Tratamento anticonvulsivante para os recémnascidos asfixiados sob hipotermia com
lidocaína: dose, eficácia e segurança
Anticonvulsant treatment of asphyxiated newborns under hypothermia with lidocaine:
efficacy, safety and dosing
Marcel P H van den Broek, Carin M A Rademaker, Henrica L M van Straaten et al
(Holanda)
Arch Dis Child Fetal Neonatal Ed 2013;98:F341-F345
Apresentação:Iara Eberhard Figeuiredo,Welton Souza Ferreira
Coordenação: Paulo R. Margotto
www.paulomargotto.com.br
Brasília, 11 de maio de 2015
O que é conhecido sobre este tema
• A lidocaína é um anticonvusivante efetivo no controle de convulsão
em recém-nascidos sob normotermia.
• A hipotermia terapêutica é uma estratégia neuroprotetora para os
recém-nascidos asfixiados
• A hipotermia terapêutica pode alterar a disposição e
eficácia/segurança das drogas
Introdução
• A asfixia perinatal é a causa mais comum de
crises neonatais. A hipotermia moderada (33,5°C)
foi efetiva como estratégia de neuroproteção em
recém-nascidos com encefalopatia hipóxicoisquêmica hipóxica relacionada com asfixia
perinatal.[1]
• Um dos mecanismos de neuroproteção parece
ser a supressão do metabolismo cerebral.
• A hipotermia suprime também respostas
sistêmicas que são responsáveis pela distribuição
e eliminação de drogas. [2]
Introdução
• A alteração do metabolismo requer ajuste da
dose das drogas para alcançar efeitos similares
em pacientes normotérmicos:
termofarmacologia.
• A lidocaína se mostrou eficaz como
anticonvulsivante em crises neonatais que
persistem após uso de drogas de primeira e
segunda escolha. [3,4]
• As propriedades fisicoquímicas da lidocaína de
atravessar a barreira hematoencefálica atuam
como depressor do sistema nervoso central. [5]
Introdução
• Foi desenvolvida dosagem para recém nascidos a
termo e pré-termo com crises em condições
normotérmicas.[6]
• A maior preocupação relatada com a lidocaína é a
cardiotoxicidade – arritmia e bradicardia.[4,7-9]
• Foram relatados efeitos adversos cardíacos em
recém nascidos normotérmicos que receberam
lidocaína como tratamento anticonvulsivante. [4]
Introdução
• Esses efeitos adversos provavelmente são
mais relevantes em pacientes com hipotermia
sem ajuste da dose de lidocaína.
OBJETIVO DESTE ESTUDO
Avaliar a eficácia e segurança (frequência
cardíaca e ritmo) da lidocaína em recémnascidos hipotérmicos, para quantificar o
impaco da hipotermia na farmacocinética e
para desenvolver um algorítmo de dose eficaz
e segura
Métodos
• O estudo foi realizado em dois Hospitais
terciários incluindo recém-nascidos com asfixia
perinatal severa pe posterior encefalopatia e
critérios para hipotermia terapêutica. [10]
• Foram excluídos pacientes com anormalidades
congênitas e encefalopatia por outras causas.
• A hipotermia terapêutica ( T retal 33,5°C) foi
iniciada com 6h de vida e mantida por 72h.
• O estudo foi realizado dentro dos padrões éticos
e consentimento informado aos pais ou
responsáveis.
Métodos
• Para estudar os efeitos da hipotermia na
farmacocinética da lidocaína o grupo com
hipotermia foi comparado a um grupo
controle de recém nascidos em normotermia
com convulsões.
Métodos
• As crises nos recém nascidos foram tratadas
de acordo com o protocolo holandês.
• A lidocaína era utilizada em caso da
persistência da atividade epiléptica no EEG
após o uso de fenobarbital e midazolan.
• Por causa do elevado clearance de lidocaína
em pacientes hipotérmicos, foi utilizada
dosagem abaixo da recomendada pelas
diretrizes para pacientes normotérmicos. [3]
Métodos
• A dose ataque era de 2mg/kg em 10min e
manutenção de 4mg/kg/h por 6h e após 6h
foi reduzido para 2mg/kg/h por 12h [11]. A
dose após interrupção era de 70% comparada
ao normotérmico.
