Caso clínico Priscilla de Fátima Moreira Sampaio Internato/ESCS/SES/DF Coordenação: Elisa de Carvalho, Sueli Falcão, Paulo R. Margotto Caso clínico C.A.E.S,1 ano e dois meses, sexo feminino, branca, natural de PlanaltinaDF, residente e procedente de Formosa-GO. QP: falta de ar e rouxidão há 6 horas do dia 02/05/06. Caso clínico HDA: mãe refere que no dia 02/05/06, pela manha, criança apresentou início súbito de cianose de extremidades e dispnéia , associado a febre não aferida. Procurou serviço de saúde local, sendo então encaminhada ao PS do HRAS. Referia congestão nasal com coriza amarelada. Negava tosse, vômitos e diarréia. Negava sintomas urinários. Caso clínico Pré-natal s/ intercorrências .Nascida de parto normal, hospitalar, a termo; Apgar 8 e 10. P=3580g; Aos 10 dias de vida apresentou cianose intensa, associada a desconforto respiratório. Necessitou internação em UTI pediátrica no HRP, por 14 dias. Realizou ecocardiograma naquela ocasião que diagnosticou atresia tricúspide + CIA ampla + CIV alta + hipoplasia pulmonar. Caso clínico Faz acompanhamento com cardiologista pediátrico no HRP. Faz uso de Digoxina 0,8 mg 2x/dia; Captopril 2,5 mg/dia e Furosemida 1,1 mg/kg/dia; 2a internação hospitalar; 2o episódio de cianose; Nega DCI e doenças respiratórias prévias. Nega cirurgias e transfusões sanguineas. Caso clínico Sentou c/ 1 ano de idade, ainda engatinha, fica em pé com apoio, ainda não anda. Aleitamento materno exclusivo até 6 meses. Atualmente com dieta adequada para idade. Calendário vacinal em dia. Sono tranqüilo. Mãe, 18 anos, saudável; pai, 26 anos, exfumante há 1 ano. Nega cardiopatias familiares. Caso clínico Ao exame: BEG, taquipneica, taquicárdica, hidratada, normocorada, discreta cianose, c/ O2 sob catéter nasal 2l/min, saturando 8487%. FR: 46irpm;FC: 116bpm. Ap. CVC: RCR em 2T com sopro 4+/6+, sistólico em BCE baixa irradiando para BCD baixa e área mitral . Presença de frêmito importante abrangendo mesma região.Pulsos palpáveis e s/ alterações. Caso clínico Ap. resp: sem alterações. Abdome : plano. Flácido. RHA presentes. Sem visceromegalias. Extremidades: discreta cianose; sem edema e/ou baqueteamento digital. SNC: sem sinais de irritação meníngea. Caso clínico Ht Hg Hm Leu Seg Bast Linf Plaq 39,0 13,3 5,03 21.400 78 % 0% 20 % 330.000 Uréia Creat Glicose TGO TGP Na K Cl 26 0,4 92 39 13 141 4,3 108 Caso clínico Caso clínico Dens Ph Cetonas Hg Nitritos Flora bacteriana leucócitos 1,03 6,0 + ++ + +++ numerosos ECG Ritmo sinusal FVM: 140 bpm Onda T negativa em V1 Eixo –90o Sobrecarga AE e VE Caso clínico Evoluiu bem, com melhora da cianose e da taquidispnéia, saturando bem. Transferida para ala B, aguarda vaga na ala A; Cardiopatias congênitas Priscilla de Fátima Moreira Sampaio Internato Pediatria – ala A Cardiopatias congênitas Embriogênese patológica SCV 1% nascidos-vivos 90% isoladas 5% alterações cromossômicas 3% causas não-genéticas ( maternas e teratogênicas). Cardiopatias congênitas Defeitos congênitos bem tolerados em vida neonatal natureza paralela circulação fetal. Alterações hemodinâmicas fechamento canal arterial e forame oval. Cardiopatias congênitas Embriologia clínica Cardiopatias congênitas Manifestações clínicas: Shunt D - E Cianose Shunt E - D Insuficiência Cardíaca Diagnóstico : 40 a 50% na 1 semana de vida 50 a 60 % no 1 mês Cardiopatias congênitas Classificação : Acianóticas Cianóticas Comunicação interventricular ( 32%) Tetralogia de Fallot (6%) Persistencia do canal arterial (12%) Transposição das grandes artérias( 5%) Estenose pulmonar ( 8%) Atresia Tricúspide ( 1a 2 %) Comunicação interatrial( 6%) Coarctação da aorta ( 6%) Estenose aórtica ( 5%) Atresia Tricúspide Introdução Anomalia congênita na qual não há comunicação entre AD e VD. Valva tricúspide ausente (agenesia) ou imperfurada . 