Regulação econômica em sistemas de saúde: Organizações Sociais de Saúde do estado de São Paulo Maria Luiza Levi outubro de 2009 Modelos de Proteção Social dos países do chamado bloco desenvolvido Residual (ou Liberal) Corporativista InstitucionalRedistributivo (ou social democrata) Políticas seletivas e focadas. O Estado intervém nas situações em que os canais tradicionais – família, mercado, redes comunitárias – são insuficientes. Reduzido potencial distributivo Políticas sociais amplas com benefícios diferenciados por grupos ou corporações. Em alguma extensão, preservam o efeito das forças de mercado na alocação de recursos O Estado garante acesso universal a uma vasta gama de bens e serviços de forma “desmercantilizada”. Elevado potencial redistributivo EUA, Austrália Áustria, Alemanha, França, Itália, Holanda Inglaterra, Suécia, Dinamarca, Noruega Duas dimensões relevantes para pensar o sistema de saúde e seu potencial de redistribuir recursos numa sociedade desigual dimensão do financiamento e do acesso dimensão da provisão de serviços de onde vêm os recursos: fundo público x fundo privado qual a origem (estatal ou privada) dos prestadores de serviços quanto maior a importância do fundo privado, mais mercantilizado é o acesso e menor o potencial redistributivo difícil estabelecer uma relação a priori entre a origem dos prestadores e o potencial de redistribuição de recursos do sistema de saúde sistemas de saúde: fundo público x fundo privado Participação dos fundos públicos e privados no financiamento dos sistemas nacionais de saúde de países selecionados - 2005* fundos privados fundos públicos * Brasil = 2006 Fonte: OECD Health Data 2007 - Selected Data e Carvalho (2006) Pressões sobre os sistemas de saúde dos países desenvolvidos envelhecimento da população prevalência de doenças crônicas penetração de tecnologias mais caras pressão sobre a sustentabilidade financeira dos sistemas nacionais de saúde enfrentamento dessas pressões tem se dado fundamentalmente por mudanças na esfera da provisão: tentativas de aumento da eficiência via maior inserção privada e mecanismos típicos do funcionamento de mercado sistemas de saúde: fundo público x fundo privado Participação dos fundos públicos no financiamento dos sistemas nacionais de saúde de países selecionados – 1980-2005: relativa estabilidade 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Canadá Dinam arca 1980 França Alem anha 1985 Fonte: OECD Health Data 2007 - Selected Data Holanda 1990 Noruega 1995 Suécia 2000 Reino Unido EUA 2005 Sistema de Saúde no Brasil: financiamento, acesso e provisão Brasil - dimensão do financiamento: fundo público x fundo privado Gasto total (público + privado): R$ 166 bilhões em 2006 Fonte: Carvalho (2006) Brasil: 2 grandes sistemas de saúde fundo privado fundo público planos de saúde Sistema Único de Saúde provedores de serviços de saúde exclusivos ao SUS provedores provedores de mistos: servem aos serviços de saúde dois sistemas exclusivos aos planos simultaneamente (estimativa: 75% das internações) estatais estatais privados filantrópicos privados lucrativos desembolso direto de $ privados lucrativos privados filantrópicos estatais privados filantrópicos privados lucrativos sistema de saúde no Brasil: público x privado concorrentes no financiamento gasto per capita = R$ 1.000,00 (países desenvolvidos: entre US$ 2.000,00 e US$ 3.000,00 x complementares na provisão estabelecimentos privados respondem pela maior parte da provisão de serviços do SUS “receita SUS” permite uma ocupação mínima dos estabelecimentos privados = impacto nos preços articulação entre as dimensões do financiamento e da provisão: uma é o espelho da outra inserção privada na provisão de serviços ao SUS: o caso das Organizações Sociais de Saúde do estado de São Paulo mercantilização da provisão: implicações sistêmicas condições de financiamento do modelo OSS regulação dos preços Despesas do Estado de São Paulo por Pastas: índice de evolução em termos reais (deflator: IPCA-IBGE)* termos reais entre 1998 