• As concentrações plasmáticas eram
determinadas po LC-MS/MS [12]
Métodos
Eficácia:
• Foi analisada por monitoramento do EEG,
onde havia redução das crises eletrográficas
>80% após 4h do início da lidocaína
Métodos
Segurança:
• Analisada pela monitorização cardíaca (FC) por
desvios súbitos da frequencia cardíaca.
Métodos
Dosagem:
•Analisada a farmacocinética por meio do nonlinear mixed-effect modelling (NONMEM) [14]
•Foram utilizadas simulações para elucidar
diferentes dosagens da lidocaína.
Resultados
22 recém-nascidos (RN) a termo foram resfriados e 26, normotérmicos.
Foram coletadas 83 amostras de plasma para a dosagem da lidocaína
Na Tabela 1, as características de ambos os grupos.
Concentrações plasmáticas de
lidocaína sob hipotermia (Figura 1).
Observamos que a mais alta concentração de lidocaína plasmática foi
de 8,8mg/l no final da dose de ataque inicial infundida em 6 horas
Resultados
EFICÁCIA
Em 91% de todos os Recém-nascidos com convulsões
responderam à lidocaina em terapia sob hipotermia;
• Um paciente com atividade recorrente epileptiforme (aEEG;
eletroencefalograma de amplitude integrada) recebeu um
segundo tratamento com lidocaína;
• Anticonvulsivantes adicionais (midazolam e /ou clonazepam)
e piridoxina foram administrados aos recém-nascidos que
não responderam a terapia de lidocaína (n=2);
• Os pacientes que não responderam a lidocaína tiveram
graves danos cerebrais demonstradas pela ressonância
magnética.
Resultados
Segurança
Na Figura 2 a mudança da frequência cardíaca (FC) ao longo do tempo.
Não foi observado efeito das concentrações de lidocaína na FC;
nenhum RN apresentou arritmia cardíaca
Resultados
Algorítmo da dosagem
• Foi observado um efeito significativo da hipotermia
na depuração de lidocaína (p< 0,01);
• A depuração de lidocaína foi reduzida em 24%
durante a hipotermia em comparação com a
normotermia;
• Mas nenhum efeito da hipotermia sobre os parâmetros
farmacocinéticos do MEGX foi notado;
Resultados
Curvas de concentração
Na Figura 3, Curvas de concentração em
reação ao tempo e na Figura 4, sugestões
de regimes de dose nos RN asfixiados
Figura 3
Resultados
Regime de dosagem da lidocaína
sugerido nos RN a termo asfixiado
Resultados
• Com o regime de dosagem hipotérmico 1,1 % dos recém-nascidos
simulados teriam uma concentração de plasmática de lidocaína
superior a 9mg/l no final de infusão de 6 horas, ao passo que
16,4% teria uma concentração abaixo de 4mg/l; (Figura 3 A)
• Com o regime normotérmico não ajustado resultaria numa
concentração plasmática de lidocaína > 9mg/l em 13% dos
indivíduos; (Figura 3B)
• Com a proposta de regime hipotérmico (Figura 4),diminuindo
o tempo de infusão da dose de ataque de 3,5 h ao invés de 4
h6, no final de 3,5 h após a infusão da dose de ataque, 5,9%
dos recém-nascidos simulados tiveram uma concentração
plasmática de lidocaína superior a 9mg/l, com 2,2% com
concentrações superiores a 10mg/l. Apenas 2,5 % tinha uma
concentração abaixo de 4 mg/l (Figura 3C),
Discussão
●
●
Uma resposta de 91% foi observada com
uso de lidocaína durante a hipotermia em
nossa população.
Esse percentual está de acordo com as
taxas observadas em RN normotérmicos.
(70-92%)
Discussão
●
●
A hipotermia terapêutica moderada reduziu o
clearance da lidocaína em 24%, quando comparada
a normotermia.
