PIBID/UESB: RELATOS DE UMA PESQUISA SOBRE GESTÃO ESCOLAR DEMOCRÁTICA Manoela Matos Pereira1 Najla Santos Silva2 Simone Ribas3 RESUMO: O artigo tem como objetivo apresentar uma reflexão sobre gestão escolar democrática a partir de depoimentos de professores e alunos de uma escola pública de Ensino Médio que colabora com o Programa de Iniciação à Docência – PIBID dos alunos do Curso de Pedagogia da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB, campus de Jequié. As atividades desenvolvidas no projeto, para esta etapa, partiram de leituras de textos diversos sobre gestão, sobre pesquisa qualitativa e estudos etnográficos do espaço escolar. Depoimentos sobre gestão partilhada e gestão democrática foram colhidos de professores, gestores e alunos com a finalidade de entendermos como tais sujeitos constroem suas relações com tais conceitos. Essa etapa do trabalho nos proporcionou pensar que A escola precisa construir um processo de conscientização entre os seus pares oferecendo como resultado um trabalho que envolva os pais e a comunidade em geral, através de uma participação mais efetiva e comprometida com o sistema educativo para que assim uma outra lógica que tenha na participação a palavra para o inicio de uma gestão democrática da escola pública. Palavra-chaves: Gestão democrática, gestão partilhada, representatividade social. Introdução O presente trabalho visa discutir questões pontuais que perpassam a gestão escolar democrática, a partir de dados coletados com a gestão, coordenação, discentes e equipe de apoio da Escola Estadual Luiz Viana Filho – CELVF, integrante do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência – PIBID. Esta é uma pesquisa de cunho mais abrangente, de metodologia qualitativa, e os sujeitos pesquisados perfazem um 1 Bolsista da CAPES/PIBID/UESB. Graduada em pedagogia pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Jequié. E-mail: [email protected] 2 Bolsista da CAPES/PIBID/UESB. Graduada em pedagogia pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Jequié. E-mail: xxxx 3 Bolsista da CAPES/PIBID/UESB. Graduada em pedagogia pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Jequié. E-mail: xxxx total de oito entrevistados, de ocupação diferente dentro da escola. Dentre estes, dois entrevistados terão suas respostas relatadas neste trabalho. Visando a participação de suas bolsistas na rotina de uma gestão escolar, através da vivência de conflitos e produção de conhecimento, o subprojeto, o processo formativo do pedagogo e a escola de educação básica - Microrrede de Ensinoaprendizagem-formação, integrante do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência - PIBID, desenvolvido com o apoio da Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES e da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB, possibilita através da pesquisa de tipo etnográfica o conhecimento e estudo de um ambiente, no caso a escola de educação básica. Para o desenvolvimento deste momento do trabalho junto ao PIBID e a escola o estudo de tipo etnográfico foi escolhido como metodologia, por permitir ao pesquisador através de entrevistas, observações e vivências no campo escolar, num olhar curioso e investigador, perceber, analisar e descrever o cotidiano educacional atentando-se para sua complexidade (ANDRE, 1995). O texto que se segue faz parte de uma pesquisa mais abrangente, desenvolvida pelas bolsistas de pedagogia, durante a gestão da coordenadora Daniele Freire4, mas retomada na atual gestão da coordenadora Talamira Taita Rodrigues Brito5, e busca trazer informações referentes ao direcionamento da gestão escolar para ser caracterizada como democrática, trazer os dados referentes ao entendimento dos entrevistados quanto a questão da representatividade social dentro da escola, e apresentar a participação da comunidade escolar na gestão, como possibilitadora de se alcançar a qualidade da educação escolarizada, visto que é no diálogo que as diferenças são acentuadas. O texto então apresenta em seu corpo, uma breve contextualização da luta pela implantação do modelo de gestão democrática e o significado desta dentro da escola; seguindo do diálogo sobre a importância da representação dos sujeitos no interior da escola, considerando o modelo de gestão democratizada citada por Melo (2001) e a apresentação dos dados coletados na pesquisa; e por fim reflete sobre representatividade social, como esta se estrutura dentro da escola. 