Rosana Vanessa Manso Ferreira
5º ano Medicina
QUEIMADURAS
Pontifícia Universidade Católica de Campinas
Disciplina de Pediatria
DEFINIÇÃO
“Queimaduras são lesões dos tecidos
orgânicos em decorrência de trauma de
origem térmica resultante da exposição
a chamas, líquidos quentes, superfícies
quentes, frio, substâncias químicas,
radiação, atrito ou fricção”.
(Projeto Diretrizes)
INCIDÊNCIA
64% das queimaduras ocorrem em
crianças, havendo uma maior incidência
na faixa etária de zero a dois anos de
idade.

ETIOLOGIA
 Queimaduras
térmicas;
 Queimaduras químicas;
 Queimaduras elétricas;
 Queimaduras por radiação;
 Queimaduras por atrito;
 Outras.
CLASSIFICAÇÃO
GRAU
PROFUNDIDADE
SINAIS
1º
Lesões apenas da
epiderme
Eritema
2º
Lesões da epiderme e
parte da derme
3º
Lesões da epiderme e
da derme
Eritema +
bolhas
Branca
nacarada
Cálculo da
superfície
corporal
queimada
(adulto)
Área
Cabeça e pescoço
MSD
MSE
Tronco A
Tronco P
Coxa D
Coxa E
Perna e pé D
Perna e Pé E
Genitália
Adulto
9%
9%
9%
18%
18%
9%
9%
9%
9%
1%
Criança
18%
9%
9%
18%
18%
4,5%
4,5%
4,5%
4,5%
1%
FISIOPATOLOGIA

Alterações Hemodinâmicas – ocorrem
imediatamente após o trauma; perda de líquido
do espaço intravascular para o extravascular;
vasoconstrição periférica, com diminuição do DC
e aumento da resistência vascular periférica;
depois, o DC tende a cair ainda mais, pela queda
da volemia e aumento da viscosidade sangüínea.
Ocorre oligúria, IRA e confusão mental com
agitação.
Alterações Pulmonares – na primeira fase,
devido à hipovolemia, pode haver insuficiência
respiratória aguda; com intensa
vasoconstrição pulmonar. Na segunda fase, há
aumento da FR decorrente do aumento do
metabolismo, associado a uma leve hipóxia,
principalmente na fase de reabsorção do
edema. A taquipnéia leva a alcalose
respiratória.
- Investigar a ocorrência de injúria por inalação.


Alterações Hematológicas – ocorre destruição
de hemácias, com liberação de substâncias de
efeito agregante, o que produz tromboses
microvasculares das áreas afetadas e
conseqüente anemia microangiopática.

Alterações Gastrointestinais – a hidratação oral
é contra indicada pela ocorrência de íleo
paralítico em grandes queimados; tende a voltar
ao normal entre o 3º e o 5º dia pós-trauma. Pode
ocorrer formação de ulcerações por isquemia
gastroduodenal com diminuição da produção da
barreira mucosa.

Alterações Imunes – a maior causa de óbito de
pacientes queimados é a infecção, principalmente
pela perda de pele como barreira protetora.
Aproximadamente no 6º dia há esgotamento dos
fatores imunes, propiciando ao surgimento da
sepse.

Alterações Metabólicas – ocorre
hipermetabolismo, devendo corrigir a dieta do
paciente pois ocorre aumento das necessidades
calóricas diárias.
Criança de 9 anos –
queimadura elétrica
de 3º grau no terço
médio da perna
direita;
Imagem após 10 dias
da queimadura .
Notar necrose
circunferencial e
fasciotomia.
TRATAMENTO
 Parar
o processo da queimadura;
 Suporte básico – ABC;
 Remoção de roupas;
 Avaliação clínica completa;
 Pesquisar maus tratos em crianças;
 Profilaxia de tétano;
 Analgesia;
 Hidratação oral ou venosa.
REPOSIÇÃO
HIDRO-ELETROLÍTICA

Cateterizar preferencialmente veia periférica
de grosso calibre e calcular reposição inicial:

FÓRMULA DE PARKLAND: 2ml/Kg a 4ml/Kg de
peso corporal/ % superfície corporal queimada,
de Ringer Lactato. Programa-se que a metade
deste volume deva ser infundido nas primeiras 8
horas após a queimadura, e outra metade em 16
horas.

FÓRMULA DE CARVAJAL: 5000 ml/m²/ %
superfície corporal queimada; metade em 8
horas e outra metade correr em 16 horas.
Adicionar 2000 ml/m²/dia manutenção.

Grande queimado criança: iniciar 30ml/Kg e
correr em 30 minutos.