A lidocaína é uma droga de clearance elevado, e
sua depuração hepática depende do fluxo
sanguíneo desse órgão. (15) Durante a hipotermia
é observada uma redução do fluxo sanguíneo
devido a diminuição do débito cardíaco e do
volume sistólico (16,19), diminuindo assim o fluxo
sanguíneo hepático.
Discussão
●
●
Os autores acreditam que a diminuição do
metabolismo da lidocaína durante a
hipotermia moderada seja causada
principalmente por essa alteração no fluxo
sanguíneo hepático.
Em contraposição ao fenobarbital, que é
considerado uma droga de clearance
reduzido, nenhum efeito relacionado a
hipotermia foi observado no clearance
desse medicamento. (20)
Discussão
●
●
Baseado no mecanismo de ação cardíaco da
lidocaína, os autores formularam a hipótese de que
os efeitos cardíacos desse medicamento são
menores durante a hipotermia.
Em condições fisiológicas normais os sítios de
ligações desse fármaco nos cardiomiócitos não
estão sempre disponíveis. (7) A inibição dos canais
de sódio pela lidocaína aumenta durante a sístole,
quando os sítios de ligação estão disponíveis, e
diminuem durante a diástole. (21)
Discussão
●
●
●
Assim, os efeitos desse medicamento no
coração não dependem somente da concentração
da droga no seu receptor, mas dependem também
da própria frequência cardíaca.
Os autores esperavam que a cardiotoxicidade
fosse reduzida nos neonatos em hipotermia
porque a frequência cardíaca já está reduzida
nesses pacientes. (22)
A frequência cardíaca basal média observada
nesse estudo foi de 116 bpm. O que está de acordo
com o observado na literatura. (18,23)
Discussão
●
●
Foram objetivados níveis equivalentes de
lidocaína plasmática nos neonatos em
hipotermia e nos normotérmicos, para
melhor controle de riscos.
Devido à redução do clearance de
lidocaína foi desenvolvido um novo
sistema de doses (Figura 4, já discutida, a
seguir).
Discussão
Discussão
●
Desde que os níveis mais altos de lidocaína
observados nos grupos em hipotermia foi de 8,8
mg/l e como não houve relação entre dosagem
de lidocaína com a FC, os autores
consideraram seguro manter níveis de lidocaína
abaixo de 9 mg/l, embora, deva-se levar em
consideração que a amostra foi somente de 22
pacientes.
Discussão
●
●
Com base na experiência clinica extensiva com
a lidocaína, o uso prolongado de lidocaína é
recomendado, devido a observação de
recorrência de crises após a cessação da droga
em alguns neonatos normotérmicos e em um
hipotérmico. A exposição pode ser
prolongada, estendendo a duração da
primeira dose de redução para 12 horas.
A monitorização terapêutica da droga contínua
é crucial, em casos de risco de toxicidade
cardíaca ou falha do controle de risco.
Discussão
●
●
Não é recomendado a administração de
lidocaína em pacientes com malformações
cardíacas congênitas, ou que já receberam
fenitoína, devido ao risco de efeito adversos
cardíacos. (4)
Uma avaliação prospectiva do modelo
farmacocinético e do novo regime de dose
proposto será realizada pelo estudo
multicêntrico PharmaCool Study. (24)
Conclusão
●
●
Foi vista resposta de 91% sobre a atividade epiléptica
no EEG com o uso de lidocaína terapêutica adjuvante
na hipotermia terapêutica, na presente amostra, que é
melhor do que o efeito de outros medicamentos
antiepilépticos.
Nenhuma relação entre as concentrações de lidocaína
ou plasma MEGX e a frequência cardíaca pode ser
identificada.
●
Não houve relatos de arritmias cardíacas.
●
Um novo sistema de doses foi desenvolvido para
contemplar a redução da depuração de lidocaína em
24% na hipotermia.
●
A lidocaína pode ser considerada uma droga
antiepilética eficaz na hipotermia.