4 5 Professora Assistente do DCHL (UESB Jequié), coordenadora do PIBID/Pedagogia gestão 2010-2012. Professora Adjunta do DCHL (UESB Jequié), coordenadora atual do PIBID gestão 2012-2014. Gestão educacional A história do Brasil é apontada pela descentralização do poder e pela constituição de uma autonomia pautada na prática coletiva, mas ainda hoje sofre conseqüências do autoritarismo do período de sua colonização. Mesmo com a preocupação desde a década de 30 em democratizar o ensino no Brasil, o ambiente escolar tem conseguido fugir das mazelas do período colonial, no entanto o modelo da escola tradicional que centraliza o poder nas mãos do gestor, não corresponde às transformações da sociedade atual, o que tem impulsionado cada vez mais a construção de uma escola participativa. Um dos momentos de expansão do modelo de gestão educacional democrática se efetivou através da Constituição Federal de 1988 e a posterior regulamentação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, nº 9394/96, onde o princípio da gestão democrática assume um novo modo e, resulta em novas exigências para todos os envolvidos. Estabelece a participação de toda comunidade escolar nos procedimentos de decisão da instituição, como na gestão da escola, na eleição direta dos diretores, na votação e eleição dos integrantes dos Conselhos Escolares e na construção coletiva do Projeto Político Pedagógico da escola. Com esta mudança no quadro nacional da educação, nota-se a necessidade da escola criar novas ações educacionais, que envolva a coletividade na tomada de decisões, a sala da diretoria, que até então era concebida como um escritório administrativo passa a ser um ambiente que tem como papel fundamental pensar a formação do cidadão, não apenas com os professores, mas junto aos pais, os representantes de cada segmento da escola e da comunidade. Desafio encontrado para a concretização de ações democráticas, e superar as mentalidades que está programada a obediência, gestão e obediência não se entrecruzam em momento algum, para melhor entendimento do termo gestão, que atualmente muito tem se utilizado no contexto escolar, faz se necessário a compreensão de seu significado, Dalberio ( 2008) a define como: “A origem da palavra Gestão advém do verbo latino gero, gessi, gestum, gerere, cujo significado é levar sobre si, carregar, chamar a si, executar, exercer e gerar. Desse modo, gestão é a geração de um novo modo de administrar uma realidade, sendo, então, por si mesma, democrática, pois traduz a idéia de comunicação pelo envolvimento coletivo, por meio da discussão e do diálogo.” Sendo assim, a palavra gestão nos remete a um processo participativo, visto que a participação é um princípio democrático e a democracia é um trabalho de coletividade humana. Para que a gestão se efetive democraticamente, ela passa por um processo de construção contínua, pois um processo democrático não se constrói do dia para noite, mas sim, em um largo período de tempo contínuo. Uma construção democrática exige dialogo, onde todos tenham a oportunidade de opinar e ser ouvido, uma gestor que não costuma ouvir os atores envolvidos no processo para tomar decisões, estar de encontro aos princípios democráticos, quanto a esta questão Paro afirma que: Para a administração Escolar ser verdadeiramente democrática é preciso que todos os que estão direta ou indiretamente envolvidos no processo escolar possam participar das decisões que dizem respeito á organização e funcionamento da escola. Em termos práticos, isso implica que a forma de administrar deverá abandonar seu tradicional modelo de concentração da autoridade nas mãos de uma só pessoa, o diretor – que se constitui, assim, no responsável último por tudo o que acontece na unidade escolar -, evoluindo para formas coletivas que propiciem a distribuição da autoridade de maneira adequada a atingir os objetivos identificados com a transformação social (2000, p.160). Essa mudança na administração