem normal, impenetrável.

Delírio Secundário
 Se origina de alterações profundas em outras
áreas de atividade mental.
 São produtos de condição psicologicamente
compreensível (ex: delírio congruente com
humor em uma depressão psicótica).
Classificação dos Delírios
Segundo a Estrutura
 1)
Delírio Simples: tema único
 2) Delírios Complexos: vários temas ao
mesmo tempo
 3) Deliro Não Sistematizado: conteúdos
variam de momento para momento.
 4) Delírio Sistematizado: bem
organizados, com histórias ricas e
consistentes.
Curso do delírio
 Em
relação ao curso os delírios podem
ser agudos ou crônicos.
 Agudos: surgem de forma rápida, pode
desaparecer em pouco tempo.
 Crônicos: tendem a ser persistentes,
contínuos e de longa duração.
Estados Pré-Delirantes
 Período
pré-delirante denominado humor
delirante (K. Jaspers) ou trema (K.
Konrad).
 O paciente apresenta ansiedade intensa,
estranheza radical.
 Humor delirante cessa quando o paciente
“configura” o delírio, como se fosse uma
revelação inexplicável.
Mecanismos Constitutivos do
Delírio

Para formação do delírio podem contribuir diversos
fatores e tipos de vivência.
 A construção do delírio é um processo de tentativa de
reorganização do funcionamento mental.
 Mecanismos Formadores do Delírio
 1) Interpretação: distorção radical da interpretação de
fatos e vivência, geralmente respeita determinada
lógica.
 2) Intuição: captação de forma imediata de um novo
sentido nas coisas, nova realidade totalmente
convincente.
 3) Imaginação: indivíduo imagina determinado
acontecimento e a partir disso constrói seu delírio.





4) Afetividade: indivíduo passa a viver em
mundo fortemente marcado por certo estado
afetivo.
5) Memória: construído por meio de
recordações e elementos da memória, tanto
falsos quanto verdadeiros.
6) Alterações da Consciência: associados a
quadros de turvação da consciência,
alucinações e ansiedade intensa.
7) Alterações sensoperceptivas: construído a
partir de experiências alucinatórias.
8) Percepção Delirante: tipo especial de delírio,
processo com duas vertentes, percepção
normal que recebe significação delirante (muito
característico da esquizofrenia)
Mecanismo de Manutenção do
Delírio
 1)
Inércia em mudar as próprias idéias.
 2) Pobreza na comunicação interpessoal.
 3) Comportamento agressivo, rejeição
pelo meio social.
 4) Diminuição do respeito e consideração
das pessoas, paciente constrói novas
interpretações delirantes para manter sua
auto-estima.
Os conteúdos e tipos mais
freqüentes do delírio

- Delírio de perseguição (ou persecutório): o
indivíduo acredita que está sendo perseguido,
que estão querendo matá-lo, envenená-lo,
prendê-lo, prejudicá-lo, enlouquecê-lo. A
perseguição é o tema mais freqüente dos
delírios.

- Delírio de referência (de alusão ou autoreferência): o indivíduo apresenta a tendência
dominante a experimentar fatos cotidianos
fortuitos, objetivamente sem maiores
implicações, como referentes à sua pessoa.

- Delírio de influência: o indivíduo vivencia
intensamente que está sendo controlado,
comandado ou influenciado por uma força,
pessoa ou entidade externa. Esse tipo de delírio
é também de perseguição. Forte indicativo de
esquizofrenia.

- Delírio de grandeza (de enormidade): o
indivíduo acredita ser extremamente especial,
dotado de poderes, de uma origem superior,
com um destino espetacular.
-
Delírio de relação: o indivíduo delirante
constrói conexões significativas
(delirantes) entre os fatos normalmente
percebidos. Ele agora sabe que tudo faz
sentido, que os fatos se relacionam,
indicando que “realmente a guerra dos
seres alienígenas irá começar”. Tal delírio
também tem um colorido persecutório.
Os delírios de conteúdo depressivo dividemse em delírio de ruína (niilista), de culpa e
de auto-acusação, de negação de órgãos
e delírio hipocondríaco:
-
Delírio de ruína (niilista): o indivíduo
vive em um mundo repleto de desgraças e
o futuro reserva apenas sofrimentos e
fracassos. Em alguns casos, o paciente
acredita estar morto ou que o mundo
inteiro está destruído e morto
-
Delírio erótico (erotomania): o indivíduo
afirma que uma pessoa, em geral de
destaque social (um artista ou cantor
famoso, um milionário, etc.) ou de grande
importância para o paciente está totalmente
apaixonada por ele. Ocorre mais em
mulheres e a pessoa amada geralmente é
mais rica, mais velha, de um status social
mais “elevado” que o da paciente.

- Delírio de culpa e de auto-acusação: o
indivíduo afirma ser culpado por tudo de ruim
que acontece no mundo e nas vidas das
pessoas que o cercam, ter cometido um grave
crime, etc.

- Delírio de negação de órgãos: o indivíduo
experimenta profundas alterações corporais.
Relata que seu corpo está destruído ou morto,
que não tem mais um ou vários órgãos.

- Delírio hipocondríaco: o indivíduo crê com
convicção extrema que tem uma doença grave,
incurável

- Delírio cenestopático: o indivíduo afirma que
existem animais ou objetos dentro de seu corpo.

- Delírio de infestação: o indivíduo acredita que
seu corpo (principalmente sua pele ou seus
cabelos) está infestado por pequenos (mas
macroscópicos) organismos. Ocorre em
pacientes esquizofrênicos, intoxicações por
cocaína ou alucinógenos, em indivíduos
obcecados pela limpeza corporal.

- Delírio fantástico ou mitomaníaco: o
indivíduo descreve histórias fantásticas com
convicção plena, sem qualquer crítica.
REFERÊNCIAS



Dalgalarrondo, P. – Psicopatologia e semiologia
dos transtornos mentais. 1a ed. Porto Alegre, Artes
Médicas, 2000
Kaplan, H.I.; Sadock. B.J. - Compêndio de
Psiquiatria. 9a edição. Porto Alegre, Editora Artmed,
2007.
Kaplan, H.I.; Sadock. B.J. – Manual Conciso de
Psiquiatria Clínica. 2a edição. São Paulo, Artmed,
2008.
FIM
Download

delirio_e_juizo_da_realidade_2009