Resumo
• Lidocaína é um antiarrítmico utilizado como
anticonvulsivante durante crises em recém
nascidos com hipotermia terapêutica perinatal
e asfixia. A hipotermia pode afetar a eficácia,
segurança e a dosagem da lidocaína.
ABSTRACT
Resumo
• Objetivo:
Estudar a eficácia e segurança da lidocaína em
recém nascidos com asfixia perinatal durante a
hipotermia moderada e desenvolver uma dose
eficaz e segura.
Resumo
Métodos:
• Neonatos com hipotermia e asfixia perinatal e uso de
lidocaína para crises foram incluídos.
• A eficácia foi estudada usando eletroencefalograma de
amplitude contínua integrada.
• A segurança foi avaliada com monitorização cardíaca.
• A dosagem foi desenvolvida com simulações usando
dados de modelo farmacocinético.
• Amostra de plasma foram colhidos durante a
hipotermia em manhãs consecutivas.
Resumo
Resultados
•Foram incluídos:
22 recém nascidos com hipotermia
26 recém nascidos com história de asfixia em
normotermia
•Resposta: 91% com atividade epiléptica foram
observados em EEG em terapia de lidocaína
Resumo
Resultados:
• Não foi encontrada relação entre lidocaína e concentração
de MEGX (monoethylglycinexylidide) no plasma e
frequencia cardíaca.
• A hipotermia reduziu o clearance de lidocaína em 24%
quando comparado com normotermia.
• Para pacientes com peso de 2-2,5 kg foi utilizado a dose de
ataque (bolus) de 2 mg/kg e manutenção (infusão
contínua) de 6 mg/kg/h (por 3,5h), 3 mg/kg/h (por 12 h),
1.5 mg/kg/h (por 12 h)
• Para pacientes com peso de 2,5–4,5 kg: 7 mg/kg/h (por 3.5
h), 3.5 mg/kg/h (por 12 h), 1.75 mg/kg/h (por 12 h)
Resumo
• Conclusão:
A lidocaína pode ser considerada droga efetiva
na epilepsia durante a hipotermia em recém
nascidos com asfixia.
Referências
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22 Shankaran S, Laptook AR, Ehrenkranz RA, et al. Whole-body hypothermia for
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pharmacodynamics of medication in asphyxiated newborns during controlled
hypothermia. The PharmaCool multicenter study. BMC Pediatr 2012;12:45.
O que este estudo adicona
• Evidência da eficácia da lidocaína no controle
de convulsões nos recém-nascidos asfixiados
sob/durante a hipotermia terapêutica
• Provê um novo regime de dose da lidocaína a
ser usado durante a hipotermia terapêutica
nos recém-nascidos
Nota do Editor do site, Dr. Paulo R.
Margotto
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Drogas e Hipotermia Terapêutica
Drug dosing during hypothermia: to adjust, or not to adjust, that is the question.Poloyac SM, Empey
PE.Pediatr Crit Care Med. 2013 Feb;14(2):228-9. Artigo Integral.
Dosagem de drogas durante a hipotermia: ajustar ou
não ajustar, eis a questão
Autor(es): Poloyac SM, Empey PE. Realizado por Paulo
R. Margotto
• Estudos pré-clínicos demonstraram que a hipotermia terapêutica
a 33 ° C geralmente reduz o metabolismo hepático da droga e
aumenta as concentrações plasmáticas de diversos medicamentos.
• O caminho mais extensivamente estudado tem sido as enzimas do
citocromo P450 (CYP), que têm em geral atividade reduzida em
condições de refrigeração (3-5).
• Mais recentemente os estudos sugerem que tais reduções na
atividade da CYP são isoformas específicas e assim deveria ser
avaliada para drogas de forma individual, com maior efeito
potencial adverso.
• Vários estudos recentes têm relatado concentrações plasmáticas
elevadas de morfina e fenitoína em recém-nascidos e as
concentrações elevadas de midazolam, vecurônio e fenitoína em
adultos recebendo hipotermia terapêutica, no entanto, faltam
especificações a respeito de recomendações de dose.