escolar visa à melhoria na educação, no momento em que se enfatiza o aspecto coletivo no processo de tomadas de decisões passe-se agir criticamente. Tal competência se constrói num processo coletivo, no qual tanto o crescimento individual, quanto o coletivo, é resultante da troca e da reflexão sobre as experiências e conhecimentos acumulados por todos, um trabalho individualizado inviabiliza desenvolvimento que beneficie a todos, pois a ausência do outro impede o confronto e a recriação de idéias, enquanto, o processo coletivo possibilita um repensar sobre prática. Um grande marco de uma gestão participativa é caracterizado pelo efetivo funcionamento do Conselho Escolar. Segundo o Estatuto do Conselho Escolar instituído pelo Ministério de Educação (MEC), todas as decisões da escola devem ser decididas junto aos membros do conselho, sendo este, obrigatoriamente composto por representantes de pais, estudantes, professores, funcionários, membros da comunidade local e o diretor da escola, onde cada escola deve estabelecer regras transparentes e democráticas de eleição dos membros do conselho. Cabendo ao Conselho Escolar zelar pela manutenção da escola e participar da gestão administrativa, pedagógica e financeira, contribuindo com as ações dos dirigentes escolares a fim de assegurar a qualidade de ensino. De acordo com Gracindo (2005), O Conselho Escolar, como órgão consultivo, deliberativo e de mobilização mais importante do processo de gestão democrática, não deve configurar-se como instrumento de controle externo, mas como um parceiro de todas as atividades que se desenvolvem no interior da escola. E, nessa linha de raciocínio, a função principal do Conselho Escolar está ligada à essência do trabalho escolar, isto é, está voltada para o desenvolvimento da prática educativa, na qual o processo ensino-aprendizagem deve ser o foco principal, sua tarefa mais importante. Com isso, a ação do Conselho Escolar torna- se políticopedagógica, pois se expressa numa ação sistemática e planejada, com o intuito de interferir sobre a realidade, transformando-a. (2005, p. 40) Essa forma de participação reforça os interesses coletivos da ação pública e constitui mecanismo político de superação da centralidade do poder instituído nas escolas, mas para que essa participação se torne ativa, torna-se urgente repensar a cultura escolar, de forma que se permita a divisão do poder de forma que assegure a participação de todos envolvidos no processo, pois o que se tem encontrado em muitas escolas é uma participação maquiada do Conselho Escolar, tendo seus membros à função de ser assinadores de papéis, e este tipo de ação não assegura a autonomia de todos os segmentos da escola e nem a qualidade do ensino. A elaboração do Projeto Político Pedagógico (PPP) possibilita a escola ter características de gestão democrática, quando é construído de forma participativa , a importância desde instrumento ser construído de forma coletiva se dar devido a sua importância, pois o PPP é a identidade da escola, conforme Libâneo (2008), o PPP consolida-se num documento que detalha objetivos, diretrizes ações do processo educativo a ser desenvolvido na escola, expressando a síntese das exigências sociais e legais do sistema de ensino e os propósitos e expectativas da comunidade escolar. Sendo assim, a relevância de um projeto escolar consiste no planejamento que, evita desperdício do dinheiro público e perda de tempo com improvisos que em su maioria não assegura um bom resultado. Com um projeto em mãos, facilita o caminho que se pretende percorrer, e o que deve ser feito para chegar aonde quer. Um bom Projeto Político Pedagógico dá segurança à escola. As estratégias presentes no PPP quando elaboradas de forma participativa facilita trabalho o trabalho escolar, isso se faz imprescindível para se ter um rumo, visando obtenção de resultados de forma mais eficiente, intensa, rápida e segura. A escola deve buscar um ideal comum: fazer com que todos os alunos aprendam. As metas, os objetivos, os planos, a avaliação, tudo que garante o desenvolvimento cognitivo e social do individuo deve estar presente no PPP, sendo esta uma forma de acompanhar os objetivos que foram alcançados, o