Doenças mais comuns na infância Profa. Ms Rejane Gonçalves Doenças exantemáticas na infância Relato de Caso Relato de Caso Data da GAE: 08/02/06 às 09:53h Identificação W.C.A.R., DN: 18/09/2004, 01 ano e 06 meses, masculino, natural, residente e procedente de Conceição das Alagoas – MG Queixa principal –Tosse e febre há 01 dia Relato de Caso HDA – O pai relata que a criança começou a apresentar tosse, febre e indisposição há cerca de 1 semana. Procurou o posto de saúde próximo a sua residência, sendo indicado tratamento sintomático para quadro gripal. Evoluiu com inapetência e surgiram erupções cutâneas pruriginosas em tronco e cabeça há 1 dia. Há 1 dia apresenta-se choroso e gemente, com redução do sono e do apetite. Apresentou febre (39ºC), que não cedia com medicamentos, além de tosse produtiva e coriza, com eliminação de secreção amarelada. Relato de Caso Revisão de sistemas: – Irritabilidade e choro fácil – Apetite reduzido – Sono prejudicado – Diurese normal, evacuações escassas – Mialgias Relato de Caso ANTECEDENTES PESSOAIS – – – – Nascido de parto normal, a termo. Peso: 3590g; est: 50cm; PC: 35,5cm Período neonatal sem intercorrências. Desenvolvimento neuropsicomotor sem alterações. ANTECEDENTES PATOLÓGICOS – PN há 04 meses tratada em casa; pai nega outras patologias. – Nega trauma/cirurgias ou internações prévias. Desconhece alergias. – Imunizações em dia. Relato de Caso ANTECEDENTES FAMILIARES – Pais saudáveis – Avó paterna cardiopata – Irmão teve varicela há cerca de 01 mês ANTECEDENTES SOCIAIS – Aleitamento materno exclusivo até 6º mês. – Início do leite de vaca no 6º mês. – Alimentação variada, incluindo frutas, leite e legumes; não come carne. – Vive em casa de alvenaria de 03 cômodos com pais e irmão - não tem animais em casa. Relato de Caso AO EXAME – REG, choroso, afebril, desidratado (2+/4+), hipocorado (+/4+), acianótico, anictérico, taquidispnéico, gemente. Eutrófico. – FC: 127bpm FR: 49irpm T: 37,3ºC – ACV: BNF, RCR 2T sem sopros. – AR: MV rude, sem ruídos adventícios. Presença de batimento de asa de nariz. – ABD: plano, flácido, sem VMG, RHA+ – Ext: perfundidas, sem edema – Pele: presença de crostas e vesículas dispersas em cabeça e tronco e parte proximal dos MMII. Relato de Caso Rx de tórax (08/02/2006) – Condensação do lobo superior direito pouco atelectasiante. Pequeno infiltrado no lobo médio. Processo inflamatório. HIPÓTESES DIAGNÓSTICAS – Varicela – Pneumonia por S. aureus ? Relato de Caso - Evolução Evoluiu com esforço respiratório, batimento de asa de nariz, tiragem subcostal e intercostal. Tosse produtiva. AR: broncofonia em ápice pulmonar direito, murmúrio rude em hemitórax esquerdo. SatO2: 89-97% FR: 40rpm FC: 160bpm CD: – Iniciada cefazolina 100mg/Kg/dia (/3x) – Cateter nasal de O2 a 2L/min. Relato de Caso - Evolução 10/02/2006 - 12/02/2006 – Tosse persiste, porém em menor intensidade – Pico febril de 39ºC – AR: MV diminuído em bases, predominante em pulmão direito. – Lesão pustulosa única em mão direita. Crostas distribuídas universalmente. – CD: Suspenso O2. Relato de Caso - Evolução 13/02/2006 – Tosse pouco produtiva, de escarro amarelo claro. – Afebril. FR: 32rpm FC: 138bpm – AR: MV diminuído em bases, sem esforço respiratório. – Presença de crostas distribuídas universalmente. – RX tórax: “À comparação com o exame anterior, mostra reabsorção parcial da condensação de LSD, mantendo-se ainda componente atelectásico e espessamento pleural homolateral.” – CD: Iniciada cefalexina 80mg/Kg/dia. Relato de Caso - Evolução 14/02/2006 – – – – 3 picos febris (39ºC, 37ºC, 37ºC) em 24h Tosse produtiva. Lesões crostosas