e 2007* ** * recursos do Tesouro Estadual ** deflator: IPCA-IBGE Despesas selecionadas da Secr. de Estado da Saúde de São Paulo: índice de evolução em termos reais* entre 2002 e 2007 e participação relativa (conforme orçamento de 2007) ** * deflator: IPCA-IBGE ** exceto Gestão Plena ** Regulação financeira no modelo OSS Contrato de gestão metas blocos: valor global (R$... milhões) discriminado por blocos de serviços de saúde com respectivas quantidades nº x internações R$ ... milhões nº x atendimentos ambulatoriais R$ ... milhões nº x serviços de SADT R$ ... milhões nº x atendimentos de urgência / emergência R$ ... milhões nº x atendimentos de hospital-dia R$ ... milhões Total (valor global = soma dos valores de cada bloco) R$ ... milhões o contrato embute preços médios para cada bloco de serviços Regulação financeira no modelo OSS Estudo: contratos de gestão de uma amostra de 13 hospitais no período 20032007 • atendimentos ambulatoriais • atendimentos de urgência / emergência comparáveis, diferenciando-se contratos de gestão que incluem atendimentos ambulatoriais de especialidades médicas e não médicas de contratos que incluem apenas especialidades médicas comparáveis, diferenciando-se hospitais com pronto-socorro de portas abertas de hospitais com pronto-socorro de portas fechadas Regulação financeira no modelo OSS Evolução dos preços médios dos atendimentos ambulatoriais* de hospitais em regime de OSS: 2003-2007 * especialidades médicas e não médicas Regulação financeira no modelo OSS Evolução dos preços médios dos atendimentos ambulatoriais* de hospitais em regime de OSS: 2003-2007 * especialidades médicas Regulação financeira no modelo OSS Evolução dos preços médios dos atendimentos de urgência / emergência* de hospitais em regime de OSS: 2003-2007 * PS portas abertas Regulação financeira no modelo OSS Evolução dos preços médios dos atendimentos de urgência / emergência* de hospitais em regime de OSS: 2003-2007 * PS portas fechada e escala de atendimento intermediária Regulação financeira no modelo OSS Evolução dos preços médios dos atendimentos de urgência / emergência* de hospitais em regime de OSS: 2003-2007 * PS portas fechadas e escala de atendimento reduzida Regulação financeira no modelo OSS Exemplos de centros de custos do sistema de custos das unidades de saúde em regime de OSS e respectivas unidades de medida Regulação financeira no modelo OSS Complemento: análise das informações de faturamento no Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH-SUS) • internações impossível comparar diretamente os preços médios das internações hospitalares, dadas as diferenças do perfil de internações contratadas tentativa de caracterização do perfil de complexidade relativa dos hospitais através do valor médio da AIH por especialidade de internação (clínica, cirurgia, obstetrícia e pediatria) os dados sugerem perfis expressivamente heterogêneos em quase todas as especialidades de internação Regulação financeira no modelo OSS Evolução da razão entre o preço médio da internação contratada e o valor e o valor médio da AIH Regulação financeira no modelo OSS os dados sugerem que a gestão financeira do modelo OSS pela Secretaria de Estado da Saúde se dá sob bases frágeis serviços de saúde relativamente semelhantes são adquiridos a preços muito distintos o perfil das internações hospitalares (entre 60% e 70% do contrato de gestão) é excessivamente heterogêneo para permitir comparações diretas entre custos de internações alternativas: Diagnosis Related Groups (DRG) Controle de procedimentos (p. ex., critérios para pagamento de salários) Análises detalhadas de procedimentos e resultados Regulação financeira no modelo OSS considerações finais é necessário discutir as implicações sistêmicas associadas à ampliação da participação do setor privado no sistema público de saúde por meio do modelo OSS o formato da gestão financeira do modelo requer aprimoramento considerável, principalmente levando-se em conta o cenário de provável expansão e diversificação do modelo OSS