que deu certo, o que precisa modificado. Para a escola concretizar a construção de seu projeto precisa antes ter clareza do aluno, do ser cidadão que deseja alicerçar; estar organizada em princípios democráticos; valorizar o interativo e por fim, embora não menos importante, que possa contar com os profissionais que priorizam as orientações teórico-metodológicas de construção coletiva de projeto. O Projeto Político Pedagógico no momento de sua construção determina, além de outras questões, a linha de raciocínio da gestão escolar, se é democrática ou não. É de vital importância construir uma proposta pedagógica a partir das necessidades dos educandos acompanhando o contínuo progresso educacional e as exigências da vida em seu âmbito social, político e econômico. (VEIGA, 2006,p.91) Então, para que o projeto resulte em todas estas qualidades, priorizando a realidade do educando, é realmente necessário, o envolvimento de muitas cabeças pensantes em sua construção. O projeto não é um documento que deve ser elaborado apenas para cumprir uma questão burocrática, e logo em seguida ser engavetado, ele é um instrumento que quando utilizado contribui para uma qualidade da educação, mas para que essa qualidade seja garantida, ele precisa ser elaborado de forma participativa e consultado sempre, principalmente para avaliar o processo de ensino/aprendizagem, além de garantir uma escola com princípios democráticos Por mais que o processo democrático seja um processo difícil de efetivar, por envolver muitas opiniões, muitos diálogos, muitas reuniões, este precisa ser uma realidade nas escolas, sabemos que democracia não se compra nem se conquista do dia para noite, mas se constrói em um processo continuo e possível de realização. A gestão democrática educacional quando bem utilizada por todos desencadeará em importantes modificações tanto no processo de organização da escola quanto nas práticas de pedagógicas, refletindo a escola em um espaço efetivamente autônomo, e capaz de gerir suas ações, ações estas que precisam garantir uma educação como direito de social, assim nasceu o principia da gestão democrática, e são estes caminhos que ela deve percorrer, garantindo a partir da expansão e da democratização das oportunidades de escolarização a todos os indivíduos. Representatividade social e escola Para refletir sobre a gestão educacional Melo (2001) aponta a necessidade que se configura antes, em entender os contornos político-sociais do nosso país. Analisando-o verifica-se, que traços de autoritarismo continuam presentes na sociedade brasileira, refletindo assim no processo de gestão escolar. A discussão trazida por Melo (2001) em seu texto aponta que, a escola encontrase imersa, em seu cotidiano, de práticas e teses autoritárias, mas que dia após dia tem sido desfeita pela busca de respeito à cidadania do povo brasileiro e seu direito à participação. Para entender em que consiste o termo democratização da escola, utilizado no texto que se segue, primeiramente temos que compreender o significado de democracia, pois, segundo Hora seu exercício envolve uma série de valores que, nem sempre, são partilhados pelos que a defendem, o que dificulta sua definição quando tratamos de sua aplicação na escola. Então, para Hora democracia constitui-se como: Uma forma de governo que envolve a totalidade dos governados e a igualdade de oportunidades, na qual os cidadãos participam direta e plenamente das decisões sociais, através de mecanismos como a eleição de representantes para os cargos federais, estaduais e municipais, para conselhos e colegiados que determinam as políticas locais (p. 12). Posto isso, podemos considerar que a representatividade social dentro da escola só se configura em ambientes educacionais que entendem tais práticas de gestão democratizada como frutíferas para a escola. Assim, a partir dessa premissa, e da necessidade que se verificou de se fazer conhecer e entender, onde os sujeitos estão situados como cidadãos de direitos dentro da escola, e como essa cidadania tem sido exercida, é que este tópico se articula, para enfocar se a escola participante do projeto desenvolve uma gestão escolar democrática. Para entender melhor