Critérios Quantitativos de Análise Econômica de Projetos Disciplina – Projeto de Empresas Profa Rosane Fábio Saito Guilherme Manzini Helena Curado Leonardo Camarotto Marina Rodrigues Michel Sakamoto Introdução Foco na análise de viabilidade financeira e econômica do investimento Critérios de análise baseados em Fluxo de Caixa e Valor do dinheiro no tempo Informações quantitativas permitem aceitar ou rejeitar o investimento em análise. 2 O Fluxo de caixa e o valor do dinheiro no tempo (+) Entradas 0 1 3 2 ... (-) Saídas Consideramos as taxas de desconto puras, ou seja, sem correção para o risco Sem restrições de capital 3 n Exemplo de um investimento Anos Fluxo de Caixa ($) 0 1 -15 2 20 3 25 4 40 Representamos: 0 -30 -30 20 25 40 2 3 4 1 -15 4 Tempo de recuperação Tempo para recuperação dos desembolsos A empresa fixa um prazo limite para recuperação das despesas 45 30 15 0 Períodos -15 -30 -45 5 Valor Atual Líquido “Soma algébrica dos saldos do fluxo de caixa descontados à uma determinada taxa de juros para determinada data” VAL = (-30)/1,080 + (-15)/1,081 + 20/1,082 + 25/1,083 + 40/1,084 i=8%aa VAL = -30 – 13,9 + 17,2 + 19,9 + 29,4 VAL = 22,6 VAL > 0 Investimento deve ser aceito pela empresa Os ganhos cobrem o custo de capital da empresa 6 Índice do valor atual Divisão de Entradas pelas saídas (considerando a taxa de juros) IVA = (17,2 + 19,9 + 29,4) / (30 + 13,9) IVA = 1,5 Quando o IVA > 1 , o projeto pode ser aceito, ou seja, a empresa terá retorno sobre o investimento 7 Tempo de recuperação descontado Mesma definição do tempo de recuperação simples, porém considera as taxas de juros do período 45 30 15 0 Períodos -15 -30 3 anos e 3 meses -45 8 TIR – Taxa Interna de Retorno Taxa de desconto que torna nulo o valor atual líquido do investimento No exemplo, a taxa interna de retorno é de 25%, ou seja, o capital empregado ($45) é integralmente recuperado rendendo uma taxa de juros compostos de 25%aa ao longo do período considerado Quanto maior a TIR, mais desejável é o investimento 9 CLASSIFICAÇÃO DOS INVESTIMENTOS Considerações a partir das características do fluxo de caixa e do grau de dependência entre dois ou mais projetos 10 Classificação pelas características do fluxo de caixa Projeto de investimento simples (apenas um valor de fluxo de caixa negativo em t = 0) (+) Entradas 0 1 2 (-) Saídas 11 3 ... n Projeto convencional de investimento (primeiros períodos de fluxo de caixa negativo) (+) Entradas 1 2 0 3 ... n (-) Saídas Projeto não-convencional de investimento (mais de uma mudança de sinal no fluxo de caixa) (+) Entradas 2 0 3 1 (-) Saídas 12 ... n Classificação pelo grau de dependência Economicamente Independentes: sem mudança no fluxo de caixa com a aceitação ou rejeição de algum outro projeto Economicamente dependentes: a aprovação ou rejeição de outro projeto, causa mudança em outro. Estes podem ser substitutos ou complementares 13 Critérios Quantitativos de Análise Econômica de Projetos Conceitos (1/2) VPL – Valor Presente Líquido Determinar o valor presente de pagamentos futuros descontadas a uma taxa de juros apropriada, menos o investimento inicial Três situações: – VPL > 0: Investimento atrativo – VPL = 0: Ponto de indiferença – VPL < 0: Projeto economicamente inviável 0 1 n _______ Ft VPL = Σ t t=1 (1+ i) 2 3 Ft = Fluxo de caixa no período i = Taxa de desconto n = Duração total do projeto t = Quantidade de tempo 14 4 Critérios Quantitativos de Análise Econômica de Projetos Conceitos (2/2) TIR – Taxa Interna de Retorno É a taxa necessária para igualar o valor de um investimento (valor presente) com os seus respectivos retornos futuros ou saldos de caixa Três situações: – TIR > TMA: Investimento economicamente atrativo – TIR = TMA: Situação de indiferença – TIR < TMA: Investimento não economicamente atrativo Seu cálculo é mais elaborado, isto é, é feito através de iterações até que se chegue ao VPL igual a zero Ft = Fluxo de caixa no período TIR = Taxa interna de