Therapeutic hypothermia decreases phenytoin elimination in children with traumatic brain
injury. Empey PE, de Mendizabal NV, Bell MJ, Bies RR, Anderson KB, Kochanek PM, Adelson PD,
Poloyac SM; Pediatric TB. Consortium: Hypothermia Investigators. Crit Care Med. 2013
Oct;41(10):2379-87. Artigo Integral
• A hipotermia terapêutica reduz significativamente eliminação fenitoína em
crianças com severa lesão cerebral conduzindo a um aumento dos níveis da
droga durante um período prolongado de tempo depois do aquecimento.
• Interações farmacocinéticas entre hipotermia e medicamentos deve ser
considerada quando cuidados de crianças que receberam esta terapia.
• Os autores demonstraram que as crianças resfriadas para 32-33 ° C durante 48
horas com reaquecimento lento aumentou a proporção de crianças com níveis
supraterapêuticos não durante o período de resfriamento, mas durante o
reaquecimento. Além disso, por causa do longo tempo vida média da
fenitoína, o efeito persistiu pelo menos 5 dias além do período de
resfriamento.
Is phenytoin administration safe in a hypothermic
child? Bhagat H, Bithal PK, Chouhan RS, Arora R. J Clin
Neurosci. 2006 Nov;13(9):953-5.
• Os autores ressaltam que as ações depressoras cardíacas da
fenitoína e hipotermia podem ser sinérgicas. Fenitoína é uma
droga comumente usada em neuroanesthesia, neurologia e na
prática neurocirúrgica. Sua administração em crianças
hipotérmicas podem ter consequências cardíacas importantes.
• Pesquisa na literatura mostrou que tanto a fenitoína como a
hipotermia causa depressão da bomba de Na + / K + -ATPase, que
conduz a condutância atrasada e prolongamento do ciclo
cardíaco.
• As concentrações plasmáticas de fenitoína total e não ligada são
significativamente mais elevada durante hipotermia. A constante
de eliminação (Kc) e o clearance de eliminação da fenitoína
diminuem em 50% e 67%, respectivamente durante a hipotermia
Anticonvulsant effectiveness and hemodynamic safety of midazolam in full-term infants treated with hypothermia.
van den Broek MP, van Straaten HL, Huitema AD, Egberts T, Toet MC, de Vries LS, Rademaker K, Groenendaal
F.
Neonatology. 2015;107(2):150-6.
Efetividade e segurança hemodinâmica do midazolam nos
recém-nascidos a termo tratados com hipotermia
Autor(es): Marcel P.H. van den Broek, Henrica L.M. van Straaten,
Alwin D.R. Huitema et al (Holanda). Apresentação: Evelyn Obeid ,
Larissa Radd, Paulo R. Margotto
• A diminuição da depuração do midazolam foi observada no uso
concomitante de inotrópicos. Um efeito negativo do uso inotrópico na
depuração midazolam foi publicado anteriormente . A eficácia no uso de
midazolam no controle das crises durante uma hipotermia foi limitado (23%
de eficácia)
• O tempo de meia-vida do midazolam (5 hr sem inotrópico / 7,5 hr com
inotrópico) foram comparáveis ​com achados de outros autores. O uso
concomitante de inotrópicos diminuiu o clearance do Midazolam em 33%.
• Esta observação pode ser devida a uma interacção farmacocinética entre os
agentes inotrópicos e midazolam, mas podem também ser devida as
diferenças na gravidade da doença.
O midazolam tem menor clearance com o resfriamento (diminuiu em 11,1% para
cada grau de queda da temperatura central a partir de 36.5°C) e risco de
hipotensão arterial ( queda de 3,6mmHg com o aumento do nível sérico do
midazolam em cada 0,1mg/L)
64% dos casos avaliados tiveram um episódio de hipotensão
• Como a asfixia pode afetar a função hepática e
renal, os pacientes com asfixia mais severa
podem ter diminuição da depuração midazolam o
que pode levar a um maior risco de hipotensão.
Especialmente nestes pacientes, são necessárias
doses mais baixas de midazolam e as doses
deverão ser tituladas.