como eram tomadas as decisões, quem fazia parte, se havia treinamento específico e como eram divulgadas tais decisões, nós (as bolsistas de pedagogia) fizemos entrevistas e observamos, em especial, dois pontos que serão abordados neste trabalho, a partir de relatos de dois segmentos dos demais entrevistados: aluno e direção. O primeiro ponto diz respeito aos conselhos escolares, foi questionado quem participava, sua composição paritária, e suas normas de funcionamento. A ex-diretora e os dois alunos entrevistados responderam que: A escola tem o colegiado escolar, nosso colegiado é composto por membros de todo o segmento em números iguais, mas infelizmente nós ainda não conseguimos trazer para a escola pessoas da comunidade local. Então só participam pais, funcionários, professores e estudantes. Sim, nós possuímos uma cartilha e logo no inicio, na primeira reunião do colegiado escolar agente trabalha com essas normas e todos recebem (receberam em 2011) um folder com essas informações. Temos também datas de reuniões pré-definidas. Eles não são preparados para isso não, mas de vez em quando a secretaria de educação promove uma reunião e passa algumas orientações, mas eu não diria uma capacitação. (Ex-diretora) Quanto aos alunos, eles responderam que não sabem o que é o Colegiado Escolar e só conhecem um professor (Robson), a diretora (Antonieta), um funcionário (Neto), a mãe das gêmeas (Tayse e Tais) e uma colega de sala, que participam. Eles não sabem se as normas de funcionamento são definidas e conhecidas por todas as pessoas. Um aluno respondeu que sabe por alto que todo mês o colegiado tem que prestar conta de tudo que foi gasto na escola. Mas nunca teve acesso a estes gastos, nem através de assembléia, ou no mural, ou no blog. Diante de tais falas, podemos analisar a contradição da fala da ex-diretora para a dos alunos, em termos de conhecimento de assuntos referentes a escola, a luz da passagem de Melo (2001) a respeito da diferença entre a gestão compartilhada e a gestão democratizada. Segundo Melo (2001), “para compartilhar a gestão não é preciso explicar a situação” (p.246). É o que podemos concluir ao analisarmos as colocações dos alunos, ao apontar que não sabem sequer o que é o colegiado escolar. O segundo ponto diz respeito a participação efetiva de estudantes, pais e comunidade em geral, na gestão escolar. Uma das formas de participação dos alunos na gestão consiste na organização de um grêmio estudantil ou grupos afins, para representação dos interessados nas tomadas de decisão. Quanto a isso os alunos responderam que: Não sabemos o que é Grêmio Estudantil, mas já ouvimos falar. Inclusive esse ano (2012) vamos receber, acho que uma especialização, uma qualificação melhor dizendo, acontecerá um seminário com representantes da secretaria de educação (sec) para termos noções de como agir no grêmio, como administrar. Existem os lideres de salas que nos representam nas reuniões que acontecem, quando tem algum projeto, aí os lideres vão representar a sala, eles chegam à sala e passam o que houve. Os lideres de sala não compõem o grêmio estudantil. Já a ex-diretora respondeu que: É um grande sonho da equipe gestora o funcionamento de grêmios, mas eu creio que os alunos ainda estão desmotivados. Agora, a equipe gestora tenta incentivá-los criando líderes de salas, só que eles nunca tiveram a iniciativa de formar grêmios. Mas é do interesse da escola que se forme os grêmios, temos salas, mas ate o momento nenhuma equipe se manifestou. Observando as falas apresentadas acima, podemos inferir que existe uma distância entre o que a ex-diretora afirma, ao citar que a escola incentiva as organizações de alunos, a partir da criação dos líderes de sala, e o que os alunos entrevistados responderam. Estes, não parecem perceber o incentivo da escola na organização estudantil, visto que não conhecem a forma de organização valorizada na escola, o grêmio. Desta forma, usando o pensamento de Hora (xxxx) concordamos que, quando a educação se compromete com a democracia deve preparar os cidadãos para serem resistentes à submissão realizada por projetos impostos de fora e de cima . E colaborar para fazer deste, portadores de uma concepção