CASO CLÍNICO Doenças exantemáticas Estudantes: Maria Clara de Melo Canedo, Victor Leonardo Arimatea Queiroz, Medicina/ESCS Coordenação: Dra. Luciana Sugai www.paulomargotto.com.br Brasília, 5 de outubro de 2012 Escola Superior de Ciências da Saúde (ESCS)/SES/DF Caso Clínico Identificação: DCC, 2 anos e 9 meses, sexo masculino, cor branca, DN 28-08-03, natural de Brasília e procedente de Santa Maria. Queixa Principal: Febre há seis dias. História da Doença Atual Mãe informa que a criança previamente hígida, há seis dias iniciou quadro febril, com Tax de 38ºC , e lesões eritemato-papulares pruriginosas inicialmente no tronco com rápida progressão para os membros. Procurou no mesmo dia assistência médica em clínica privada no Gama onde, foi prescrito Predsim, Hicsizine e Alivium, sob o diagnóstico de intoxicação alimentar (sic). História da Doença Atual Por três dias a criança foi medicada sem alivio do quadro. Voltou-se a clínica onde, sic, foi constatado ‘exantema’ e mantida a conduta com a retirada do Predsim. Há dois dias a mãe refere o aparecimento também de lesões orais, queda de cabelo, além de piora das lesões originais. Tudo isso a motivou a procurar novamente assistência médica para o filho, desta vez neste hospital e onde há dois dias a criança foi internada. Antecedentes Antecedentes pessoais fisiológicos: gestação sem intercorrências, parto cesariana a termo, chorou ao nascer, pesou 2700g, amamentado ao seio até 8 meses, exclusivamente até 4 meses. DNPM dentro dos padrões de normalidade. Antecedentes patológicos: varicela, infecção de garganta e sinusite há dois meses, quando fez uso de amoxacilina e benzetacil. Exame Físico REG, hidratado, afebril ao toque, anictérico, normocorado, irritado. Adenomegalias em cadeias inguinais, axilares e submandibular, com linfonodos móveis, dolorosos, com cerca de 5mm de diâmetro. Lesões cutâneas eritemato-papulosas com hipertermia em face anterior do tronco principalmente em abdome e em parte proximal dos membros. Em região perineal eritema e hiperemia marcantes e também descamação importante. Exame Físico Eritema em lábio inferior. ACV; pulsos palpáveis e simétricos nos membros, ictus in situ, RCR em 2T, BNF sem sopros. AR; expansibilidade simétrica, MVF sem RA bilateralmente no tórax. ABD; plano, RHA presentes, flácido, palpação dificultada, pelas lesões e falta de colaboração, não notadas VMG. Ext ; edema frio, simétrico, cacifo positivo em mãos e pés. Exames Complementares EAS (17/05)- dens. 1010. CED-raras. Leuc.-raros. Flora-escassa. Muco +. HC (17/05) 20300 leuc. 84% seg, 1% bastões. 12% linf, 3% mono. Hg 11,6 mg/dl. 334000 plaq. HC(18/05) 17400 leuc. 69% seg, 5% bastões, 21% linf, 2% mono, 3% eosin. Hg 11,0mg/dl. 334000 plaq. Diagnósticos Diferenciais Sarampo Varicela Eritema infeccioso Roséola inanto ( Exantema súbito ) Rubéola Doença de Kawasaki Escarlatina DOENÇAS EXANTEMÁTICAS Estudantes: Maria Clara de Melo Canedo, Victor Leonardo Arimate Queiroz Medicina/ESCS Coordenação: Dra. Luciana Sugai Diagnósticos Diferenciais Sarampo Varicela Eritema infeccioso Roséola inanto ( Exantema súbito ) Rubéola Doença de Kawasaki Escarlatina Sarampo • • Causado por um RNA vírus paramixoviridae. Existência de vacina eficaz. Erradicação almejada. Patogenia • • • • • Penetra pela conjuntiva e mucosa respiratória com multiplicação local e depois viremia primaria. Replicação em tecidos linfóides do corpo (viremia primária). Dissemiançāo para pele e mucosas com viremia secundária tornando-se infectante. Infecçāo natural tem proteçāo duradoura. Causa hiperplasia de tecido linfóide- Amígdalas, adenóides, linfonodos, baço, e apêndice Manifestações Clínicas • • • Incubação: Varia de 7 a 12 dias. Período prodrômico(viremia secundária): varia de 1 a 7 dias. Febre, mal-estar, tosse, coriza, conjuntivite,congestão nasal e coriza abundante e manchas de Koplik. Manifestações Clínicas • Manchas de koplik Manifestações Clínicas • • • • • • Período exantemático: Erupção eritematosa maculopapular morbiliforme. Lesões circundadas por pele sã, desaparecem à compressão. Inicialmente retroauricular e frontal. Face, tronco e MMSS em 24h. MMII em dias. Desaparecem na ordem em que apareceram. Pode sobrevir descamação furfurácea. Dura de 4 a 7 dias. Fascies sarampenta - hiperemia conjuntival Pico febril no início do exantema com queda subsequente. Manifestações Clínicas • Erupção eritematosa maculopapular morbiliforme: Diagnóstico • • Métodos diretos e indiretos (IgM na fase do rash e IgG na fase de recuperação). Leucopenia e linfocitopenia com VHS e PCR altos. Complicações • • • • OMA é a complicaçāo mais comum. Encefalite. Pneumonia (pneumonia de células gigantes + bacteriana) Sarampo negro ou hemorrágico. Tratamento 1. 