somente. AR: MV diminuído em bases, ainda rude em hemitórax direito. – RX de tórax: “Derrame pleural pequeno a direita, com discreta melhora do processo inflamatório.” – CD: Reiniciada ATB venosa com ampicilina + sulbactam (190g/Kg/dia). Relato de Caso - Evolução 20/02/2006 – D11 de antibioticoterapia – D6 de ampicilina + sulbactam – Melhora da pneumonia e das lesões. – Após 72 horas afebril, recebeu alta com orientação de tratamento domiciliar com ampicilina + sulbactam 50mg/Kg para completar esquema de 10 dias. Relato de Caso - Exames 08/02 14/02 Hemácias 3,61 3,64 Hemoglobina 9,2 9,1 Hematócrito 28,4% 28,1% VCM 78,8 77,3 HCM 25,3 25,0 CHCM 32,2 32,4 Plaquetas 238.000 829.000 Leucócitos 19.200 27.700 Segmentados 65 69 Bastões 12 01 Linfócitos 21 28 Monócitos 01 02 Eosinófilos 01 00 Basófilos 00 00 Doenças Exantemáticas Doenças exantemáticas Em geral infecto-contagiosas Diagnóstico essencialmente clínico Exantema é variável, de acordo com tipo de afecção: – – – – – Macular Papular Vesicular Pustuloso Purpúrico Doenças exantemáticas Varicela Sarampo Rubéola Exantema súbito ou roséola infantum Eritema infeccioso Escarlatina Enterovirose Dengue Herpes simples Doença de Kawasaki Varicela Vírus Herpesvirus varicellae Faixa etária – 2-8 anos – Rara em <3 meses – proteção materna? Período de incubação – 14-21 dias Maior incidência em primavera e inverno Varicela Pródromos – 1-2 dias – Discretos – febre, cefaléia, mialgia Exantema – 1ª manifestação – 8-10 dias – Pápulas, vesículas, pústulas e crostas (últimas não contém vírus viáveis). – Prurido. Varicela Varicela Período de contágio – 1-2 dias antes do exantema até última crosta – Alta contagiosidade – Transmissão – contato direto (gotículas), vias indiretas (mãos e roupas). Varicela Características – Atinge mucosas e couro cabeludo – Imunidade geralmente permanente – Lesões restritas à pele ou acometendo diferentes órgãos (esôfago, fígado, pâncreas, rins, ureteres, útero e suprarenais). Evolução em surtos – Não deixa cicatrizes residuais. Varicela Complicações – Infecção bacteriana secundária Contaminação por Estafilococos ou Estreptococos Impetigo, erisipela, celulite, septicemia – Pneumonia Manifestação clínica – tosse, dispnéia, cianose, hemoptise 1ª semana da doença Ausculta pobre e quadro radiológico com infiltrado nodular difuso em ambos campos pulmonares. Mais frequente em adultos. Varicela Complicações – Encefalite 03-08 dias após exantema Ataxia cerebelar – benigna e frequente, podendo ser a 1ª manifestação da doença (normalmente pós-infecciosa). – Manifestações hemorrágicas Trombocitopenia – 1-2 semanas após início do exantema – Pacientes com deficiência imunológica Curso prolongado, com erupções hemorrágicas muito extensas. Complica-se com pneumonia Alta mortalidade. Varicela Tratamento – – – – Sintomático na maioria dos casos. Isolamento respiratório Prurido – anti-histamínicos via oral. Pacientes em uso de corticosteróide – reduzir a dose a níveis fisiológicos (20-50 mg de cortisona/m2/dia). – Tratar Imunocomprometidos Adolescentes > 13 anos e adultos Contactante infectado do caso índice, sendo este grave Neonato infectado (<1 mês) Varicela Crianças que tiveram varicela com menos de 01 ano de idade podem desenvolver herpes zoster, pois não houve memória. Se varicela quando > 01 ano de idade, procurar outras causas (imunocomprometimento) Varicela Sarampo Faixa etária – pré-escolar e escolar Período de incubação – 7-14 dias Pródromos – 3-5 dias – Febre alta, rinorréia, conjuntivite Exantema – 5-7 dias – Maculopapular, generalizado, crânio-caudal – Descamação leve, nunca em mãos e