Retorno n = Duração total do projeto t = Quantidade de tempo n _______ Ft 0 = VPL = Σ (1+ TIR)t t=1 Nota: TMA – Taxa Mínima de Atratividade 15 Critérios Quantitativos de Análise Econômica de Projetos Comparação dos Critérios de Análise INVESTIMENTO INICIAL PROJETO A B C D -100 -100 -100 -100 1 50 50 20 50 FLUXO DE CAIXA 2 3 50 0 50 10 50 30 20 30 Exemplo 4 0 0 20 20 Comparação preliminar por inspeção Comparação em dois grupos: – A e B: B é preferível a A, pois B possui o mesmo ganho nos dois primeiros anos, e no terceiro ano tem um ganho adicional de $10 – C e D: D é preferível a C, pois D possui um ganho maior do que C no primeiro período, apesar dos ganhos serem iguais 16 Critérios Quantitativos de Análise Econômica de Projetos Comparação dos Critérios de Análise INVESTIMENTO INICIAL PROJETO A B C D -100 -100 -100 -100 Exemplo FLUXO DE CAIXA 1 50 50 20 50 2 50 50 50 20 3 0 10 30 30 Tempo de 4 Recuperação 0 2 anos 0 2 anos 20 3 anos 20 3 anos Comparação com base no tempo de recuperação Com base no critério de tempo de recuperação, os projetos A e B são igualmente desejáveis Não leva em conta as receitas posteriores à recuperação do investimento Não é indicado como critério único na seleção de alternativas de investimento, mas é possui grande utilidade como um complemento para a análise do projeto 17 Critérios Quantitativos de Análise Econômica de Projetos Comparação dos Critérios de Análise VPL(A) VPL(B) VPL(C) VPL(D) 0 -100,00 -100,00 -100,00 -100,00 1 47,17 47,17 18,87 47,17 2 44,50 44,50 44,50 17,80 3 0,00 8,40 25,19 25,19 Exemplo 4 VPL 0,00 0,00 15,84 15,84 -8,33 0,07 4,40 6,00 Comparação com base no VPL a uma taxa de 6% a.a. Para a utilização do método, é necessária a determinação de uma taxa de desconto Como vantagem, o método do VPL leva em conta o valor do dinheiro no tempo e as receitas ao longo de toda a vida do projeto Com base no critério do VPL, o melhor investimento é o aquele com o maior valor de VPL. No caso o investimento D 18 Critérios Quantitativos de Análise Econômica de Projetos Comparação dos Critérios de Análise Exemplo VPL a uma taxa de 6% a.a. VPL(A) VPL(B) VPL(C) VPL(D) 0 -100,00 -100,00 -100,00 -100,00 1 47,17 47,17 18,87 47,17 2 44,50 44,50 44,50 17,80 3 0,00 8,40 25,19 25,19 4 VPL 0,00 0,00 15,84 15,84 -8,33 0,07 4,40 6,00 2 34,72 34,72 34,72 13,89 3 0,00 5,79 17,36 17,36 4 VPL 0,00 0,00 9,65 9,65 -23,61 -17,82 -21,60 -17,44 VPL a uma taxa de 20% a.a. VPL(A) VPL(B) VPL(C) VPL(D) 0 -100,00 -100,00 -100,00 -100,00 1 41,67 41,67 16,67 41,67 A classificação dos investimentos depende da taxa de desconto adotada 19 Critérios Quantitativos de Análise Econômica de Projetos Comparação dos Critérios de Análise PROJETO A B C D 0 -100 -100 -100 -100 1 50 50 20 50 2 50 50 50 20 Exemplo 3 0 10 30 30 4 0 0 20 20 TIR 0,00% 6,04% 7,95% 9,02% Comparação com base na Taxa Interna de Retorno Para a utilização do método, não é necessária a pré determinação de uma taxa de desconto Assim como o método do VPL, a TIR leva em conta o valor do dinheiro no tempo e as receitas ao longo de toda a vida do projeto Com base no critério da TIR, o melhor investimento é o aquele com o maior valor da TIR. No caso o investimento D 20 DETERMINAÇÃO DA TAXA DE DESCONTO 21 Taxa de retorno marginal Taxa Interna de Retorno(%) Desembolso corrente total ($) 22 O custo do capital Retorno mínimo esperado pelo capital investido Pode ser calculado pelo Custo Médio Ponderado de Capital Crescente a partir de certo ponto Custo do Capital (%) Capital disponível 23 Determinação da taxa de desconto Taxa de juros (%) i C Capital ($) i = taxa interna de retorno mínima 24 Situação ideal: Custo de capital é constante e igual ao custo dos empréstimos Recursos ilimitados Investimento em todos os projetos com valor presente positivo Taxa de juros (%) i C Capital ($) 25 RESTRIÇÃO DE CAPITAL 26 Restrição interna e externa Restrição de capital externa: Diferença entre a taxa à qual a empresa toma emprestado e a taxa à qual a empresa pode aplicar Restrição de capital interna: Limitação da quantia a ser investida, o tipo de investimento... 