de democracia que os institui como sujeitos políticos ativos e capazes de responsabilidades sociais, de reinventar o mundo e recriar um Estado realmente público. No caso da escola participante do projeto, podemos verificar, que a pesar de se entender democrática, e em pesquisa recente os líderes de salas a considerarem democrática, a falta de participação direta dos diversos segmentos que compõe a comunidade escolar, na gestão da escola desmistifica tal consideração. Visto que, segundo Melo (2001) para a gestão ser considerada democrática e necessariamente participativa, deve prescindir da inclusão de todos os segmentos da comunidade escolar na gestão. Considerando não apenas a formalidade do conselho, mas indo além das decisões a eles delegadas. Para superar o autoritarismo que vem marcando a gestão educacional, a partir da ausência de participação dos sujeitos educativos nas decisões de seus objetivos e de suas realizações. a escola deve criar, de próprio punho, projetos que demandem a contribuição de todos, tanto para criar, quanto para executá-los. Só a partir da efetiva democratização da gestão, que conforme Melo (2001) consiste na participação de todos, nos processos decisórios e a existência de um amplo processo de informação em que todos tenham conhecimento do que acontece no interior da instituição e suas relações externas, é que poderemos compreender tal gestão como democrática. Representatividade social como alicerce da gestão democratizada Discutir a temática representatividade social significa permitir a participação da sociedade em todos os ambientes, inclusive na escola, como suporte democrático. É apresentar o sujeito como um ser pensante e participativo, envolvido na ação e contribuinte do processo de gestão, a fim de construir os alicerces necessários para uma gestão democratizada. A gestão democrática na escola tem sido muito discutida atualmente, uma vez que é considerada de grande relevância para que haja transformações no atual sistema educativo. Para tanto, é preciso possibilitar o envolvimento de todos os professores, alunos, pais e todo o grupo que compõe o ambiente escolar. Partindo dessa perspectiva, democratizar a gestão não é uma tarefa simples, pois é necessário encontrar pessoas interessadas, motivadas e comprometidas com a educação, que tenha o objetivo de buscar soluções capazes de transformar a realidade atual da escola, dando destaque às mudanças que visem à descentralização do poder promovendo uma gestão com uma proposta de trabalho que seja realizado com a participação de todos os pares da escola, bem como a comunidade, com a finalidade de envolver a comunidade com um todo. Ressaltando a proposta democraticamente é preciso fazer com que o gestor da escola tenha compromisso de participar todas as decisões tomadas para o conselho escolar. Libâneo (2003, p. 81) afirma que: [...] na escola deve-se está presente a participação de professores, pais, alunos, funcionários e outros representantes da comunidade, bem como uma participação interativa comunicativa, uma abertura clara para discussões de problemas, buscando sempre o consenso através do diálogo. Partindo deste pressuposto, é possível afirma que toda a comunidade escolar deve participar e discutir seus problemas na própria escola, trazendo as tomadas de decisões para ser discutidas nos planejamento que são compostos por representantes eleitos diretamente pela própria comunidade escolar possibilitando discussões e debate que privilegie os interesses coletivos. Desta forma, cabe a escola criar situações capazes de promover um ambiente, oportunizando aos envolvidos no processo, a liberdade de participar e contribuir de forma significativa para o desenvolvimento do contexto escolar. Um fator fundamental ao o processo de democratização é a autonomia do gestor escolar, ou seja, ele é que deve articular as situações de organização do processo de democratização da escola, repensando a sua forma de administrar e compreendendo que a representatividade social significa permitir que as discussões existentes no âmbito da escola deve ultrapassar os muros da escola dando espaço a uma participação mais efetiva de toda a comunidade escolar. Alguns aspectos