pés Sarampo Período de contágio – Do 6º dia da incubação ao 5º dia do exantema – Alta contagiosidade. Características – Manchas de Köplik – Imunidade duradoura. Sarampo Sarampo Rubéola Faixa etária – 5-14 anos Período de incubação – 14-21 dias Pródromos – geralmente não há Exantema – Macular discreto – Sem confluência – Sem descamação Rubéola Período de contágio – 7 dias antes a 7 dias depois do exantema. – Pouco contagiosa. Características – Consequências danosas para o feto. – Linfadenopatia cervical posterior retroauricular – Petéquias no palato – Imunidade duradoura e Rubéola Exantema súbito ou Roseola Infantum Faixa etária – 06 meses a 03 anos Período de incubação – 10-14 dias Pródromos – 3-4 dias – Febre alta, irritabilidade Exantema – 1-3 dias ou horas – Macular, fugaz, início no tronco, sem descamação Exantema súbito ou Roseola Infantum Período de contágio – Desconhecido – Baixa contagiosidade Características – Erupção surge quando cai a febre, em crise. – Pode ser recorrente. Exantema súbito ou Roseola Infantum Eritema infeccioso Faixa etária – 5-12 anos Período de incubação – 6-14 dias Pródromos – Geralmente ausentes Exantema – 7-21 dias – Macular recorrente, sem descamação Eritema infeccioso Período de contágio – Desconhecido – Intradomiciliar ou na escola Características – Exantema facial em forma de borboleta – Palidez perioral Eritema infeccioso Escarlatina Faixa etária – 3-12 anos Período de incubação – 2-4 dias Pródromos – 12 horas a 2 dias – Febre, faringite, tosse, vômitos Exantema – Eritematoso e punctiforme – Início nas zonas de flexão – Generalização – Descamação tardia de mãos e pés Escarlatina Período de contágio – 1-2 dias após início do exantema Características – Palidez perioral (Filatov) – Lesões mais intensas em pregas cutâneas (Pastia) – Língua em framboesa Escarlatina Enteroviroses Faixa etária – menos de 2 anos Período de incubação – 4-7 dias Pródromos – Geralmente ausentes – Às vezes, febre e faringite Exantema – Eritema maculopapular discreto, às vezes urticariforme ou petequial Enteroviroses Período de contágio – Variável Características – Isolamento de vírus em fezes, sangue, faringe e líquor – “Síndrome mão-pé-boca” Enteroviroses Dengue Faixa etária – qualquer Período de incubação – 2-7 dias Pródromos – 1-5 dias – Febre, rinite, dores articulares Exantema – 3-5 dias, recrudescente – Descamação fina ou furfurácea – Purpúrico, com petéquias no 2º ataque Dengue Período de contágio – Necessita de vetor Características – Imunidade tipo-específica – Atinge regiões palmares e plantares Dengue Herpes simples Faixa etária – qualquer Período de incubação – 2-12 dias Pródromos – 1-2 dias – Febre, às vezes Exantema – 8-10 dias – Vesicular, localizado, às vezes disseminado Herpes simples Período de contágio – Dos pródromos ao desaparecimento das lesões Características – Não confere imunidade – É recorrente – Fatores desencadeantes – menstruação, exposição ao sol stress, Herpes simples Doença de Kawasaki Faixa etária – 6 meses a 5 anos Pródromos – Febre alta, prolongada – Exantema. Edema palmo-plantar – Conjuntivite, linfadenopatia, artrite, alterações cardiovasculares, trombocitose Doença de Kawasaki Exantema – Polimorfo generalizado – maculopapular ou escarlatiniforme morbiliforme, Período de contágio Características – Diagnóstico clínico – possível comprometimento coronariano (aneurismas) – Alterações multissistêmicas – Leucocitose com DE, eosinofilia e plaquetose Doença de Kawasaki Doença de Kawasaki DOENÇAS PARASITÁRIAS DO ESCOLAR ESCABIOSE Popularmente conhecida como “sarna” Doença de pele causada por um pequeno