1 a 2,4 % das cardiopatias congênitas. Incidência de 0,06 por 1.000 nativivos. Introdução Não há predominância entre sexos. M=F incidência em prematuros Sobrevida defeitos associados e obrigatórios permitir mistura do sangue das 2 circulações ( CIA ,CIV e/ou PCA). Características anatômicas Válvula atrésica (imperfurada); Graus variáveis de hipoplasia de VD; Comunicação interatrial; Ventrículo esquerdo normal; Características variáveis Origem dos grandes vasos: 70-90% normorrelação; 10-30% transposição das grandes artérias Características variáveis Ausência ou presença e grau de obstrução ao fluxo sanguíneo pulmonar: Tipo a: atresia pulmonar Tipo b: CIV com estenose pulmonar Tipo c: CIV sem estenose pulmonar Fisiopatologia CIA forame oval pérvio. Fluxo pulmonar condição do septo ventricular. VE única câmara de bombeamento para as circulações sistêmica e pulmonar. Na AT com normorrelação arterial o arranjo habitual ao nascimento é defeito septal ventricular restritivo fluxo pulmonar adequado, não excessivo. Fisiopatologia Quadro clinico Cianose neonatal (1 semana de vida); Pouca ou nenhuma cianose nos 1os meses bom fluxo sanguíneo pulmonar; Crises hipóxicas: súbito agravo da cianose, dispnéia paradoxística, letargia e perda da consciência (fechamento CIV, CA ou estenose pulmonar ). ICC fluxo pulmonar sobrecarga de câmaras E hipertensão venocapilar e débito sistêmico congestão periférica Quadro clínico Baqueteamento digital( grau de hipóxia) 6 mês de vida; Hipodesenvolvimento físico; Cansaço, intolerância aos exercícios; posição de cócoras; Quadro clínico Pulsos arteriais normais; Ausculta : B1 única, FT e FM; B2 única ou A2> P2 de acordo com grau de estenose; B3 fluxo valva mitral; sopro fluxo na CIV. Quando intenso( restrição) frêmito. Exames complementares Radiografia de tórax: moderado da área cardíaca ou normal; Retificação no contorno direito da imagem cardíaca, desde a VCS até diafragma; Vascularização grau de estenose pulmonar Exames complementares Eletrocardiograma : Essencial Sinais de sobrecarga biatrial associada a sobrecarga de VE. Ecocardiograma com Doppler: Diagnóstico anatômico: atresia tricúspide posição das grandes artérias septo interventricular natureza da CIA ausência/presença estenose pulmonar Resumo Atresia tricúspide com normorrelação das grandes artérias e estenose subpulmonar: Cianose desde nascimento e curso clínico com crises hipoxêmicas; Fluxo sanguineo pulmonar reduzido; VE dominante; Sopro sistólico paraesternal E área de estenose subpulmonar; RX: fluxo sanguíneo arterial pulmonar; área cardíaca normal com aspecto em córcova do limite D; ECG:ondas P atriais D altas e desvio do eixo para E; ECO: ecos densos de valva tricúspide atrésica,pequena cavidade VD e moderado crescimento de VE. Evolução Na AT , o CIV é fisiologicamente desejável quando fluxo pulmonar adequado. A CIV é progressivamente obstrutiva ou fecha-se espontaneamente . Maioria pacientes falece com 1 ano de vida; Hipóxia intensa e óbito seguem-se ao fechamento da CIV a não ser que CA permeável; Longevidade : endocardite infecciosa, embolia paradoxal e abscesso cerebral; Raramente permite sobrevida da 2 a 5 década. Tratamento Depende do fluxo pulmonar; RN com hipoxemia importante prostaglandina E IV manter PCA; Cirúrgico: anastomoses sistêmicopulmonar ( Blalock-Taussing modificada, Fontan modificada e Glenm). Bibliografia MARCONDES, E , et al.: Pediatria Básica tomo III. Pediatria clínica especializada. Pág 464-488. 9 ed.São Paulo: Sarvier,2004. MOORE, K.L; PERSAUD, T.V.N : Embriologia clínica. Pag373379. 6 ed.Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000. MOS and ADAMS: Heart disease in infants, children and adolecentes. Vol I. pag 902-917. Fifth edition. USA, 1995. PERLOFF, J.K : O reconhecimento clínico das cardiopatias congênitas. Pag 565-581. 3 ed. Santos, 1994. www.medcurso.com.br