Avaliação participativa: uma utopia possível? XI Salão de Iniciação Científica PUCRS Priscila Soares Pereira1 Ana Lúcia de Souza Freitas2 (orientador) Faculdade de Educação, PUCRS Resumo O presente trabalho apresenta uma proposta de Avaliação Participativa no Ensino Superior. O processo avaliativo consiste em não apenas dar nota, mas trabalhar no sentido de que o educando compreenda como se processa a construção da avaliação. Este modo de construir a avaliação está relacionado à compreensão de que as relações entre educador e educandos, que envolvem também a afetividade, são fundamentais para o processo avaliativo. A Avaliação Participativa é uma proposta de ensino-pesquisa que busca construir com os educandos a tomada de consciência sobre o processo e seus resultados, de modo que se assumam como sujeitos que investigam e questionam suas aprendizagens, desenvolvendo autonomia em relação ao processo de conhecimento. Este método avaliativo leva educador e educandos a uma reflexão crítica permanente sobre a prática, processo em que reciprocamente aprendem e ensinam. Introdução Avaliação Participativa é um processo avaliativo que, apesar de sua proposta ser explicada no início e ao longo do semestre, muitos alunos não entendem o seu propósito. Muitos educandos, inclusive no Ensino Superior, entendem que a única maneira de “passar” seria estudar para a prova e tirar uma nota que faça com que ele não repita ou fique em recuperação. Muitos destes alunos estudam com este único enfoque, negligenciando várias outras etapas e isto se torna prejudicial na formação deste aluno, tornando este aprendizado frustrado ao invés de ser prazeroso. 1 2 Aluna do 5º semestre do curso de Pedagogia, da Faculdade de Educação Profª Dra. Ana Lúcia Souza de Freitas, professora do Curso de Graduação e Pós-Graduação da FACED XI Salão de Iniciação Científica – PUCRS, 09 a 12 de agosto de 2010 1183 A experiência da Avaliação Participativa envolve todos no processo de aprendizagem, primeiramente com o olhar observador do professor, a ver seus alunos de forma individualizada e no todo. A Avaliação como elemento impulsionador da aprendizagem, exige de educadores e educados assunção em suas utopias e justifica-se no embasamento da relação professor/aluno como troca recíproca e solidária. Este não é um processo que está só relacionado em o aluno obter nota, mas que pretende fortalecer as relações aluno, professor e conhecimento por meio do diálogo como ato indispensável na construção dos saberes. Esta proposta de avaliação tem como objetivo estimular os participantes a tornarem-se sujeitos de suas avaliações, ações, pedagogias e principalmente de suas histórias de vida. Para tanto, a experiência da Avaliação se realiza por meio das relações entre educador e educando para que haja uma criação de condições para a promoção da aprendizagem em que ambos possam “fazer a aula” (RIOS, 2008). Esta prática compartilhada acontece sob a forma de registros em diários de aula, em que os educados fazem a sistematização do que foi relevante durante a aula. Além disso, os educados fazem uma reflexão contextualizada em que necessitam sistematizar conceitos aprendidos em aula. Concomitantemente, há uma avaliação feita pelo educador com o educando, em que ambos refletem sobre a ”nota” final, levando em conta a autoavaliaçào feita pelo educando. Desse modo, a Avaliação Participativa contribui para a aprendizagem de ambas as partes – educador e educandos - pois implica em uma construção de saberes. Conforme Freire, “Ensinar não é transferir o conhecimento, mas criar possibilidades para a sua produção ou construção.” (2000, p.25), respeitando a autonomia do aluno e sabendo escutá-lo. O escutar aqui mencionado é escutar o que realmente o aluno quer dizer, muitas vezes não utilizando de palavras, mas pequenos gestos que o educador observador vai saber escutar. A Avaliação Participativa é uma avaliação em que se estimula “o falar a como o caminho para falar com” (Op, Cit, p.131). Metodologia A proposta da Avaliação Participativa é em sim mesma, uma metodologia inéditoviável (FREIRE, 2008) de ensino-pesquisa que contribui para o redimensionamento das relações exercidas entre professor, aluno e conhecimento. A investigação se organizará em duas fases: XI Salão de Iniciação Científica – PUCRS, 09 a 12 de agosto de 2010 1184 A primeira fase consiste na organização dos dados que constituirão o corpo da análise preliminar da experiência de ensino-pesquisa em andamento e na documentação de sua realização durante um semestre letivo. A segunda fase consiste na ampliação da análise anterior a partir da análise dos dados referentes ao semestre letivo 2010/1, mediante o procedimento de análise textual discursiva, ampliando a coleta de dados a partir da realização de entrevistas com alunas dos semestres anteriores, tendo em vista a sistematização dos resultados. Resultados (ou Resultados e Discussão) A pesquisa se encontra na primeira fase, no qual estão sendo organizados os dados referentes à série histórica de 2008/2 a 2009/2, que constituirão o corpo da análise preliminar desta experiência de ensino-pesquisa. A análise preliminar fornecerá elementos para a elaboração do roteiro da entrevista a ser realizada com alunos que cursaram esta disciplina em semestres anteriores. No presente momento, está sendo acompanhada e documentada a experiência do semestre de 2010/1. Considerações complementares Enfim, tal como se apresenta, a Avaliação Participativa problematiza a experiência do ensino, mobilizando novas aprendizagens tanto aos educandos quanto ao educador. De igual modo, mobiliza a experiência da pesquisa, pois requer a produção de novos conhecimentos sobre as relações entre o ensino, a aprendizagem e a avaliação. Os resultados esperados com o projeto em andamento configuram-se como importante contribuição para qualificar a gestão da aula de graduação no que diz respeito ao fortalecimento do potencial emancipatório que se evidencia na experiência da Avaliação Participativa. Espera-se, com a continuidade desta investigação, contribuir para o aperfeiçoamento da experiência da Avaliação Participativa como apoio à aprendizagem e promoção da autonomia dos educados. Referências FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. – São Paulo, SP: Paz e Terra, 2000. ____________. Pedagogia do Oprimido, 22ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987. XI Salão de Iniciação Científica – PUCRS, 09 a 12 de agosto de 2010 1185 FREITAS, Ana Lúcia Souza de. Avaliação sumativa: uma utopia possível? In: Revista de Educação ANEC – Associação Nacional de Educação Católica do Brasil. A avaliação qualifica a educação? Brasília, n. 150, ano 38, jan./jun. 2009. RIOS, Terezinha Azeredo. Compreender e Ensinar. Por uma docência da melhor qualidade. – São Paulo, SP: Cortez, 2008. FREIRE, Ana Maria Araújo. Inédito-viável In: In: STRECK, Danilo; REDIN, Euclides; ZITKOSKI, Jaime (orgs). Dicionário Paulo Freire. – Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2008. 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