2. 3. 4. 5. Sintomáticos Isolamento respiratório de 4 a 6 dias após o surgimento do exantema. Vitamina A. Profilaxia pós exposição: vacinação de bloqueio até 72h. Imunoglobulina até 6 dias para intradomiciliares, < 6meses, gestantes e imunodeprimidos DOENÇA IMUNOPREVINÍVEL ( 12 meses e reforço entre 4 e 6 anos). Diagnósticos Diferenciais Sarampo Varicela Eritema infeccioso Roséola inanto ( Exantema súbito ) Rubéola Doença de Kawasaki Escarlatina Varicela • Causada pelo vírus da varicela zoster (VZV) que é um herpes vírus. • Contagiosidade muito alta 90%. Aerosol ou contato com as vesículas. Transmissor desde dois dias antes do exantema até resolução das lesões. • • História natural • • • Exantema vesicular pruriginoso na face, tronco ou couro cabeludo é a primeira manifestação. Febre, mal-estar, mialgias são pouco proeminentes e aparecem após lesões de pele. A progressāo é centrípeta. História natural • Exantema vesicular pruriginoso: História natural • • • Evolução das lesões em 24 a 48h. eritema – pápula – vesícula – pústula – crosta Novas lesões até o quarto dia. Há polimorfismo regional. Deixa cicatrizes apenas se houver infecção bacteriana secundária. Complicações 1. 2. 3. 4. Piodemite bacteriana secundária. Ataxia cerebelar aguda. Pneumonia por varicela. Encefalite. Diagnóstico • Clínico Tratamento • • • Higiene da pele. Anti-histamínicos orais? Permanganato. Profilaxia • • • • Vacina pós exposiçāo: até 5 pós exposiçāo. VZIG: imunodeprimidos, gestantes( 5 dias antes e dois dias depois do parto) , prematuros expostos. Tratamento: Aciclovir IV: 7 dias ou até 48h após última lesāo ativa. 1. Imunodeprimidos. 2. Gestantes. 3. DOENÇA IMUNOPREVINÍVEL (após 12 meses) Diagnósticos Diferenciais Sarampo Varicela Eritema infeccioso Roséola inanto ( Exantema súbito ) Rubéola Doença de Kawasaki Escarlatina Eritema Infeccioso • • Causado pelo Parvovírus B19, Gotículas de saliva ou secreçāo nasal. Eritema Infeccioso • • História natural: Após a incubação, quadro febril com cefaléia, limfadenopatia e fadiga que dura cerca de três dias. Vem então período de cerca de uma semana em que o paciente permanece assintomático. 3 Fases do exantema • • • 1ª - Eritema em região malar, face esbofeteada . Piora com o calor (1 a 3 dias); 2ª - Lesão maculopapular eritematosa em tronco e pernas. Clareamento de pequenas regiões centrais, aspecto rendilhado. 3ª - Lesão evanesce e recrudesce durante 3 semanas. Luz, calor. 3 Fases do exantema • Eritema em região malar: Diagnóstico e Tratamento • • • Clínico e laboratorial (IgM), métodos diretos e indiretos. Tratamento sintomático para as manifestações prodrômicas. Ig para os imunodeprimidos. Complicações • • • • • Artralgia Crise aplásica transitória Meningite asseptica Miocardite. Síndrome mãos e luvas. Diagnósticos Diferenciais Sarampo Varicela Eritema infeccioso Roséola inanto ( Exantema súbito ) Rubéola Doença de Kawasaki Escarlatina Exantema Súbito • • • Herpes vírus tipo 7. Gotículas de saliva de adultos saudáveis. 6 meses aos 2 anos. Exantema Súbito • • • Pródromo: rinorréia e eritema conjuntival. Pré-eruptivo: febre alta e irritabilidade. Eruptivo: exantema maculo rosado inicialmente em tronco e face e que se estende para as extremidades. Surge quando cessa a febre e dura de algumas horas até alguns dias. Exantema Súbito Exantema Súbito Diagnóstico e Tratamento • • Diagnóstico: clínico Tratamento: sintomático Diagnósticos Diferenciais Sarampo Varicela Eritema infeccioso Roséola inanto ( Exantema súbito ) Rubéola Doença de Kawasaki Escarlatina Rubéola • • • • Causada por um RNA vírus. Importância devido a Rubéola congênita. Transmissão respiratória, através de fômites e transplacentária. Transmissibilidade de 1 semana antes até 6 dias após o exantema. Quadro Clínico • • • Incubação de 14 a 21 dias. Crianças: raramente período prodrômico, sintomatologia se inicia pelo rash. Adolecentes e adultos; 5 dias de pródromos com febre baixa, cefaléia, coriza, mal-estar, anorexia, conjuntivite leve, dor de garganta, tosse, linfadenopatia e náuseas. 