ácaro (Sarcoptes scabiei). MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Coceira intensa que, geralmente, piora à noite. Presença de lesões eritemato - pápulo escoriadas (causadas pela penetração do ácaro e pelas coçaduras). Áreas preferenciais: punhos, axilas, barriga, nádegas, seios e órgãos genitais masculinos. Em crianças e idosos: palma da mão e planta dos pés, além do couro cabeludo. TRANSMISSÃO Contato direto entre pessoas Compartilhamento de roupas Roupas de cama e banho Objetos contaminados TRATAMENTO Uso de medicamentos (oral, loções) Higiene corporal As roupas de uso diário e as roupas de cama devem ser trocadas todos os dias, colocadas para lavar, ferver e passar a ferro. Repetir uso do medicamento após 7-10 dias para evitar reinfestação (eclosão dos ovos). ORIENTAÇÕES: Evitar coçar para não causar ferimentos Iniciar o tratamento o mais precocemente possível A escola deve ser comunicada quando a criança apresentar a doença. Não mandar para a escola as crianças enquanto não estiverem adequadamente tratadas. PEDICULOSE O QUE É O PIOLHO? É um inseto (Pediculus humanus) que não voa, não pula, pode parasitar o couro cabeludo, corpo e região pubiana, se alimenta de sangue humano, vive em torno de 30 dias. A fêmea pode colocar até 300 ovos durante sua vida. SINTOMAS Coceira intensa no couro cabeludo, principalmente na região da nuca e atrás das orelhas. O ato de coçar o couro cabeludo pode ocasionar feridas que são portas abertas para infecções bacterianas, além do aparecimento de gânglios e stress que leva ao baixo rendimento escolar. TRANSMISSÃO Contato pessoal infestados. Uso coletivo de utensílios como: pente, boné, almofada, travesseiro, lenço, presilha, etc. (direto) dos indivíduos TRATAMENTO Aplicar nos cabelos medicamentos específicos para o extermínio dos parasitas e repetir uso após 7 dias. Lavagem da cabeça e utilização de pente fino ajuda na retirada dos piolhos. As lêndeas devem ser retiradas uma a uma, já que os medicamentos muitas vezes não eliminam os ovos. Para facilitar a retirada das lêndeas, usar uma mistura de vinagre e água em partes iguais, embebendo os cabelos por meia hora antes de iniciar a retirada. Quando estiver usando o pente fino, utilize sempre um pano branco evitando assim que os piolhos caiam na roupa. Os piolhos e lêndeas que caírem no pano, devem ser deixados em vinagre diluído em água por um período de 30 minutos, para que sejam mortos. Nunca usar querosene ou qualquer inseticida, pois são tóxicos ao ser humano. Ferver os objetos pessoais, tais como: pente, boné, lençol e roupas. COMO EVITAR? Inspecionar a cabeça diariamente a procura de piolhos e lêndeas. Passar assiduamente o pente fino. Não compartilhar objetos pessoais, tais como: travesseiro, pente, boné, lenço de cabeça, presilha, dentre outros. ORIENTAÇÕES Manter curtos os cabelos das crianças e examinar a cabeça em busca de parasitas. As meninas de cabelos compridos devem ir à escola com os cabelos presos. A escola deve ser comunicada quando a criança apresentar a doença. Evitar mandar à escola as crianças antes de realizar o tratamento adequado. LESÕES DE MUCOSA ORAL MONILÍASE (“SAPINHO”) INFECÇÃO POR Candida sp CRIANÇA DE BAIXA IDADE CRIANÇAS MAIORES E ADULTOS Investigar: imunossupressão Uso de antibióticos amplo espectro MANIFESTAÇÃO CLÍNICA lesão exsudativa, puntiforme, “queijo”, sangrantes, indolor TRATAMENTO Antifúngicos: tópicos ou sistêmicos MONILÍASE FARINGITE ESTREPTOCÓCICA FARINGITE ESTREPTOCÓCICA MONONUCLEOSE INFECCIOSA OUTRAS LESÕES ORAIS LEUCOPLASIA PILOSA LINFOMA OUTRAS LESÕES ORAIS PERIONECROSE SARCOMA DE KAPOSI Obrigada!