• Se as convulsões não respondem, aconselha-se reduzir a dose de
midazolam novamente dentro de 12-24 horas após o início, a fim
de evitar as concentrações plasmáticas excessivas, uma vez que
continuam a aumentar de forma significativa durante pelo
menos 12 h, e para iniciar uma terceira linha (adicional) de
fármaco anticonvulsivo, tal como a lidocaína.
• Como a PAM pode diminuir rapidamente e significativamente
sob a terapia com uso de midazolam, a pressão arterial deve ser
constantemente monitorada especialmente durante as
primeiras horas após o ajuste da dose.
Com base na eficácia relativa/limitada e o risco de
hipotensão necessitando de drogas
vasoativas,especialmente em pacientes com
suposta asfixia perinatal,que já estão em maior
risco de desenvolver hipotensão arterial, o
midazolam pode ser menos adequado como
uma droga anticonvulsivante de segunda linha.
Portanto, quanto ao uso do midazolam
como anticonvulsivante na hipotermia
terapêutica neonatal...
•
8 horas após a infusão do midazolam, metade dos pacientes ficaram hipotensos e
com 24horas após, 65% (achados semelhante a de outros autores); houve baixa
resposta do midazolam como segunda droga anticonvulsivante na hipotermia
(resposta em 23%: é a droga menos indicada como segunda opção!) e também
como primeira droga (20%!). Interessante foi a diminuição da depuração do
midazolam com o uso concomitante de inotrópico (33%!).Além disto, o midazolam
pode afetar negativamente a oxigenação cerebral e hemodinâmica. Com uma
meia vida de 5,2 horas, os neonatologistas devem estar cientes de que as
concentrações plasmáticas do midazolam podem consistentemente se acumular
ao longo das primeiras 12 horas de vida. Apesar dos autores não terem
evidenciado influência da temperatura na farmacocinética do midazolam,
diferente de outros autores, é importante que se saiba, com base nos princípios
termofarmacológicos, que a atividade do citocromo P450 diminui a baixas
temperatura do corpo, mas o efeito desta diminuição difere entre as drogas, sendo
isoformas específicas. Evitar a ocorrência de hipotensão nos recém-nascidos com
asfixia é de fundamental importância devido a perda da autorregulação do fluxo
sanguíneo cerebral, como muito bem sabemos
Hipotermia terapêutica na encefalopatia hipóxicoisquêmica: convulsões eletrográficas e evidência da lesão
pela ressonância magnética
Autor(es): Preethi Srinivasakumar, John Zempel, Michael
Wallendorf, Russell Lawrence,Terrie Inder, and Amit Mathur.
Realizado por Paulo R. Margotto
• Os resultados do presente estudo resultados demonstram
que a hipotermia terapêutica associa-se com a redução da
gravidade das convulsões eletrográficas em recém-nascidos
com encefalopatia hipóxico-isquêmica (EHI) moderada, mas
não naqueles com EHI severa e em recém-nascidos com
graves lesões cerebrais mostradas pela ressonância.
Os dados sobre os potenciais mecanismos dos efeitos
anticonvulsivos da hipotermia são limitados.
• Num modelo de rato com isquemia cerebral, hipotermia
inibiu a produção de glutamato citotóxico que pode suprimir
a atividade convulsiva. A hipotermia também pode inibir a
injúria oxidativa , atenuando a fase secundária da lesão
neuronal, quando as convulsões ocorrem com maior
probabilidade .
Protocolo para Hipotermia Terapêutica
Autor(es): Paulo R. Margotto, Carlos Alberto Moreno Zaconeta e Equipe de Neonatologia
do HRAS/HMIB/SES/DF
DROGAS NO RECÉM-NASCIDO SOB HIPOTERMI TERAPÊUTICA
-analgesia: fentanil 1µ/kg/min
-opíóide tem propriedades neuroprotetoras e abole o estresse e a resposta
metabólica e hormonal á hipotermia; o resfriamento pode aumentar os níveis de
fentanil (metabolizado pela sistema citocromo P450, especificamente a isoforma
CYP3A4/5, uma enzima fortemente dependente da temperatura).