3 Dias de exantema. • • • Rash máculo papular róseo aparece na face, alastrase para região cervical, braços, tronco e extremidades. Tende a confluir. 2º dia: começa a desaparecer, primeiramente na face, no tronco coalesce lembrando rash escarlatiniforme. 3º dia: geralmente desaparece. Rubéola • Linfadenomegalia, principalmente occipital e retroauricular. Pode ser dolorosa e levar semanas para desaparecer, e acompanhar-se de esplenomegalia. Rubéola Diagnóstico e tratamento • • • • • Diagnóstico: clínico. Laboratorial (IgM). Isolamento viral - urina ou secreçāo naso faríngea. Tratamento: suporte. DOENÇA IMUNOPREVINÍVEL. Complicações • • • • Trombonitopenia. Artrite(mulheres adultas). Encefalite. Doença congênita (cadiopatia, surdez). Rubéola Rubéola congênita: Diagnósticos Diferenciais Sarampo Varicela Eritema infeccioso Roséola inanto ( Exantema súbito ) Rubéola Doença de Kawasaki Escarlatina Doença de Kawasaki • • Doença multissistêmica, caracterizada por intenso processo inflamatório principalmente em artérias de médio calibre. Etiologia desconhecida. Estudos epidemiológicos apontam etiologia infecciosa. Quadro Clínico Critérios diagnósticos: • Febre, duração igual ou maior a 5 dias + 4 dos cinco critérios: 1. Exantema polimorfo, predominante no tronco. Não pode ser vesicular. 2. Hiperemia conjuntival bilateral. 3. Adenomegalia cervical não-supurativa, com mais de 1,5 cm. 4. Alterações de extremidades. 5. Alterações de mucosa oral. OBS: Kawasaki atípico. • Sintomas associados • • • • • Febre: Alta, e tem relação com prognóstico Congestão conjuntival bilateral: não exsudativo geralmente alto limitado. Linfadenopatia cervical: linfonodo firme, doloroso e não flutuante Exantema polimorfo: predomina em tronco e tem comumente pápulas. Bolhas são carcteristicas que falam contra. Alteração nas extremidades: edema endurado, descamação, exantema. Doença de Kawasaki • Exantema polimorfo: Doença de Kawasaki • Hiperemia Conjuntival Bilateral: Doença de Kawasaki • Alteração de Extremidades: Doença de Kawasaki • Alteração de mucosa oral: Fases da Doença • • • • Aguda: 1 a 2 semanas. Febre, exantema, alterações de extremidades. Subaguda: até o 30º dia. Resolução da febre, descamação dos dedos, arterite coronária, risco de morte súbita. Convalescência: 6 a 8 semanas do início. Melhora dos sintomas, persistência da coronarite. Crônica: Anos. Assintomática ou com sintomas cardíacos. Complicações 1. 2. Miocardite, pericadite, endocardite (fase aguda) Aneurisma de coronária, sendo os gigantes (>8mm) com grande chance de romper. Tratamento Fase aguda: aspirina 100mg/kg até 3g por 14 dias. (na presença de aneurisma coronário manter AAS) • Gamaglobulina 2g/kg por 12h, dentro de 10 dias. • Seguimento subsequente, devido a possíveis alterações morfológicas. • Diagnósticos Diferenciais Sarampo Varicela Eritema infeccioso Roséola inanto ( Exantema súbito ) Rubéola Doença de Kawasaki Escarlatina Escarlatina • • • Causada pelo estreptococo beta hemolítico do grupo A ( S. pyogenes); Toxina pirogênica. A bactéria é transmitida através de gotículas de saliva e secreções nasais. Manifestações clínicas. • • • • • Inicio agudo com febre alta, calafrios, vômitos, cefaléia, prostração, amigdalite e dor abdominal. Exantema surge de 24 a 48 horas depois. Confluente, finamente papular eritematoso, com textura áspera. Poupa palmas e plantas Orofaringe acometida. Língua em frambroza. Filatov. Pastia. Manifestações clínicas. • • Exantema se inicia no pescoço e pregas. Em 24h atinge todo o corpo; Cerca de três semanas após há descamação do tipo laminar em extremidades. Escarlatina Diagnóstico e Tratamento • • • Diagnóstico: Clínico. Cultura após coleta de swab. Testes rápidos. Dosagem de ASLO e/ou de anti-DNAse. Tratamento: Penicilina benzatina é a droga de escolha. Obrigado