A melhor forma de avaliar a reposição
volêmica é através do débito urinário: manter
em 1 ml/kg/hora. Se houver hematúria ou
hemoglobinúria: 50ml/h a 80ml/h na criança.
ANTIBIOTICOTERAPIA
Após fase aguda de ressuscitação, se o
paciente apresentar temperatura superior a
39ºC, avaliada a situação e o aspecto da lesão,
além dos exames laboratoriais, pode-se entrar
com ATB na suspeita ou no diagnóstico de
infecção.
 Ampicilina 25-50 mg/Kg/dia ou Cefalosporina
de 1ª geração (Cefalotina) 80-150 mg/kg/dia
e 500 a 2000 mg a cada 6 horas, via
endovenosa.

PRESCRIÇÃO
ITENS GERAIS





Incluir polivitamínicos e vitamina C de infusão;
Analgésicos (morfina 0.1 - 0.15 mg/Kg)
Medicações específicas para cada paciente;
Vitamina K – repor via oral com fitonadiona 10
a 20 mg 1 vez ao dia.
Antibiótico – se necessário; pode-se trocar a
classe de antibiótico caso não haja resposta
favorável ao de primeira escolha.

Exames diários – HMG, eletrólitos, uréia,
proteinograma, creatinina, GJ e RX tórax.

Pesar paciente diariamente;

Solicitar hemoglucoteste de 3/3hs se paciente
diabético;

Controle de PA e controle de diurese.

Se queimadura por choque elétrico, monitorizar
o paciente, pois possui maior risco de
disritmias.
ESCARATOMIA E FASCIOTOMIA

A monitorização da circulação periférica e
ventilação deve ser feita nos pacientes com
queimaduras circunferenciais em membros e
parede torácica, respectivamente.

Os sinais clínicos de comprometimento
vascular são cianose, diminuição ou ausência
dos pulsos periféricos, diminuição do
enchimento capilar e sintomas neurológicos,
como parestesias e dor profunda.

A escaratomia deve ser feita na linha médiolateral ou médio-medial, se estendendo por
toda lesão, passando por regiões de
articulação, se necessário. Se não houver
restauração do fluxo arterial, uma segunda
escaratomia pode ser realizada na linha média
contralateral à utilizada.

Se alteração na ventilação pulmonar por
restrição da movimentação torácica, a
escaratomia deve ser feita na linha axilar
anterior bilateralmente, se estendendo da
clavícula até o rebordo costal.

A fasciotomia é indicada quando suspeita-se de
síndrome de compartimento no antebraço ou
perna, geralmente em lesões decorrentes da
passagem de corrente de alta voltagem.
Necessita de anestesia geral.

Deixar o retalho formado levantado, “liberando”
os grupos musculares através de incisões
diretas na fáscia. Não reaproximar as bordas de
retalho, apenas reposicionar com pontos de
sutura de ancoramento.
FASCIOTOMIA
EM
ANTEBRAÇO
DESBRIDAMENTO CIRÚRGICO
Indicado praticamente em todos os casos de
queimaduras de 2º e 3º graus;
 Retirada mecânica de todo o tecido necrótico
além da remoção de contaminantes;
 A ferida debridada deve ser protegida por um
curativo aberto ou fechado, quando se usa um
agente antibacteriano e/ou debridante de
ação tópica.

Medicamentos Utilizados:







Sulfadiazina de prata;
Sulfadiazina de Zinco;
Salicilato de Sódio;
Enzimas (colgenases);
Nitrato de Cério;
Acetato de Mafenida;
Ácido linoléico.
ENXERTO
O enxerto de pele é realizado para se obter o
fechamento da ferida de terceiro grau. Pode
ser realizado imediatamente após a excisão,
ou mais tardiamente, em feridas que evoluíram
com tecido de granulação.
 Curativos biológicos – pele, membrana
amniótica, pele de rã e de porco;
 Curativos sintéticos- produtos de
bioengenharia, que substituem a pele
temporariamente.

QUEIMADURA
TRATADA COM
PELE DE RÃ
ACOMPANHAMENTO
Lesões que epitelizam em até 14 dias
geralmente não formam cicatrizes;
 Lesões que saram entre 14 e 21 dias devem
ficar em observação (retorno em 3 a 6 sems);
 Lesões que demoram mais de 21 dias para a
cura – tratamento preventivo de cicatriz
hipertrófica.
 Se ocorrer cicatriz hipertrófica, deve-se
recorrer ao uso de cremes e malhas
compressivas por 12 a 18 meses.

REFERÊNCIAS

Projeto Diretrizes;

Artigos de Revisão – Jped


Fleisher, Synopsis of Pediatric Emergency
Medicine, Williams&Wilkins, 1996.
American Burn Association
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