como: aceitar as decisões tomadas, participar os problemas, como lidar com a descentralização do poder, com o controle social da gestão educacional a escolha dos dirigentes escolares, inclusão de todos os segmentos da comunidade escolar, e principalmente a representatividade social dos conselhos escolares e colegiados exercendo seu papel, fazem parte do exercício de uma gestão democrática participativa tão necessária às nossas escolas. Tendo como base a visão da gestão democrática nas entrevistas realizadas com os alunos do colégio Luiz Viana Filho em Jequié fica visível como os discentes percebem a questão da gestão no ambiente escolar como uma forma distorcida do que seja grêmio, conselhos escolares, neste aspecto Cury (2007, p.489) enfatiza que: A gestão democrática como principio da educação nacional, presença obrigatória em instituições escolares publicas, é a forma dialogal, participativa com que a comunidade educacional se capacita para levar a termo um projeto pedagógico de qualidade e da qual nasçam “cidadãos ativos” participantes da sociedade como profissionais compromissados. O que compreendermos é o papel social que a escola tem no processo de formação dos alunos, buscando acabar com a concepção de ensino voltada para uma educação seletiva que vê a escola como transmissora de conteúdos e não enfatiza o processo de formação do aluno como, participativo e reflexivo da sociedade que está inserido. Gadotti (1988, p. 2) diz que: As associações, os sindicados e os partidos são vitais para conquistar uma sociedade democrática. Essa formação deve fazer parte do novo currículo. As classes dominantes, em nome de uma especificidade metafísica da escola, repudiam a formação sindical e partidária nas escolas, porque tem medo da democracia: tem medo que a escola desvende os mecanismos de exploração. A nova escola latinoamericana deverá ousar formar a consciência crítica e, ao mesmo tempo, criar os mecanismos de superação da dependência e da exploração: consciência + organização. A formação da consciência crítica é insuficiente. Para mudar é preciso força e os oprimidos só serão fortes se forem organizados. A história da luta dos trabalhadores por sindicatos livres, suas associações e seus partidos é a história da luta pela democracia. Esta lição de democracia precisa ser ensinada nas escolas se quisermos formar pessoas democráticas. É importante que tenha na escola a, presença de professores bem como pais alunos, funcionários na gestão escolar e a partir daí formar os conselhos escolares que exercem a função de manter contato entre a sociedade, dando continuidade a participação social do que diz respeito à educação, desta maneira a gestão democrática terá um sentido real na escola. Refletindo a necessidade da participação, Lima (1995, p. 5), afirma que, a participação efetiva da comunidade escolar na gestão educacional “[...] pode ser um dos fatores a contribuir com a transformação tanto da sociedade quanto do sistema de ensino, elevando a sua qualidade, garantindo o acesso e a permanência da criança na escola, auxiliando na efetivação de lutas que visem à democratização política e social do país”. Portanto a relevância de democratizar a gestão escolar está em incluir a participação da comunidade junto a escola num trabalho de parceria que contribua com a melhoria do ensino tendo como objetivo principal, participar e discutir o funcionamento do universo escolar e qual a relação entre a escola e a sociedade buscando diversas maneiras e possíveis soluções que abrange a escola e suas responsabilidades dos órgãos frente à educação. A escola precisa construir um processo de conscientização entre os seus pares oferecendo como resultado um trabalho que envolva os pais e a comunidade em geral, através de uma participação mais efetiva e comprometida com o sistema educativo para que assim uma outra lógica que tenha na participação a palavra para o inicio de uma gestão democrática da escola pública. REFERENCIA Dinair Leal da HORA http://www.periodicos.udesc.br/index.php/linhas/article/viewFile/1212/1026 Linhas, Vol. 4, No 2 (2003) VEIGA, 2006,p.91 ?????? Libâneo (2008) Lima (1995, p. 5), Gadotti (1988, Cury (2007, p.489) Melo (2001) Hora