-sedação/anticonvulsivante
-midazolam: o seu uso não deve constitui uma rotina, devido ao menor
clearance com o resfriamento (diminuiu em 11,1% para cada grau de queda da
temperatura central a partir de 36.5°C) e risco de hipotensão arterial ( queda de
3,6mmHg com o aumento do nível sérico do midazolam em cada 0,1mg/L)
-difenilhidantoína: metabolizada pelo sistema citocromo P450
(especificamente a CYP2C9/19) e assim, com significante diminuição da sua
eliminação durante a hipotermia e particularmente na fase de reaquecimento,
com risco de bradicardia de difícil controle.
-antibióticos: gentamicina (5mg/kg): se consegue melhor o alvo de concentração
sérica de gentamicina (<2mgl-1) com o espaçamento da administração para cada
36 horas (vide a seguir).
Administração de dose de gentamicina a cada 36h em recém-nascidos
com encefalopatia hipóxico-isquêmica recebendo hipotermia
Autor(es): Frymoyer A et al. Apresentação: Luís Fernando Alves Reis, Paulo R.
Margotto
• Comparado com um esquema de dose de 5mg/kg a cada 24 h, a
dose empírica de 5mg/kg de gentamicina a cada 36 horas revelou
um melhor desempenho na obtenção de concentrações mínimas <
2mgl-1 em recém-nascidos com encefalopatia hipoxico-isquêmica
(EHI) recebendo hipotermia (90% dos casos);
• O clearance de gentamicina foi reduzido nos neonatos com EHI
recebendo hipotermia e o peso ao nascer e a creatinina sérica
foram significantes preditores do clearance de gentamicina;
• Devido à variação e frequente lesão renal aguda em recém-nascidos
com EHI, a monitorização terapêutica padrão ajuda guiar a dosagem
da droga. Os estudos de farmacologia clínica voltada para outros
medicamentos comumente usados ​em recém-nascidos com EHI são
necessários.
A HPOTERMIA AGORA É O PADRÃO DE TRATAMENTO DE RN COM EHI MODERADA A
GRAVE E SÃO NECESSÁRIOS MAIS ESTUDOS FARMACOCINÉTICOS DAS DROGAS NESTA
SITUAÇÃO
Como tratamos convulsões no recém-nascido asfixiado
sob hipotermia terapêutica
Durante o processo de hipotermia terapêutica, usar Fenobarbital endovenoso
(20mg/kg, podendo ser considerado 10mg/kg, seguido de manutenção de 35mg/kg/dia iniciada 12-24 horas após, de 12/12 horas); se necessário, agregar
difenilhidantoína (15-20mg/kg endovenoso lento (1mg/kg/min) e manutenção de
3mg/kg/dia de 12/12 horas (cuidadosa monitorização da frequência cardíaca: risco
de bradicardia; a FC cai 12-14bpm por cada queda de 10C da temperatura
corporal, devendo ser admitidas FC entre 80 e 120bpm ) e se necessário,
Midazolam (ataque: 0,15 mg/Kg. diluindo 2 ml de DormonidR em 18 ml de SG 5% e
fazer 0.3 ml/Kg= 0.15mg/Kg e manutenção de 1µg/kg/min, com cuidadosa
monitorização da pressão arterial (risco de hipotensão arterial).Considerar a
Lidocaína em situação de hipotensão e/ou uso de inotrópicos.
Apresentação:Lidocaína a 1% e 2%
Como fazemos (orientação da Anestesiologia, Dra. Lucília Nolasco)
mg= c(concentração %) x k(constante=10) x v (volume)
Exemplo: ataque de 2mg/kg em um RN de 2 kg: 2 x 2= 1% x 10 x v e v=4/10=0,4 ml
manutenção:6mg/kg/h= 6 x 2/60=0,5 ml/hora
OBRIGADO!
Ddos Welton, Iara, Paula, (Dr. Paulo R. Margotto), Aline, Mariela e Wlademar
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Tratamento anticonvulsivante para os recém