27 A restrição de capital externa Taxa de D juros (%) D Desembolso Corrente total ($) Quanto menor for a taxa de desconto, maiores serão os desembolsos correntes porque será maior o número de projetos com valor atual positivo. • 28 Decisão de emprestar ou tomar emprestado 1ª Situação Taxa de juros (%) D i1 Taxa de tomar emprestado i2 Taxa de emprestar D 0 F Desembolso Corrente total ($) E 29 Decisão de emprestar ou tomar emprestado 2ª Situação Taxa de juros (%) D i1 Taxa de tomar emprestado i2 Taxa de emprestar D 0 F E 30 Desembolso Corrente total ($) Decisão de emprestar ou tomar emprestado 3ª Situação Taxa de juros (%) D i1 Taxa de tomar emprestado i2 Taxa de emprestar D 0 Desembolso Corrente total ($) F 31 A restrição de capital interna Restrição de capital interna Taxa mínima de atratividade > custo de capital Validade da lógica... Limitação do volume de recursos Não obter fundos adicionais para não perder o controle ou diluir ganhos da empresa Decisão dependerá da política de dividendos 32 Considerações Complementares Projetos não convencionais; Razão benefício/custo; Vidas úteis diferentes; Custo da capacidade. 33 Projetos não convencionais Mais de uma mudança de sinal no fluxo de caixa – fluxo não convencional; + 0 2 t 1 - - Mais de uma taxa de retorno ou nenhuma. Ex.1 Ex.2 34 Exemplo 1 PROJETO A FLUXO DATA (R$) 0 100 1 -200 2 200 Duas raízes não-reais! 100 −200 200 + + =0 0 1 2 (1 + 𝑖) (1 + 𝑖) (1 + 𝑖) Valor Atual Não existe taxa de retorno! INVIÁVEL taxa 35 Exemplo 2 DATA MÁQUINA NOVA ($) 0 1 2 -177,88 276,79 100,00 MÁQUINA DIFERENÇA VELHA ($) Cálculo com base na diferença (mutuamente exclusivas)! -100,00 100,00 200,00 -77,88 176,79 -100,00 −77,88 176,79 −100 + + =0 (1 + 𝑖)0 (1 + 𝑖)1 (1 + 𝑖)2 𝑋1 = 20% 𝑎. 𝑎. 𝑋2 = 7% 𝑎. 𝑎. Valor Atual Velha Nov a Duas raízes reais! Duas taxas de Fisher! 7% 36 20% taxa Razão benefício/custo Projetos governamentais/sociais Benefício: tradução monetária de todos os rendimentos Custo: tradução monetária de todos os custos Análise: Similar ao índice de valor atual Razão entre o valor atual à taxa de desconto (i) dos fluxo de benefícios e custos. 𝑉𝐵(𝑖) 𝑅 𝑖 = 𝑉𝐶(𝑖) 𝑠𝑒 𝑅 𝑖 > 1; 𝑖𝑛𝑣𝑒𝑠𝑡𝑖𝑟. 37 Vidas úteis diferentes Avaliação de alternativas mutuamente exclusivas: Emprego do critério do valor atual. Exemplo: Vender vs. Continuar a operar um negócio; Comprar um recurso A vs. recurso B. 38 Vidas úteis diferentes Vender vs. Operar Recurso A vs. Recurso B • COMPARAR valor VENDA À VISTA com o VALOR PRESENTE à taxa de desconto. • Vidas úteis diferentes demandam COMPARAR CUSTO ANUAL EQUIVALENTE dos rescursos. 39 Custo da capacidade Projeto de complementação e/ou ampliação de instalações. Geralmente taxas de retorno elevadas; Falsa ideia de rentabilidade quando projeto utiliza capacidade ociosa existente. Custo da capacidade ociosa 0 1 2 3 4 Data da compra 40 Ponto de Equilíbrio Fácil apreensão Afere a consistência do projeto Indicações sobre a natureza do processo operacional 41 GRÁFICO DO PONTO DE EQUILÍBRIO Ponto em que as receitas se igualam com os custos Deve-se ter noção que é calculado em um determinado período (estático) 42 CÁLCULO DO PONTO DE EQUILÍBRIO em que: VE é vendas de equilíbrio CF é custo fixo CV é custo variável V são as vendas totais em que: PE é o ponto de equilíbrio VE é vendas de equilíbrio V são as vendas totais EXEMPLO MDO FIXA Vendas (-)Custo direto de vendas (-)Custos do produto (-)Mão-de-obra (-)Despesas no período 89.5 -16.5 -23.7 -27 -17.6 43 Perguntas 1. O que é Valor Atual Líquido? A partir do resultado do VAL, quando aceitar a proposta de investimento? 2. Como podem ser classificados os investimentos a partir das características do fluxo de caixa? E do grau de dependência entre dois ou mais projetos? 3. Quais critérios podem ser usados para realizar a comparação entre projetos de investimentos? 44